Capítulo 9
Em relação aos sentimentos de Lily por ele, James já estava praticamente certo de que ela o amava, ou já estava perto. O jeito com que eles caminharam e como ela procurou conforto provavam isso. Claro que não poderia expor esse ponto para a garota, afinal, Lily tinha a tendência de fugir desse tipo de situação. Mas ele poderia falar com seus amigos, já que não os tinha atualizado sobre como andava sua aposta.
- Estou caminhando para a vitória. Já foram seis beijos, e ainda temos muito tempo.
Remus olhou para James por cima do trabalho que estava fazendo (o qual Sirius e Peter estavam copiando por cima do ombro do amigo, que fingia não perceber), e disse com cautela:
- É, você vai vencer. E parece que fazer uma garota se apaixonar é mais fácil do que fazê-la desapaixonar-se.
- A garota da biblioteca? A Ravenclaw?
- Essa mesma. Eu odeio magoá-la; consigo me ver como um amigo dela, entende?
- E eu também - Sirius adicionou.
- Desista, ela não é pra você. Nem sequer olha para você - Remus aconselhou.
- Eu pensei que você gostasse daquela garota da Hufflepuff, da aula de Poções - Peter falou.
Sirius fez um gesto de indiferença com a mão.
- Ela está envolvida com outro. Ou estava, o cara a dispensou.
- Então, agora você está perseguindo a garota do Remus? - James perguntou, sorrindo do olhar irritado que Remus lhe deu.
- Ela não é a garota dele - Sirius falou. - E ele não vai se importar se eu tentar.
- Realmente ela... - Remus começou, mas Sirius não o permitiu continuar.
- Viu, ele dá sua benção. Vou ficar com ela, acho que a garota está se animando comigo.
James queria rir de seus amigos. O mundo parecia regredir quando ele ouvia Sirius falar de uma garota daquela maneira. E se estava difícil até para Remus tentar aconselhá-lo, com certeza ele daria com a cara no muro. Poderia falar da situação dele em relação à Lily, quando ficara seis anos dando a cara para bater, embora a tendência fosse melhorar.
- Essa garota tem nome? - ele perguntou.
- Seu nome é...
- Amanda - Sirius terminou o que Remus iria dizer.
James nunca tinha ouvido aquele tom de voz do amigo, e trocou um olhar com Remus, o qual fez um gesto dizendo que Sirius estava doido. Sirius cutucou com sua varinha a cabeça de Remus, no que o rapaz a arrancou de sua mão, segurando-a o mais longe possível.
- Certo. Bem, eu tenho pena dessa Amanda por ter em vocês dois a perspectiva de algo romântico. Pobre garota que acabará no Saint Mungus - James falou, assistindo os amigos brigarem, divertido.
- Conte-nos mais sobre Lily - Peter sugeriu, olhando os dois outros amigos com preocupação, e esperando a mudança de assunto a fim de distraí-los. Os dois pararam, direcionando suas atenções para James.
- Ela me ama.
- Como isso é óbvio, pela forma com que ela grita “Eu te odeio” - Sirius replicou.
James o ignorou e continuou:
- Ela é... difícil, mas tem seus momentos, quando está com a guarda baixa... - ele hesitou, incerto de como continuar, então falou: - Eu vou me casar com ela, um dia.
Os três amigos se olharam. Aquilo era um pouco exagerado, mas, provavelmente verdade.
- Eu não contaria isso pra ela, por enquanto- Remus replicou.
- Eu acho que vou encontrá-la. Pergunto-me se ela está falando de mim pros amigos dela, como estou falando dela pra vocês.
- Não exatamente como você. Provavelmente, ela está em algum lugar recusando-se em aceitar essa idéia.
- Obrigado, Remus, por essa visão positiva - James disse sarcasticamente.
- Vá encontrá-la. Veja você mesmo. Estou indo à biblioteca, assim estudo em paz.
- Mas, as respostas... - Peter choramingou.
- Estão no livro, no mesmo lugar que encontrei essas.
