Porcelaine



- Claro que este novo sistema é muito melhor! As decisões e, melhor ainda, as responsabilidades são equilibradas! – disse Harry Potter, numa discussão a mesa.
- Mas em compensação, nunca tem uma decisão definitiva. Prefiro nem imaginar as reuniões semanais dos diretores. – Contrapôs Ron Weasley, esticando a mão para o lado, oferecendo-a a Hermione, que segurou em um gesto de carinho.
- Pense, irmãozinho, pense. Hogwarts costumava ser exatamente como um império, um decide e todos obedecem. Agora há equilíbrio. Nenhuma decisão é tomada sem que outros papéis importantes da escola, como os diretores das casas, concordem. – disse Percy.
- É, mas vai que o diretor da Sonserina proponha algo? Como a abolição de trouxas? É só mais um diretor concordar que isso já está quase completamente aprovado.
- Não, não está! Decisões como essas sempre passam pelo Ministério antes. Além do que, Blase Zabini nunca iria propor algo assim. Ele mudou drasticamente depois da Guerra, apesar de ninguém saber por que. Mas ainda sim continua ambicioso! Comentava-se que estava de olho no cargo do diretor antes da medida ser aprovada, sendo tão novo, da mesma idade que vocês, não? – Perguntou Arthur Weasley, o patriarca da família, olhando para Harry, Ron e Hermione, que confirmaram com a cabeça.
- Uma democracia, em outras palavras. – Comentou Ginny – É verdade que os alunos também vão ter um papel? No Profeta dizia que de cada casa será selecionado dois alunos para representarem suas respectivas casas.
- É, isso ainda não está exatamente aprovado. – Esclareceu Harry, que estava com os braços enlaçados em volta da esposa – O Ministério acha que não é correto dar tanta liberdade aos alunos, então estão colocando limites. Acham que os alunos eleitos precisam ter feito seus N.O.M.s, o que eu acho que não interfere nem um pouco. Quero dizer, um aluno não precisa ter feito seu exame de Níveis Ordinários em Magia para ter suas opiniões e saber representar seus colegas.
- Concordo totalmente, Harry! – disse o Sr. Weasley alegremente, como sempre ficava nas discussões familiares sobre assuntos do dia-a-dia – Inclusive em muitas instituições de ensino trouxas dão essa responsabilidade aos alunos desde as primeiras séries. Algo como representantes de turma.
- É, papai, maravilhoso. – finalizou Ginny, desvencilhando-se dos braços do marido e levantando-se – Mas acho melhor irmos. Já está tarde e tenho certeza que Fleur e Gui querem descansar.
Fleur, que estava muito quieta desde o acidente com Victoire, apenas sorriu agradecida a Ginny. No início do casamento com Gui, Fleur não se dava muito bem com Ginny, sempre com indiretas e alfinetadas. Mas depois da Guerra e seu rastro de destruição acabar, as duas tiveram tempo para se conhecerem e apreciarem. Nos dias atuais, eram grandes amigas.
- Certo, vou chamar as crianças. – comentou Hermione, despedindo-se de todos e indo em direção a praia, onde as crianças brincavam na água com Jorge e sua namorada, Paige.
Ginny puxou Fleur a um canto enquanto todos os outros se despediam e trocavam as últimas palavras.
- Eu posso ir lá falar com ela. Aposto como já está mais calma.
- Como quiser Gi, mas acho que não vai adiantar. Ela não ouve ninguém ultimamente.
- Acho que é o modo como falam com ela. Quero dizer, ela é uma adolescente. Ainda me lembro desses meus anos. – respondeu Ginny com convicção, rindo.
Fleur só riu e concordou com a cabeça, vendo Ginny subir as escadas e indo pegar toalhas para as crianças, Jorge e Paige, que esperavam do lado de fora, com os queixos batendo de frio, para não molhar a casa.

