Virando A Escolhida



Capítulo 10 – Virando A Escolhida



- Parte I -


Apesar da verdade ser mais difícil de engolir do que uma bomba de bosta, o Ministério foi forçado a abrir os olhos e reconhecer que certos eventos, a fuga de Azkaban, o desaparecimento de Berta Jorkin e a morte de Cedrico Diggory, para citar alguns, haviam sido circunstâncias diretas do retorno de Voldemort.

E, mais importante, Harry “Eu-Não-Devo-Contar-Mentiras” Potter esteve, aparentemente, falando a verdade o tempo todo.

Não era preciso ser um vidente para saber o que a nossa batalha no Ministério significara. Se a profecia era tão importante que Voldemort arriscou se expor para pegá-la, isso obviamente antecipava algo de imensas proporções. O Profeta Diário compreendeu-o também e julgou o Menino-Que-Sobreviveu a ser O Escolhido.

Embora eu não pudesse ter certeza do que era verdade e o que fora inventado, estava convencido de que era algo mais ou menos parecido. Se alguém sabia a realidade da situação, esse alguém era Dumbledore, e eu tinha certeza de que o diretor contaria a Harry diretamente, especialmente tendo em vista os atuais eventos.

Voldemort estava estranhamente quieto durante o sexto ano de Harry. Estava claro, olhando para trás, que ele se recusara a agir até que Dumbledore, o único homem que temia, estivesse descartado. Esse pode ter sido o maior erro cometido por Voldemort. Com a hesitação, ele permitiu que Dumbledore passasse informações de vital importância a Harry, precisas para a vitória. Também permitiu que Harry finalmente encontrasse alguém, chamado eu, que ele poderia amar, proteger e ser feliz com, e quando o tempo chegasse, alguém que lhe desse um motivo pelo qual lutar e esperança de uma vida feliz quando tudo estivesse acabado.

Não poderia lhe dizer qual foi o momento exato em que Harry se apaixonou por mim, mas ele alegremente lhe diria que soube como se sentia quando viu Dino me beijando no atalho para a Torre da Grifinória. Acho que foi bem antes disso, talvez quando ele me chamou para Hogsmeade em Outubro, ou, então, antes disso quando ele queria sentar comigo no trem, ou pode ter sido durante o verão quando passamos todos os dias juntos. Qualquer que tenha sido o momento no qual Harry se apaixonou, seu amor por mim lentamente tomou conta dele, aparecendo do nada e surpreendendo inclusive a ele, tenho certa.

Não me arrependo de ter saído com Miguel. Ele me ensinou muito sobre relacionamentos e eu não trocaria meu tempo com ele. Não me arrependo de ter ficado com Dino. Ele era um garoto maravilhoso, mas quando terminamos, percebi o quanto preferia ser sua amiga à sua namorada. Nenhum deles foi um erro, apenas experiências para me preparar para aquele para quem fui destinada.

Amor, o poder que Voldemort desconhecia, estava em excesso após o retorno de Voldemort. Mamãe disse que era exatamente como da última vez, casais apressando-se para se casar, meus pais incluídos. O primeiro da família a seguir o exemplo fora meu irmão mais velho, Gui.

Gui chegou à Toca uma semana depois do fim do ano letivo com a escolhida de Beauxbatons, Fleur Delacour. Ele explicou que eles tinham passado muito tempo juntos e que ele tinha lhe dado aulas de englês particulares. Vendo-a parada, ali na minha cozinha, com sua beleza artificial, pensei “Aulas particulares de inglês uma ova”.

Eu não era a única na família curiosa com o porquê, como professor, ele traria sua aluna para casa para conhecer sua família. Depois de alguns momentos, Gui finalmente respondeu todas as perguntas e anunciou que eles se casariam no próximo verão.

“Ah, você será minhe irmãzinhe!”, Fleur exclamou, correndo em minha direção e erguendo-me em um abraço rápido, ela me acolheu em seus braços franceses, “Vecê e Gabrielle se darão tã bem! Vecês devem ter a mesma edade!”

Quando ela me colocou no chão, eu rapidamente alisei os vincos de minha blusa, “Quantos anos tem a Gabrielle?”

“Ela tem deiz”

“Tenho quase quinze”, respondi, irritada. Dei uma olhada rápida no meu corpo. Eu realmente parecia ser cinco anos mais nova do que realmente era? Não, certos atributos femininos continuavam intactos. Com uma mecha de cabelo nas mãos, olhei para Fleur e lancei-lhe um olhar desgostoso.

Ela não entendeu a mensagem, “Vecê é tã bonite, Gena!”

Já não gostando dela, falei, “Pronuncia-se Gina”, e quando Mamãe me lançou um olhar irritado, ignorei-a, “Como é que se pronuncia seu nome, mesmo?”, perguntei no meu tom sarcástico profissional, “Floor? Flour? Fleuma?”

Mas Fleur nem notou que eu estava tirando sarro dela. Ela gastou os próximos dez minutos tentando me ajudar a pronunciar seu nome e eu me divertia ao continuar com a pronúncia de Fleuma. Até Mamãe esforçou-se para não se divertir.

Quando Fleur distraiu Mamãe, rapidamente escapei da companhia de minha futura cunhada, deixando um Rony atordoado à mesa. Esgueirei-me para fora, desejando que Fred e Jorge não tivessem se mudado tão cedo aquele ano, apesar de estar orgulhosa de sua loja de truques estar florescendo.

Encontrei Papai e Gui conversando no jardim. Passando pelo canto da casa, parei fora de vista para ouvi-los.

“Tem certeza disso, Gui? Há quanto tempo vocês se conhecem?”, Papai perguntou.

“Mais tempo, acho, do que você e mamãe quando se casaram”, Gui respondeu, diversão evidente em sua voz.

Papai ficou em silêncio. Depois de alguns segundos, retrucou, “Eram tempos diferentes. Sua mãe e eu fomos feitos um para o outro”

Gui gargalhou, “Tempos diferentes? Você e eu estamos vivendo no mesmo mundo com duas décadas de diferença”, Gui disse, “Amo muito a Fleur”

Mais silêncio. Quando decidi me revelar, sai do canto em que estava e vi Gui e Papai se abraçarem e depois apertarem as mãos, “Então, você tem a minha bênção”, Papai disse. Ele deu um tapa nas costas do meu irmão e saiu do jardim pelo qual eles estavam caminhando.

Gui sorriu quando me viu e, quando me aproximei, ele me envolveu em seus braços e me abraçou. Gostei desse muito mais do que quando Fleur o fez. Os braços de Gui eram seguros e familiares. Ele tinha o familiar aroma madeireiro da Toca, apesar de não viver lá há anos.

“É bom te ter em casa”, eu disse, quando ele me colocou no chão novamente, “Por quanto tempo vai ficar?”

“Só estou aqui até amanhã”, Gui respondeu. Assumi que isso significava que Fleur também estava partindo, mas ele despedaçou meu sonho, “Fleur voltará mais tarde, esse mês, para uma visita mais apropriada”

Encolhi-me, “Sério?”, tentei soar animada.

“Ela tem que conhecer sua nova família”, Gui respondeu. Ele começou uma longa história sobre como eles tinham trocado olhares durante o Torneio Tri-Bruxo e sobre como trabalharam juntos em Gringotes. Começou a falar sobre como ela era maravilhosa e não pude evitar notar o quanto ele amava falar sobre ela. Lembrou-me de como eu falava de Harry.

“Você ama mesmo ela, não é?”, perguntei.