Sirius pegou seu próprio livro, ou o de James ou de Peter, já que eles estavam todos deitados no chão, e foi atrás de Remus:
- Eu vou também.
- Ela não vai estar lá.
- Sim, ela vai, sempre está lá. Por que não estaria?
- Porque ela está evitando você.
James percebeu a voz de seus amigos sumindo, então se levantou.
- Vou encontrar a Lily.
- Boa sorte - Peter disse. Então adicionou: - Antes de você ir, posso perguntar uma coisa?
- O quê?
- Por que você não disse para Sirius o que aconteceu entre Regulus e Lily?
James realmente não tinha dito a Sirius, esperando para contar a Remus e Peter, quando o amigo não estivesse por perto.
- Porque eu acho que ele ainda espera que o Regulus venha a ser uma boa pessoa. Acho que ele nunca admitiria isso, mas você sabe, por que arruinar suas esperanças?
Lily propositalmente não havia pensado na noite anterior, quando ela tinha estado tão à vontade com James. Não era nem o beijo que a havia incomodado, e sim - e ela não sabia exatamente por que - a sensação de como e quando ela esteve com ele; sentiu-se tão...tão...o quê? Segura? Não seria essa a palavra certa, ela não precisava de um rapaz para sentir-se assim. Então, o que seria?
Ela concluiu: em paz. Tinha se sentido em paz, como se, independentemente de tudo no mundo, ela estivesse no lugar e do jeito certos. E essa sensação a deixou apavorada.
E era por isso que estava escondendo-se de James. Ela o tinha visto, sem dúvida procurando por ela, e fugiu para dentro da primeira porta que havia visto. Que era a biblioteca. Onde Remus e Sirius estavam.
Tão logo ela os viu, correu para a estante mais próxima, esperando que eles não a percebessem. Depois de alguns segundos, Remus saiu. Lily imaginou que Sirius o havia seguido, então saiu de onde se escondia... e colidiu diretamente com o rapaz, caindo no chão.
- Lily?
Ela pegou a mão que ele lhe oferecia e se pôs de pé.
- Você não pode contar ao James que estou aqui.
- OK.
- Isso é tudo? Sem argumentos, nem discussão? - ela perguntou descrente.
- A distância faz o coração encher-se de amor.
- Não consigo acreditar que você disse isso - Lily falou, sentando-se perto dele.
Havia algo errado com Sirius. Ela devia ajudá-lo, já que ele era o melhor amigo de James, e conversar com ele seria mais ou menos o mesmo que continuar evitando seu amigo. Mesmo que James, provavelmente, pensasse nisso como um bom comportamento de uma namorada.
- O que há de errado com você? - ela perguntou.
- Nada.
- Ah, você não está parecendo...você mesmo - ela disse. Sirius estava muito quieto. - Trata-se de uma garota? - ela encorajou.
- Garota? Que garota?
- Bem, pelo que eu saiba, quando um garoto age estranhamente, com certeza o motivo é mulher. Ou, no seu caso, quando pára de agir estranhamente.
Sirius a encarou.
- Eu sou estranho? Eu não sou o único a estar na biblioteca evitando alguém.
Essa foi uma boa tacada. Algo que ela admitiria se estivesse com humor. E não é que ela estivesse evitando James, apenas não estava pronta para vê-lo. Algo havia mudado, e ela não estava preparada para isso. Ela não queria encará-lo, mas também não o odiava mais.
Então, o que ela sentia? Era muito para pensar numa única vez... Melhor era não pensar em tudo isso.
- Eu não estou fugindo dele. Talvez eu, genuinamente, esteja querendo passar um tempo com você.
- Você não é meu tipo.
Ela lhe deu um beliscão no braço.
- Não foi isso que eu quis dizer. - Ela esperou por uma resposta, que não veio. - Certo, você está começando a me preocupar. Desde quando você senta sozinho na biblioteca?
- Eu estava aqui com Remus.
- Ele se foi. Eu sei, porque estava escondida de vocês
- Eu sabia que você estava evitando o James.
- Então eu estou fugindo dele. Grande coisa. Preciso de tempo para pensar - ela se defendeu.
