Voltando de Paris
A Mansão dos Malfoy sempre foi uma propriedade peculiar, não somente pela sua dimensão astronômica, com todos aqueles quartos e antessalas, mas também pela quantidade de gente que ali morava. Um casal com quatro crianças não se vê todos os dias, ainda mais sendo um casal Malfoy, reconhecido em todo mundo bruxo pela sua preocupação com finanças e aversão à crianças. Mas esse casal era diferente, pois possuíam algo que chamava a atenção das pessoas: amor e diversidade. Diversidade essa facilmente encontrada nas crianças, de etnias diferentes e comportamentos diversos. Um ruivo mais velho, filho legítimo somente de um dos lados do casal. Uma garotinha morena de olhos puxados, provavelmente adotada. E gêmeos completamente diferentes, em aparência e comportamento.
...
PLOP.
_Lar doce lar. – eu pensei quando senti o chão frio da sala de estar e o aroma adocicado do perfume de minha mãe. Sorri. Era bom estar de volta.
Ah, sim. Permita-me que me apresente: Lia Malfoy, prazer. Acabei de voltar de Paris onde fui fazer uma espécie de intercâmbio com a Tia Fleur e sua filha chata Michelle. A viagem não foi de todo ruim, melhorei na pronúncia do francês, visitei museus, vi vários desfiles trouxas de moda... o ruim era aturar a chatinha dividindo o mesmo quarto que eu. Mas, enfim “coisas que acontecem” como diria meu pai.
Falando nele, está aqui. Me olhando com cara de espanto, provavelmente porque cheguei antes do previsto. Normal, adoro fazer surpresas. Ele está rindo. Deve ser porque estou parada no meio do tapete com cara de paisagem. Ri também e me aproximei para abraçá-lo.
_Olá papai. – disse no meio do abraço, sentindo seu perfume. Ai que saudades de casa.
_Oi, querida. – ele me disse ainda espantado – chegou mais cedo.
_É. – falei sorrindo amarelo. – Michelle, sabe como é...
_Entendo. – ele falou sentando-se novamente na escrivaninha.
_Problemas com as finanças? – interessei-me.
_Não exatamente. – ele falou fitando alguns rolos de pergaminho nervosamente – apenas controlando os gastos excessivos das mulheres dessa família, sabe.
_Ora papai. Não seja pão-duro! O senhor é milionário. – falei meio exasperada e meio rindo.
_Tá certo. Tá certo. – ele falou rindo novamente. – Então... conte-me como foi em Paris.
_Ah sim. – sentei na cadeira de fronte a ele, entusiasmada e passei a narrar várias aventuras. Nada que envolvessem rapazes trouxas em motocas ou bruxos em novas vassouras. Papai não permite que nós, as meninas, namoremos AINDA. E mesmo que permitisse, não seria nenhum estrangeirozinho que me roubaria a atenção. – houve a vez que fomos ao Louvre...
_O museu trouxa? – ele espantou-se.
_Ah, papai. Não seja quadrado. Bruxos, trouxas... somos todos a mesma coisa. – falei causando-lhe um leve torcer de nariz. Ele faz isso quando quer demonstrar insatisfação com alguma coisa. – então, continuando. Foi muito interessante. O senhor deveria conhecer, tem várias obras maravilhosas... e a decoração é magnífica. Estou até pensando em redecorar alguns aposentos daqui da Mansão e...
_Alguém aí falou em redecorar? – uma voz feminina, de timbre forte e acolhedor se fez ouvir através da ruiva que acabara de entrar no escritório. Minha ‘mãe’. Sim, ela mesma... Virgínia.
_Olá! – falei levantando de um pulo e correndo até ela para abracá-la com força. – tive saudades suas.
_Eu também, querida. – ela falou ainda no abraço, soltando-me em seguida.
_Estava contando a papai sobre as aventuras de Paris. – falei sorrindo para ambos.
_Acredito que algumas aventuras ela irá contar somente a você, querida. – papai falou num tom ligeiramente aborrecido. – melhor vocês duas ficarem mais à vontade, então.
_Ora, ora, ora... Draco Malfoy, você está com ciúmes? – mamãe perguntou zombeteira.
_Diria que apenas estou cuidando do bem-estar das mulheres dessa casa. – ele falou pomposo, apontando para a porta. Quando faz isso é porque gostaria de ficar só.
_Está bem. Vamos até seu quarto, querida. – mamãe disse lhe dando um beijo na bochecha e sussurrando algo que o fez corar. Eu ri. Esses dois ainda vão escrever um livro.
