Nós, A Ordem da Fênix



Capítulo 7 – Nós, A Ordem da Fênix



- Parte I -


Não acho que entendi de imediato a intensidade da situação em que estávamos. Queria acreditar que minha família estava à salvo e que nós levaríamos vidas normais enquanto outros bruxos, muito mais poderosos, iriam lutar contra Voldemort e seus seguidores. Eu estava errada. Minha família toda estaria envolvida e, mais tarde, lutaríamos lado a lado contra o Lord das Trevas.

Quando a guerra finalmente acabou, três anos mais tarde, minha família saiu com apenas um desastre... Digo que apenas uma foi bom. Devo dizer que tivemos sorte por não termos perdido mais que um membro da família. Algumas famílias estavam devastadas.

Voldemort tirou muito de nós. Teria tirado muito mais se homens e mulheres valentes como Papai e Mamãe não tivessem se levantado e se negado a sentar em silêncio, deixando déspota controlasse o mundo que amamos tanto.

Ele eram a Ordem da Fênix, um grupo de pessoas que lutou corajosamente quando muitas poucas outras o fariam. Eles podiam não ser quem mandava, mas eram os melhores. Estavam preparados. Desejavam sacrificar tudo, até mesmo sua vida, mesmo suas crianças, se isso significasse que amanhã seria pacífica.

Não me importa o que Mamãe disse. Nós... as chamas “crianças” como Harry, Rony, Hermione, Fred, Jorge e eu... nós éramos uma parte da Ordem no momento em que pisamos no Largo Grimmauld, número 12. Acho que Dumbledore era o único que entendia isso, sabia que não ficaríamos em silêncio, só porque queriam. Era nossa luta, também. Era nossa guerra, também. Eram nossas vidas, também.

Entrei em nossa cozinha uma semana depois do fim do ano letivo. Exatamente uma semana desde que tínhamos retornado à Toca. Mamãe a Papai estavam ocupados organizando tudo e mandando corujas para determinadas pessoas. Fomos rapidamente informados sobre o que estava acontecendo; estávamos nos mudando para a antiga casa de Sirius que seria o novo quartel para a Ordem da Fênix.

Papai entrou pela cozinha e colocou uma mala junto com todas as outras. Puxou-me para perto, num abraço. Disse que me amava e que eu sempre seria sua garotinha. Teria ficado me abraçando por mais tempo, se Percy não tivesse nos interrompido.

“Pai, tenho um anúncio a fazer”, ele estava radiante e eu não tinha idéia do porquê. Ele tinha passado as últimas semanas sendo investigado. Aparentemente, os superiores achavam que Percy deveria ter notado que seu chefe estava estranho. O que poderia ter acontecido na vida do meu irmão querido que pudesse melhorar seu humor?

“O que é, Percy?”, Papai perguntou, num tom de voz cansado. Tinha passado as últimas semanas convencendo Fudge e o Ministério que não estava unido a Dumbledore. Salvara o emprego, mas por pouco, ao que parecia.

“Você está olhando para o novo Assistente Júnior do Ministério”, Percy respondeu. Lançou um sorriso largo e espero que Papai lhe desse um tapinha nas costas, apertasse sua mão e começasse a planejar um jantar de celebração.

“Eles te promoveram?”, questionei, incrédula, “Você nem mesmo percebeu que seu chefe tinha endoidado. Como eles podem confiar...?”

Papai lançou-me um “shh” e Percy olhou-me com pena, “Gina, você é nova demais para entender”, disse, “Obviamente, eles ficaram impressionados com a maneira como cuidei das tarefas de Crouch durante sua ausência”

Papai observou Percy com curiosidade, tentando descobrir o que estava acontecendo, “Mal faz um ano que você saiu de Hogwarts, filho. Não entendo”, coçou a bochecha, pensativo.

Papai hesitou antes de falar qualquer coisa, estava escolhendo as palavras cuidadosamente, “Você sabe como Fudge é. Não acha que ele está tentando te usar, Percy?”, lançou-me um olhar rápido, “Para manter um olho em nós?”

Com cada palavra de Papai, vi Percy estremecer. Quando Papai pronunciou a última palavra de sua observação, Percy explodiu, “Se não estivessem fazendo nada de errado, não precisariam de ninguém espiando vocês!”

“Então você admite!”, Papai berrou, não tão alto quanto Percy.

“Ele nunca me pediria tal coisa”, Percy chiou.

“Você sabe muito bem que porra o Fudge quer!”, Papai gritou. Nunca o ouvi papai pronunciar um palavrão na nossa frente, “Aceitando esse trabalho, você está traindo sua família”

“Estou traindo a família?”, Percy soltou um berro agudo. A essa altura, o resto da família já tinha descido as escadas para ouvir a discussão, “E QUANTO A VOCÊ, PAI? Trabalhei tanto para me distanciar da sua reputação deplorável. Não consigo nem contar quantas vezes as pessoas perguntaram se eu era filho do amante-de-trouxas Arthur Weasley!”

“PERCY!”, Mamãe berrou e pela primeira vez, Papai mandou-a ficar quieta e deixar que ele cuidasse daquilo. E pela primeira vez, Mamãe obedeceu.

“Sinto que minha reputação tenha sido um entrave para você”, Papai disse, suavemente, “Mas não permitirei que questione minha dedicação à essa família”

“Dedicação?”, Percy questionou, cuspe voando de sua boca, “Se tivesse qualquer dedicação a essa família, teria saído do seu departamento ridículo e teria conseguido algum dinheiro. Esse é o porquê de termos sido sempre pobres, Pai, não é? Porque você não tem ambição”

Fred e Jorge pareciam petrificados. Rony ficou parado com sua boca escancarada. Mamãe parecia que ia chorar e matar ao mesmo tempo.

Papai não disse nada. Percy continuou berrando, “Ouviu as notícias de que eles tiraram Dumbledore do seu status na Ordem de Merlin? Eles acham que ele está louco. O que pensa do seu grande Alvo Dumbledore agora, Pai?”

“Estão simplesmente tentando tirar o crédito dele, Percy”

“Ele fez isso sozinho!”, Percy berrou ainda mais alto, “Ele está encrencado. Se continuarem unidos a ele, em breve seguirão o mesmo caminho”

“Dumbledore é a única pessoa que está fazendo algo!”, Papai gritou, “Qualquer que seja o problema que está acontecendo, tem a ver com o retorno de Você-Sabe-Quem”

“E qual é a sua prova para isso?”, Percy berrou, “A palavra de um garoto de quatorze anos que têm buscando por atenção desde o segundo que pisou no colégio?”

Sem pensar, levantei-me e gritei, “Acha que o Harry está mentindo, então?”, soquei-o com força no peito, “QUEM MATOU CEDRICO?”, teria batido nele novamente se Mamãe não tivesse me impedido.

Percy recuou, “Gina, sinto muito que você tenha que ver isso”, ele disse, suavemente, “Mas não pode deixar sua quedinha pelo Harry Potter se impor à razão...”

“ODEIO VOCÊ!”, berrei, “VOCÊ É UM COVARDE!”, tentei me afastar de Mamãe, mas ela segurou-me com firmeza, como se fosse um feitiço de grude.

“Gina”, Papai murmurou e foi necessário muito auto-controle para obedecê-lo. Voltou-se para Percy, “Ouça a razão, filho...”

“Pela primeira vez, ouça você!”, Percy zombou, “Sei onde minha lealdade fica. Vocês podem trair o Ministério se quiserem, mas me nego...”

“Somos sua família, Percy”, Mamãe sussurrou, dando ênfase a cada palavra.

Percy negou com a cabeça, “Não mais”

Papai ficou ereto. Lentamente, encurtou a distância entre ele e Percy. Esperei pelo pior. Papai observou o rosto do filho por alguns segundos, procurando por algo, talvez sinais de arrependimento, mas não os encontrou. Então, ele fez algo estranhou... abraçou Percy.

Percy, claro, foi pego desprevinido. Seu rosto franzido em confusão. Suas mão estavam rígidas ao lado do corpo e, quando Papai o soltou, vi as lágrimas cintilarem nos olhos de meu Pai. Ele disse num sussurro que mal podia ser ouvido, “Eu quero que vá embora”

Percy partiu em menos de uma hora.

Sempre disseram que Voldemort era o mestre em espalhar discordância e caos. Como eu disse antes, não tinha compreendido a magnitude da situação. Foi naquele momento que entendi que as coisas nunca mais seriam as mesmas.

Largo Grimmauld, número 12, era o pior lugar no qual eu já tinha estado. Era empoeirado, velho, acabado e perigoso. Não posso me lembrar do último lugar em que estive que tivesse tantas criaturas vivendo e procriando. E era a nossa função limpá-lo, sob as ordens de Mamãe. Se não podíamos ser ativos nas atividades da Ordem, aparentemente, isso era o que conseguiríamos.