- Vocês, garotas, pensam demais.
- Eu sabia que era uma garota - Lily disse sorrindo. - Eu a conheço? Quem é ela?
- Aquela garota - Sirius disse, apontando.
- Não era uma que estava toda encantada pelo o Remus?
- A própria.
Lily pensou por um tempo, então disse:
- Se ela não te ignorasse, você se interessaria por ela?
- Eu não sei.
- Eu acho que você a quer, porque ela não te quer. Típico ego masculino. Homens sempre querem a única coisa que não podem ter - ela concluiu.
- Não seja tão crítica; querendo o que não pode ter é como se baseia você e o James.
Lily empalideceu e se levantou. E se fosse verdade? Talvez ele a amasse, mas, se conseguisse ficar com ela, será que continuaria a amando?
- Lily, espere, quero dizer, posso estar errado...
- Preciso ir - ela falou, saindo apressada.
Estava louca por sequer pensar sobre ela e James. Eles nunca dariam certo. Nunca.
Lily estava se convencendo de que seu sentimento por James vinha de uma insanidade temporária, quando Alice veio ao seu encontro. Peter estava ao seu lado, e ambos a encaravam ofegantes.
- O que há de errado? - ela perguntou, erguendo-se num salto das margens do lago. Alice e Peter não eram amigos, eles não estariam juntos a não ser que alguma coisa tivesse acontecido.
- É James - Alice disse, respirando com dificuldade.
- O que aconteceu? - Lily perguntou rapidamente. Algo estava errado, horrivelmente errado, ela pôde sentir.
- Houve um acidente - Peter disse, respirando com tanta dificuldade quanto Alice.
- Que acidente? O que aconteceu? Onde ele está? - Lily perguntou, agarrando o braço de Alice.
- Ele estava com Remus, jogando quadribol, então caiu da vassoura - Alice disse, e então sua voz sumiu e ela começou a chorar. - Havia tanto sangue. Ah, Lily, sinto muito; deixamos Remus e Frank com ele, James nos mandou buscá-la.
Lily largou Alice e olhou para Peter:
- Diga-me que não é verdade. Diga que ela está exagerando!
- Eu não posso. Nós temos que ir. Alice propôs chamar um professor, ou alguém para ajudar. James me falou pra chamar você e Sirius.
- Então temos que nos apressar e encontrá-lo. Alice, vá buscar ajuda.
Alice correu numa direção, enquanto Lily e Peter iam por outra. Lily esperava que eles não demorassem tanto.
Nunca sentira tanto medo em sua vida.
Eles correram para o Salão Principal, estava quase na hora do jantar ser servido, e assim seria mais fácil encontrar Sirius. Peter tentava encontrá-lo, passando seus olhos pela massa de estudantes, mas Lily já estava impaciente, então gritou o nome do rapaz.
- Sirius! Levante-se daí, James está com problemas!
- Lily, se acalme, você vai causar pânico geral - Peter murmurou.
- Eu não me importo - ela sibilou.
Várias pessoas estavam olhando para eles estranhamente, e alguns slytherins pareceram felizes. Lily abriu a boca para gritar de novo, quando uma voz a interrompeu:
- Alguém poderia calar a boca dessa sangue-sujo?
Lily girou e segurou a sua varinha na direção da voz.
- Eu avisei que, da próxima vez que você me chamasse assim, iria te azarar.
A garota não era do tipo que gostava de brigar, mas ela estava histérica, e não tinha tempo para lidar com Regulus Black.
- Lily, não - Peter a preveniu, não queria presenciar uma briga.
Regulus tinha apenas apontado sua varinha para a garota, enquanto Peter, temeroso, pedia para eles não fazerem nada estúpido, quando Sirius chegou.
- O que há de errado com James?
Mas antes que eles respondessem, percebeu que Lily e Regulus apontavam suas varinhas um para o outro. Ele ficou à frente da garota e retirou sua própria varinha.
- Deixe-a em paz.
- E seu eu não quiser, vai me forçar? - Regulus escarneceu.
