≈. Srta. Hartwell
O ano letivo em Hogwarts havia começado há muito tempo.
Um pouco antes da primeira aula depois das férias a professora McGonagall entrou na sala do sexto ano da Grifinória, fazendo cessar o burburinho de conversa dos alunos.
- Bom dia e bom regresso - os olhares dos alunos se voltaram com atenção para ela. - Hoje temos uma aluna nova. Por favor, sejam especialmente gentis com essa garota.
A classe toda boquiabriu-se. Como assim, uma aluna nova entrar no sexto ano e no início do segundo semestre? Alguns alunos cochichavam uns para os outros, espantados.
- Por quê, professora McGonagall? - peguntou Parvati.
- A menina nova - respondeu ela. - É diferente de vocês.
- Como assim? - rebateu Lilá.
- Isto, vocês mesmos vão descobrir. Ela vem de outro país - disse a professora.
- Mas de onde?
- Ela mesma vai-lhes contar - com essas palavras, a professora McGonagall saiu da sala, deixando para trás uma turma de alunos intrigados.
Aí ela entrou na sala. Tímida, envergonhada. Correu os olhos pela turma, aparentemente nervosa. Alumas garotas a olhavam desconfiadas e os garotos, hipnotizados.
A garota tinha belos olhos azul-vivo , meio escondidos na franja loira do cabelo curtinho. Não parecia ter mais de 15 anos, havia nela uma aura meio que angelical. Hermione ergueu as sobrancelhas mas nada disse.
Parvati e Lilá foram as primeiras a se levantarem, seguidas por um tumulto que cercou a garota.
- Então você é a novata! - comentou uma garota morena. - Qual é o seu nome? - ao mesmo tempo várias pessoas perguntaram: " - Quantos anos você tem? Em que escola esteve antes? Por quê apareceu assim, no meio do ano? "
Ela tentou responder, hesitante:
- Meu nome é Amanda Hartwell... - começou ela, corada, em meio à confusão de estudantes curiosos.
- Ei, deixem pelo menos a garota respirar! - gritou Harry, rindo. Ele, Rony e Hermione eram os poucos que não haviam se levantado. Hermione e algumas garotas se entreolharam,aturdidas.
- Cuidado com essa bonequinha de porcelana! - gritou Hermione da segunda fileira. - Ela tá tão nervosa que vai acabar infartando! - vários alunos riram.
Hermione se calou. Amanda se virou, encarando-a com seu olhos azuis semicerrados, como se fosse gritar com ela, mas apenas deu seu melhor olhar de desprezo, dando as costas à multidão que a cercava e indo se sentar na última fileira.
- Deixem essa enjoadinha aí. - murmurou Parvati para Lilá. - Que fique sozinha.
O tumulto se dissipou tão rapidamente como começou. Snape entrou na sala, fazendo os alunos ficarem em silêncio instantaneamente só com sua presença.
- Livro, página setenta e um, Patronos - disse, sem nenhuma menção de boas-vindas na voz.
Alguns alunos sorriram. Já haviam aprendido a conjurar Patronos na AD.
- Será que alguém pode me dizer a função de um Patrono? - perguntou Snape.
Hermione foi a primeira a levantar a mão, como sempre. Snape revirou os olhos para o teto, como se pedisse paciência. Quando tornou a olhar para os alunos, havia mais uma mão erguida, um pouco além da segunda fileira.
- Er...Srta?
- Hartwell, professor - ela disse com voz doce, mas audível. Ouviu-se um ruído de cadeiras arranhando o chão, em seguida todos os alunos do sexto ano se virarm para trás ao mesmo tempo, perplexos.
Snape caminhou lentamente até ela, com o olhar penetrante capaz de paralisar qualquer um, porém Amanda não desviou o olhar dele.
- Diga, srta. Hartwell - falou Snape, ao para a menos de um metro dela.
- Patronos podem ser usados como escudo contra Dementadores ou podem ser usados também como mensageiros - ela respondeu calmamente.
- Correto - disse Snape sem emoção, voltando-se para a frente da sala mal iluminada.