“Muito mesmo”, ele retrucou, “Sabe, queremos que você esteja no casamento”

“É melhor eu não ser a garota das flores”, recriminei. Podia aceitar Fleur errando minha idade, mas me negava a exercer a função de uma criança no casamento.

“Você ficaria adorável espalhando as pétalas de rosas”, Gui provocou.


- Parte II -


Tentei ao máximo dar uma chance a Fleur durante sua estádia conosco. Segurei minha língua quando ela me comprou bonecas. Não falei nada quando ela conversou comigo como se eu tivesse dez anos. Quando Hermione chegou, estava desesperada por uma escapada. Quando ela passou pela porta, eu praticamente afoguei-a em alegria.

Puxando-a para o meu quarto, joguei-a em minha cama e obriguei-a a ouvir minhas ofensas em relação à muito em breve nova membro da família. Ela sorriu para mim e observou, “Ela pode mesmo ser tão ruim assim?”

“Você não tem idéia!”, berrei. Se eu ia recrutá-la para a minha causa, sabia que precisava de algo mais, “Você devia ver o jeito que o Rony baba nela”

Ela ficou carrancuda e soube que ela estava do meu lado.

“Falando no Rony”, disse, não muito ansiosa para falar mais sobre a Fleuma que estava morando na minha casa, “Quando posso começar a arrumar meu vestido de madrinha para o casamento de vocês?”

Ela corou levemente, “Rony e eu...”, começou, “Nós... ah... eu não sei!”, cruzou os braços na frente do peito, “Eu, certamente, não darei o primeiro passo”

“E não deveria”, concordei, “Mas há quanto tempo tem analisado o problema? Não é óbvio o quanto gostam um do outro?”

“Quem gosta de quem?”, Rony acabara de entrar no quarto, mastigando uma maçã. Ele ficou parado no arco da porta, extremamente cego ao fato de que estávamos discutindo sobre ele.

Hermione olhou para mim, pedindo por cobertura, “Dino e eu”, eu disse, rapidamente, “Estávamos falando sobre como eu gosto do Dino”

Rony engoliu o pedaço de maçã que estava mastigando, “Quando eu disse para você escolher alguém melhor, não estava me referindo a Dino Thomas”

“E o que há de errado com Dino?”, perguntei com arrogância.

“Nada”, ele disse, com maçã na boca. Quando engoliu, continuou, “Ele é um cara legal, mas não acho que posso te permitir...”

Me permitir?”, guinchei, “Ronald Weasley, você não está em posição de me permitir fazer nada”, dei alguns passos em sua direção, meus olhos abrindo buracos nele.

“Eu...”, Rony começou, recuando, “Eu só acho que você precisa de alguém melhor...”

“E quem, exatamente, o meu irmão gênio tem em mente?”, perguntei a ele, lembrando da viagem de trem, quando ele tinha me dito para escolher alguém melhor. Acho que ele lançou um olhar a Harry quando disse isso. Tenho ficado curiosa com esse olhar há semanas agora.

“Só...”, Rony falou, não sabendo se devia continuar ou mudar de assunto, “Eu... pensei em Harry e... bem... você tinha gostado dele... e...”

“Rony”, interrompi-o, “Eu desencanei do Harry”

“Você não devia desistir tão cedo”, ele disse, mais confiante agora que eu tinha recobrado minha postura, “Acho que vocês são perfeitos um para o outro, ele só não sabe ainda”

“Ha ha”, sorri para ele, para Hermione, e depois de volta para ele. Não pude me segurar ao dizer, “Me parece outra pessoa que conheço”

Rony, parecendo bastante confuso, estava para responder quando Hermione, parecendo envergonhada, pronunciou-se, por fim, e guiou a conversa para outra direção, “Então, o Harry chega amanhã?”

O rosto de Rony se iluminou, “Caraca, quase esqueci. Ele está por aí com Dumbledore, não é?”

“Você acha que ele está falando a ele sobre a profecia?”, perguntei a Hermione, baixinho, temendo a resposta. Rony e eu já tínhamos discutido nossas teorias sobre o assunto, e ambos estávamos interessados no que Hermione tinha a dizer.

Hermione parecia tão preocupada quanto eu e não pude evitar, mas me perguntar se ela já não sabia o que a profecia antecipava, “Depois de tudo que Lúcio disse sobre a profecia...”, ela disse, lentamente, “E Voldemort querendo ouvi-la tanto...”, suspirou pesadamente, “Deve falar algo sobre sua derrota...”

“O Profeta Diário tem dito que Harry é O Escolhido”, Rony informou Hermione. Ela assentiu, confirmando que tinha lido-o diariamente, “O único que pode vencer Você-Sabe-Quem”

Sentamos em silêncio pelos próximos minutos antes de Mamãe nos chamar para o jantar. Andando juntos, a mesma coisa passava por cada uma de nossas mentes. O jantar aquela noite pareceu como a nossa última refeição, a comida nunca mais teria o mesmo gosto se Harry fosse realmente O Escolhido.

Harry chegou uma noite depois da meia-noite. Depois de comer o café da manhã, Mamãe nos informou que Harry estava dormindo no antigo quarto dos gêmeos. Rony e Hermione correram para fora da cozinha, escada acima. Fiquei um segundo a mais, para terminar meu suco. Mamãe me pediu para ficar com ela, enquanto ela preparava o café da manhã de Harry e depois eu poderia levá-lo.

“Nós dues podemes levá-lo, eu ache”, Fleur disse, parecendo animada em ver o garoto que a vencera um ano atrás, “Não seria divertide, Gena?”

”Merlim amado”, pensei, “pronuncia-se Gina! E eu não tenho quatro anos de idade, porcaria!”

“Gina pode cuidar disso sozinha”, Mamãe disse, docemente.

Fleur começou a arrumar a bandeja e Mamãe voltou a atenção para ela. Rapidamente esgueirei-me para fora antes que alguém notasse minha partida. Ouvi Mamãe falando a ela para não cozinhar os ovos daquele jeito e estremeci. Corri escada acima, esperando não ter perdido nada de importante.

Minha alegria sem Fleur foi breve. Eu mal tinha entrado no quarto quando Fleur escancarou a porta e entregou o café da manhã para Harry. Sua entrada foi rápida e sua partida desejada. Quando Mamãe finalmente saiu, nós quatro finalmente pudemos conversar.

Quando Mamãe me chamou para ajudá-la na cozinha, xinguei baixinho. Ela só queria outra pessoa para não ter que ficar sozinha com Fleur. Eu queria ficar com o Trio e saber o que Harry tinha feito essas últimas semanas.

Quando deixei o quarto, não desci para a cozinha imediatamente. Apesar de Hermione ser a única do Trio que se dignava a me passar informações, eu sabia que eles ainda tinham aquele hábito sujo de me manter no escuro, apesar de ter me provado digna várias vezes. Conclui que eles aproveitariam a oportunidade de ficarem sozinhos para discutir certas coisas. E se eles não iam me fornecer informações, eu teria que fazer o que fazia de melhor.

A primeira coisa que ouvi foi um, “O que é isso?”, vindo de Hermione. Sorri timidamente para mim mesma e pensei no telescópio que tinha pegado emprestado dos gêmeos. Eu tinha colocado o objeto estrategicamente ali. Imaginei que Harry precisaria rir um pouco depois de uma perda tão devastadora. Apesar de ter esperado que fosse Rony o curioso, ao invés de Harry, congratulei-me pelo impacto do pequeno punho.

Ao invés disso, eles conversaram sobre a loja de truques dos gêmeos e Percy. Depois de alguns momentos, conclui que eles não falariam sobre isso, então Harry mencionou suas futuras aulas particulares com Dumbledore e meu interesse renasceu.