- Nós não temos tempo para isso - Lily protestou, eles tinham que encontrar James. Ela tinha perdido tempo com Regulus, mas tinham que ir até James.
Contudo, nenhum deles a ouviu, pois os dois rapazes já estavam lançando feitiços um no outro. Lily olhou para Peter, esperando que ele fosse ajudar a acabar com aquela loucura. Ele apenas estava olhando, uma expressão de medo em seu rosto. E, de repente, Lily sentiu-se agradecida por Sirius ter aparecido, pois ficou claro que ela não poderia contar com Peter, caso precisasse.
- Parem! Parem com isso, vocês dois!
Quanto mais ela pedia para parar, pior a situação ficava. Não era apenas por ela, Lily percebeu. Claro que Sirius a estava defendendo, já que James gostava dela, mas isso era apenas uma desculpa. Aquele duelo estava acontecendo por motivos de família.
Uma multidão apareceu para assistir, muitos deles se oferecendo para ajudar. Mas nenhum era realmente corajoso para tal, os Black era uma família muito conhecida, e notória por ser envolvida em arte das trevas.
Lily deu um passo adiante, não se importando com os feitiços que eram lançados, e ficando entre os rapazes. Ou ela teria, se não tivesse escorregado e caído naquele chão duro. Ambos pararam de brigar por um momento, para ver se ela fora atingida por algum feitiço. Mas, ao ver que ela estava bem, voltaram a duelar.
Ela olhou para trás a fim de ver onde tropeçara. Era um tornozelo e... E era de Severus Snape.
- Você me fez tropeçar.
Ele deu de ombros, e deu uns passos para trás, voltando a olhar a luta.
- Você me salvou - ela adicionou, compreendendo.
- Eu lhe asseguro que foi acidental - Snape replicou friamente.
Lily não deu muito crédito na desculpa dele, mas tinha coisas mais importantes para pensar do que o fato de Snape tê-la ajudado ou não. Depois de tudo, ela nunca pensou que ele fosse de todo ruim, apenas uma companhia ruim. E que, mesmo assim, isso não era tão ruim. Não se comparado a outras coisas. Mas, dizendo obrigada, ela estaria atravessando uma linha que não a interessava no momento.
- Sirius, Regulus, parem com isso! James! Nós temos que encontrá-lo, Sirius. Parem!
Naquele momento, Remus e Frank chegaram, segurando um James coberto de sangue. Lily não pode vê-lo muito bem, mas os dois amigos haviam reparado os machucados, e isso aparentava estar pior do que antes.
Mas isso não importava para Lily, o que realmente importava era que ele se aproximava apressado daquela luta, querendo tanto ajudar quanto interrompê-la. Ela não poderia permitir isso, e correu para terminar com aquela briga, nem que para isso precisasse arrancar a varinha das mãos de cada um. Foi quando, de repente, ouviu um grito de aviso de James, e sentiu uma mão agarrar suas vestes por trás e puxá-la.
Foi Sirius quem a havia puxado (uma vez que James não a alcançaria a tempo) para longe do feitiço que havia apenas se desviado. A mira fora ruim, para começar, o que facilitara desviar-se, e atingiria apenas o ombro dele, mas não sabia que Lily estava bem atrás de si.
Mas ele não a puxou a tempo, e o feitiço fez um corte profundo no braço de Lily, perto do ombro. James viu o dano do feitiço e imediatamente puxou sua varinha. O que foi muito difícil, considerando que a mão que ele segurava a varinha estava quebrada.
- Você poderia tê-la matado! - James irritou-se.
Seja qual fosse o feitiço que Regulus havia lançado, e que ela não pôde ouvir pelo barulho dos aglomerados, era obviamente ruim. Um que poderia realmente machucar. E James não ficou feliz por ele ter quase atingido Lily certeiramente. Ou Sirius.
- James, não! Você está machucado!
- Isso não importa!
Lily pôs-se na frente dele e puxou a varinha da mão de James, apontando-a para ele:
- Eu não vou deixar você fazer nenhuma besteira e morrer por causa de um corte estúpido em meu braço.