Não foi fácil limpar a casa. Simples esfregões-trouxas não teriam sucesso contra aquele tipo de sujeira e mágica, sozinha, não era suficiente. Mamãe encantou esfregões para uma ajuda extra à limpeza. Rony estava encarregado de começar a limpar as janelas; os gêmeos, o chão e eu estava ocupada limpando a escada, quando ouvi a porta da frente abrir.

“Vejo que eles deixaram vocês com o trabalho importante”

- Parte II -

Não reconheci a voz. Larguei meu escovão e olhei para trás. Ali estava uma mulher que não podia ser muito mais velha que meu irmão Carlinhos. Seu rosto tinha o formato de um coração e seus olhos eram escuros, apesar de isso não significar que eles não tinham um formato lindo. Seu cabelo que se destacava, uma vez que estava espetado e da cor azul-gelo.

“Oi”, cumprimentei a mulher. Acostumei-me a ver caras novas e antigas naquela casa, ainda mais naquele dia. Gui e Carlinhos já tinham chegado, seguidos por Dumbledore, Kingsley, Mundugus, Lupin, Diggle e Doge. Aquele seria o primeiro encontro da Ordem da Fênix.

“Ninfadora Tonks”, a mulher disse.

“Que nome estranho”, pensei, “Legal te conhecer, Ninfadora”, respondi, “Sou Gina...”

“Weasley, tenho certeza”, ela sorriu, “E essa é a última vez que você me chama de Ninfadora”, seu sorriso tornou-se mais largo, “Me chame de Tonks”

“Meu nome verdadeiro é Ginevra, mas ninguém me chama assim”

“Eu gostaria que ninguém me chamasse de Ninfadora”, Tonks respondeu, “Ginevra é um nome lindo, mas Gina combina com você tanto quanto”, seus olhos focaram-se no topo de minha cabeça, “E você tem o cabelo mais incrível!”, ela franziu o cenho levemente. Lentamente, seu cabelo azul e curto começou a crescer de sua cabeça e mudou do azul-gelo para o meu tom de cabelo. Quando estava feito, seu cabelo estava comprimento do meu, “Assim está melhor”

“Que feitiço foi aquele?”, perguntei, admirando o tom de seu cabelo. Eu, definitivamente, teria que tentá-la.

“Não é feitiço”, Tonks respondeu, “Sou uma metamórfoga”, disse, como se fosse a coisa mais comum do mundo, mas sua habilidade é muito rara. Eu havia rido sobre isso. Ela podia mudar sua aparência à vontade, mas era limitada às formas humanas.

A porta abriu-se novamente. Moody recostou-se contra a batente. Senti um pouquinho de receio, e pensei que ele era um impostor, mas não poderia ser. Carto Crouch fora entregue ao horrível Beijo da Morte, não podia estar fazendo muita coisa naquele momento. Tonks afastou-se da porta aberta e derrubou um vaso.

“Professor Moody?”, perguntei, um tanto preocupada, enquanto ele usava sua mágica para concertar o vaso.

“Sou só Moody hoje”, ele respondeu, “Mas não posso dizer que tive muitas chances de ensinar dentro daquela caixa. Quando a reunião começa, Tonks?”

Tonks admitiu que não sabia, mas eu ainda estava curiosa sobre algo, “Pensei que estivesse aposentado, prof... Moody”

“E pensamos que Você-Sabe-Quem também estivesse”, ele grunhiu. Tirou seu casaco e pendurou-o no cabide ao lado da porta, “Vou procurar por Dumbledore”, passou por nós e o “thunk, thunk” da sua perna de madeira ecoou pelo corredor.

“Um cara legal”, Tonks murmurou, olhando para mim e abafando uma risada, “Por que não tira uma folga e toma uma xícara de chá comigo?”

Ela precisou perguntar uma segunda vez. Com uma expressão de alívio no meu rosto, segui-a pelo corredor, avisando-a para não acordar o quadro da Senhora Black, e entramos na cozinha. Lupin estava no outro canto, bebericando uma xícara de chá.

Os olhos de Lupin ergueram-se de sua xícara para mim e, depois, com aparente interesse, para Tonks. Depositou a xícara numa mesa e sorriu, “Você deve ser Ninfadora Tonks. Ouvi muito sobre você”

Tonks encontrou meus olhos numa fração de segundos, e respondeu para Lupin, “Espero que tenha ouvido que não deve me chamar de Ninfadora”

Os, normalmente, cansados olhos de Lupin pareceram ganhar uma energia juvenil na presença da jovem mulher. Ele sacou a varinha e conjurou uma segunda e terceira xícara, “Também ouvi da sua reputação para causar...”, pegou a segunda xícara e ofereceu-a a Tonks, ela ergueu a mão para pegá-la, mas falhou. A xícara caiu no chão, espalhando o líquido quente por todo o canto. Lupin deu um meio sorriso, quando continuou, “...acidentes

Tonks corou. Na verdade, para ser justa, seu cabelo corou, ficando um tom mais escuro do que estava quando ela imitou o meu, “Sigilo nunca foi uma das minhas especialidades, mas...”, seu nariz transformou-se no fucinho de um porco, “tenho as maiores notas no quesito descrição”

Ambos, Lupin e eu, rimos alto ao ver o nariz. Enquanto ela voltava-o para a forma anterior, Tonks sorriu marota. Ofereci a ela minha xícara de chá, mas ela recusou, peguei minha xícara e sentei-me, ansiando por mais interação entre os dois.

“Ouvi coisas sobre você, também”, Tonks admitiu, “Parece que você também tem a habilidade... de se transformar...”, aparentemente, o probleminha peludo de Lupin não trazia medo algum à ela, ao contrário, tornava-o mais interessante.

“Vejo que tem falado com seu primo”, Lupin disse, carrancudo, “Infelizmente, não posso controlar o quão adorável aparento, quando me transformo”

Houve um silêncio entre eles. Não um estranho, mas um de compreensão. Tonks o encarava curiosamente tentando descobrir se aquilo fora um elogio. Lupin olhava para sua xícara, envergonhado, esperando não ter ofendido à mulher.

A porta da cozinha se escancarou. Sirius recostou-se contra a batente e sorriu calorosamente para nós três. Sirius cumprimentou Tonks e eles se abraçaram. Tonks parecia extremamente feliz em ver o primo, era muito jovem quando Sirius fora mandado para Azkaban e, pelo o que me disse em conversas posteriores, nunca se convencera da culpa dele.

“A propósito, Tonks, Molly está procurando por você”, Sirius disse. Ela acenou um adeus para mim, deu um tapinha carinhoso no ombro de Sirius e trocou olhares com Lupin por um segundo, antes de desejar-lhe boa noite. No processo, derrubou uma cadeira. Ela teria me lembrado de mim mesma, seu eu não soubesse que ela era desastrada por natureza.

Sirius tirou uma mecha de cabelos da frente dos olhos. Lançou-me um olhar e piscou, ele deu um tapa de leve nas costas do estranhamente silencioso Remo Lupin, “Sabe, Aluado, minha prima é solteira. Nada me faria mais feliz do que te ter oficialmente como parte da família”

Lupin balançou a cabeça, enquanto levantava a cadeira que estava no chão, “Amor não é um luxo ao qual um homem como eu possa abraçar”, não estabeleceu contato visual com Sirius.

Pronunciei-me, “Tonks não parece ser o tipo de mulher que se importaria com o fato de você ser um lobisomem”, finalmente tomei um gole do meu chá e decidi que a arrumação de Lupin podia ser comparada à da mamãe.

Sirius estudou o rosto rude de Lupin, “Você gosta dela”, provocou, cotovelando-o, e pensei que aquele devia ser a forma como se tratavam nos tempos de Hogwarts, “Seu cachorro!”

“Você se esquece”, Lupin disse, finalmente erguendo os olhos para encontrar os de Sirius, “Você é o cachorro. Sou o lobo”, apontando para Sirius e para si mesmo, respectivamente, e ambos gargalharam.

Pode perceber que Lupin e Tonks tiveram uma conexão imediata. Eu amava vê-los interagindo. Lupin parecia tão esgotado desde que o vi, parecendo muito mais velho, mas quando falava com Tonks, ele parecia relaxado e jovem. Ela lhe dava um sentimento de renovação e eu não precisava ouvir por trás das paredes para saber disso, você podia ver pela maneira que ele se portava na frente dela. Qualquer que fosse a missão distribuída, eles sempre davam um jeito de ficarem juntos.

Embora eu visse a conexão, nunca tive certeza de como Tonks se sentia. Por um momento, depois disso, concordei com minha mãe em juntá-la com Gui, mesmo que fosse só um jeito de nos livrarmos de Fleuma... perdão, Fleur.

Foi a vez de Dumbledore de entrar na cozinha, “Remo, Sirius, a reunião está quase começando”, segurou a porta aberta para que os dois amigos passassem. Dumbledore empurrou seu óculos meia-luz para cima do nariz e cumprimentou-me, “Boa tarde, Gina”

Ele parecia ter passado por muitas coisas naquelas poucas semanas. Desde o assassinato de Cedrico, Dumbledore tinha sido convocado para a causa contra Voldemort. Para os que queriam ouvir e os que não queriam, ele espalhou as novas. Em resposta, o Ministério estava fazendo de tudo para desacreditá-lo.