Ouvindo atentamente, eles chegaram ao assunto da profecia. Meu coração acelerou. Uma gota de suor desceu da minha testa. Evitei respirar, pois achava que eles me ouviriam.

“O Profeta acertou”, Harry disse, e meu coração afundou. Lentamente, escorreguei pela parede, sem fazer o menor ruído, “Parece que sou eu quem tem que acabar com Voldemort... ao menos, é dito que nenhum dos dois pode viver enquanto o outro sobreviver”

Ali estava... o destino de Harry planava dentro da minha casa, as palavras desfalecendo suavemente pelas vigas da porta, e entrando em minha mente como se eu tivesse sido informada de que alguém morrera. Era verdade. Harry era mesmo O Escolhido. No final, seria ou Voldemort ou Harry, não ambos...


- Parte III -


“Já não era sem tempo”, Mamãe disse quando finalmente entrei na cozinha, “Já ia te chamar de novo...”, voltou-se para mim e ofegou, derrubando o jarro de água que segurava, “O que houve, Gina?”

Se eu aparentava o que sentia, acho que também teria me preocupado no lugar de minha mãe. Toquei minha bochecha com a palma da minha mão e senti o quão fria e úmida ela estava. Voltando os olhos para Mamãe, respondi, “Nada”.

“Eu acho que ela só precise de uma boe comide”, Fleur disse, cortando mágica e rapidamente alguns legumes. A maior parte dos pedaços estavam voando para o chão ao invés de ficarem na mesa.

“Eu disse que cuidava disso!”, Mamãe disse tão legal quanto podia, mas era difícil esconder sua irritação. Ela bufou e com um aceno de sua varinha, a água que ela tinha derrubado tinha se limpado e os vegetais estavam de volta no recipiente.

Estava grata pela distração. Eu não estava com vontade de disfarçar o porquê de estar com problema de estômago. Repassei as palavras em minha mente, uma vez mais: Um não pode viver, enquanto o outro sobreviver.

Hermione entrou correndo na cozinha, perguntando pelos NOMs. Quando vi seu rosto, esqueci momentaneamente de meus temores. Seu olho estava escuro e eu sabia que ela tinha caído na armadilha. Não pude evitar gargalhar.

“Está rindo também?”, Hermione perguntou. Eu sinceramente esperava que Harry tenha se divertido bastante às custas do telescópio. Ele precisava de umas boas piadas agora mais do que nunca.

Mamãe rapidamente achou uma cópia de “O Ajudante dos Curandeiros” e tentou remover a contusão dos olhos dela, mas em vão. Quando Harry entrou na cozinha com a sua bandeja do café da manhã, vi o divertimento em seu rosto e sabia que tinha conseguido, mesmo que só um pouco.

“Deve ser a idéia de brincadeira engraçada de Fred e Jorge, garantir que não saia”, eu disse casualmente, fingindo-me de inocente. Ouvi outro risinho vindo da direção de Harry. Gina, você tá com a bola toda hoje.

E eu continuei com a bola toda durante todo o resto do verão. Fiz da minha meta pessoal fazer Harry sorrir ao menos três vezes por dia. Para ser honesta, eu parecia ter um talento especial para fazê-lo sorrir. Algumas vezes, eu perdia a conta dos risos que arrancava do Escolhido.

Rony e eu estávamos disputando contra o time de Harry e Hermione normalmente todas as noites da semana na nossa quadra de Quadriboll. Hermione devia ficar com os livros, ela era horrível com uma vassoura. Sem a pressão de um jogo de verdade, Rony era impressionante. É claro que Harry, como o recém-nomeado capitão do time da Grifinória, tentava ao máximo não nos deixar comendo poeira.

Como só éramos quatro jogando, não usávamos nenhuma bola que não a Goles e pela maior parte, estávamos equilibrados. Não quero dizer que me equiparava a Harry, mas com certeza fazia ele se esforçar para vencer.

Depois de algumas longas horas numa noite de Agosto, nossos times chegaram a um impasse. Toda vez que Harry marcava, eu marcava também. Eu voava em círculos em volta dele, informando-o que o tinha alcançado.

Rony desmontou da vassoura depois da terceira hora e talvez a milésima vez que estávamos tentando marcar, “Eu considero isso um empate”, anunciou, “Além disso, tem um bolo que Mamãe fez lá dentro que acho que está me chamando...”

Hermione cuidadosamente desmontou da vassoura também. Ela parecia cansada e esgotada. Ela arrastou-se para perto de Rony e disse, “Pela primeira vez, ele está certo. Estou exausta”

Harry e eu continuamos nas vassouras e flutuamos em direção ao chão, desapontados. Era a primeira vez desde que começamos os jogos que estava equilibrada com Harry e acho que ele gostou do desafio. Eu não tinha certeza se ele estava tendo uma noite ruim ou se eu estava melhorando.

“Não ganhamos ainda, Rony”, disse, lançando um olhar desafiador na direção de Harry, “Acho que preciso de cinco minutos para superar o Capitão”

Harry sorriu e minha contagem já passara do quinze naquele dia, “É, vamos lá, Rony”, ele disse, “O que acha?”

Rony continuou de pé e segurou a barriga, “Estou faminto”, disse, e apontou para a caixa com o restante das bolas, “Mas tem um jeito fácil de resolver isso”

Lancei a Rony um sorriso aprovador, “A Corrida pelo Pomo!”, gritei, animada.

Hermione repetiu o que eu disse com curiosidade, “O que é isso?”

“Carlinhos e Gui costumavam resolver as brigas assim”, Rony respondeu. Abriu a caixa, guardou a goles em seu lugar apropriado, e levantou o pomo de seu recipiente, “Quem pegar o pomo, ganha”

“O vencedor fica com tudo!”, falei, ansiosamente. Nunca tive permissão para jogar Quadriboll com meus irmãos mais velhos, especialmente os gêmeos e Rony, já que eles não achavam que eu sabia como montar uma vassoura, “O que acha, Harry?”

Harry assentiu e parecia tão animado quanto eu. Virando-se para mim, disse, “Eu topo”

“Mas você tem que se livrar da Firebolt”, reclamei, “Se você usá-la, é mais fácil eu simplesmente te entregar o pomo”

Harry flutuou para o chão e trocou sua vassoura pela de Rony. Quando voltou para o ar, provocou, “Recordo-me de ter usado a vassoura do Rony, ontem, e ter vencido mesmo assim”

“Hey!”, apontei o dedo para ele, fingindo irritação, “O sol estava contra os meus olhos”

Rony gesticulou para que descêssemos para o seu lado. Aterrissei na esquerda de Rony, e Harry à sua direita. Rony segurou o pomo em sua mão erguida e disse, “O primeiro a capturar o pomo pelo time ganha o jogo dessa noite. Contarei até três e o soltarei. Não vale bater, socar, morder, puxar o cabelo, empurrar, se amassar...”

“RONY!”, gritei.

Ele sorriu com falsa timidez, “Certo”, falou, limpando a garganta, “Um... dois... TRÊS!”, ele soltou a bola dourada e o pequeno objeto subiu como um foguete.

Harry e eu estávamos imediatamente no ar, seguindo o reflexo de ouro. Nenhum de nós tinha vantagem, então voamos lado a lado. Gargalhei alto e dei uma olhada para Harry. Ele parecia tão livre com o vento contra o rosto, seus cabelos ainda mais bagunçados, e uma expressão determinada no rosto. Você não vai me vencer hoje, Harry!

