A Caixa
Já fazia dois anos que Harry e Gina estavam casados e há poucos dias tinham descoberto que seu primeiro filho estava por vir. O humor de Gina mudara drasticamente e ela não fazia outra coisa a não ser arrumar os cômodos da casa.
Até que um dia, ao abrir a porta para limpar as folhas que caíam das árvores naquele começo de outono, Gina observou a presença misteriosa de uma caixa de papelão aos seus pés. Ela não recordava de ter escutado o som da campainha tocando ou simplesmente de alguém bater na porta. Antes mesmo de pegar a caixa e levá-la para dentro de casa, a ruiva olhou cuidadosamente à procura de uma identificação, até que encontrou um pedaço de papel com letras garranchadas, colado em um dos lados da caixa. Ela teve que se abaixar para ler o que estava escrito. “Para Harry Potter, de sua Tia Petúnia.”
Gina então pegou a caixa no chão e se surpreendeu ao observar que ela não pesava tanto quanto aparentava. Harry estava viajando a trabalho e só voltaria dali a uma semana. Ela estava muito curiosa para saber o que havia dentro da caixa e se perguntou se seria invasão de privacidade ela abrir a caixa endereçada ao seu marido. Depois de muito relutar, ela não se segurou e abriu a caixa.
Havia muitos papéis e roupas enroladas em uma espécie de sacola. Gina se perguntou se aqueles não seriam objetos que outrora pertenceram a Harry, mas chegou à conclusão de que isso não era possível, já que as roupas eram femininas. Foi então quando ela percebeu que um dos papéis possuíam as mesmas letras garranchadas que identificavam a caixa e adiantou-se para ler o que havia escrito.
Harry,
Há muitos anos, no mesmo dia em que lhe encontrei em uma cesta na porta de minha casa, esta caixa foi deixada ao seu lado. O motivo de eu nunca ter lhe contado isso é que nem eu mesma quis abri-la na época, pois tinha medo que me trouxessem lembranças fortes demais. Mas o tempo passou e eu acabei esquecendo da existência desta caixa. E só agora, quando voltei para a casa nos Alfeneiros rapidamente para empacotar todos os meus pertences e me mudar para outra cidade (como aquele povo do seu mundo nos aconselhou), foi que a redescobri.
Como não tinha muita utilidade para mim, resolvi lhe envia-la.
Petúnia.
Gina não pôde deixar de sentir raiva da tia de Harry. Esse tempo todo em que ele fez de tudo para conseguir uma lembrança que fosse de seus pais e Petúnia possuía toda essa caixa guardada, privando Harry de descobrir mais sobre o seu próprio passado.
A ruiva hesitou antes de matar sua curiosidade, mas não se conteve e resolveu ler um pergaminho dobrado que ocupava o topo de toda aquela papelada. Nele, com letras muito bem desenhadas, havia a palavra “Segredo” escrita. Sentindo-se um pouco culpada, Gina desdobrou o pergaminho e percebeu que havia muita coisa a ser lida. Ela tinha a tarde praticamente toda livre, pois era sábado e a única coisa programada era dormir, até que às 8h da noite ela fosse se encontrar com sua família na Toca, em um jantar tradicional que ocorria todo primeiro sábado do mês, em que todos os seus irmãos costumavam levar as esposas e os filhos.
Hoje é um dia realmente especial e eu preciso registrá-lo. Aliás, não só registrá-lo, como também escrever como foi que cheguei até aqui. Hoje faz um mês que eu e Tiago voltamos o namoro. Exatamente, voltamos.
Desde meu quarto ano em Hogwarts, Tiago não parava de ficar no meu pé. Ele sempre foi um galinha de primeira, mas sempre que podia arranjava uma maneira de chamar a minha atenção. No começo, ele tirava brincadeiras por me achar dedicada demais aos estudos - isso para não dizer CDF, palavra que ele usava. Mas com o tempo ele começou a me chamar para sair mesmo. Se houvesse visita a Hogsmeade, ele me azucrinava para que eu o acompanhasse. E o pior de tudo é que ele usava aqueles amigos marotos dele para fazer coro. Quando havia baile, ele queria porque queria que eu fosse seu par. No começo eu ainda tinha forças para recusar e não me surpreendia ao encontrá-lo logo em seguida com uma garota qualquer. Ele, o Sirius e o Remus (seus melhores amigos) disputavam para ver quem "colecionava" mais garotas em seu histórico. E isso eu sei porque ele me confessou um dia desses. Mas, como eu ia dizendo, nada disso me assustava, pois eu já estava acostumada. Só me perguntava porque ele não parava de encher o meu saco. Eu suspeitava até que ele pudesse ter feito algum tipo de aposta com os amigos para provar que me conquistaria, mas outro dia desses também o interroguei sobre isso e recebi um "não" bastante firme.