_Vamos sim. Até mais, papai. –falei acenando com o braço acompanhando minha mãe para fora do escritório.
Subimos as escadarias lado a lado, vagarosamente. Mamãe não puxou assunto, fato que estranhei visto que ela fala muito. Parecia pensativa, distante... sua mente definitivamente não estava ali. “Algo está rondando a mente dessa ruiva” pensei num tom quase sarcástico. Chegamos ao meu quarto, mas estranhamente minha mãe passou reto. Fiquei parada no corredor sem entender. “Ela não disse que ia pro meu quarto?”.
_Melhor ficarmos no meu. Você tem muita coisa nova pra me contar, não é mesmo? – ela perguntou me encarando com aqueles olhos verdes incisivos.
_Acho que sim. – respondi num fio de voz, pensando em com ela pode ter sabido de alguma coisa.
Entramos no aposento amplo e bastante claro, para os padrões dos Malfoy. O cortinado da cama era verde-escuro, combinando com as milhares de almofadas existentes espalhadas no aposento. O tapete felpudo branco ganhava destaque no chão de mogno escuríssimo e refletia a luz que entrava pela grande porta de vidro que dava para os jardins cobertos pelas flores da primavera. Como eu adorava aquela paisagem. Nada no mundo me acalmava e me deixava mais feliz do que acordar com a vista dos Jardins Frontais todos os dias. Encaminhei-me para a sacada para observar os gerânios mais de perto, sempre foram minhas flores preferidas. E somente agora eu percebia isso. Fui tirada de meus devaneios pela voz calma e passiva de Virgínia.
_Você mudou muito. – ela me disse num tom de voz fraco.
_Como assim? – perguntei interessada, virando-me para ela.
_Cresceu. – ela falou simplesmente, andando até sua escrivaninha, sentando-se no banco de madeira trabalhada.
_Isso acontece com as crianças, né? - falei rindo, mas percebi que ela estava séria demais para quem queria saber das novidades da minha viagem.
_Sente-se aqui Lia. – ela apontou para a cama grande de casal. – conte-me o que aconteceu de diferente nessa viagem.
_Ora, nada demais. – falei nervosamente. “Quem poderia ter contado à ela?” pensei nervosamente. – não aconteceu nada.
_Lia, sua prima me escreveu - ela me falou um pouco tensa. “Filha de uma Hipogrifa!” pensei em desespero. – estava preocupada porque você sumiu durante um desfile e só apareceu na manhã seguinte. – disse-me cautelosa.- Onde você estava durante esse tempo?
_Eu...er... eu... – Ora, merda!! O que eu falo agora? – estava ocupada.
_Sim, mas... com o quê? – ela perguntou incisiva. Detestava quando me colocavam contra a parede.
_Coisas minhas. – falei na defensiva, levantando-me.
_Querida... –ela falou mansamente – não sou ninguém para julgar você. Você sabe disso não é? –acenei que sim com a cabeça. – Lia, só estou tentando me aproximar de você.
_Porque não tentou isso antes? – perguntei com ressentimento. Juro que me detestei quando vi o impacto dessa pergunta estampado na face dela. –me perdoe, não devia ter dito isso.
_Devia sim. – ela falou num suspiro derrotado, sentando-se na cama. – quando você se afastou de mim, há dez anos, eu não tive coragem de me aproximar. E isso pode ter causado a ilusão de que eu não amo você, mas isso não é verdade, querida.
_Dez anos? – eu perguntei refletindo. “O mesmo tempo de quando eu descobri a verdade sobre a outra...”.
******MINI-FLASHBACK*******
“Leu algumas linhas até que algumas palavras pareceram fazer eco em sua mente. Não podia ser verdade. Não queria que fosse verdade. Não ERA verdade. Em estado de choque levantou-se bruscamente da cadeira e deixou o envelope cair. De dentro dele, escorregou uma fotografia trouxa, de uma mulher grávida. Lia pegou a fotografia, com as mãos trêmulas e os olhos puxados, úmidos. Uma mulher aparentemente feliz com uma grande barriga. A mulher tinha os olhos puxados como os dela, pôde perceber. Ao virar a fotografia pôde ler claramente as palavras "Ela foi feliz um dia Draco.".
Ainda estava em estado de choque, as lágrimas corriam livremente em seu rosto, quando a porta do escritório se abriu. Um loiro alto, imponente, descabelado e com um olhar perdido a encarava, com a boca ligeiramente aberta. Draco passou a mão pelos cabelos nervosamente, sem saber como começar a falar. "Merda! Devia ter queimado a carta." ele pensou em desespero ao ver o olhar molhado de Lia em sua direção. Seu peito comprimiu mais quando observou a fotografia que a menina agarrava ao peito, enquanto soluçava.”