Ele olhou para sua esquerda, para mim, e trocamos olhares por alguns segundos. Com o vento bagunçando o meu cabelo, senti uma certa sensação me invadir a qual eu já estava acostumada. Sem um momento de hesitação, Harry disse, “É meu!”, me cortou e rapidamente dirigiu-se para a esquerda.

Xinguei. Eu devia estar de olho na bola, não estabelecendo contato visual com alguém que nem mesmo era meu namorado, mesmo que fosse o Harry. Pensei que Harry estava olhando para mim, quando na verdade ele deve ter seguido o caminho do pomo. Mentalmente, me bati.

Recuperando-me do erro, segui Harry o mais rápido que pude. Mais à frente, o pomo cintilou ao brilho do sol se pondo. Eu era muito lerda para alcançá-lo e a mão do Harry já estava esticada, seus dedos apenas centímetros longe do objeto.

O interessante sobre os artigos de Quadriboll dos Weasleys é que ele é bem antigo. Acho que não temos um novo desde o nascimento de Carlinhos, então você pode imaginar como a mágica já se gastou com os anos. A gole não tem o poder colante que devia ter. Os balaços não voam tão longe quanto costumavam. E o pomo de ouro? Ele tende a dar uma guinada para a esquerda quando está para ser capturado.

Voei para a esquerda. Quando a mão do Harry estavam para se fechar sobre o pomo, ele guinou... bem para a palma da minha mão, já à espera. Ouvi Rony aplaudir, em triunfo e voei na direção do chão, pomo sendo segurado firmemente, e radiante.

Harry pousou ao meu lado, “Truquinho baixo...”, murmurou, mas estava claramente se divertindo, “Você sabia que ele ia fazer aquilo, não sabia?”

“Talvez”, disse, jogando meus cabelos para os meus ombros, “Você tem que estar preparado para qualquer coisa... pomos defeituosos, mesmo os ocasionais balaços enfeitiçados para apanhá-lo...”

Ele assentiu, lembrando-se de como Dobby tinha sabotado seu jogo de Quadriboll no segundo ano, porque queria manter Harry longe de Hogwarts, “Não esqueça de bruxos das trevas tentando te derrubar da vassoura...”

“Ou dementadores”, acrescentei.

“Vai tentar entrar no time, não vai?”, perguntou, esperançoso, “Eu poderia, definitivamente, usá-la como Artilheira”

“Estava pensando em tentar a posição de Apanhadora”, provoquei.

Os olhos de Harry brilharam enquanto ele aproveitava o nosso divertido gracejo. Sua interação feminina era muito limitada, se Hermione não fosse contada, e duvido que Harry a visse como muito mais do que uma irmã. Tinha a Cho, mas ela estava raramente alegre o suficiente para fazer piadinhas com ele. Pelo que parecia, Harry adorava provocar e ser provocado de volta.

“O que acha, Rony?”, perguntou ao meu irmão, mas quando nos voltamos para ele, ambos, Rony e Hermione, tinham sumido. Ele franziu o cenho e pensou, em voz alta, “Onde esses dois se meteram?”

Estávamos tão imersos na companhia um do outro, que nenhum de nós percebeu o sumiço de nossos melhores amigos. Pela primeira vez, percebi o quanto Harry parecia se divertir comigo, e pela primeira vez em todo o verão, pensei, no fundo da minha mente, “Talvez Dino tenha sido um erro...”.

Usando minha mão livre, enfiei-a no emaranhado do cabelo de Harry e baguncei-o, “Vamos lá, Capitão. Vamos guardar as vassouras e entrar”

A multidão no Beco Diagonal estava escassa naquele ano, o que era compreensível. A notícia do retorno de Voldemort se espalhara rapidamente. A sorveteria estava deserta e Olivaras, o melhor artesão de varinhas da Inglaterra, estava desaparecido. O único local que parecia ter alguma esperança naquele dia era a loja de truques dos meus irmãos.

Sentada na minha cama, horas depois, com o meu Mini-Pufe, analisei os eventos da nossa visita à loja. Os gêmeos tinham passado um tempo incomum infernizando-me sobre minha vida amorosa, mas não era nisso que estava pensando. Enquanto discutíamos sobre meu atual e antigo namorados, notei que Harry estava estranhamente atento a algo tão insignificante para ele.

“No que está pensando?”, Hermione perguntou, entrando no nosso quarto e percebendo minha agitação interior. Ela sentou na mesa com um novo livro que ela tinha comprado mais cedo naquele mesmo dia.

“Nada”, respondi, sem saber como explicar o que estava sentindo.

Hermione estudou meu rosto por um segundo antes de dizer qualquer outra coisa, “O que é isso?”, perguntou, apontando para um papel que eu estava segurando na minha mão.


- Parte IV -


Olhei para ele, apesar de saber exatamente o que era, “Uma carta do Dino”, respondi, “Ele quer sentar comigo no trem”, dobrei a carta e guardei-a no criado-mudo ao meu lado, “Disse que realmente sente minha falta”

“Você sente a falta dele?”

“Claro que sinto”, retruquei, e não estava mentindo. Sentia falta do garoto, mas senti-me envergonhada por não sentir saudades como sei que deveria. Queria vê-lo como um amigo gostaria de ver outro, não como uma namorada gostaria de ver o namorado.

“Você e Harry parecem estar se dando muito bem esse verão”, Hermione disse, inocentemente. Então, ela não estava muito entretida com a sua relação com Rony para notar que Harry estava me tratando bem diferente do que costumava.

Apesar de estar maravilhada por experimentar a sua mudança de atitude em relação a mim, eu não estava pronta para admitir que aquilo significa mais do que um simples ajuste amigável na nossa relação. Além do mais, só porque ele gostou de passar o tempo comigo e prestava atenção quando eu falava de Miguel e Dino não era motivo o suficiente para achar que ele estava perdidamente apaixonado por mim. Eu não era arrogante.

Hermione e eu passamos tempo demais discutindo tal assunto e eu estava convencida que os eventos recentes não necessitavam de mais discussões. Optei por guiar a conversa de maneira diferente.

“Falando em Harry”, disse, “Para onde vocês três escaparam enquanto Mamãe me comprava o Arnoldo?”, a bolinha roxa pulou para cima e para baixo, atrás de mim, na cama, parecendo ciente de que eu tinha acabado de pronunciar seu nome.

“Harry suspeita que Malfoy está tramando algo”, Hermione respondeu, “Seguimos ele até o Borgin e Burkes. Era suspeito, claro, mas não acho que temos porque nos preocupar”

“Harry costuma ser bem perceptivo para esse tipo de coisa”, retruquei.

“Não, ele não costuma”, Hermione contrapôs. Ela listou o nome de todas as pessoas inocentes de quem Harry suspeito durante seus cinco anos em Hogwarts, “Ele pensou que Snape queria roubar a Pedra Filosofal, pensou que Karkaroff estava tentando matá-lo, achava que Umbridge era uma Comensal da Morte, e até mesmo suspeitou que o Malfoy fosse o herdeiro de Slytherin...”

“Saquei”, cortei-a, tentando achar um jeito de salvar a suspeita de Harry, “Talvez Voldemort...”, eu estava tentando chamá-lo pelo nome desde que escapamos ilesos do Ministério, “... esteja puto que Lúcio falhou e esteja passando as responsabilidades para Draco”

Hermione revirou os olhos, “Ah, Deus, você soou igualzinha ao Harry”

“Mas não faria sentido?”, questionei, “V-Voldemort queria mesmo ouvir a profecia e ela se quebrou e Harry nem mesmo a ouviu, certo?”, sabendo muito bem que Dumbledore tinha informado ao Harry.

Hermione estudou meu rosto uma vez mais e balançou a cabeça, “Você sabe, não é?”

