DESPEDIDAS E VERDADES
CAPITULO 1 – Despedidas e Verdades
A tempestade piorava mais a cada minuto, junto a neblina, não se via nada nitidamente em Londres, quanto uma relâmpago cortou os céus, foi possível ver um vulto correndo pelas ruas escuras e alagadas, segurando um embrulho fortemente contra o peito. Após algum tempo correndo o cansaço já era visível, a pessoa olhou para os lados e recomeçou a correr, diminuiu os passos somente quando já era possível ver perfeitamente um prédio antigo com um letreiro de entrada, um orfanato trouxa, parou em frente a porta, depositou cuidadosamente o embrulho no chão, retirou de seu pescoço uma corrente de prata com um medalhão e colocou em cima da “trouxa de roupa”. Passaram-se alguns minutos, o vulto abaixou o capuz da capa revelando sua beleza, uma lágrima rolou de seus olhos azuis descendo pelas maçãs do rosto se perdendo nos lábios rosados, baixou-se e beijou a testa de sua filha que dormia tranqüilamente.
- Elle, minha filhinha, eu te amo muito por isso vamos ficar separadas por um tempo.. ok?- sussurrou para a menina - eu irei lhe proteger sempre meu anjo...
Levantou-se devagar, tocou a campainha do orfanato e sumiu num estalo.
10 anos depois...
- Gabrielle, vamos levante-se.. o café esta na mesa dorminhoca!- retrucou do pé da escada uma senhora de uns 40 anos, olhos e cabelos castanhos, pele clara, e estatura mediana.. – se você não se levantar agora eu irei lhe acordar com um balde de água fria, ouviu bem?!!!
Do ultimo quarto do corredor, a porta foi escancarada por uma menina de 10 anos muito sonolenta. Esta tinha cabelo liso e negro, pele clara e olhos de um azul muito claro. Vinte minutos depois, já estava na cozinha com sua mãe, que lhe dava um sermão daqueles.
- Aposto que ficou acordada até tarde desenhando.. você tem que parar de desenhar tão tarde assim Gabi, senão você pode Ter que usar óculos!! – monologava Marina Smith.
- Mãe.. fala sério! – interrompeu a garota com a sobrancelha erguida – e eu nem estava desenhando.. para falar a verdade eu nem consegui dormi direito.. – falou a ultima frase num tom mais baixo.
- O que houve, filha?
- É que desde que nós nos mudamos para cá eu tenho tido sonhos estranhos..
- Que tipos de sonhos Gabi? Quer pão com chocolate(nutella)?
- Quero. Nos sonhos eu sempre vejo uma mulher de capuz, que me beija na testa e fala que vai me proteger sempre.. no começo eu pensei que era a senhora.. mas os olhos dela eram iguais aos meus e.. – ela é interrompida pelo barulho de um talher que caiu da mão de sua mãe, que estava pálida- mãe, você está bem?
- Ah.. G-Gabi, me perdoe.. me perdoe.. – sussurrava ela abraçando a filha- eu.. eu.. – Marina achou que esse dia nunca chegaria, amava muito sua filha, não queria perde-la, mas também não poderia guardar esse segredo para sempre – Gabi, saiba que eu te amo muito, viu filha?
- Eu também te amo mãe.. – falou com a voz esganiçada pelo choro que não queira que saísse. Estava preocupada, nunca vira sua mãe desse jeito – o que houve mãe?
- venha aqui comigo.. – falou puxando a filha escada acima, entraram na suíte da mãe (o pai havia falecido há 2 anos), a menina sentou na cama, enquanto a mãe abria o guarda-roupa e tirava uma caixa media azul escuro- quero que saiba que não lhe contei isso antes porque não achava que estava preparada para lhe contar tudo..
- Mãe, ta tudo bem.. não precisa me fala se não quiser..
- isto.. – falava a mãe enquanto tirava da caixa uma manta cinza meio gasta – veio com você..
