Só Mais 3 Meses - Parte I
A reação de Hermione ao saber que Rony não passaria apenas duas semanas em Paris foi muito pior do que Harry imaginou. Ele ensaiou bem a conversa que teria com ela, falaria do curso que o amigo faria na França e depois iria explicar que tudo não passava de um mal entendido.
Mas não teve tempo de explicar nada depois da notícia, pois a jovem sentiu-se mal e reclamou de uma dor aguda no baixo-ventre, que a deixou internada no St. Mungus por uma semana em observação.
Era um princípio de aborto e o dr. Erick foi bem claro quando saiu do quarto ocupado pela morena: nada de aborrecimentos nem emoções fortes de qualquer natureza.
Harry e Gina se sentiram de pés e mãos atados e optaram por esperar a recuperação total de Hermione para poder lhe contar a verdade sobre o marido.
Quando voltou à casa dos pais, Hermione decidiu fazer terapia. Precisava aprender a lidar com a gravidez sozinha e com tudo que a vida de “mãe solteira” iria lhe impor. E fazia parte do tratamento que ela sublimasse a mágoa que sentia do marido.
Apesar de estar sofrendo muito, foi aos poucos transformando o sentimento ruim em uma espécie de dor resignada. Seu semblante ficava cada vez mais triste e eram raras as ocasiões em que ela sorria.
Não descuidou da gravidez hora nenhuma. Alimentava-se bem, tomava todas as poções indicadas pelo médico, fazia os repousos recomendados e os exercícios de respiração e alongamento.
Continuava a freqüentar a Toca, embora aparecesse apenas aos domingos e ficasse menos de uma hora. Quem a encontrava mais era Gina, que a esperava na saída do trabalho para fazerem compras para as crianças.
Elas ainda não sabiam o sexo dos bebês, e por isso tratavam de escolher as peças mais neutras que encontravam. Os passeios eram sempre divertidos e Hermione se mostrava uma companhia bastante atenciosa e bem disposta, apesar de ainda não se sentir totalmente bem.
O cansaço excessivo e a sonolência dos primeiros meses, mais a ameaça de aborto espontâneo fizeram Hermione pedir afastamento do cargo de chefe do Departamento. E foi com muito alívio que ela viu sua petição ser atendida pelo Ministro.
Voltou a ser apenas mais uma funcionária, com a devida redução no salário, mas estava tranqüila quanto à sua saúde. As outras duas bruxas que dividiam a sala com ela receberam-na de volta com carinho e se mostravam bastante preocupadas com sua saúde.
O terceiro mês chegou trazendo um presente para os amigos e parentes: Hermione deixou a tristeza e a melancolia de lado. Seu rosto trazia uma expressão calma, resignada e até mesmo feliz.
Os sobrinhos e o afilhado ficavam lhe rodeando o tempo todo e por mais que a Srª Weasley ralhasse com eles para deixá-la em paz, ela não se chateava.
- Não se preocupe, vovó – dizia ela para a sogra, usando a nova forma de tratamento que vinha lhe dispensando nos últimos dias – Nós vamos ler uma estória e depois vamos comer um belo sorvete de chocolate com calda de caramelo.
As crianças davam vivas e corriam para a sala, jogando-se no chão sobre as almofadas macias da Toca à espera da estória que a Tia Mione leria daquela vez.
- Gina nunca teve essa paciência – Harry comentou com Gui, observando a esposa ficar ainda mais irritada com o passar dos meses. – Parece que todos os hormônios dela são guerreiros, sempre prontos para a próxima batalha.
Gui riu divertido com o comentário e respondeu:
- Acho que da nossa família, só o Rony teve sorte. A Fleur também foi difícil. Nunca, Harry, escute bem o que eu estou falando, nunca irrite uma veela grávida.
Eles continuaram vendo Hermione ler o livro Contos Maravilhosos do Bruxo Bertoldo, com James sentado sobre sua perna direita e o resto das crianças, Teddy, Victoire e Fred ouvindo cada palavra com total atenção.
Os momentos de leitura aconteciam todo domingo, após o almoço, de modo que as mulheres podiam ter um tempo de sossego para arrumar a cozinha e a bagunça da casa. Mas ninguém, nem mesmo a Srª Weasley, gostava de perder a leitura.
A vida foi seguindo tranqüila, com Hermione freqüentando assiduamente as consultas com o dr. Erick e tratando de paparicar o afilhado do melhor jeito possível.