Assenti e o clima mudou na sala. Eu não tinha pensando no deprimente destino que Harry era forçado a encarar. Tinha guardado a informação no fundo da minha mente e me distraí com os eventos do verão, pensando que, se pudesse mantê-lo aqui, talvez não fosse se concretizar.

“Estou assustada”, sussurrei.

“Eu também”, ela respondeu.

Afastei as lágrimas que se estocavam em meus olhos. Hermione parecia estar prestes a chorar, também. Passei os braços em torno dela e deixei-a chorar nos meus ombros, não me permitindo derramar mais lágrimas sobre o assunto.

Apesar dos pesadelos estarem ausentes do meu sono por dois meses, eles se convidaram novamente para a minha mente na noite anterior ao regresso para Hogwarts. Foi um péssimo sonho e acordei suando frio.

Hermione agitou-se, mas não acordou. Seu sono devia ser profundo já que ela, normalmente, estava ligada aos meus pesadelos. Ao contrário de Delia, Hermione nunca se acostumou com meu problema e nunca falhou em estar ao meu lado, à exceção dessa noite em particular, e isso porque o destino devia estar se fazendo sentir.

A luz se infiltrou pela janela, informando o nascer do sol que se aproximava. Voltando para meus sonhos nunca parecia atraente depois de um horrível pesadelo e já que íamos sair em algumas horas, não consegui juntar forças para voltar a dormir.

Como tinha feito muitas vezes antes, chutei os lençóis e calcei minhas pantufas. Coloquei um roupão sobre os meus pijamas e sai pisando na ponta dos pés do quarto, tomando cuidado para não perturbar Hermione ou qualquer outra pessoa que estivesse dormindo na casa. Silenciosamente, direcionei meus passos para o andar debaixo, passando pela cozinha e pela porta, em direção à varanda traseira.

Assim como eu tinha um lugar em Hogwarts onde pensar sobre minhas emoções, tinha um em casa também. Na varanda, tinha um balanço que dava a visão do vale. Quando o sol subia a montanha e atingia a nossa casa, era a imagem perfeita. Ficar sozinha ali acalmava minha mente perturbada.

A não ser pelo fato de que eu não estava sozinha. Saindo pela porta dos fundos, parei. Lá estava eu, parada na saída da minha casa, cabelo totalmente desalinhado, e usando meu pijama de pôneis favorito... e lá, sentado no balanço, estava Harry, olhando minhas pantufas e rindo.

“Bem”, pensei, “Esse é o número um do dia”

Ele gesticulou para que eu me sentasse ao lado dele. Analisando seu rosto, suas bochechas estavam úmidas e seus olhos, vermelhos. Ele estava quieto quando me sentei; o único barulho era o ranger do balanço, enquanto ele se agitava sob o meu recém-adicionado peso.

“Por que está acordada tão cedo?”, perguntou, gentilmente, quebrando o silêncio e silenciando os gafanhotos que estavam trinando.

“Não consegui dormir”, murmurei. Olhei para o horizonte, vendo mais do sol se revelar. O céu estava dançando com vívidas cores de vermelho e laranja. Era maravilhoso e eu teria apreciado mais se não tivesse acabado de sair de um horror noturno. Poupei-o do trabalho de me perguntar porquê a falta de sono e disse, “Pesadelo”

“Sei como é”, ele falou, “Quer falar sobre isso?”

“Não tem muito para falar que você já não saiba”, disse, olhando para ele, agora, “Você já me salvou de lá, uma vez”

“Ainda sonha com a Câmara?”, perguntou, inocentemente.

“Todo o tempo”, falei. Relaxei na presença de Harry, notando que nunca tínhamos falado um com o outro em relação aos eventos do meu primeiro ano. Que pena que demorou tanto para estar sentada ali com ele, conversando daquela maneira.

Continuando, eu disse, “Quando Riddle vem para mim, de noite, eu me sinto tão... violada”, estremeci quando pensei que não tinha falado nem com Hermione daquele jeito. Suspirando, perguntei a Harry, “Por que foi atrás de mim?”

As sobrancelhas de Harry se ergueram, curiosas, “Só fiz o que qualquer um teria feito”

Balançando a cabeça, bati de leve no joelho de Harry e disse, “Você não acha realmente que Malfoy viria atrás de mim, acha?”

Ele sorriu de novo. “Número dois”, “Acho que não”

“Por qualquer que seja o motivo que você foi atrás de mim, acho que nunca te agradeci”

“Gina, você não tem que...”

“Eu sei”, cortei-o. Mesmo à tenra idade de 16, ele era o mesmo homem modesto com quem me casaria mais tarde, nunca aceitando o crédito pelas coisas que conseguia cumprir, “Sempre sortudo”, ele sempre diria, “Mas eu vou...”, sorri docemente para ele, “Obrigada por ser meu herói”

Ele ficou sentado lá incomodado.

Bati nele, de maneira divertida, “Essa é a parte em que você diz ‘não foi nada’”, sussurrei, com a mão cobrindo minha boca dos bisbilhoteiros inexistentes.

“Só não quero que pense que estou me gabando, porque...”

“Você não está”, terminei por ele.

“Exatamente”, ele retrucou, suavemente.

Sentamos lá por mais alguns minutos, sem dizer mais nada. Era um silêncio reconfortante, algo que eu e ele sempre podíamos curtir. O silêncio que ele e eu dividiríamos mais tarde, como um casal, sempre parecia certo, e eram mais significativas para mim do que cinco conversas com Dino.

Quebrei o silêncio quando pareceu apropriado, “Você me perguntou o que eu estava fazendo aqui fora”, disse, “Mas nunca me falou qual é o seu motivo para estar acordado tão cedo”

“O mesmo”, ele respondeu, embora eu não esperasse que ele aprofundasse. Pesadelos eram acontecimentos freqüentes com ele também. Imagine minha surpresa quando ele prosseguiu, “Continuo vendo Sirius cair pelo véu e...”

Ele parou antes de falar qualquer outra coisa, mas tive a sensação de saber o que ele estava sentindo. Estava pensando em como era culpa dele que Sirius estava morto, como era sua culpa que Cedrico tinha morrido, como era culpa dele que seus pais tinham morrido, e como, no final, ele teria que encarar Voldemort como O Escolhido e matá-lo, ou morrer no processo.

“Não é sua culpa”, disse a ele, “É dele. É a isso que se resume, Harry. Não há a quem culpar, senão V-Voldemort. Você não escolheu por essa vida; ela foi escolhida para você”

“Enquanto ele viver, todos que eu amo morrerão”

Estremecendo ao que ele estava insinuando, considerei pegar sua mão e segurá-la, não com propósitos românticos, mas como eu tinha feito com Neville, naquela noite, meses atrás. Contive a vontade, porque sabia que não conseguiria separar o romance da amizade. Ao invés, inclinei-me em sua direção e cuidadosamente coloquei minha mão em seu ombro.

“Então, estou feliz que você ainda esteja aqui para me proteger”, sussurrei para ele.

Mais silêncio seguiu, uma doce e reconfortante serenidade, tempo para analisar o que tinha sido dito e processá-lo. O sol estava mais alto agora, e o orvalho da manhã estava começando a evaporar dentro do rosa e amarelo.

“Você se lembra como você nunca conseguia falar comigo, Gina?”, perguntou, quebrando o silêncio ele mesmo dessa vez.

As cores do nascer do sol tinham todas desaparecido no azul selvagem acima da gente. Minha cabeça estava apoiada estrategicamente em seu ombro, o balanço rangeu enquanto balançava para frente e para trás, suspirei profundamente para mim mesma. Respirando a essência dele, pensei pela segunda vez naquele verão: “Dino foi um erro”.