Ela virou para olhar Regulus, que estava pálido, uma expressão horrorizada em seu rosto. Ele abaixou sua varinha, colocando-a ao lado do corpo e saiu dali, olhando para o chão enquanto caminhava.
- Já está fugindo, só porque sabe que vai perder - Sirius escarneceu. Olhou para Lily e James. - Você está bem? O que aconteceu?
Era incerto se a pergunta foi direcionada para Lily, mas ela não se importou. Girou o corpo ficando de frente para James, o rosto dela vermelho de raiva, e as lágrimas querendo sair.
- O que você estava pensando? Seu idiota! Você poderia ter sido morto! Está machucado, e entra numa briga pra me proteger, como se eu precisasse de proteção?! E se tivesse acontecido algo com você? Você sabe como eu me sentiria? - ela explodiu.
- Não, como você se sentiria?
Normalmente, a pergunta teria sido uma brincadeira, mesmo que não houvesse seriedade no tom de James. Mas ele a observava, esperando sua resposta como se o equilíbrio do universo dependesse disso. Como se, o que Lily fosse responder, tivesse o poder de substituir e mudar as coisas.
O que, ela supôs, aconteceria.
Entretanto, como ela se sentira? Preocupada? Com medo? Fora de rumo? Todas essas sensações? Sabia que tudo isso era verdade, contudo, ela não conseguia lidar com sentimentos. Não enquanto não estivesse certa de que estava preparada para lidar com eles. Não tão de repente. Aquela era a pior hora possível. Uma mentira simplificaria as coisas.
- Culpada. Senti-me culpada. É tudo - ela disse friamente, segurando as lágrimas que não queria derramar. Chorar seria uma possibilidade horrível. Especialmente por elas mais serem lágrimas de alívio por James estar bem, e que estava vivo e respirando em frente a ela.
James não acreditou na mentira dela, mas Lily não o permitiria argumentar. Havia assunto mais urgente:
- Temos que ajudá-lo, você está horrível. Mais tarde você discute comigo.
- Não está tão ruim quanto parece. Remus e Frank ajudaram, o sangue é porque o osso atravessou a pele, e está doendo pra caramba; o sangue no rosto é porque eu cortei a testa, e sangra muito, sabe, mesmo o corte sendo pequeno...
Lily ergueu uma mão para ele parar. Não teria mais estômago se James continuasse.
- Apenas nos deixe...
Ela foi interrompida, já que Alice vinha rápido, acompanhada por um professor, que os levou até a Enfermaria. Alice, Frank e Remus os seguiram, mas ficaram do lado de fora, esperando.
Alguns minutos depois, Lily e Sirius saíram da Enfermaria.
- A curandeira o fez passar a noite aqui, para observação - Sirius falou para os amigos. - E eu ganhei um mês de detenção, por ter brigado.
- Oh, pobrezinho... - Alice provocou, aproximando-se de Lily e ignorando a carranca que Sirius lhe deu. - Seu braço está bom?
- Está sim. Tudo nos conformes.
Depois de terem certeza que todos estavam bem e serem informados de que não poderiam visitar James (três vezes, pois Remus e Peter foram persistentes), eles foram embora. Lily só queria ficar sozinha. Ficar sozinha e pensar no por que da idéia de perder James lhe era tremendamente horrível.
Era tarde, e Lily estava fazendo a ronda sozinha. Ela estava pensando em visitar James escondida, e sabia que conseguiria fazer isso; nunca se metera em problemas antes. Mas algo a interrompeu. Ela havia acabado de patrulhar os arredores da cozinha, quando alguém agarrou seu pulso.
Ela puxou sua varinha instintivamente, usando-a para iluminar o lugar, e ao ver um rosto, deixou-a numa posição mais ameaçadora; sua boca pronta para dizer a primeira azaração que lhe viesse à cabeça.
- Não! Não estou aqui pra isso.
- O que você quer, Regulus? Já não causou problemas demais por hoje? - ela argumentou, falando rápido, enquanto soltava-se dele.
Ele a segurou novamente antes que Lily fugisse.
- Eu perdi de propósito.
- O quê?