Sua cabeceira ficou lotada de livros sobre gravidez, tanto trouxas quanto bruxos, e ela colocava em prática tudo que aprendia.
- Estou dizendo, Gina. James precisa de toda atenção do mundo para não ficar com ciúmes do irmão e do primo.
- Isso é bobagem, Mione! Na minha casa somos em sete irmãos e minha mãe nunca teve tempo de paparicar ninguém todas as vezes que ficou grávida.
- Bom, isso é verdade, mas de todo modo, agradar o James não vai ser nenhum sacrifício para mim.
E entre as compras daquela tarde ela incluiu no seu carrinho uma bela vassoura de criança, apesar de saber que o afilhado mal aprendera a andar.
- Harry vai adorar isso! – comentou Gina enquanto tomavam um chá, já na cozinha da casa da ruiva.
- Eu não entendo como ele não comprou uma vassoura para o James ainda. Pensei que seria a primeira coisa que compraria.
- Também não entendi. Só sei que a primeira coisa que ele comprou quando eu disse que estava grávida pela primeira vez foi um álbum de fotos.
E foi com essa revelação que Hermione sorriu, de verdade, desde que saiu do consultório do Dr. Erick. E com o sorriso nos lábios, ela explicou para Gina que o presente que Harry mais havia gostado de ganhar foi um álbum com as fotos dos pais, entregue a ele por Hagrid.
- É uma idéia interessante – comentou por fim.
- O que é uma idéia interessante? Comprar um álbum pro seu filho? – perguntou a ruiva enquanto tirava uma fornada de bolinhos de baunilha com gotas de chocolate e servia ainda quentes para a cunhada.
- Vou fazer isso, um álbum de fotos. Não, melhor, vou fazer um diário. Colar todos os exames, receitas, as fotos que tirei desde que soube que estava grávida...
- Você tirou fotos suas? – perguntou Gina interrompendo Hermione.
- Sim, todas as semanas. Domingo de manhã eu me levanto, tomo banho e tiro uma fotografia. É foto trouxa mesmo, seria complicado revelar um filme bruxo. Você sabe que a substância utilizada é tóxica, né?
- Sim,já ouvi falar. De qualquer maneira, eu vou querer ver essas fotos – comentou a ruiva.
Hermione tirou um envelope grande de dentro da bolsa e mostrou para a amiga todas as mudanças que notou ao longo dos quatro meses. A barriga que começava a despontar, formando uma bolinha discreta sob a camiseta, os seios que aumentaram desproporcionalmente, a curvatura da coluna que mudava para dar mais sustentação ao peso que se avolumava na barriga.
- Que legal isso, Mione. Eu nunca reparei em todas as mudanças assim, passo a passo, sabe? Fui levando a gravidez sem me preocupar com isso.
O olhar de Hermione ganhou um brilho diferente ao ouvir a cunhada falando. Só então é que Gina entendeu o motivo de todas aquelas fotos.
- Você não está fazendo isso por você, não é?
Ela respondeu com um aceno de cabeça e emendou:
- Será que eu sou completamente idiota por achar que a gente ainda tem alguma chance de ser uma família?
- Não, Mione. Você não é uma idiota. Eu também acredito nisso! – ajuntou Gina, levantando-se e dando um abraço na cunhada.
Hermione se despediu da cunhada e foi para casa descansar. No caminho, parou numa papelaria trouxa e comprou um belo álbum de capa laranja, decorado com leões de origami. As páginas do álbum eram cor de vinho e ela imaginou que nada poderia ser mais perfeito. Mais grifinório. Como ela, como Rony e certamente como o filho que teriam.
Chegou em casa e desatou a escrever nas páginas escuras com uma tinta dourada. Colava as fotos, as receitas do Dr. Erick e ao lado de tudo escrevia algum comentário sobre o que sentiu na hora ou depois.
Quando terminou o álbum e se certificou que teria filme na máquina fotográfica para a foto da próxima semana, sentiu uma coisa estranha. Sua barriga, já bem visível, formou um calombo no lado esquerdo e ela se sentou, assustada, gritando pela mãe.
A Srª Granger entrou correndo no quarto e encontrou a filha rindo, meio descontrolada. A mão na barriga e o olhar encantado explicaram tudo para a mulher, que veio se sentar ao lado da filha e levou a mão ao mesmo lugar que Hermione tocava.