*******FIM DO MINI-FLASHBACK*******
– Me perdoe... – falei baixo, aproximando-se dela.
_Você achou que eu nunca soube do que aconteceu naquele escritório não é?- ela me perguntou serena. Tão calma, que me fez sentir como um ser miserável.
_Sabia que ele iria te contar, de qualquer forma. – falei um pouco amarga.
_Ele quem? Seu pai? – ela perguntou arqueando a sobrancelha. – não, não... ele nunca abriu a boca sobre aquele dia, a não ser quando me respondeu vagamente com um “eu cuido disso”.
_Então, quem foi? – perguntei, agora, curiosa.
_Um aviso que recebi naquela noite. – ela me disse com os olhos distantes. – Depois daquilo, percebi como você passou a tratar seu pai diferente, mas o que mais me chateou foi não saber porque, exatamente, você me expulsou da sua vida.
_Sinto muito. – falei com vergonha.
_Não sinta. Agora você já é praticamente adulta. Saberá tomar a decisão certa. – ela me disse num sorriso confiante.
_Obrigada, por tudo. –falei abraçando-a nervosamente. Como sentia falta do carinho dela. – eu amo você.
_Eu sempre te amei, querida. – ela me disse numa voz embargada. Estava chorando.
_Não chore, não gosto de te ver assim... triste. – eu falei com os olhos úmidos também. – tenho que te contar uma coisa.
_O que houve em Paris?? – ela me perguntou astutamente, fruto da convivência com os Malfoy.
_Sim. – eu falei envergonhada – naquele dia do desfile. Bom, eu... eu estava... er... ai, como vou dizer isso? – eu falei nervosamente, estava corada.
_Porque eu tô achando que tem algum rapaz envolvido nessa história, hein? – ela comentou tentando ser casual. Eu ri.
_Porque tem. Mas eu não direi quem é. –falei rapidamente – pelo menos por enquanto.
_Tá bem, você quem sabe. – ela me disse sorrindo – mas o que mais aconteceu naquele dia?
_Eu estava com esse rapaz num pub bruxo no centro de Paris, tomando um Chá de Ervas – eu comecei a falar e recebi total atenção de Virgínia. – então um homem se aproximou de nossa mesa e pediu para falar a sós comigo. – ela arqueou a sobrancelha – Obviamente eu disse que ele poderia falar o que quer que fosse na frente do Mic... – falei completando em seguida, rapidamente – Miguel.
_Miguel? – Gina me perguntou duvidando. “Merda, quase que eu falo!” pensei nervosamente antes de responder.
_Isso. Miguel. Bom, o cara disse que se eu quisesse conhecer a minha verdadeira origem que era para eu aparecer ao pé da Torre Eiffell às oito da manhã do dia seguinte.
_E você foi. – não era uma pergunta.
_Não. – não era uma resposta.
_Então o que aconteceu?
_Resolvemos seguir o cara. – falei rapidamente vendo os olhos dela arregalaram de espanto – mas calma! Não aconteceu nada! – menti descaradamente, mas ela não notou.
_Mas podia ter acontecido! – ela brigou comigo – você foi muito imprudente, Lia.
_Eu sei, eu sei... deixe-me continuar- eu falei e ela se calou pelo momento – então, nós fomos atrás dele e o seguimos até um sobrado meio escondido no centro. Bom... eu fiquei meio surpresa, mas... er...
_O quê? – ela perguntou sem entender.
_Eu a vi. – falei sem jeito. Levantei-me, pois o nervosismo tomou conta de mim no momento- não sei o que senti. Tive vontade de falar com ela, mas minhas pernas não se moviam. Minha garganta fechou. Fiquei nervosa e acabei voltando para casa da Tia Fleur. – inventei rápido, para não levantar suspeitas da verdade.
_Por isso Michelle disse na carta que você chegou estranha...
_Imagina o meu espanto em encontrar a mesma mulher da foto naquele lugar! – falei nervosa – é estranho descobrir que você tem uma mãe assim, do nada. – falei e me arrependi ao notar o olhar de tristeza dela. – me perdoe, eu não quis dizer isso... eu..
_Eu sei que é difícil para você. –ela me disse com uma postura digna de uma Malfoy, levantando-se da cama. – mas você não imagina o quanto dói para mim ouvir que eu não sou sua mãe.
_Mas... mas... você é. – eu falei rapidamente. “Merda, porque eu não fiquei calada?”