Pensando na observação que Harry fizera para mim, não disse nada, mas assenti, “Como eu poderia esquecer, Harry?”

Suavemente, ele disse, “Estou feliz que tenha superado aquilo”


- Parte V -


Ficamos sentado no balanço, conversando, rindo, relembrando fatos do passado e compartilhando. Algo estranho estava acontecendo com Harry e eu estava determinada a manter um olho atento ao que quer que fosse. Não que eu precisasse de uma desculpa para ficar de olho em Harry... Quando o primeiro som veio da cozinha, nós entramos para nos aprontarmos para a viagem de trem.

“Quer tentar achar um vagão?”, Harry me perguntou no trem, depois de Rony e Hermione foram cuidar dos deveres de Monitores.

“Não posso”, disse, tentando ao máximo não tentar ver em seu pedido mais do que realmente era. Afinal de contas, ano passado eu o tinha salvado da solidão e arrastado-o para um vagão com Neville e Luna. Ele só devia querer a mesma coisa. Apesar do meu raciocínio, expliquei, “Prometi me encontrar com Dino. Te vejo mais tarde”

Desapontada, virei-me com um balançar dos meus cabelos. Eu pude sentir seus olhos acompanharem minha partida. Ousei não voltar. Era tempo de parar de interagir tanto com Harry e começar a interagir mais com o meu namorado, que eu não tinha visto o ano inteiro, e de quem eu deveria estar sentindo falta drasticamente.

Caminhando de janela de compartimento a janela de compartimento, olhei para dentro de cada uma, procurando por Dino. Perto do fim do corredor, inclinei-me pela janela para checar e vi Zacarias Smith com seus amigos, sentado. Estremeci à visão do estúpido e recuei.

Duas mãos cobriram meus olhos, “Te dou duas chances”, o dono das mãos disse, “Mas acho que você só vai precisar de uma, Caçulinha”

Agarrando suas mãos, girei numa posição que ele estava me abraçando, ao invés de escondendo meus olhos, “Voltei a ser a Caçulinha do Rony, foi?”

“Claro que não”, Dino disse, fixando os olhos escuros nos meus. Inclinou-se para um pouco mais perto e plantou um pequeno beijo em meus lábios, o primeiro beijo de verdade que damos, apesar de estarmos namorado há dois meses. Tenho certeza que ela estava se contorcendo para fazê-lo o verão inteiro.

Sorri travessa, pois após uma cuidadosa inspeção, estava aliviada em constatar que Dino Thomas não se assemelhava a Harry Potter nem de jeito, nem de altura, nem de forma. O cabelo era da mesma cor, mas fundamentalmente diferente. Os olhos tinham formar completamente diferentes. E Dino era significantemente mais escuro que Harry. Necas, eu não esperaria encontrar uma cicatriz na forma de raio em sua testa.

Ele me puxou para seu compartimento. Claro, Simmas sentou lá, esperando por nós. Sentadas no outro banco, de frente para gente, Lilá e Parvati também estavam sentadas, felizes em me ver dividindo o vagão com eles. Cumprimentei cada um dos grifinórios com um ‘olá’ e um sorriso.

“Como foi seu verão, Gina?”, perguntou Dino.

“Pratiquei muito Quadriboll”, respondi, tentando não revelar quanto tempo eu tinha passado com Harry, “Vou, definitivamente, fazer os testes para o time esse ano”

As mãos de Dino escorregaram gentilmente para as minhas, “Pensei em tentar, também”, disse.

“Ah?”, falei, “Nunca vi você voar”

Simmas interrompeu, “Isso é porque o idiota não sabia voar até o verão”, ele cutucou o amigo nas costelas, e depois apontou para si mesmo, “Tive que ensinar ao cara tudo o que eu sabia”

“Então, o que fizeram nos outros 90 dias?”, perguntei, divertida, esperando que Simmas entendesse que eu estava só brincando. Não tinha muita experiência com Simmas e esperava que ele fosse ser legal comigo. Lilá e Parvati riram juntas da minha tirada e Simmas sorriu.

“Eu fiquei muito bom”, Dino disse, “E ouvi dizer que Harry é o capitão esse ano. Acha que isso pode melhorar minhas chances?”

“Harry não é assim”, Lilá falou, “Ele escolherá justamente”, ela olhou para Parvati e depois para mim, “Você acha que seu irmão tentará entrar esse ano?”, ela imediatamente tornou-se um leve tom de rosa e Parvati caiu na risada novamente.

“Er...”, disse, levemente confusa sobre o porquê de ela estar corada e de sua amiga estar rindo, “Ele está pensando, acho...”, mais risinhos e cotoveladas, “... não sei se Harry vai escolhê-lo, no entanto...”

Parvati deu uma cotovelada mais forte em Lilá e murmurou de forma significativa, “Aposto que você escolheria ele, Lilá”

Lilá lançou um olhar à Parvati e sussurrou, “Cala a boca”

“Pergunte a ela, então”, ela retrucou.

“Me perguntar o quê?”, perguntei, ficando cada vez mais perturbada por essas garotas risonhas. Nunca fui muito boa em me dar com o tipo delas por um período de tempo muito longo. Era todo o lance de nascer com irmãos.

Lilá corou de novo e se negou a falar. Parvati revirou os olhos e disse, “Certo. Se você está muito envergonhada”, ela respirou fundo e esperei pela questão que estava por vir, “Você passa muito tempo com a Hermione, certo?”

“Ah, não...”, pude ver para onde aquilo estava indo, “Isso é óbvio, Parvati. Onde quer chegar?”, perguntei.

“Ela gosta do seu irmão?”

Não tinha certeza de como responder a pergunta. Eu sabia que ela gostava, claro, mas eu não achava que Hermione iria querer a informação espalhada pela escola. Não que metade do colégio já não soubesse que eles eram um casal.

“Ela tem mostrado interesse”, disse, pensando que essa era uma observação segura.

“Mas eles não são um casal?”, Lilá perguntou, rapidamente.

Lentamente balancei a cabeça, resultando em uma nova sessão de risinhos das garotas. Revirei os olhos, pensando que Hermione gostaria de saber sobre isso. Talvez isso a inspirasse para dar o movimento final.

Simmas esticou-se pelo corpo do Dino e bateu em minha perna. Voltei minha atenção para ele, que começou, “Estava querendo perguntar...”, mas antes que ele pudesse terminar, a porta se escancarou e nossa atenção se voltou para a entrada.

Parado próximo à porta aberta do compartimento estava Zacarias Smith. O clima mudou de maneira inconfortável. Apesar do fato de todos nós sermos, junto com Smith, membros da AD, nenhum de nós era muito chegado nele. Ele era a ovelha negra da Lufa-lufa, na minha opinião.

Sem mencionar que ele parecia ter uma leve obsessão por mim. Lembra do meu terceiro ano, quando ele tentou me ganhar como o encontro de Summerby para poder dançar comigo no Baile de Inverno? O pensamento de ele gostar de mim, quase fez com que eu devolvesse o pouco café da manhã que comi.

Minhas suspeitas foram uma vez mais confirmados quando seus olhos foram de Dino, para mim, e depois para nossas mãos entrelaçadas. Ele franziu o cenho e falou, “Estou magoado, Gina. Depois de ter dado o pé no Miguel, achei que fosse procurar por mim”

Dino começou a dizer algo, mas o calei. Voltando-me para o estúpido lufa-lufano, eu respondi, “Você não faz meu tipo, Smith. Prefiro que meus namorados não sejam completos idiotas”

“Então, você se contenta só com os parcialmente idiotas?”