Victoire despertou com a batida na porta. Estava tão cansada, tão irritada e com uma dor de cabeça tão forte que, ao se jogar na cama com a carta na mão, adormecera. Com uma voz fraca e sonolenta, disse um “pode entrar” e tentou se arrumar no mínimo tempo que levaria para alguém girar a maçaneta, entrar e dar uma boa olhada no quarto, que por sinal, estava uma bagunça.
- Hey tia Gi.
- Hey Vic – foram as palavras iniciais de Ginny, que entrou e fechou a porta atrás de si, dirigindo-se a cama de Victoire em seguida.
- Posso te ajudar em alguma coisa?
- Bom, pro que eu precisava te ajuda, já não preciso mais. – Ela apontou para a mesinha de estudos, coberta de livros que estavam fechados desde que chegaram ali e com uma bailarina de porcelana – Queria ter certeza que você não tinha quebrado-a. Sabe como é, ouvi lá em baixo o barulho de algo se quebrando e se isso ocorre com freqüência, você poderia ter quebrado o presente que te demos de 16 anos também.
- Ah tia, você sabe que eu nunca quebraria ela. Ela é muito especial.
- Acho bom que seja mesmo. Me rendeu uma discussão com Harry quando comprei-a.
- Jura? Por quê?
- Bom, você sabe que nós compramos ela na Rússia. E a viagem de volta seria um belo transtorno, trazendo algo tão frágil a mão. Aliás, foi.
Victoire riu. Gi era a única das suas tias com quem realmente conversava. Hermione era sempre tão responsável e séria. Penélope raramente aparecia, vivia trabalhando, assim como Percy. Paige era até divertida, mas louca demais. Algumas das atitudes dela eram até idiotas. Carlinhos tinha conhecido uma mulher na Romênia e os dois namoravam firme a anos, apesar de nunca terem realmente casado. Por causa da distância e dos idiomas diferentes, o contato era praticamente nulo.
- Sabe, eu quis verificar se estava inteira assim que eu ouvi o barulho, mas sua mãe me “impediu”.
- Na verdade eu atirei o copo com suco de laranja que tinham deixado na bandeja. – disse a sobrinha envergonhada, indicando a referida bandeja com a cabeça.
- Eu tava falando de você, moça.
Victoire só olhou para a tia e, extremamente grata, deu um abraço nela. Era só isso que queria. Que alguém se preocupasse com ela, mas que principalmente entendesse. E por mais que ela soubesse que sua mãe se preocupava e tentava entendê-la, achava que era diferente. Era sua mãe, sua mãe, pelo amor de Merlim! Queria se libertar, se soltar das assas protetoras de Fleur. Queria poder voar livre pelos céus azuis e sem limites. Se desvencilhou do abraço e olhou pra tia. Queria falar, tentar explicar toda aquela rebeldia e explosão. Mas palavras faltaram. Ficou em silêncio, encarando a ponta do vestido preto sobre o joelho. Ginny, surpresa com a súbita demonstração de afeto, também ficou momentaneamente sem palavras. Olhou para a carta amassada que repousava sobre os lençóis.
- De quem é?
- Do Ted.
- Você já leu?
- Não.
- Vai ler?
- Não sei. Leia você e me diga se vale a pena.
Ginny chegou a pegar a carta e estava pronta para abri-la, mas em vez disso, olhou para a sobrinha preocupadamente e perguntou sem rodeios.
- Vocês terminaram?
- Acho que sim.
- Acha?
- É, ficou bem implícito.
- Quer me dizer o que aconteceu ou eu posso me sujeitar ao GEF?
Victoire pensou um pouco. GEF? Do que diabos ela poderia estar falando? E será que deveria contar a tia realmente o que acontecera? Toda a tempestade em copo d’água que fizera?
- GEF?
- Grupo de Especulação Familiar.
- Aha, então vocês realmente se juntam toda quarta-feira pra discutir o que cada membro da família está passando, né? Sempre soube.
- Agora você tem certeza. Só não diga a sua mãe que eu fui quem te contou.
As duas riram juntas da brincadeira. Estavam, de fato, imaginando Fleur e a Sra. Weasley discutindo os acontecimentos pessoais de todos os membros da família Weasley, o que, naquele momento, eram muitos, rendendo assim boas histórias a serem comentadas.