- Hoje, durante a luta. Eu estava tentando acertar ele com a maldição. Eu apenas...sabe...queria que ele pensasse isso.
Havia uma intensidade em seu olhar que fazia Lily querer acreditar nele.
- Por que você está me contando isso?
- Porque eu tive que contar a alguém. Sirius e eu temos nossas diferenças, mas eu nunca iria querer machucá-lo, não daquele jeito.
A ruiva o encarou, irritada:
- Então, você não queria machucá-lo, contudo, não tem problema algum em me machucar.
- Eu não sei - ele falou, soltando-a.
A luz atingiu seu rosto, e Lily o achou pálido, vazio, como se estivesse numa batalha. Ele estava dizendo a verdade, embora não soubesse, ou realmente sabia, mesmo se não quisesse.
- Regulus, não é tarde demais para você mudar. Você não é uma má pessoa.
Ele sorriu. Um sorriso triste, e mais cínico que ela já havia visto. Os olhos dele estavam estranhos, como se fosse o olhar de alguém que estava se afogando. Era o que parecia para Lily, auto-afogamento, e sem ninguém para salvá-lo. Nem da vida, e nem de si mesmo.
- É. É tarde sim.
E com isso, ele se foi. Lily não se incomodou em lhe dar uma detenção por ele estar andando nos corredores àquela hora. Regulus parecia já ter todas as punições de que precisava.
Da intenção de visitar James na surdina, o único que se mostrou disposto a acompanhar Lily foi Sirius. Remus, que foi sua primeira opção, disse que não poderia. Ele não lhe deu maiores detalhes e explicações, apenas informou que não se sentia particularmente bem para sair após o pôr do sol. Estranho, mas nada que ela não poderia esperar dos amigos de James. Mesmo Sirius, que ela sabia não se importar com as regras, disse algo sobre a lua cheia, o que ela também considerou estranho, mas ele rapidamente se corrigiu, dizendo que era trabalho de casa. Isso foi mais estranho ainda, considerando que Sirius não tinha aula de astronomia e que muito raramente fazia seus deveres.
Mas, quem muito precisa não pode escolher, e essa situação havia acontecido antes do que conversara com Regulus, e Lily não poderia mudar de idéia do nada. Seria esquisito.
Logo, ela caminhava ao lado de Sirius, em silêncio, mas não conseguiu se segurar mais. Não era da conta dela, tentar reparar briga de família, contudo, não poderia ajudar se não tentasse.
- Eu vi o Regulus, esta noite. Ele me disse que perdeu a briga de propósito.
Ela disse isso de supetão, já esperando que Sirius mudasse de assunto, talvez Quadribol, já que ele era o batedor do time. Por isso, ela ficou chocada quando ele lhe respondeu:
- Eu suspeitei.
- O quê? - ela retorquiu perplexa. Talvez seus planos em ajudar uma família não eram tão bons.
- Ele nunca teve coragem de continuar o que começava. Sempre se acovardou.
- Não acho que foi isso. Ele não queria machucar...
- Machucar a mim? Talvez, mas ele nunca me ajudou tampouco - Sirius a cortou.
- Ele não é ruim. Quero dizer, eu acho que é influência da família que o deixa tão...
- Fraco? Engraçado você dizer isso, já que eu me saí bem.
Lily não tinha certeza se essa era a palavra que iria usar, e não gostou de Sirius tê-la interrompido. Entretanto, mesmo ele sendo tão irritante quanto James, a defendeu, ficando ao seu lado.
- Sim, você foi...sortudo. - Ela ignorou o olhar que ele lhe lançou pelo “sortudo”, e continuou: - Quero dizer, talvez ele não fosse tão forte quanto você, ou tivesse coragem suficiente para ir embora, como você fez.
Sirius parou, soltando um suspiro. Ele odiava falar sobre sua família, mas Lily Evans não parecia disposta a desistir, e Sirius seria idiota em descontrolar-se com ela. Ele gostava de Lily, mas ela lhe lembrava terrivelmente a mãe de James, quando ele se mudou para a casa dos Potter após ter fugido.