Se fosse qualquer outra pessoa, eu teria que admitir que era uma resposta decente, mas era o Smith e eu não ia inflar seu já gigantesco ego. Ao invés, eu disse, “Por que está aqui, Smith?”

Zacarias bufou, rindo, “Você entende tudo rápido”, ele disse. Ele se recostou na batente , arrogante, e rodou a varinha entre os dentes, “Todos estão falando sobre o que aconteceu no Ministério. Achei que você pudesse esclarecer o que é verdade e o que é ficção”

“Não quero falar sobre isso”, retruquei, “Especialmente com você”

Ele ignorou a observação como se tivesse ouvido só a parte com você e achasse que eu queria aprofundar a conversa, “É verdade que tinha uma profecia que nomeava o Harry como O Escolhido?”

“Eu disse que não quero falar sobre isso”, repeti.

“Todos sabemos que sua família é próxima do Harry”, Zacarias prosseguiu, “Então, é ele quem vai matar Você-Sabe-Quem?”

Tremi em cólera. Como ele podia ser tão casual com algo tão importante? Como ele podia ficar lá e esperar que eu fosse querer falar sobre aquilo como se fosse o especial do dia?

Enquanto eu me irritava mais com sua insistência, ele estava fazendo o mesmo em relação à minha relutância. Amargamente, ele disse, “Ou ele vai nos deixar morrer como fez com Cedrico?”


- Parte VI -


Lilá e Parvati ofegaram, cobrindo as bocas com as mãos diante de tamanha grosseria. Simmas e Dino se ergueram dos assentos, protestando, irritados, a afirmação que saiu da boca estúpida de Smith.

Saquei minha varinha o mais rápido que pude e a azaração voou em sua direção mais rápido ainda. Enquanto meus amados morcegos o atacavam incessante, a porta do seu compartimento se abriu e vi Summerby puxá-lo para dentro. Ele e seus amigos começaram a tentar espantar os morcegos, com resultados divertidos.

Antes que qualquer coisa pudesse ser murmurada dentro do compartimento, um homem gorducho tomou o lugar de Zacarias. Ele lembrava uma morsa e o reconheci das descrições de Harry. Aquele devia ser o novo professor de DCAT... Slughorn, acho que era como era chamado. O professor gesticulou para que eu saísse e fechou a porta às minhas costas.

Minha varinha ainda estava em minha mão e eu sabia que tinha sido pega. Nem tinha chegado a Hogwarts e conseguira minha primeira detenção. Esperei que ele não fosse marcá-la para no mesmo dia dos testes para o time. Aquilo marcaria o segundo ano seguido que perderia o teste graças a uma punição. Preparando-me para o pior, guardei minha varinha.

Slughorn me analisou por um segundo, olhando meu cabelo e rosto. Finalmente, disse, “Você deve ser a filha de Arthur Weasley”

“Gina”, falei suavemente, “Olha, senhor, eu sinto muito pela azaração. Mas em minha defesa, ele fez por merecer”

Slughorn riu, “Mereceu, foi?”, deu um tapinha nas minhas costas, “Bem, então não deveria estar arrependida, deveria? Foi uma mágica impressionante a que você fez ali”

“Muito... obrigada...?”

“Me diga, Gina”, continuou, “O que seu pai tem feito esses dias? Ainda está naquele departamento que tanta ama?”

“Foi promovido, mas não posso lhe falar qual é o novo título dele. Não tenho fôlego o suficiente para falá-lo”

Slughorn riu de novo, “Não consigo acreditar que eles conseguiram convencê-lo a deixar seu antigo trabalho para trás. Sempre foi fascinado por trouxas, mesmo quando o ensinei. Nunca entendi muito bem, ele sendo um puro-sangue e etc...”

Como Harry tinha dito, eu não sabia como me sentir em relação ao novo professor. Ele era um bom homem, mas muito sufocante, “Ser sangue-puro não é tudo”, respondi, “Minha melhor amiga é nascida trouxa e é genial”

“Nascida trouxa genial?”, repetiu, transfixado pelas palavras, “Estaria falando da mesma nascida trouxa que Harry estava falando sobre?”

“A mesma”, retruquei.

“Oho!”, ele gargalhou, com um timbre semelhante a de um sino, “Então você conhece o jovem Potter, não é? Ele nunca mencionou conhecer uma senhorita tão charmosa”

“Ele fica com a minha família freqüentemente”, respondi.

“Então, você deve saber se os rumores são verdadeiros”

Vacilei. Eu realmente ia ter que me dar com essa questão o ano letivo inteiro, assim como Harry? Assim como Rony e Hermione, também? Eu, sinceramente, não queria ficar azarando todos os curiosos. Ao invés, mudei de assunto.

“É quase almoço, professor”, disse, “Você se importaria se eu voltasse...”

Slughorn me interrompeu, “Por que não vai almoçar no meu compartimento?”, ele disse, “Convidei alguns estudantes e eu ficaria muito satisfeito se você fosse. O que me diz?”

Uma vez mais, estava sem saber como lhe dar com o novo professor. Não tinha como ter certeza se ele ficaria ofendido se dissesse não. Não tinha nem como ter certeza se aquilo era um convite e eu tinha permissão para dizer não. Com muita hesitação, concordei.

Ele guiou o caminho em direção ao compartimento, apesar de eu não conseguir andar ao lado dele. O seu corpo ocupava quase o corredor inteiro, então eu caminhei às costas dele e ouvi-o tagarelar sobre o que teria no almoço.

Estava claro desde o começo do que esse almoço se tratava. Cada um dos estudantes que estavam dentro do compartimento, à minha exceção, tinham membros da família de extrema influência no passado ou no presente ou, como Harry, já tinham feito coisas extraordinárias. Slughorn passou a maior parte do tempo se apresentando para cada um desses alunos.

Quando chegou no Harry, estava claro que ele o via mais como um troféu para seu pequeno clube do que qualquer outra coisa. Passamos alguns minutos inconfortáveis ouvindo Slughorn louvar Harry e falar sobre os rumores. Harry parecia querer rastejar para debaixo de uma pedra e morrer. Ele ficou simplesmente sentado lá, sem dizer nada.

Neville cortou-o, “Não ouvimos nenhuma profecia”, disse, o que era verdade. Podia ser verdade que existia uma profecia, mas ela quebrou antes que pudéssemos ouvi-la.

Eu falei dessa vez, e achei uma mentira muito boa, “É verdade”, falei, “Neville e eu estávamos lá também e toda essa história de Escolhido é só o Profeta inventando coisas como sempre”, me orgulhei por ter mantido minha voz calma e não ter gaguejado nenhuma vez. Olhei para Harry que estava aliviado por termos encoberto ele.

Finalmente, o fim do “almoço” chegou e Slughorn nos deixou sair. Seguindo Zabini de volta aos vagões dos alunos, informei Harry de como fui convidada a fazer parte das festividades. Ele começou a falar algo, mas se interrompeu, vestiu a Capa de Invisibilidade, murmurou um ‘até logo’ e sumiu.

“O que ele está fazendo?”, Neville me perguntou.

Dei de ombros, “Quem sabe?”, murmurei, tentando entender também, “Não há descanso para pessoas como ele”

“Você acha que o Profeta está certo sobre ele?”, Neville perguntou, baixinho, enquanto passava pelos compartimentos dos alunos, “Você acha que ele é O Escolhido?”

Eu não gostava de mentir para Neville, mas se Harry não tinha contado a ele, não era eu quem deveria, “Não gosto de pensar sobre isso”, falei, suavemente.