Então, no quinto ano, ele venceu! Exatamente. Para o meu azar, eu fiquei perdidamente apaixonada por um dos garotos mais galinhas de toda Hogwarts. A essa altura eu já tinha aceitado sair com ele para uma festa escondida na Sala Precisa, mas quando chegamos lá descobri que não havia mais ninguém a não ser nós dois. E, para o meu espanto, havia uma mesa para dois lugares no centro do aposento com velas sobre um tecido vermelho muito bonito. O ambiente estava realmente muito romântico, com iluminação feita simplesmente por velas penduradas nas paredes. E Potter era tão persuasivo que tinha conseguido trazer um elfo-doméstico da cozinha para nos servir a comida. Eu me surpreendi bastante com tudo aquilo e se já estava apaixonada por ele, tudo simplesmente se confirmou. Não tinha como eu ficar com raiva. Foi tudo maravilhoso. Naquela mesma noite ele me pediu em namoro e eu, cega de paixão, aceitei.
Mas... Como nada é perfeito... Dois meses se passaram e Tiago começou a agir muito estranho. Ele queria ficar cada vez menos tempo comigo. Fugia para ficar com os amigos, o que me deixava extremamente triste. Nós ainda não estávamos íntimos o bastante para que eu pudesse cobrar atenção dele. Então tudo o que eu fazia era sofrer calada. Quer dizer, não tão calada assim. Minha melhor amiga, Eva, ouvia tudo. Todas as minhas frustações. No começo ela defendia Potter, dizia que homem era assim mesmo. Mas com o passar do tempo ela começou a abrir meus olhos.
Até que um dia eu não agüentei. Fui conversar sério com ele e perguntei se ele gostava de mim. Não é difícil imaginar qual foi a minha tristeza ao ouvi-lo dizer que estava em dúvida. Disse que precisava de um tempo para pensar e tudo o que eu disse foi que nosso namoro estava acabado. Eu não queria ficar com alguém que não sabia se gostava de mim. Quero dizer, foram 3 meses de um namoro em que ele nem sequer me disse que gostava de mim, ou que me adorava. As primeiras semanas tinham sido maravilhosas, mas quando fomos nos tornando mais próximos, ele recuou.
Passei mais de um mês sofrendo muito. Eva já não sabia mais o que fazer para mudar meu humor. Até que um dia ela veio com uma idéia maravilhosa.
"Lily, a única coisa que vai te fazer esquecer o Tiago é começar a sair com outra pessoa."
Admito que na hora não achei essa idéia tão maravilhosa assim, até porque eu achava muito difícil alguém se interessar por mim. Achava que iria espantar qualquer um, como provavelmente eu tinha feito para Potter.
Mas à medida que o tempo foi passando, comecei a suspeitar que aquela era a única saída. Doía ver Tiago de mãos dadas com outras garotas. Ele sempre foi muito querido e algumas dessas garotas só queriam realmente sua amizade, mas a maioria queria outra coisa.
Até que um dia, enquanto estudava na Biblioteca, vi um garoto bem bonito que chamou a minha atenção. É lógico que eu já o tinha visto em Hogwarts, mas naquele dia ele me chamou ainda mais atenção. Seu nome é Nate Sawyer e ele realmente não é de se "jogar fora". Mas ele parecia bastante concentrado no que lia e eu não sabia como puxar conversa com ele. Então tive uma idéia: perguntar se o livro que ele estava lendo era o Mil Ervas e Fungos Mágicos da Philida Spore, que era um livro que eu realmente tinha procurado na estante de Herbologia.
"Não, não é! Mas eu também o procurei agora pouco para ler e não o encontrei", ele respondeu todo atencioso.
E a partir daí a conversa teve início. Diverti-me muito com Nate, ele é muito inteligente. E no mesmo dia ele me chamou para acompanhá-lo na próxima visita a Hogsmeade. Eu, claro, não pude negar. E finalmente comecei a sentir um fogo acendendo dentro de mim, uma alegria para uma nova aventura.
No mesmo dia em que almoçamos juntos em Hogsmeade, depois de rirmos muito juntos, ele me beijou. E devo confessar que foi um beijo muito bom. Não tão bom quanto o beijo do Potter, claro, mas teve seu valor. E quando voltamos a Hogwarts, ele me pediu em namoro. Eu aceitei. Sabe, ele sabia como me fazer bem, como fazer eu me sentir bem comigo mesma. Algo que Tiago não sabia.
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