- Já chutou? – perguntou a Srª Granger, com olhar de avó orgulhosa.
- Já, e isso é tão bom! – respondeu emocionada, as lágrimas escorrendo pelas bochechas coradas.
- Agora você tem certeza que vai ser mãe, não é? Foi assim com você também. Eu não acreditei até você se manifestar aqui dentro de mim.
Hermione deitou a cabeça no colo da mãe e ficou ouvindo as histórias que ela contava sobre a gravidez. Riu divertida quando soube que o primeiro chute foi dado dentro de uma livraria.
- Acho que você queria sair logo para ler todos aqueles livros – riu-se a Srª Granger. – Agora é melhor você descansar. Tome um banho e vá se deitar porque amanhã você tem que se levantar cedo para trabalhar.
A jovem concordou e quando foi se deitar, ainda com os cabelos molhados, não custou a adormecer. Teve um sonho tranqüilo, em que ela, Rony e o neném passeavam por Hogsmeade. O ruivo empurrava o carrinho que estava coberto com uma manta cor-de-rosa.
Ela acordou particularmente bem na manhã seguinte. O sonho foi como um bálsamo, e ela foi para o serviço sem preocupações. No final da tarde teria uma consulta com o obstetra. Ele tentaria ver o sexo do bebê, embora Hermione pensasse não ser mais preciso.
Ria de si mesma, tão incrédula na adolescência em relação às artes divinatórias, agora acreditava num sonho. Na verdade o que ela esperava é que se realmente tivesse adivinhado o sexo do bebê, aquele sonho seria a prova de que tudo ficaria bem entre Rony e ela.
Às 17 horas, seguiu com Gina para o consultório médico. A ruiva havia passado pelo mesmo procedimento no mês anterior e sabia, desde então, que esperava outro menino.
- Albus Severus, Hermione. Você acredita? Albus Severus! Não que ambos não tenham sido grandes bruxos, mas pelas calças de Merlim, o Harry quer que o filho dele seja o alvo das piadinhas quando for para Hogwarts!
- Ah, não é para tanto, Gina – respondeu Hermione ansiosa, vigiando a porta do consultório. – Os dois nomes já estão no livro História Revisada da Magia, que foi adotado em Hogwarts a partir deste ano. Quando os meninos entrarem na escola, os nomes vão ser muito conhecidos e famosos.
- Tudo bem, mas ele tinha que colocar os dois nomes juntos? – choramingou a ruiva. – O James é James Sirius Potter. Agora Albus Severus Potter. Se tivermos uma filha ele vai colocar o que na coitada? Minerva Lílian? Lílian Molly?
Hermione riu do desespero da cunhada. Realmente Harry não tinha um bom gosto para nomes. Mas ela daria um jeito de conseguir um apelido legal para o sobrinho assim que ele nascesse.
Depois do que pareceu uma eternidade, a porta do consultório se abriu e chegou a vez de Hermione confirmar o seu “destino”. Sim, destino, porque era essa sensação que ela trazia dentro de si. E foi exatamente o que ela escreveu naquela manhã, no álbum laranja.
Entrou na sala, acompanhada da cunhada e, após os cumprimentos de praxe, foi para a maca. O obstetra chegou com o pêndulo de cristal e o posicionou sobre a barriga da moça, da mesma forma como havia feito na primeira consulta.
A pedra começou a mudar sua tonalidade e a girar, ficando novamente muito roxa. Hermione chegou a temer que não fosse possível ainda indicar se ela teria um menino ou uma menina, mas logos seus temores passaram. As cores que formavam o tom arroxeado do cristal começaram a se separar. O azul foi ficando cada vez mais claro até que só sobrou um pêndulo que irradiava uma luz vermelha intensa.
- Oras, vejam só, teremos uma menina em breve! – disse o sempre animado Dr. Erick.
Gina sorriu com uma felicidade genuína, pontuada de uma inveja saudável. Quase toda mulher sonha em ter uma filha e a ruiva em breve teria dois meninos.
Hermione olhava fascinada aquela luz a avermelhar-lhe as feições e sorriu, o peito estufado de orgulho, amor e esperança.
Pensava que Rony não resistiria ao encanto de uma ruivinha de cabelos fofos correndo pela casa. Sem saber que era em algo bastante parecido com isso que ele estava pensando naquele exato momento.
Comentários (1)
Awwwww *-* tô apaixonada pela fic....Nossa que lindo *-*
2011-11-23