“Olá, professor”, respondi. Eu não sabia se ele ficaria muito ocupado nas próximas semanas para fazer qualquer perguntar, então decidi que aquele era um bom momento, “Preciso te perguntar uma coisa. O momento é oportuno?”

“Claro”, Dumbledore disse, “Mas não esqueça tenho uma reunião a conduzir”

Assenti, indicando que não demoraria muito, “É permitido mandar cartas?”

“Se forem para Harry, não devemos mencionar nada a não ser que ele esteja aqui à salvo e protegido”, Dumbledore respondeu.

Eu não tinha pensado no Harry, mas sim em Miguel. A informação era útil, no entanto, e poderia informar Rony sobre ela. Já que tocáramos no assunto, não pensei que faria mal falar um pouco mais sobre Harry, “Quando o traremos para cá conosco?”

Dumbledore suspirou pesadamente, “Não sei ainda”, admitiu, “Ele está mais à salvo onde está”

Eu sei que Harry ficaria indisposto. Mesmo alguns dias recluso o levariam à insanidade, ele estava ansioso por saber o que estava acontecendo e talvez se juntasse à guerra se o permitissem. Forçando minha mente para longe dele, pensei em Miguel, “E se eu não estiver mandando uma carta para Harry?”

“Infelizmente, eu te aconselharia a não mandar corujas a não ser que extremamente necessário”, ele respondeu e, por algum motivo, estava tudo bem por mim, “Se for tudo, tenho uma sala cheia de bruxas e bruxos que ficarão inquietos se não receberem a atenção necessária”, saiu do recinto.

Voltei para os corredores alguns segundos depois. Sem chance que eles iam ter sua primeira reunião sem a bruxinha inteligente, aqui, ouvir tudo. Parei na batente da porta do salão de jantar, tentando ao máximo descobrir se a reunião já tinha começado.

“Que vergonha, Gina”, ouvi a voz de Fred, rabugenta. Olhando para trás, vi Fred e Jorge, lado a lado, as mãos no quadril, olhando-me com falso desapontamento, “Estava tentando ouvir escondida, não estava?”

“Sou sua orelha extensível, lembram?”, lembrei os gêmeos. Se eles estivessem tão curiosos quanto eu para saber o que estava acontecendo, eles se afastariam e me deixariam escutar.

“Não mais”, Jorge respondeu. Ele segurou uma longa, brilhante e colorida corda, e sorriu, “Estivemos trabalhando nisso faz um tempo”

“Nos encontraremos lá em cima”, Fred disse assim que ele e Jorge aparataram com um ‘crack’.

Pensei em não seguí-los. Se a invenção deles falhasse, eu perderia a primeira metade da reunião e eu odiava não estar informada. Virando-me em direção a porta, encontrei com Tonks, que deve ter saído da sala sem tê-la visto. Xinguei internamente, sabendo que não poderia inventar uma desculpa para aquilo.

“Antes tarde do que nunca, acho que um de nós terá que colocar o feitiço Impermeável nas reuniões”, Tonks disse casualmente, “É bem fácil de detectar. É só jogar algo contra a porta, se voltar... bem...”, piscou para mim, “Mas não ouviu isso de mim”, abriu a porta e voltou para dentro.

Algo tocou meu cabelo e tirei-o, perturbada. Segurando o misterioso objeto, reconheci-o como o fio que Fred e Jorge tinham acabado de me mostrar. Seguindo a linha com os olhos em direção ao andar de cima, vi-a sumir atrás de uma das pilastras. Sussurrei para a ponta do fio, “Estarei aí em cima num minuto”

As Orelhas funcionaram. Eu nunca devia ter duvidado. Os produtos dos gêmeos, quando trabalhavam neles por tanto tempo, raramente falhavam em fazer o que os gêmeos queria que fizessem. Então, foi assim que Fred, Jorge, Rony e eu descobrimos muitas das informações que não deveríamos saber. Até mesmo Hermione, quando chegou dias depois, apesar de relutante a princípio, não pôde negar que gostava de ter aquele tipo de conhecimento.

E Mamãe ficou furiosa quando descobriu o que estávamos fazendo. Aquele foi o começo do fim para as escutas das reuniões. Teríamos que depender do que os membros deixavam escapar, quando estavam conversando fora da sala.

“Vocês acham que meus pais já estão em perigo?”, Hermione me perguntou, uma noite, dias antes da chegada de Harry. Olhei para ela e vi a silhueta de seu corpo deitado embaixo dos cobertores, encarando o teto. Eu ia responder, mas ela o fez por si mesma, “Acho que não. Duvido que Você-Sabe-Quem saiba quem sou”

“Ele acabou de voltar, Hermione. A Ordem acha que ele está tentando unir seus seguidores antes de causar qualquer caos”, eu disse. Agarrei minha varinha, ergui-a, e olhei para o rosto de Hermione, suas bochechas estavam úmidas e cintilavam graças às lágrimas.

“Mais cedo ou mais tarde, iremos lutar”, Hermione sussurrou, olhando-me finalmente, “Isso é inevitável, especialmente para mim, já que Harry e eu somos tão próximos”

“Você nunca o deixaria lutar sozinho, eu sei”

“O quê, então?”

Engoli em seco. Meus pais eram mágicos, e poderiam se virar contra o poder do mal. Os de Hermione, por outro lado, era trouxas, indefesos contra qualquer tipo de mágica. Se Voldemort quisesse matá-los, eles não poderiam impedi-lo, “Quando o momento chegar, pensaremos em algo”, respondi.


- Parte III -


“Tenho escrito para Vítor desde o fim do ano letivo”, Hermione disse, como se eu tivesse acabado de lhe perguntar, “Ele é um bom moço, mas contei que teríamos que ser só amigos”

Dei um meio-sorriso. Nem mesmo Hermione, a bruxa mais talentosa de Hogwarts, podia esconder seus sentimentos. Ela nunca seria feliz, a não ser que fosse com Rony. Por que acham que ela nunca teve um verdadeiro namorado depois de Krum? “O que fará sobre Rony?”

“O mesmo que tenho feito”, ela disse, limpando uma lágrima de seus olhos, “Há coisas mais importantes com o que me importar fora ele e eu. Se... se ele descobrir, talvez... mas...”, ela perdeu a coesão, mas entendi. Ela puxou os cobertores para a altura do pescoço, “Conte-me sobre Miguel, Gina”

Não havia muito o que contar. Deixei-a a par do que aconteceu no trem, deixando de lado a parte que Harry deu o dinheiro do Torneio aos gêmeos, “Gosto muito dele. Mal posso esperar para conhecê-lo melhor esse ano”

“Estou orgulhosa de você”, Hermione disse, seus olhos ficando mais pesados com cada palavra.

“Mas me faça um favor”, eu disse, também ficando mais cansada, “Não fale a ninguém sobre isso ainda, especialmente Rony. Ele fará uma cena...”

“Não se preocupe”, respondeu, e bocejou, “Não direi ao Rony... ou ao Harry”

“Bom”, pensei.

“Será mais fácil... conversa... com Harry agora... que a pressão... acabou...”, e adormeceu.

Ela estava certa. Mas Hermione quase sempre estava. Quando Harry finalmente chegou, senti como se um peso tivesse sido retirado. Ah, não consegui segurar as borboletas em meu estômago sempre que ele olhava para mim com aqueles olhos e não podia evitar pensar em quão adorável ele estava com aqueles cabelos bagunçados. Admirei sua habilidade de espantar dois dementadores e senti pena por ele, quando ele expressou seu ressentimento por ter sido deixado sozinho por um mês. Mas consegui falar com ele, e não só na frente dele, mas com ele. E ele conversou comigo.

Quando a Ordem informou Harry dos últimos acontecimentos, Fred estava certo. No momento em que Hermione fora para cama aquela noite, contou-me tudo. Incentivei a briga, momentos antes, porque não queria que desconfiassem que eu sabia. Nesse caso, duvido que Mamãe tenha permitido que a Ordem contasse a Harry. Se ela não tivesse me seguido escada acima, eu teria ouvido de qualquer forma.

Todos estavam preocupados que Harry ouvisse. Em qualquer outra situação, o bruxo em questão teria saído pacificamente, mas nada era tão simples com Harry. Eles tinham uma insatisfação com Harry, por ele ter ficado do lado de Dumbledore, afirmando que Voldemort voltara. Não iriam desistir de Harry sem lutar.

Enquanto Harry estava ouvindo, nós estávamos limpando. Entrei num quarto com produtos de limpeza. A primeira coisa que chamou minha atenção foi uma imensa peça de tapeçaria. No topo, lia-se “A Nobre e Mui Antiga Mansão dos Black: Nosso Lar” em letras grandes. Estudei a árvore genealógica da família com fascinação, tocando os lugares que foram queimados, apagando alguns nomes.