_No meu coração eu sempre fui. Mas você não chegou a perceber isso, não é mesmo? – ela me disse virando-se para a sacada do quarto – vá para seu quarto. Sua irmã já deve ter chegado do estágio com a Luna e deve estar com saudades de você.
_Mas... – ela não me deixou completar. Com um gesto de mão encerrou o assunto virando-se para contemplar o pôr-do-Sol. Senti que tinha aberto uma ferida no coração dela, e estranhamente, como em anos não acontecia, tive vontade de correr para seus braços e chorar todas as lágrimas presas nesses dez anos. Mas não o fiz. Apenas virei-me para a porta e saí do quarto, com o peito comprimindo.
**********
A mesa de jantar pomposa, os pratos que denotavam a nobreza do sangue-puro, a opulência da louça de prata fundida pelos duendes... tudo isso expressava o que significava ser um Malfoy. Entrei naquele aposento e me senti ofuscada pelos olhares que pairavam sobre mim. Todos estavam ali, e todos me olhavam como se eu fosse de outro planeta.
_Porque está todo mundo me olhando? –perguntei sem graça.
_Você está ótima. – e, por incrível que pareça, quem me elogiou foi o implicante do Luke.
_Obrigada. – agradeci, sentando-me ao lado de Norah, que bebericava um dos Hidromel sabor Cereja da vinícola da tia Luna, que também estava lá com a família. – estamos comemorando o quê?
_O fato de estarmos com a família toda reunida. – papai disse erguendo sua taça, para que o imitássemos. Peguei uma taça de água, o que fez Bruce Zabine, que estava sentado na minha frente, franzir levemente as sobrancelhas. – é um jantar especial, pois temos notícias a dar.
_Não me diga que mamãe está grávida, por Merlin! – Luke apressou-se, fazendo todos rirem.
_Não é isso querido. – Gina falou corada. – fale logo Draco.
_Bom, vamos viajar. – papai falou pomposo. Sinceramente, não entendi. E acho que não fui somente eu a julgar pelas caras de paisagem de todos à mesa. Ah, não expliquei! Na mesa de jantar estavam: Papai à cabeceira, Virgínia ao seu lado direito, Luke ao lado dela e Bruce ao lado dele. Do lado esquerdo de papai estavam: Tio Blaise, Tia Luna ao seu lado, Norah e eu.
_E o que tem isso de extraordinário? – Norah perguntou com um tom de desdém. Eu realmente detesto quando ela faz pouco caso dos outros... enfim.
_Nada. – Gina falou e tia Luna olhou para ela intrigada. – só o fato de que estamos informando que ..bem... talvez... er...
_Sua mãe quer dizer que vamos nos mudar.- papai falou calmamente, bebendo seu FireWhisky. Todos tiveram reações diversas. Luke ficou puto, levantou-se e saiu da mesa. Norah somente os olhou boquiaberta e nada disse. Os Zabine preferiram não se meter. E eu... bom, minha reação foi mais... digamos... explosiva.
_COMO É QUE É? – Eu bradei a plenos pulmões, fazendo os restantes a mesa arregalarem os olhos em espanto.
_Lia Malfoy, olha as boas maneiras.- Gina me advertiu com um olhar de quem não admite ser contrariada.
_Boas Maneiras no inferno! – falei puta, ficando de pé. – vocês não podem fazer isso!
_Olha o linguajar mocinha, ou vou te pôr de castigo. – papai me avisou estranhamente calmo. Ops. Mal sinal.
_Que ponha. Não vai fazer diferença nenhuma agora. – eu falei nervosa. Eles iam me afastar dele, de propósito. Minha mente (doentia) começava a formar situações absurdas, mas eu não ia dar importância a isso agora. Era bem mais fácil culpar os outros. – você contou a ele não foi? – perguntei diretamente para Gina, que me olhou sem entender. – Não faz essa cara de santa! – falei possessa e continuei – confessa, você contou pro meu pai o que aconteceu em Paris não foi?
_Eu não disse nada, e mais respeito comigo, garota! – ela me falou tentando se controlar.
_Respeito? – Vixi... sai da frente que agora eu me irritei – como você vem falar de respeito comigo? – Tia Luna olhava-me boquiaberta mas eu fingia não ver - Você se casou com ele mesmo tendo um filho de outro! Você só se casou porque ele tem dinheiro. – falei venenosamente.