Alguns alunos tinham o olhar de censura para Amanda, mas ela parecia nem notar sequer a presença deles. Ela apenas deu um sorriso falsamente simpático a uma Hermione ligeiramente atordoada, e sabia muito bem que a resposta que dera era a mesma que a outra planejava dizer, em seguida voltando a atenção para o seu livro.
- É, parece que Hermione ganhou uma rival - cochichou Rony para Harry, não escondendo o riso ao ver a expressão de raiva dela.
Muitas aulas se passaram sem que o mesmo incidente acontecesse. Hermione voltara aser a "sabe-tudo" do sexto ano e Amanda agia como se nada tivesse acontecido entre elas. Ninguém sabia nada a respeito dela, e ninguém queria saber mais nada mesmo. Só alguns garotos se ofereciam para ajudá-la em algumas situações, sempre cochichando uns para os outros sobre a beleza impressionante da garota. De fato, a única amizade que ela tinha era Rony Weasley, que fazia par com ela nas aulas, para o ciúme de Lilá.
Ela andava sozinha, não tinha amigas, também não parecia se importar. Era bem simpática com as pessoas em geral, desde que no geral não se enquadrasse Hermione, a quem não gostava desde que chegara na escola, por isso se ignoravam totalmente.
Durante o tempo de folga á tarde, muitos alunos se reuiniam na biblioteca, para saber das últimas fofocas ou estudar. Amanda lia um livro entitulado Feitiços para Todas as Ocasiões (ela não era muito boa em feitiços) perto da janela. As risadinhas alegres de duas garotas tirou-lhe a concentração.
Gina estava recostada em uma estante, abafando o riso cada vez que olhava para a amiga Mia Dawson, que Amanda conhecia de vista. Mia apesar de estar no sexto ano da Lufa-Lufa era tida como infantil e criadora de casos pelos professores. Tinha um jeito de marota e não parecia mais velha que Gina.
Mia estava atrás de Madame Pince, imitando cada gesto da bruxa com extremo exagero. Cada vez que Pince colocava um livro na estante, Mia fazia o mesmo, fingindo empurrar o livro com muita força enquanto fazia caretas. Dessa vez Gina riu tão alto que Pince se virou, dando de cara com Mia. A garota não se deu por achada. Encarou Pince com seriedade e continuou a brincadeira na cara-de-pau, sem se perturbar, carregando livros invisíveis.
- Deixe-se de tolices, srta. Dawson! - sussurrou irritada Madame Pince.
- Mas eu não estou fazendo nada! - disse ela, agitando os braços.
- Você está agindo sem modos, mocinha! Absolutamente sem modos!
- Tá, né. Se a senhora acha... - Mia deu de ombros e caminhou para a estante.
Pince a seguiu com os olhos, desconfiada, depois voltou-se para os livros. Gina não se aguentava mais.
- Você viu? - Mia comentou baixinho, dando uma gostosa risada. - Pince deu sua própria definição: "Sem modos, absolutamente sem modos!" - ela debochou, imitando a voz de Madame Pince. - Ela devia deixar de ser tão rabugenta! Mas comigo aqui ela vai se acalmar... um dia ela vai encontrar uma barata no suco... E você não vai nem saber quem colocou! - Mia passsou a língua nos lábios. - Nunca mais ela vai dar queixa de mim...
Mia correu os olhos pela biblioteca, sorrindo para algumas meninas do terceiro ano que tinhaam achado graça da cena. Os olhos castanhos-esverdeados dela se fixaram na garota que sorria encostada na janela, a única que ela não conhecia.
- Ei, loira! Porque tá parada aí? Aposto que você pode imitar a Pince bem melhor do que eu! - ela piscou para Amanda. - Experimente!
Amanda corou ligeiramente, fazendo um sinal negativo com a cabeça e um tímido sorriso. Mia lançou-lhe um olhar desapontado.
Talvez ela devesse ter experimentado, mas ela não podia, e depois, já via turma passando adiante, rodeando Mia, essa garota engraçada que era tão popular.
Amanda largou o livro com raiva em cima da mesa e foi se juntar aos outros alunos para voltar às salas comunais.
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