“Você deveria estar aí”, Sirius disse, da porta. Caminhou parando ao meu lado, analisou a figura e apontou para onde achou que eu estaria, “Somos algo como primos de terceiro grau”

Eu deveria saber que éramos parentes. A maioria dos sangues-puro são. Como explicado pelo próprio Black, se quer casar com um sangue-puro, suas opções são muito limitadas, “Você também não está aqui”, eu disse.

“Bem, sua família e eu somos o que chamaria de ‘galhos quebrados’ da árvore genealógica”, Sirius disse, apontando para um ponto queimado ao lado de um finado bruxo chamado Regulo, “Traidores de sangue”, ele disse, “Um preconceito sujo nossos parentes tem, não é?”

“Em termos educados”, respondi.

Seu olhar ficou distante, lembrando-se, talvez, de algo que aconteceu naquela casa que o magoou. Virou-se da tapeçaria e olhou para mim, “Quis te dizer desde que chegou”, começou, “Você me lembra muito a Lílian”

A mãe do Harry. Deve ser o cabelo vermelho. Minha mão se ergueu para pegar uma mecha do meu cabelo, mas ele balançou a cabeça, “Não só isso”, Sirius riu, “Ela era tão apaixonada e determinada quanto você”

“Eu teria gostado dela?”

“Muitos poucos não gostavam”, Sirius admitiu, “Não acho que tenha existido um garoto fora da Sonserina que não tenha gostado daquela garota pelo menos uma vez nos tempos em que ela ficou no colégio. Nós quatro.. Tiago, Remo, eu e...”, hesitou antes de pronunciar o último nome, “...Pettigrew... todos tivemos uma queda por ela ao mesmo tempo”

Ri. Lembrei-me de ter visto uma foto da mãe do Harry, era tão bonita e era inegável que Harry tinha herdado aqueles olhos maravilhosos dela, “Eu adoraria tê-la conhecido. Parecia ser amável”

“Ela teria adorado você, tenho certeza”, Sirius respondeu. Ele suspirou, e colocou uma mão na tapeçaria; encontrou o lugar onde seu nome deveria estar e acompanhou-o com a mão. Suas mãos eram calejadas, graças às fugas do Ministério, “Tudo o que eu via, quando estava em Azkaban, era ela e Tiago naquela noite”

Estremeci, pensando que os dementadores faziam as pessoas reviverem suas piores lembranças. Enquanto eu voltava para a Câmara Secreta, Sirius continuaria achando seu melhor amigo e esposa assassinados em uma casa destruída, “Como conseguiu lhe dar com isso?”

“Vim a descobrir que os dementadores me davam um tempo quando eu estava na minha forma de animago”, Sirius disse, “E eu sabia que era inocente”

Franzindo o cenho, eu disse, “Por que demorou tanto para fugir?”

“Nunca tive uma razão”, Sirius respondeu, “Até ver o rato transformado no jornal com sua família... Reconheceria aquele roedor nojento em qualquer lugar”

Pensei na nossa viagem para o Egito e quão divertida fora. Interessante saber que inspirara uma fuga, “Tenho contente que tenha saído, Sirius”

“Eu também”, ele disse. Ergueu as mãos para o alto e gesticulou para sala, num gesto que englobava a casa inteira, “Mas voltei para um tipo diferente de prisão. Se não fosse pelo bem da Harry, não estaria aqui. Estaria lá fora, fazendo alguma coisa... qualquer coisa”

“Harry tem sorte em ter um padrinho como você”, eu disse, “Depois de tudo pelo o que passou, ele merece a felicidade. Acho que ele estaria um caco sem você”, e eu estaria um caco se Harry estivesse um caco, pensei.

Sirius sorriu e me deu um tapinha no ombro, “Harry tem sorte em ter uma amiga como você”

Senti uma certeza tristeza quando ele disse a palavra amiga. Eu sei que era o que éramos na época, e sei que tinha desistido dele, mas outra pessoa dizê-lo fazia tudo parecer mais real. Fazendo o meu melhor para ignorar a sensação, eu disse, suavemente, “Sempre serei amiga dele”

Ouvimos mamãe lá embaixo, “Harry voltou!”, meus olhos brilharam e saí correndo do quarto, deixando Sirius para trás. Pulando dois degraus por vez, cheguei na cozinha bem quando Fred e Jorge apartaram e apenas alguns segundos antes de Rony entrar.


- Parte IV -


Harry estava lá com Papai, Mamãe e Hermione e a julgar pela expressão em seus rostos, ele tinha se livrado do Ministério. Para oficializar, perguntei, “Harry, você se livrou?”

“Me livrei”, Harry disse, dando o maior sorriso que o vi dar em dias.

“Ele se livrou!”, Fred berrou e Jorge imitou-o.

“Ele se livrou!”, berrei de volta, tentando suprimir o riso que senti se formar dentro de mim. Harry tinha se livrado. Ele não seria expulso, não teria sua varinha quebrada, não ficaria longe de mim...

“Eu sabia!”, Ron exclamou, com os punhos para o ar, “Você sempre se livra de tudo!”

“Eles eram obrigados à te liberar”, Hermione disse, “Não havia nenhum caso contra você, nem unzinho...”

Fred me agarrou pelo ombro e me encarou boquiaberto, “ELE SE LIVROU!”, berramos um para o outro. Ele agarrou meu pulso e nos juntamos a Jorge numa dança de celebração, repetindo as três palavras seguidamente, entramos na cozinha onde os outros conversavam.

“CALEM A BOCA!”, Mamãe rugiu conosco.

Encontrei os olhos de Harry, e vi-o sorrir, feliz por ter evitado ser expulso uma vez mais e, talvez, eu esperava, entretido com a dança e o canto.

Dias depois, Hermione e eu abrimos as cartas de Hogwarts. Olhando para a lista uma da outra, achamos estranho que tivéssemos que comprar o mesmo livro de Defesa Contra as Artes das Trevas.

“Pelo menos encontraram um professor”, eu disse à ela, “Fred e Jorge disseram que Dumbledore estava com dificuldades para achar um”

“Rony acha que o cargo é amaldiçoado”, Hermione disse, “Costumava achar que ele estava sendo engraçado, mas ele pode estar certo”, ela listou todos os professores que teve desde o primeiro ano, lembrando que Quirrel morreu ensinando, “Lupin foi o único realmente bom que tivemos”

“Crouch podia ser um Comensal, mas ele nos ensinou muito”, lembrei-a, “A única coisa que ele fez corretamente, foi ensinar-nos”

Hermione estremeceu com o pensamento. Ela agarrou o envelope para joga-lo fora, mas quando pegou-o, algo brilhante e metálico caiu no chão, perto dos meus pés, de forma barulhenta. Hermione e eu o encaramos.

Isso é...?”, pensei. Tinha que ser. Reconheceria aquilo em qualquer lugar desde que Percy pegava o seu a cada uma hora para encerar. Agachei-me e admirei o pomposo M sobre o leão da Grifinória, “Esqueci que eles escolhiam os monitores esse ano”, disse, jogando o distintivo para ela.

Hermione viu o símbolo em sua mão, e encarou-o perplexa. Ela abriu a boca algumas vezes para dizer algo.

“Francamente, Hermione, você realmente achou que não ganharia uma dessas?”

O berrinho, excitado, começou baixo, mas foi aumentando de volume quando finalmente compreendeu. Do nada, ela pulou para a cama e ergueu o distintivo, analisando-o, “Não acredito!”, ofegou, “Aposto... Aposto que Harry ganhou uma... Vou lá ver!”, ela pulou para o chão e passou pela porta, correndo.

Revirei os olhos. Só a Hermione ficaria tão animada em ser nomeada monitora... bem, talvez Percy, mas eu tinha deserdado o idiota e decidi que não merecia mais ser mencionado em meus pensamentos.

“Para que toda aquela animação?”, Mamãe perguntou, enquanto entrava no quarto. Depositou algumas roupas minhas na cama.

“Não a vi tão animada desde que ouviu que ‘Hogwarts, Uma História’ poderia ter uma continuação”, eu disse. Mamãe me lançou um olhar estranho e ri, “Ela foi indicada monitora, Mãe”

“Ah, que emocionante!”, Mamãe retrucou, com um largo sorriso, “Com tudo o que está acontecendo, ouso dizer que esqueci que eles escolhiam os monitores no quinto ano. Me pergunto se Rony...”

“Na real, Mãe?”, perguntei, tentando não rir ainda mais, “Hermione acha que o Harry ganhou o outro”

Ela pareceu desapontada, mas se recuperou rapidamente, “A lista de material chegou?”, perguntou, pegando o papel na minha cama, “Posso ir direto ao Beco Diagonal depois do almoço e pegar as coisas que vocês precisam”, ela dobrou a carta e levou-a com ela, quando saiu do meu quarto.

“Dumbledore nomeou você como Monitor?”, perguntei a Rony aquela tarde, vendo os garotos guardarem seus pertences. Olhei para Harry que parecia entretido demais com suas meias.

“Caraca, não soe tão surpresa”, Rony disse, depositando seu distintivo em seu criado-mudo.