Neville assentiu, “Se Harry é O Escolhido, ele não ficará sozinha. Eu o ajudarei”

“Sei que irá, Neville”, disse, dando um tapinha em seu ombro. Nós tínhamos chegado ao meu compartimento e eu, rapidamente, abracei o Neville antes de voltar para dentro. Ele seguiu corredor abaixo.

Lilá e Parvati já tinham trocado para os uniformes e os garotos estavam no processo de guardar as vestes na mala. Todos pareciam surpresos em me ver inteira.

“Não achávamos que ele a deixaria voltar”, Simmas disse.

“Não fiquei encrencada”, respondi, explicando a situação.

“Ao invés de detenção, você ganha almoço?”, Dino perguntou, assombrado. Ele colocou um braço ao redor de mim e olhou em voltado do compartimento, “Essa é a minha garota!”, beijou-me na bochecha e sorriu.

Quando o trem atingiu a estação de Hogwarts, desembarcamos rapidamente. Pisando fora do veículo, notei Tonks parada ao lado, atentamente observando os estudantes desembarcando. Quase não a reconheci já que seu usual cabelo vibrante estava agora de uma simples cor castanha.

Disse a Dino que o encontraria no Salão Principal e sai andando para visitar minha velha amiga e mentora. De perto, ela parecia miserável enquanto rastreava pela multidão. Ela nem mesmo me notou, até que eu parei em sua frente e a cumprimentei.

“Vê lá, Gina”, ela disse, olhando para mim, e depois voltando para a multidão. Sua expressão era dura e mostrava pouca emoção, exceto uma profunda tristeza em seu interior.

Perguntei-me, por um momento, se ela sentia falta do Sirius. Eles tinham acabado de se reencontrar depois de uma década separados pelo aprisionamento, só para Sirius encontrar sua morte atrás daquela década. Será que ela pensava que podia ter feito algo para evitar o acidente?

“O que está fazendo, Tonks?”, perguntei, finalmente.

“Procurando por Harry”, respondeu, “Eu vi seu irmão e Hermione saírem, mas ele não estava com eles. Você acha que ele vestiu a Capa de Invisibilidade?”

“Ele vestiu-a mais cedo”, respondi, “Mas você acha que ele precisa dela aqui fora?”

Tonks não respondeu. Fiquei com ela num silêncio estranho, vendo os alunos saírem em multidões. Quando a multidão do trem começou a se dispersar, ela apontou para uma janela do trem que tinha as pernesianas fechadas, “Vou dar uma olhada”

“Quer ajuda?”, perguntei.

“Não”, ela disse, “É melhor você ir andando”, deixou minha companhia sem outra palavra e caminhou para dentro do trem junto com sua recém-descoberta personalidade.

Dei mais uma rápida olhada no compartimento. Pensei que era o local que os sonserinos normalmente sentam. Correndo para alcançar meus colegas, pensei em Tonks e se ela ficará bem. Se ela estava planejando ficar por perto de Hogwarts, poderia encontrá-la e falar com ela, ver se eu poderia entender o problema pelo qual ela estava passando. Pensei em Harry. Esperançosa de que ele não tivesse feito nada estúpido.

Eu não tinha alcançado nenhum dos meus colegas ainda e assisti os últimos dois alunos entrarem no castelo. Corri mais rápido e quando cheguei às portas, estava sem fôlego. Inclinando-me contra a parede, parei para recompor minha compostura.

“Aprontando algo, Weasley?”, uma voz fria perguntou. Erguendo os olhos, Snape estava parado à porta, “Os primeiranistas já cruzaram o lago e estão prestes a serem selecionados. O que era tão importante para você estar tão atrasada em relação aos seus companheiros?”


- Parte VII -


“Eu estava falando com Tonks”

“Sua amizade com Ninfadora não lhe dá autoridade quando se trata das regras do colégio”, Snape zombou.

“Eu não...”

“Já que se sente tão privilegiada, talvez você possa me falar quantos pontos eu deveria tirar pela sua lentidão? Cinco pontos por minuto, você diria? Isso seria mais de cinqüenta pontos”

Estremeci. Se eu concordasse ou não, eu estaria reafirmando sua acusação de que me sentia privilegiada. Ao invés de dar-lhe o gostinho, usei a aproximação silenciosa.

Por sorte, fomos interrompidos. Snape olhou para o lobo prateado que corria em nossa direção. Ele apontou a varinha para ele, o lobo parou e disse a mensagem no recente estúpido voz de Tonks, “Tenho Harry. Por favor, venha aos portões e o deixe entrar”

O sorriso de Snape tornou-se ainda mais largo. Se tinha alguém de quem ele gostava mais de zombar do que um Weasley, era o Harry. Enquanto o patrono desaparecia, ele me ignorou completamente e partiu em direção aos portões.

Apressando-me pelo colégio, esgueirei-me para dentro do Salão Principal relativamente desapercebida. O Chapéu Seletor mal tinha começado e encontrei meu lugar vazio ao lado de Dino. Ergui os olhos para o banco no meio do Salão e vi uma garota sendo selecionada para a Corvinal.

“O que aconteceu?”, Dino sussurrou para mim.

“Snape me parou”, respondi, “Tivemos uma conversa legal”

“Já perdeu pontos para a gente?”, Simmas intrometeu-se.

“Não, ele se distraiu”, repliquei.

Hermione estava alguns assentos de distância e moveu-se para chamar minha atenção. Ao seu lado tinha um lugar vazio e ela sussurrou para mim, “Onde está o Harry?”

“Com Tonks”, sussurrei de volta.

“Ele está bem?”, Rony perguntou.

Dei de ombros.

Quando a Seleção acabou, a refeição começou. Mastigando frango e batatas, Dino me perguntou se eu podia lhe dar algumas dicas sobre Quadriboll antes dos testes. No final, ele começou a falar sobre um esporte trouxa chamado futebol que ele e seu padrasto assistiram o verão inteiro.

As portas se escancararam e Harry entrou. De longe, parecia que algo havia coberto o rosto dele e parecia... era... O rosto de Harry estava coberto por sangue seco. Quando ele se sentou, Hermione o limpou e tentei ouvi atentamente a história que ele estava para contar, mas ele calou as perguntas de Rony e Hermione.

Nem mesmo passara uma hora do ano letivo, e eu podia dizer que não ia ser um ano normal.


Continua...

N/T: Novamente não temos N/A, então, eu vou falar que amei esse capítulo!

As conversas do Harry e da Gina são MUITO lindas! XD

Eu adorei, pelo menos.

Achei o Dino um fofo! Queria um para mim.

Depois de um Harry, é claro.

Acho que esse capítulo meio que nos dá uma amostra do que deve ser REALMENTE sido aquele verão, não é?

Respondendo aos comentários...

Fl4v1nh4 - Ain, que horror! Deve ter sido péssimo para você ler a morte do seu personagem favorito!! Hauiahiuahaiuh Chegaremos á briga em questão em breve! Haiuhaiahiauh Gostou do novo capítulo?
Lola Potter - O Miguel tava bem pé no saco, no fim. Eu também fiquei surpresa com o fato da Gina realmente senti-lo e todo o resto! Espero que tenha gostado da conversa H/G!
Janaina Potter - É porque ele escreve romances MUITO BEM. Agora a Gina tá com o fofo do Dino!! Gostou?
Penny Lane - Sério? Acho que esse capítulo, o 10, é um dos meus favoritos! E você, o que achou?
NATALIA REIS - Eu também me apaixono cada vez mais! ;D

Que achou desse capítulo?

Espero que tenham gostado,

Aguardo por mais reviews,

Gii

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