Todos à mesa me olhavam atônitos. Meu sangue fervia e minhas bochechas deviam estar coradas assim como as daquela a quem eu deveria me referir como mãe. Meu pai estava sentado, encarando o copo, num semblante tenso. Eu sabia que receberia castigo por todas aquelas insanidades que falei, mas então, já que comecei a baixar o nível, porque não continuar de vez, não é? Como dizem os sábios: uma vez no inferno, dance com Voldemort!
_Lia... –a voz baixa de Norah me desconcentrou da cena, que se desenrolava. Os Zabine despedindo-se às pressas e Gina me encarando com decepção. Somente meu pai não falava nada.
_O que é? – falei ainda irritada.
_Você é desprezível. – ela me disse isso assim, sem alterar uma expressão do rosto. Sem mover um músculo para me socar ou ao menos a varinha para me azarar. Somente os olhos, negros como chumbo, mostravam o quão desgraçada eu estava perante ela agora. Ela levantou-se e ficou ao lado da mãe.
_Obrigada, mais alguma coisa? – falei sarcástica.
_Sim. – e dessa vez que falou foi meu pai. Confesso que me tremi inteira, mas não tive audácia para demonstrar isso. – você está de castigo. Até perceber que dentro desta casa noções de respeito e perigo são estritamente necessárias.
_Tá falando sério? – perguntei incrédula. Juro que pensei que tomaria uma surra.
_Não brinque com a minha paciência. – ele falou apoiando as duas mãos na mesa de mogno.
_E você já teve isso algum dia? – perguntei encarando-o. Não me pergunte porque eu estava tão “rebelde”.
_JÁ CHEGA! – Virgínia bradou levantando-se – VOCÊ VAI JÁ PRO SEU QUARTO E SÓ SAI DE LÁ QUANDO EU PERMITIR.
_Até parece... – falei debochada. – você não manda em mim.
_Ela é sua mãe! – Norah falou se intrometendo.
_ELA NÃO É. NÃO É. NUNCA FOI MINHA MÃE. – Falei estupidamente para o espanto da minha irmã ruiva e comecei a chorar. - eu já sei de tudo, a muito tempo.
_Como é que você... ? – meu pai perguntou atônito.
_Vocês não desconfiavam, mas eu já sei de tudo que aconteceu. – eu falei de cabeça baixa, em meio aos soluços – eu a encontrei.
_Encontrou quem garota? – Norah me perguntou nervosamente.
_Minha mãe. – falei encarando diretamente meu pai, que ficou mais pálido que o normal. – a encontrei em Paris.
_Você... – ele falou recuperando-se do susto – você falou com ela?
_Não. – eu menti. – não tive coragem.
_Lia, vá para o seu quarto. – ele falou baixo, porém firme.
_Mas... – tentei argumentar.
_Vá para o seu quarto. Agora. – ele falou me encarando. E eu percebi, que dessa vez, não era um pedido.
*********
“Querido M,
Estou desesperada. Acabei de sair de uma briga de família... e a culpada fui eu. Estou tão arrependida, meu amor. Como eu queria descer essas escadas e pedir desculpas.
Mas minhas palavras... minhas acusações... nossa! Foram pesadas demais.
Ela nunca vai me perdoar. Tem noção disso?
Você sabe o que é se sentir um peixe fora d’água nessa casa? Eu passo por isso todos esses anos. É angustiante.
Não contei a ela do encontro em Paris. Não tive coragem. Eu sei como ela sempre tentou me proteger dessas pessoas, mas eu precisava saber da verdade. Você me entende?
De tudo que ela me disse, algo ficou preso na minha memória. Uma frase que ela me falou assim que nos encontramos: "Você é mais parecida comigo do que imagina. Nunca deixem te dizer o contrário. Você é uma Chang, acima de qualquer coisa."
Estou tão confusa... Preciso de você agora. Preciso do seu colo e do seu carinho. Só você me conforta.
Espero que me responda brevemente, pois a demora só me deixará mais nervosa e angustiada.
Sempre sua,
Lia.
Ps: estou me sentindo estranha desde... bom, você sabe. Será que estou doente?”
_Entregue essa carta para ele, depressa. – falei para Abner, minha coruja cinza. Fiquei olhando-a até que esta chegou ao horizonte e perdeu-se do alcance da minha visão. Suspirei. – Porque eu sempre faço tudo errado?
**********
N/A: Fala sério gente!!! Eu arrasei nessa capítulo, né não?
Querem saber quem é o namorado da Lia?
Então... COMENTEM.
Bjus fofuxos...
Só pra lembrar:
NÃO ME ABANDONEM AQUIIIIIIIIII !!!! (é escuro e mal assombrado... buhh)
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