- Ele foi pro Canadá pra presenciar o início do novo mandato do presidente trouxa de lá, sabe como é, anunciando a existência do mundo bruxo, explicar a nossa sociedade, os juramentos de segredo, a lavagem cerebral no presidente do mandato anterior... Enfim, nós tínhamos feito planos e ele os trocou pra ir trabalhar durante os poucos dias de férias que ele tem! E é sempre assim, tia Gi, ele sempre me troca por algum outro plano. Nas férias de verão, nós tínhamos combinado de passar uma semana em Paris. Íamos ficar na casa da vovó de graça, na cidade mais linda do mundo! E ele desistiu de última hora! Acabei indo sozinha e tive que passar as férias todas ouvindo a Gabrielle falar sobre Beauxbatons e sobre o novo namorado dela, “superr partide”, como ela mesma não parava de repetir. Mas na hora de eu voltar pra Hogwarts, ele vai todo fofo e simpático falar comigo, pedir perdões e prometer que ele não vai fazer mais isso. Eu, tonta, obviamente acredito. Passo três meses e meio falando com ele só por cartas e ele vai lá e faz de novo! Eu só quero que me valorizem, é pedir demais?
Ginny ouvia tudo prestando a devida atenção, sem comentar e nem interromper a garota, que desabafava a sua frustração. Viu na sobrinha ela mesma, anos mais nova. Chegou a se lembrar da raiva que lhe dava só os irmãos receberem atenção e prestígio.
- Concordo em gênero, número e grau com você, meu bem. O chute na bunda foi mais que merecido... e esta carta aqui? – Gi fez uma pequena chama sair da ponta de sua varinha e levou-a carta, queimando o papel e observando enquanto este se desfazia em cinzas – E apesar de eu não achar justo como você tem tratado seus pais por causa disso, acho que você deve levantar dessa cama, ir se arrumar e procurar alguém que te valorize.
Victoire sorria vendo o papel queimar, sentindo uma alegria inexplicável, como um final. Um grand finale! Pensou nas palavras da tia. “... Levantar dessa cama, ir se arrumar e procurar alguém que te valorize.” Alguém que te valorize. Pensou no rapaz que tinha conhecido na noite anterior. Aquele que tinha ouvido ela falar horas e horas tanto no bar quanto na praia. Aquele que ouvia pacientemente sem criticá-la, sem julgá-la... Droga, porque não disse seu nome quando ele perguntou?
- Huum. Essa carinha me diz que você está pensando em alguém.
- Estou.
- Quem?
- Não sei.
- Ok, se não quiser me contar, é só avisar que nós mudamos de assunto.
- Não, eu realmente não sei. Conheci-o ontem em uma festa. Ele foi tão... simpático.
- Bom, pergunte ao anfitrião da festa.
- Eu também não conheço ele.
Ginny tinha um olhar interrogador.
- Era uma festa trouxa.
- Oh sim, você é neta de Arthur Weasley. E falando nele, tenho que ir.
- Eu te acompanho até a porta.
As duas saíram do quarto e desceram para a sala de estar, onde todos, aparentemente, tinham voltado a falar, esperando que Ginny aparecesse. Victoire foi até os avós e abraçou os dois, um de cada vez, e em seguida se despediu de todos os parentes, inclusive das crianças, que já não tinham seus cabelos úmidos por causa de um feitiço secante de Hermione. Quando todos já tinham ido embora, Victoire deu um beijo na bochecha da mãe e subiu apressada as escadas, dirigindo-se para o quarto, onde escreveu uma carta.



N/A: Ok, pouca coisa a dizer. Gostei desse capítulo *-* Foi rápido de escrever e o resulto foi, na minha humilde opinião, bom. Fim definitivo do relacionamento entre Victoire e Teddy? Eu espero que sim. Início possível entre Victoire e Tom? Eu espero mais ainda que sim :D Caso alguém tenha sugestões para a capa, totalmente aceito. Comentem, porque os dedos não cair!
XOXO

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