- Hein? Como assim veio comigo, mãe? – perguntou confusa.
- Há 10 anos atrás, eu e John, perdemos nosso filho.. e então resolvemos adotar.. – a mãe falava pausadamente por causa das lágrimas que não paravam de cair – perto da nossa casa havia um orfanato..
- Eu lembro desse orfanato, eu sempre ia lá brincar com a Stella.. –interrompeu – mas por que está me contando isso mãe? Eu.. eu fui adotada?
- S-sim.. logo que lhe vi, eu.. eu.. ,o que quero lhe dizer é que te amo sendo ou não minha filha de sangue..
- Quem é minha.. minha.. outra mãe? – a menina não segurava mais as lágrimas que corriam livres pelos seu rosto.
- eu não sei Gabi.. tudo que ela deixou lá, está nessa caixa.. – respondeu ela estendendo a caixa para a filha – que é sua.
Gabrielle pegou a caixa e foi para o seu quarto depois de abraçar a mãe. Fechou a porta, e começou a ver o que tinha na caixa. Tirou a manta cinza, uma roupinha de bebê branca e um par de sapatinho, desapontada por não Ter mas nada ali dentro ela joga a caixa no chão e vai ao banheiro lavar o rosto, mas quando dá o primeiro passo pisa em algo duro, se abaixa e pega uma corrente de prata com um medalhão que tinha gravado na frente um brasão, vira procurando algo mais e encontra escrito “Sempre te amarei. S.B.”, dá um pequeno sorriso.
- Será que era do meu pai? Porque não é tão delicado assim para ser da minha .. – falava baixinho para si mesma.
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Após aquele dia, Gabrielle nunca mais tirou a corrente do pescoço, estava perto de começar as aulas(estão em Janeiro, e no Brasil as aulas começavam em Fevereiro) então ela e sua mãe iriam lhe matricular na escola que tinha perto de casa, quando tudo começou..
- Gabi, você já está pronta? – pergunta da cozinha.
- To quase mãe! – ela responde do banheiro, onde escovava os dentes, após escova-los vai até o quarto procurar suas havaianas – Droga, onde eu coloquei essa... aahhh! – grita de frustração, procura debaixo da cama, dentro do guarda roupa, e nada quando ia ver debaixo da cômoda se assusta com uma batida na janela – Mas que me..! – não pode completar a frase pois do lado de fora da janela havia uma coruja parda bicando o vidro. Assustada e curiosa, ela aproxima-se da janela e abre-a, o animal sobrevoa o quarto e pousa sobre a escrivaninha – uoouu! Isso vai para o livro das esquisitices desse lugar...
- Filha porque você esta demo.. – falava até ver o que a menina encarava- o que uma coruja está fazendo no seu quarto Gabi? – pergunta receosa pela resposta, ela conhecia muito bem as “idéias” da filha
- eu.. eu não sei.. estava procurando.. ai ela entrou e.. – falava a pequena atropelando as palavras, até que notou algo na pata a ave – por que ela tem uma carta na pata? – pergunta enquanto se aproxima do animal.
- Não chegue perto disso Gabrielle Smith, senão.. – mas parou de espanto ao notar que a ave estendia a patinha para Gabi pegar a carta.
Pegou a carta e leu o que tinha escrito no envelope:
ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA ALVES
Diretor: Fernando da Silva
Prezada Sra. Smith
Temos o prazer de informar que V.As. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria Alves. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.
O ano letivo começa em 20 de fevereiro. Aguardamos sua coruja até 15 de fevereiro, no mais tardar.
Atenciosamente,
Maria Teresa Martins
Diretora Substituta
- Que brincadeira é essa mãe? – pergunta desconfiada e com um sorriso debochado – não acredito que a senhora fez isso.. só para TENTAR me assustar..
- Eu não fiz isso, oras.. – respondeu incrédula e irritada, saindo do quarto.
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