- Eu me salvei, eu acho. Nunca pensei em salvá-lo também.
Isso foi tão honesto quanto ele se permitiu. Se ela queria salvar, de repente, o mundo de uma família, teria que ter começado com uma mais fácil. Como os Malfoy’s, mesmo eles não sendo tão loucos quanto a sua família.
Lily o observou criticamente. Sirius estava dizendo a verdade, e havia algo mais profundo escondido, um tanto mais obscuro, e que ela não deveria se meter.
- Não é muito tarde para salvá-lo.
- Por que você insiste nisso? Ver o melhor das pessoas é sua melhor qualidade, e a que James acha mais nobre. Eu? Quanto a mim, estou achando-a bastante desagradável.
Lily suspirou. Talvez ela precisasse ser mais honesta para si mesma.
- Eu tenho uma irmã que me odeia pelo que sou, por ter me tornado diferente do resto da família. Eu faria qualquer coisa para mudar isso. Acho que é apenas mais fácil tentar corrigir outra.
- Eu não posso ser corrigido. Muitas tentativas, nenhum sucesso. Por que você está me dizendo isso, pra começar?
- Porque você é o melhor amigo do James, e eu acho que...acho que talvez... Talvez eu não o odeie mais - Lily respondeu vagarosamente, cruzando os braços e olhando para o chão. Não era algo fácil para se dizer.
- Você mesma não poderia dizer isso a ele?
- Não consigo. Porque, bem, não seria certo. Eu mudaria a situação. Mas contando a você, significa que ele saberá, mas não por mim, o que não seria uma boa idéia.
- Claro, não seria boa idéia - Sirius retorquiu.
Ela só quis que Sirius não tivesse tanto sarcasmo em sua voz.
Lily ficou esperando na porta, pacientemente. Ela e Sirius haviam decidido revezar para poder vigiar enquanto o outro visitava James. A ruiva o deixou ir primeiro, uma vez que ele aparentava estar com pressa, e quando saiu falou que precisava ir aonde quer que fosse esse lugar, e que ela teria que vigiar sozinha.
James estava dormindo quando ela entrou, a cabeça dele estava virada para o lado da parede. Lily sentou-se na cama, observando-o, até que finalmente falou:
- Eu não teria me sentido culpada. Teria me sentido bem pior. E-eu não te odeio mais, sabe? - Ela parou por um minuto, então falou: - Eu realmente, de verdade, não te odeio mais. Não mesmo.
Com o rosto ainda virado, James sorriu, entregando-se então ao sono.
NB: *.* Tava na hora! Sabia que ela não ia conseguir segurar por muito tempo! Nunca conseguimos! Com duelos e sangue derramado, esse capítulo foi mais intenso, mas não menos fofo! Adorei. Beijos Liv!
NT: Oun!! (olhinhos brilhando e fazendo festa) Finalmente estamos admitindo..rsrs... Espero que tenham gostado do capítulo!
Ju Silveira: o James é realmente um fofo...
Michy: pois é, a Lily às vezes é tão cabeça dura que nos faz ver de onde o Harry herdou aquela cegueira básica..rsrs.. E pode abaixar a mão e parar de pedir!rsrs.. Beijos pra você!
Bianca Evans: é, finalmente a Lily está vendo o que está perdendo..rs.. beijos.
Lana Dias Moreira: capítulo postadíssimo com mais Lily/James fofos... Beijos.
Lua Potter: e Lily se rendendo é o que queremos!rss..Ela percebendo ou não..rs.. E aqui está o capítulo!!
All Star: sim, essa fic é muito gostosa! Beijocas...
- Súh: pois é...a Lily é meio doida..rs... mas agora ela não pode mais culpar o James depois de ter percebido que senta tanta falta dele quanto dos beijos..ai, ai.. E você vai ver como tem fics maravilhosa aqui na Floreios! É só procurar!
Até o próximo, pessoas!! E vocês também, que lêem, mas não comentam... (ai, ai... o que são dois minutos em clicar no “Menu da Fic” e dizer lá embaixo: estou adorando!)rsrs..
Kisses for all!
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