“Quero dizer, qual é”, disse, brincalhona, “Deve ser verdade o que dizem sobre Dumbledore. Deve estar mesmo piradão para confiar em você

“Cai fora, Gina”, Rony guinchou, jogando uma meia em mim.

Movi gentilmente minha cabeça para a esquerda e a meia voou por mim. Lancei um novo olhar ao Harry que ainda estava dobrando as meias. Algo o estava incomodando e decidi dar uma chance à minha recém adquirida habilidade de conversar com ele. Agora, o que fazer com Rony? “Espero que Mamãe chegue em casa logo. Estou morrendo de fome”

Rony parou de tentar socar os livros dentro da mala, “Essa foi a coisa mais inteligente que você já disse o dia inteiro”, massageou a barriga de maneira aficionada, “Eu poderia comer um lanche. Harry, tá afim de um chocolate?”

“Hum?”, Harry perguntou, sem se virar, “Não, valeu, Rony. Vou esperar pelo jantar”, ainda com aquelas meias. Rony deu de ombros e saiu do quarto à procura de algo comestível para saciar sua fome.

Analisei Harry por um momento, “Ou você gosta muito dessas meias, Harry, ou algo te incomoda”

Harry jogou as meias dentro da mala e voltou-se para me encarar. Esse deve ter sido, se bem me lembro, a primeira vez que ficamos no mesmo recinto juntos, sem ninguém por perto, ambos conscientes, desde a Câmera Secreta. Senti-me estranhamente confortável e perguntei, internamente, se ele se sentia da mesma forma, “Não tem nada me incomodando. Só estou preocupado...”, sua voz sumiu.

“Harry, todos estamos preocupados com Você-Sabe-Quem”, eu disse.

Por uma fração de segundos, seus olhos se focaram no distintivo de Rony, sobre o criado-mudo, e percebi o que ele estava pensando. Ele deu de ombros em resposta.


- Parte V -


“Tenho certeza que Dumbledore tem suas razões para não tê-lo feito monitor”, eu disse casualmente, e analisei seu rosto, buscando uma reação. Sim, como eu suspeitava, seu rosto se franziu levemente. Achei o motivo para sua preocupação, “Quando foi a última vez que Dumbledore te deixou na mão?”

“Er...”, ele disse. Lutou com algo em sua mente, como se estivesse pesando se devia ou não confiar em mim. Eu podia esperar. Eu tinha, afinal de contas, esperado anos para conseguir falar com ele normalmente como naquele momento. Quando ele estivesse pronto para falar o que o incomodava, eu ouviria.

“Vejo que você prefere manter para você mesmo”, disse. Levantei-me e deixei o quarto, trombando com Hermione. Ela me fitou curiosamente, “Tudo já está arrumado?”, perguntei, evitando seus olhos.

Quando estávamos longe do alcance dos ouvidos do ocupante do quarto, ela ralhou, “Achei que tivesse desistido do Harry”

“Desisti”, respondi.

“O que está fazendo sozinha com ele?”, Hermione perguntou, “Duvido que Miguel achasse aquilo inocente”

Ela só queria o que era melhor para mim. Suponho que ela estava certa. Mas era inocente. Queria ter certeza que Harry estava bem, não tentar seduzi-lo. Contei isso à ela.

Hermione pareceu cética, “Você tem um namorado agora, Gina...”, e parei de ouvi-la. Eu podia estar namorando, mas isso não queria dizer que eu não podia ser amigável com Harry ou tentar animá-lo.

“Hey, garotas”, o cumprimento familiar de Tonks fez-se ouvir quando entramos na cozinha. Rony agarrou alguns sapos de chocolate e saiu do recinto sem muito mais do que um ‘oi’, “E aí? Vocês deveriam estar animados. Estão indo ao colégio logo!”

“Hermione está me acusando de adultério”, disse, sorrindo para minha amiga para que ela soubesse que não havia ressentimentos.

Tonks inclinou levemente a cabeça e nos lançou um olhar questionador. Hermione e eu gostávamos muito de Tonks. Ficamos muito próximas delas naquelas últimas semanas, ficando acordadas até tarde discutindo sobre tudo de garotos à roupas, de Voldemort à Comensais da Morte. Tonks era alguém muito fácil com quem conversar.

Hermione soltou um guincho irritado, “Gina gosta do Harry, Tonks...”, ela começou.

“Eu gostava do Harry”, interrompi.

“... e ela está saindo com o Miguel”, Hermione olhou para mim e voltou para Tonks, “E continua tentando chamar a atenção do Harry...”

“Estou tentando chamar a atenção dele de forma amigável...”

“... e eu não acho que ela deveria tentar seduzi-lo quando tem um namorado...”

“HEY! Não posso seduzi-lo como uma amiga faria?”

Tonks gargalhou, mas eu estava ficando um pouco brava com Hermione. Eu estava tentando mesmo desencanar do garoto, mas com esses lembretes constantes, fazê-lo ficava cada vez mais difícil.

“Então, você gosta do Harry, não?”, Tonks perguntou. Nós conversamos muito sobre Miguel e eu tentei de tudo para que o assunto não se desviasse para Harry e meu amor não correspondido.

“Não”, menti, e Hermione lançou um olhar eu-sei-de-tudo. Eu tinha decidido começar dizendo em voz alta que tinha desistido dele. Se eu convencesse um número suficiente de pessoas, talvez convencesse a mim mesma. Vi Hermione concordar com a cabeça para Tonks, e bati nela. Não conseguiria alcançar meu objetivo com esse tipo de atitude. Com um suspiro, assenti com o coração partido, “Talvez... mas só um pouco... estou tentando parar... por causa do Miguel...”

“Compreendo”, Tonks disse. Ela abraçou a nós duas e saiu da cozinha, deixando-me sozinha com Hermione.

Lancei um olhar irritado para Hermione, “Se eu vou conseguir desistir de Harry, você precisa parar de falar para as pessoas que eu gosto dele”, disse à ela.

“Está me dizendo que não terminaria com Miguel se...?”

Coloquei minhas mãos sobre a boca dela para cala-la. Ela realmente pensava isso de mim? “O que você acha que eu sou?”, grunhi para ela, e pensei no tipo de mulher que Mamãe dizia sempre iludir vários homens, “Não sou uma promiscua. Sou a namorada do Miguel. Se Harry parasse de ser cego por dez segundos e me notasse, eu diria que é tarde demais

Hermione me encarou em descrença, “Se é o que você quer...”

“Eu quero”

“...então, de agora em diante, você desencanou do Harry”

“Eu desencanei do Harry”, rosnei. Girei nos calcanhares e sai para longe dela, meus cabelos acompanhando o movimento. Marchei em direção a porta e bati meu pulso nela com força, abrindo-a. O quadro da Senhora Black começou a berrar comigo enquanto eu subia a escada com passos duros.

Joguei-me na cama e bati com os punhos no travesseiros três vezes. Nunca tinha ficado irritada com Hermione por motivo algum. Odiava ficar brava com ela; nós sempre nos demos extremamente bem. Soltei um longo suspiro, e deitei lá observando o teto.

Hermione entrou alguns minutos depois. Caminhou na direção da minha cama, sentou-se ao meu lado e disse, “Me desculpa, Gina”

Murmurei alguma coisa que ela não conseguiu ouvir e que não quero repetir.

“Quero que saiba que confio em você”, ela disse, colocando a mão no meu ombro, “Daqui em diante, você desencanou do Harry”

Aceitei seu pedido de desculpas e abracei minha melhor amiga.

Quando Rony e Hermione foram forças a fazer seus deveres como monitores no dia seguinte, no trem, Harry parecia extremamente perdido sem eles. Eu devia ter ido procurar por Miguel, mas não poderia deixá-lo andando por aí e não gostava da idéia do Harry sentado na mesma cabine que Miguel.

“Vamos”, eu disse para Harry, “Se seguirmos, poderemos guardar um lugar para eles”, eu estava tentada a pegá-lo pela mão e guia-lo para algum lugar, mas me segurei. Afinal de contas, aquilo não tinha nada a ver com querer sentar com Harry e, sim, ajudar um amigo... ou pelo menos, foi o que disse a mim mesma.


- Parte VI -


Assistir os garotos com Luna fazia valer a pena não ter sentado com Miguel. E nem tive vontade de azarar Cho quando ela parou para ver o Harry. E se a reação de Rony foi ótima ao ver Luna, a de Hermione foi ainda melhor. Eles são o completo oposto um do outro.

Quando chegamos ao Salão Principal, encontrei Delia com Ethan próximos ao final da mesa da Grifinória. Ela acenou para que me juntasse a eles, e deixei os demais. Sentando-me ao lado da minha colega de quarto, cumprimentei-a, “Achei que não fosse voltar esse ano”, disse a ela.

“Mamãe e eu fomos ao Ministério e conversamos com algumas pessoas”, Delia disse, “Eles nos asseguraram de que nada estava errado”

Encarei-a, incrédula. Nada estava errado, “E você acredita nisso?”

“Bem, ninguém realmente sabe o que aconteceu...”

“Harry sabe!”, berrei, histérica, “Ele estava lá”

“Gina”, Delia disse, tentando me acalmar, “Não sei no que acreditar, esse mundo é tão confuso. As coisas são tão diferentes aqui”

“Você percebeu que Harry não está aqui ainda?”, Ethan disse, notando minha irritação crescente e tentando mudar de assunto. Apontou para a mesa de professores, “Grubby-Plank está em seu lugar”

“Eu vi”, respondi. Eu sabia que Hogwarts tinha alguns trabalhos para fazer para a Ordem, mas não achei que fosse tomar todo o verão. Não pude compartilhar a informação, pois sabia que era confidencial.

“Eu prefiro Brubby-Plank ao Hagrid”, Delia disse, olhando para seus dedos. Uma das criaturas de Hagrid tinham queimado-na seriamente no ano letivo anterior.

Lancei um olhar irritado para ela, “Espero que ele volte logo”

“As aulas dele eram sempre divertidas”, Ethan disse, defendendo-me. Eu sabia que ele, ao menos, gostava de Hagrid, mesmo que fosse pelo puro perigo das tarefas.

“Então”, Delia começou, “Harry Potter ficou com vocês esse verão?”, ela sussurrou seu nome; vi Ethan revirar os olhos.

Olhei por cima dos ombros, tentando localizar Miguel, “Alguma coisa do tipo”, disse, um pouco menos irritada, “Mas tenho novidades para você, Delia”, sabia que ela amaria ouvir isso, “Estou namorando o Miguel Corner”

Delia berrou, fazendo três pessoas às suas costas pularem. Ela pegou minhas mãos e pediu uma descrição detalhada do relacionamento, cada mínimo detalhe.

“É por isso que ele estava procurando por você?”, Ethan perguntou, antes que eu pudesse responder à Delia.

“Ele estava?”, perguntei. Ergui-me, ansiosa, buscando por meu namorado. Encontrei-o, finalmente, na mesa da Corvinal, longe de mim, com Terry Boot e Anthony Goldstein. Assegurei-me de que a Seleção não tinha começado e corri em direção a ele.

Sentei-me ao lado dele e abracei-o com força, “Miguel!”, cumprimentei.

Ele deu um largo sorriso e abraçou-me de volta, “Estava começando a achar que tinha me esquecido”, ele disse.

“Esquecer você?”, eu disse, beijando-o na bochecha, “Eu não conseguiria esquecer o garoto mais lindo de Hogwarts”

“Onde você estava no trem?”, perguntou.

“Rony e Hermione foram feitos monitores e Harry parecia perdido. Me senti mal em deixa-lo sozinho”, eu disse, casualmente, e Miguel pareceu satisfeito com a resposta. Voltei-me para Anthony, “Você é monitor, também, não é?”

Ele apontou para o distintivo azul e bronze com o caprichado M sobre uma águia, “Meus pais estavam muito orgulhosos de mim”

Às minhas costas, ouvi um fungo. Girando no assento, encontrei os olhos avermelhados de Cho. Ela estivera chorando, obviamente. Notando que não queria azara-la novamente, cumprimentei-a com um sorriso, e então percebi que devo ter ocupado seu assento, “Estou no seu lugar, Cho?”

“Não me importo”, ela disse, suavemente, “Você queria ver seu namorado”, ela pronunciou a última palavra com uma leve hesitação. Eu entendia. Qualquer sinal de um relacionamento alegre devia fazer com que ela se lembrasse de Cedrico.

Voltei-me para Miguel, beijei-o na bochecha novamente, e disse, “Te encontro depois. A Seleção está para começar”

Levantei-me e permiti que Cho ocupasse seu lugar novamente. Sua amiga, que eu mais tarde conheceria como Marieta Edgecombe, pegou as mãos de Cho e deu um aperto reconfortante.

A nova música do Chapéu Seletor já estavam começada quando me juntei a Ethan e Delia. Ouvi a maior parte dela e ponderei qual seria o significado do aviso que nos dera. Estejam unidos, ele dizia. Vi Harper e Vaisley com o rabo dos olhos e pensei o quão improvável aquilo era.

Depois da comida, Dumbledore disse o de sempre sobre a Floresta Proibida, os pedidos de Filch, novos professores, e a prática de Quadriboll e me perguntei se poderia tentar para o time com uma vassoura do colégio. Será que conseguiria impressionar Angelina com uma pobre vassoura daquelas?

Depois que aquela horrível vaca da Umbridge falou por o que pareceu duas horas, juntei-me ao resto dos meus colegas enquanto caminhávamos em direção ao salão Comunal. Preocupada em ser rejeitada no time de Quadriboll, descobri Neville andando ao meu lado.

“Você acredita no Ministério?”, Neville me perguntou, a planta que ele segurava estava se inclinando perigosamente na minha direção. Algumas poucas horas atrás, a planta tinha me coberto de uma substância viscosa e eu não queria que acontecesse novamente, “Eu não entendi uma palavra do que aquela Umbridge falou, mas ouvi Hermione. Ela acha que o Ministério está tentando interferir aqui”

“Não sei como ela conseguiu ficar sentada o tempo inteiro e ouvir”, respondi. Eu quase tinha enfeitiçado Rony só para me recuperar do tédio.

“Você conhece a Hermione”, Neville disse. Ergueu a planta e sorriu, “Ela também me passou a nova senha”

“Sério?”, questionei. Perguntei-me o porquê, já que Neville não era o melhor para se lembrar delas. Tinha escrito todas elas em um papel, no terceiro ano, e foi sua culpa que Sirius entrou na nossa torre, não que fosse um problema, tendo em vista que Sirius era inocente, mas isso nos assustou para valer.

“Vou me lembrar, com certeza, desta vez”, deu um largo sorriso, “Mimbulus Mimbletonia!”, exclamou.

Não pude evitar me sentir feliz por ele, “Parece que Harry poderia usá-lo”, eu disse, apontando escada acima, em direção à entrada dos dormitórios. Ele estava em pé, obviamente sem a mínima idéia, enquanto a Mulher Gorda se recusava a deixá-lo entrar”

“Certo”, Neville disse, correndo em direção à cena, “Harry!”, chamou, “Eu sei a senha!”, derrubou um segundanista na sua corrida para ajudar Harry.

No segundo que Neville deixou-me, Rony e Hermione posicionaram-se um de cada lado meu. Olhei de um para o outro, “Olá. Indo na mesma direção que eu?”, soltei um longo suspiro em minhas mãos e fingi limpar o distintivo de monitor de Rony, “A não ser que esteja ocupado sendo responsável, irmão querido”

“Ser responsável é mais fácil do que imaginei”, Rony retrucou, “Tudo o que tenho que fazer é mandar nos outros. É muito divertido”

“Rony”, Hermione disse, mal-humorada, enquanto parava na frente da entrada, esperando que um casal de primeiranistas parasse de bobeira e entrassem, “Não tem nada a ver com mandar nos outros, e sim guiar seus companheiros estudantes. Francamente, Rony”

“Hey!”, Rony exclamou, ignorando a observação dela, e voltou sua atenção para os primeiranistas que não se moveram, “Mexam-se ou vou tirar ponto de vocês!”, ele perseguiu os estudantes de onze anos através da entrada. Até Hermione teve que sorrir para aquilo.

“Talvez estivessem bloqueando o caminho porque viram um Snorack de Chifres-Virados”, eu disse à Hermione, enquanto passávamos pela entrada do retrato. Analisei seu rosto, esperando por uma reação.

“Um o quê?”

“É algo sobre o que Luna sempre fala”

“Luna Lovegood?”, Hermione retrucou. Ergueu as mãos, em perplexidade, mas depois deixou-as cair novamente, “Qual é o problema dela?”

“Ela é inofensiva”, assegurei. Expliquei como você só tem que deixar Luna ser ela mesma e acreditar no que quisesse.

“Mas ela está na Corvinal”, Hermione recriminou, como se isso encerrasse o assunto.

Desejei boa-noite à Hermione e dormi pacificamente em minha cama, naquela noite, sonhando com a expressão de Harry quando eu me tornasse um novo membro do time de Quadriboll da Grifinória.


- Parte VII -


“Acho que você não terá problemas para entrar”, Miguel disse para mim, alguns minutos antes da aula, dias depois. Ele tinha me acompanhado até a sala, pois ficava no caminho da sua. Seria minha primeira aula com Umbridge e, depois do que Hermione contou, não estava muito entusiasmada.

“Você nem me viu voando”, provoquei, apertando mais sua mão e dei-lhe uma carranca para aprofundar meu fingido tormento.

“Acho que não”, Miguel respondeu, “Mas sei que pode ser a melhor no que quiser fazer”

Nenhuma observação animadora. Nenhum sorriso bondoso. Era quase como se ele estivesse com medo de ferir meus sentimentos. E o argumento do Eu sei que você pode ser a melhor no que quiser fazer me perturbava um pouco, também. Ele não sabia se eu podia ser a melhor. Mas desconsiderei as ações, talvez ele só estivesse nervoso.

“A Umbridge é mesmo horrível ou é a professora mais legal daqui?”, perguntei, esperando instalar algum divertimento entre nós dois.

“Ela é um monstro”, ele sussurrou, olhando nervosamente para os lados, para se assegurar de que ela não estava ouvindo, “A pior; talvez ainda pior que Snape”

Eu não estava nada animada para essa aula. Olhei por sobre o ombro de Miguel e vi Cho passando com um lenço na mão. “Me sinto mal pela Cho”, disse, com franqueza.

Miguel voltou-se para ver a garota passar, “Ela está sempre chorando, Gina. Eu só queria que tivesse algo que eu pudesse fazer para ajudá-la”, ele disse, “Fui eu quem a apresentou ao Cedrico”

“E tenho certeza que ela não se arrepende disso”, disse a ele.

“Marieta tem boas intenções, mas não sei se ela é de muita ajuda”, Miguel disse, “Você é bom com esse tipo de coisa? Talvez pudesse falar com ela”

Não tinha maus sentimentos em relação a Cho, mas não tinha certeza se queria começar uma conversa real com ela e virar sua amiga, “Não sei”, disse, simplesmente, “Talvez ela volte a ser a garota animada de sempre”

Miguel riu, “Só a vi animada uma vez até agora”, disse, “E foi quando ela falou com Harry”

Hum... nenhum tumulto interno. Nenhum desejo de arrancar a cabeça dela fora. Supus que esse era o sentimento que se tinha ao estar bem com Cho e Harry. Satisfeita comigo mesma, dei um beijo rápido nos lábios de Miguel, entrei na sala de DCAT e sentei-me entre Delia e Luna.

Antes que Delia pudesse me fazer as perguntas íntimas, Umbridge entrou na sala e cumprimentou-nos com um mais-legal-do-que-necessário cumprimento, “Bom dia, crianças”

“Boa tarde, professora Umbridge”, a maioria da classe cantou. Revirei meus olhos. Eles devem ter considerado os avisos dos estudantes mais velhos. A mulher com cara de sapo inclinou-se na minha direção, “Por que, querida criança, não se juntou aos seus amigos para me cumprimentar?”

“Não sabia que era obrigatório”, disse. Recusei a interromper o contato visual com ela, embora me enojasse continuar a olhar para aqueles olhos horríveis.

“É claro que é obrigatório”, ela disse, docemente, e riu de maneira forçada, “Agora que você sabe, por favor, cumprimente-me propriamente”

Mordi meu lábio inferior com força. Considerei não obedecê-la, mas Umbridge deu-me uma forte cotovelada. Desisti, e cumprimentei-a como ela queria, mas recusei-me a usar o entusiasmo que ela desejava.

“Excelente!”, ela disse. Girou nos calcanhares e caminhou em direção ao quadro negro, “Guardem a varinha e peguem suas penas!”, ela pegou sua varinha curta de sua bolsa e bateu no quadro negro. As palavras “Defesa Contra As Artes das Trevas: Um Retorno Aos Princípios Básicos” apareceram.

“Essa aula já teve muitos professores”, Umbridge disse, “Vocês foram alunos de apenas três de incontáveis professores que entraram por essa porta. Se estivessem no quinto ano, teríamos que nos preocupar por estar atrasados para os seus N.O.M.s, mas”, ela sorriu, “estou aqui para retificar o problema”

“Sob esse cuidadosamente estruturado, centrado na teoria, aprovado pelo Ministério curso de mágica defensiva, vocês finalmente terão a aula que sempre quiseram e, mais importante, sempre precisaram”

Ela tocou o quadro-negro novamente, “Copiem isso, por favor”, a primeira mensagem desapareceu e foi restituída por:


Objetivos do curso:

1. Compreensão dos princípios fundamentais da magia defensiva;
2. Aprender a reconhecer qual magia defensiva pode ser usada legalmente;
3. Estabelecendo o uso da magia defensiva no contexto de uso prático;



Hermione tinha me contado sobre essa parte da lição. Não esperava que Umbridge fosse ensinar a exata mesma coisa. Molhei minha pena no tinteiro e comecei a copiar a informação no pergaminho, mas Umbridge pronunciou-se novamente.

“Alguns alunos acharam necessário criticar o curso aprovado pelo Ministério ontem”, disse.

Dei um sorriso largo, pensando em como Hermione e seus colegas do quinto ano fizeram-na parecer com uma idiota, “Não há nada escrito sobre usar magias defensivas”, Hermione havia dito.

Ela parou na minha frente, novamente. Olhos cerrados na minha direção, “Qual seu nome?”, perguntou, claramente perturbada.

“Gina Weasley”, disse, ainda negando-me a interromper o contato visual.

“A filha de Arthur Weasley?”, perguntou e assenti, “Não devia ter esperado nada menos”, ela sorriu novamente e quis socá-la no rosto, “Senhorita Weasley, devo perguntar por que está sorrindo?”

Quando entrei na sala, não tinha a intenção de fazer uma cena. Sinceramente, estava preparada para morder minha língua e aproveitar, se possível, a aula. Mas ela começou, e não era da minha natureza recuar de uma briga, “Com todo o respeito, professora, eu, por acaso, concordo com os alunos em questão. Acho que devemos aprender a usar magia defensiva para melhor aprendê-los”

Ouvi um murmúrio na sala, meus colegas concordando. Umbridge analisou os estudantes, dando-me a oportunidade para piscar, “Silêncio, por favor”, ordenou.

“Não vamos usar magia?”, Delia perguntou.

“Se deseja falar, levante sua mão”, Umbridge ordenou, seu sorriso aumentando ainda mais, “Mas não, não usaremos magia. Tenho certeza que vocês não esperam ser atacados nesta sala. Nós aprenderemos sobre mágica e isso deverá ser suficiente”

“Suficiente para quê?”, cuspi, “Caso você tenha esquecido, um Comensal da Morte nos ensinou ano passado”

“Mão, senhorita Weasley”, ela cantarolou.

Lembrando-me de Hermione, joguei minha mão acima da minha cabeça. Olhando para a esquerda, vi que Luna também tinha sua mão erguida.

“Senhorita...?”, Umbridge perguntou e quando Luna respondeu, ela disse, “... Lovegood?”

“Todos nós estávamos em perigo ano passado, porque um Comensal da Morte nos estava ensinando”, ela disse, repetindo o que eu tinha dito, “Não seria esse um bom motivo para usar magia na aula?”

“Bartolomeu Crouch Júnior era um indivíduo perturbado que acreditava ser um seguidor de um bruxo das trevas que morreu a mais de uma década atrás”, Umbridge disse, olhando de um estudante para outro. Vendo algumas expressões céticas, ela adicionou, “Vejo que o senhor Potter têm espalhado suas mentiras para todos”

“MENTIRAS?”, berrei. Delia colocou a mão sobre o meu braço, mas livrei-me. Tremia com raiva e indignidade por com aquela mulher vil. De alguma forma, Voldemort voltou. Como? Eu não sabia, mas ele deu um jeito de fazê-lo. Eu era uma prova disso. Tenho certeza de que se ele tivesse conseguido me possuir, teria voltado dois anos mais cedo do que voltara.

“Não vejo sua mão erguida, senhorita Weasley”, Umbridge lançou-me aquele sorriso novamente, “E, sim, mentiras. Nenhum bruxo das trevas voltou da morte. Nenhum Comensal da Morte está correndo à solta...”

“Você é a mentirosa!”, guinchei.

“Detenção, senhorita Weasley. E se falar novamente fora da sua vez, não terá tempo livre algum durante esse ano letivo”


- Parte VIII -


Tremendo com uma raiva incontrolável, lembrei de Hermione contando como fora o primeiro encontro de Harry com Umbridge. Ela mandou-o para professora McGonagall, que ralhou com Harry e pediu que ele controlasse seu temperamento. Mordi meus lábios com toda a força que tinha e disse, “Sim, professora”, senti o gosto de sangue.

“Sexta à noite, 5:30”

Meu coração afundou. Isso era meia hora depois dos testes para o time de Quadriboll começarem. Eu não poderia me apresentar. Como eu odiava aquela mulher! Como eu odiava aquele monstro horrível!

Bati em sua porta na sexta, alguns minutos antes das 5:30. Ela abriu a porta e vi Harry sentado lá, escrevendo e lançando olhares pela janela. Ouvi o som de Angelina ordenando os que estavam tentando entrar pro time. Ela saiu do quarto rapidamente e fechou a porta às suas costas.

“Obrigada por ter chego mais cedo, senhorita Weasley”, ela disse. Aguardou por uma resposta, mas quando ficou claro que eu não a daria, continuou, “Sinto muito que tenhamos tido um começo tão ruim. Quero que sabia que quero ser sua amiga...”

Senti-me enojada.

“... mas”, ela deu uma pausa para efeito, “se continuar a espalhas as mentiras do senhor Potter, serei forçada a tomar medidas drásticas”

Encarei-a.

“Permita-me explicar”, sua boca se curvou em um sorriso sádico, “Não interromperá minha aula daquela maneira novamente, ou terei que espalhar algumas informações que você não gostaria de ter reveladas aos seus colegas”

O que era aquilo? Que informação ela teria que poderia me manter calada em sua aula? Ri por dentro e convidei-a a dar o primeiro passo.

“No seu primeiro ano em Hogwarts, houveram muitos... acidentes. A pessoa culpada foi completamente perdoada”, seus olhos se cerraram para mim, ao pronunciar ‘pessoa’.

Meus olhos se arregalaram. Ela sabia que eu tinha aberto a Câmara? Como ela...? Não tinha como...

“Seria uma pena se essa informação se tornasse pública”

As lágrimas estavam aparecendo. Podia senti-las enchendo meus olhos. Quem tinha...? E então me ocorreu. Percy. Minha família, incluindo Percy, sabia do ocorrido. Não sabia se Percy tinha informado Umbridge propositalmente, mas não havia outro modo para ela ter descoberto. Negando-me a chorar na frente dela, encarei-a com raiva.

“Tendo em vista que já tenho um aluno em detenção, você acompanhará Filch esta noite e polirá todos os pedaços de armaduras no primeiro andar. Não usará mágica e não me importo com o tempo que isso leve”, Umbridge parecia satisfeita consigo mesma, “Está dispensada”

Sai andando e, quando finalmente ouvi a porta fechar, chorei.

Na manhã seguinte, sentei com Hermione em seu quarto depois do café da manhã. Ela estava fazendo a lição de casa. Decidi informá-la do que acontecera na noite anterior. Quando contei, ela berrou, horrorizada.

“Aquela vaca!”, ela murmurou, fechando o livro que estava lendo, “Como ela descobriu?”

“Deve ter sido Percy”, eu disse, e ela ofegou novamente, “Por mais idiota que ele seja, não acho que ele me faria tanto mal propositalmente”

“Você deveria falar com Dumbledore”, sugeriu.

“Não. Ele já tem muito com o que se preocupar. Vou só ficar em silêncio de agora em diante”

Ela me encarou, questionando minha habilidade de sentar em silêncio enquanto mentiras eram espalhadas. Ela brincou com a pena em sua mão, “Ela é um mulher estúpida”

“Sim”, concordei, “Deveríamos fazer algo sobre ela”, esperei que ela me recriminasse e explicasse que não podíamos fazer nada contra um professor, mas ficou sentada em silêncio, “No que está pensando, Hermione?”

“Estava pensando que você está certa”

O quê? A Monitora pensou que eu estivesse certa? Hermione me impressionou, “O que quer dizer?”, perguntei.

“Não sei ainda”, Hermione murmurou, “Acho que precisamos aprender sozinhos, pelas costas da Umbridge... Eu só... tenho que me preparar parra esse tipo de rebelião”

“Você poderia nos ensinar, também!”

“Na verdade, pensei que Harry poderia fazê-lo”

Estava orgulhosa de Hermione. Estava se mostrando realmente corajosa. Pode ter demorado um pouco para aceitar o que precisava ser feito, mas sabia que ela chegaria lá, “Onde está o Harry?”, perguntei à Hermione e ela me lançou um olhar acusador. Ergui minhas mãos em defesa, “Só quero saber como os testes para o time foram”

“Acho que ele está escrevendo uma carta para Sirius”, respondeu, “Esqueci que você chegou tão tarde na noite passada”, Hermione listou o nome do time e seus olhos brilharam em orgulho ao mencionar o nome do meu irmão.

“Rony é o goleiro?”, questionei.

“Ele precisa treinar”, Hermione respondeu, mas para seus olhos, ele era perfeito. Ela abriu seu livro e voltou a ler.

Aceitei isso como a minha deixa para sair. Queria achar Miguel e passar o dia com ele. Caminhei pelos corredores para encontrar meu namorado e vi uma corvinal choramingando, saindo do banheiro feminino.


- Parte IX -


Cho ergueu os olhos de seu lenço e me viu encarando-a, “Oi, Gina”, cumprimentou-me, fungando, “Miguel está procurando por você. Acho que ele foi lá fora ver se você está nos jardins”

“Valeu, Cho”, eu disse, “Como foi sua primeira semana de volta?”

“Difícil”, ela admitiu, “Sinto muita falta dele”

Suspirei internamente. Eu estava para aconselhar e conversar com minha rival, hehem, desculpe, minha antiga rival. Ela não era mais minha competidora. Ela era a garota que podia fazer Harry sentir anseios por dentro e fazê-lo sorrir. Se ela era o que Harry estava procurando, eu não me faria de obstáculo.

“Sabe, Cho, acho que Harry está lá no corujal. Você pode alcançá-lo”, dise com facilidade. Sem sentimentos maldosos, notei.

Ela deu um meio sorriso, “Mas...”, fungou, e limpou seu nariz com o lenço, “Não tenho um motivo para ir lá em cima”

Como se gostar do rapaz não fosse motivo o suficiente? “Bem, se é isso que te preocupa”, eu disse, “Acho que o aniversário da sua mãe é hoje”

Cho encarou-me curiosamente e, depois de um segundo ou dois, entendeu o que eu quis dizer. Ela me agradeceu, me abraçou e deixou minha companhia.

Aquele foi o começo da minha improvável amizade com Cho Chang. Nunca pensei muito na garota, mas ela era um ser humano com sentimentos, também. Ela tinha perdido o namorado e eu não tinha coragem de direcionar sentimentos negativos em sua direção. Além disso, eu tinha desencanado do Harry e tinha meu próprio namorado para ser feliz com, certo?

Falando em namorados... “Aí você está, Gina!”

Encontrei-me nos braços de Miguel Corner. Sorri para ele, afetuosamente, e permiti me perder em seus olhos. Ele era lindo, notei novamente, “Estava procurando por você”, contei.

“Como foi a detenção?”, ele perguntou.

Não podia contar a ele com o que Umbridge me ameaçou. Quando lhe disse do polimento de armaduras, ele retrucou, “Não parece tão ruim”

Dei de ombros, “Odeio-a de coração, Miguel”, meus olhos brilharam quando lembrei da proposta de Hermione, “Hermione e eu estávamos conversando em praticar Defesa Contra a Arte das Trevas por nós mesmos. O que acha?”

“Aposto como ela quer passar nos N.O.M.s também”

Bati em seu braço, de brincadeira, mas ele não pareceu ter gostado, “Não é assim”, eu disse, “Mas se você não está interessado, acho que terei que praticar sozinha”

Miguel franziu o cenho, “Vamos passar o dia juntos e não falar em nada relacionado com a Umbridge”, pegou-me pela mão e segui-o para fora, um pouco perturbada pelo garoto não estar tão animado quanto eu com a idéia.

Apesar do meu aborrecimento, Miguel e eu tivemos um dia prazeroso, beijando, aprendendo mais um sobre o outro, e quando ele me acompanhou até o retrato, a Mulher Gorda bocejou, “Ele é uma coisinha linda”, sussurrou, enquanto eu passava.

Eu sabia que ele era, mas mesmo depois daquele dia maravilhoso com Miguel, só havia uma coisa em minha mente, e não era no Harry... era em Umbridge...

“Algo precisa ser feito... e rápido”

Continua...


N/A: Uma vez mais, Gina reage à Umbridge de maneira muito similar à de Harry. Alguns podem achar que eu fiz Gina muito parecida com Harry, mas eu duvido que Gina fosse capaz de ficar sentada em silêncio, enquanto:
a) Mentiras estavam sendo contadas sobre Voldemort quando ela mesma tinha tido uma experiência horrível com ele;
b) Umbridge estava chamando Harry de mentiroso;
Baseando-me nas experiências dela, e em seu temperamento, acho que criei um retrato apurado da nossa Weasley Caçula.

N/T: De todo esse capítulo, o que eu mais adorei foi a relação Gina/Cho no final deste capítulo.
Acho que esse pedaço, em particular, mostrou um amadurecimento incalculável da parte de Gina. Ela concede à Cho as informações e possibilita um encontro de teor romântico entre os dois.
O que é fantástico.
Gina está crescendo, mas Miguel começa a mostrar como realmente é – o que me deixa um pouco chateada, porque eu gostava bastante dele! XD
Os comentários:

Daiana Braga Pereira: O Miguel está mostrando um pouco mais de si nesse capítulo... Espero que tenha gostado! ;D
Penny Lane: Que motivos maiores? Haiuhauiah Mas tudo bem!! Seu nick novo é legal! Ahh, o Miguel é legal, mas não chega nem aos pés do Harry! ;D Gostou?
Janaina Potter: A Gina tá muito bem desenvolvida nessa fic, aplaudo o Justin de pé por isso! :D O que achou deste capítulo?
Lola Potter: Aqui está o novo capítulo! Com Miguel e tudo! ;D O que está achando? Aos poucos, o Harry vai começar a aparecer mais e mais! :D

Estou muito satisfeita com os comentários!
É isso, gente!
Muito obrigada!
Gii

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