Capítulo 13



Cap. 13 Não Pude

Uma semana depois. Eu simplesmente não pude, não enviei aquela carta, nem qualquer outra. Não sei porque, mas não enviei. Eu sabia que não iria, desde o começo eu sabia que terminaria assim. Desde que conheci Virgínia eu sabia que não iria dar certo, pelo simples motivo de que somos radicalmente diferentes. Quando tudo começou não era nada. Eu era um garoto, e não tinha idéia do que me aguardava no futuro, se eu soubesse nunca teria ido em frente. Nós passamos um tempo juntos, e quando eu percebi que ela era diferente, quando eu vi que era única, já era tarde demais. Eu já não conseguia sair de perto, já não conseguia me separar dela, ela já havia entranhado fundo em mim. Mas talvez eu só tenha percebido realmente quando eu tive que mudar, quando eu respeitei a sua vontade quando ela não me quis.

Aquela atitude não era minha, não era atitude de Draco Malfoy. Eu não estava me reconhecendo, me assustei comigo mesmo. Naquele exato momento eu entendi que não daria certo, nunca, nem quando o mundo acabasse. Eu nunca ia conseguir ficar com ela, sempre haveria um abismo entre nós, algo que impedisse, que nos separasse. Por mais que ambos de nós lutássemos mão haveria saída. Mas eu optei por ir em frente, e ver o que acontecia, eu escolhi ela e com isso abri mão de tudo que tinha antes.

No começo não foi difícil, todos achavam que eu estava com ela por fachada e nenhum comensal ou quem quer que seja reclamou. Eu tinha passado a viver com um legítimo membro da ordem, e assim eles achavam que isto facilitaria em receber informações da Ordem. Virgínia era um alvo fácil, seria a primeira a ser tomada como refém se algo ameaçasse o lado das trevas, ela era a garantia, o trunfo que eles poderiam vir a precisar. Por isso ninguém reclamou. Quando eu a pedi em casamento meu pai chegou a dizer: “Parabéns Draco, estou orgulhoso, nem eu me sairia melhor”.

Os Weasleys causaram alguns problemas, mas Virgínia soube lidar com eles. Mas o que todos eles não sabiam era que eu não estava fingindo, não estava jogando como eles achavam, a muito eu já era um espião da ordem, mas ainda temia por Virgínia. O medo maior era de que algum dia, que ela não fosse mais vista como algo necessário, me ordenassem para matá-la. Eu sabia claramente que não seria capaz de fazê-lo, eu sou e era perfeitamente capaz de matar qualquer um (meu segundo esporte favorito, o primeiro era quadribol), menos ela. E por receio mandei ela para a Alemanha, ou ao menos achei que o tinha feito. Se ela passou algum tempo na Alemanha foi pouquíssimo, e logo voltou na pele de Helena. E novamente me prendeu, fez eu me encantar por ela mais do que é possível imaginar. Sem limites, e agora eu estou aqui, mas ainda assim longe dela, nunca com ela, sempre houve, há e haverá algo entre nós. Mas ela me deu paz em uma vida de guerras.

Enquanto eu pensava e divagava deitado espaçosamente na poltrona olhando para o nada Fowl sentou no braço da poltrona ao meu lado com um sorriso zombeteiro no rosto.

-Não vai entregar não? - Ela disse me tirando do meu estado “zem” da vida, e se referindo a carta que eu girava entre os dedos brincando.
-O que? - Eu não tinha entendido.
-Essa carta. - Ela repetiu.
-O que tem ela?
-Você está em estado alpha voltando a era hippie da Terra, brincando com essa carta nos dedos. - Ela completou ainda rindo.
-Algum problema com isto? - Eu provoquei.
-Você não vai entregar para a Virgínia?
-Eu não acredito que você...! - Eu comecei a explodir com ela pensando que ela havia invadido a minha mente, mas ela não deixou eu terminar e disse gargalhando.
-Se você não quiser que as pessoas saibam para quem é a carta não escreva o destinatário, idiota! - Neste momento até eu tive vontade de rir, não devia ter desconfiado dela. - Você me deve desculpas, Sr. Malfoy. - Ela disse séria.
-Vai sonhando. - Eu fui sarcástico, era mais do que óbvio que eu não ia pedir desculpas. E ela voltou a perguntar:
-Não pretende enviar?
-Claro que pretendo. - Menti deslavadamente e creio que usei uma expressão convincente do tipo “bom moço”. Mas ainda assim não funcionou.
-Se você pretendesse já teria enviado. - ela tinha toda a razão, pela milésima vez. Aquilo estava me irritando, ela era a única que eu não conseguia enganar. Eu achei irônico, Anny é diferente de Virgínia em vários aspectos, um deles inclusive citado no capítulo passado.
-Eu não pretendo enviar agora. - Eu disse frisando a palavra agora.
-Sei...
-Sério. - Eu tentei convencê-la inutilmente, e fiz aquele drama no qual eu sou mestre. - Porque você nunca acredita no que eu digo?
-Será que é porque nada que você diz é verdade? - Ela disse cínica.
-Pode ser... - Disse eu com um sorriso maroto no rosto.
-OK mestre dos mistérios, - Disse a morena zombando de mim. - pode ir perdendo a pose.
-Porque deveria? - Esnobei, é claro.
-Porque você não pode ter mistérios para mim Draco, ninguém pode. - Ela sussurrou e o sorriso brincou em seus lábios. Meu semblante fechou, não gostei da insinuação, mas Anny não deixou tempo para reclamações. - Não se preocupe, só um aviso, mas não erre comigo Draco ou eu posso esquecer de que eu fiz uma promessa.
-Ei! Isso é golpe baixo!
-Cada um joga com as armas que tem. - Ela disse me dando as costas e rindo provocante. Foi em direção a cozinha, me deixando sozinho na sala, a contemplar o infinito. Fowl parecia feliz, relaxada e de bom-humor, brincalhona e irônica como sempre. Geralmente quando ela está de bom-humor isto quer dizer: brigas e implicâncias comigo. Ou seja, nada de mau, a nossa relação é... digamos que “sarcástica”. Embora ultimamente tenhamos passado por momentos um tanto quanto... surpreendentes, reveladores, então o número de brincadeirinhas diminuiu um pouco. Mas parecemos estar voltando ao normal.

Depois de algum tempo eu não ouvia mais nada na cozinha, nenhum barulho, tudo completamente estático. Eu levei um susto desgraçado com o barulho de vidro quebrando. Me levantei de um salto e fui andando rapidamente para a cozinha, de onde vinha o barulho, onde Anny estava. Quando eu cheguei no corredor, quase chegando lá, ela sai da cozinha apressada e esbarra em mim. Parecia toda exaltada, tinha perdido toda a alegria e bom-humor que antes habitavam o seu rosto. Quando ela esbarrou em mim eu a segurei para que não caísse e ela permaneceu com as mãos no meu peito, por algum tempo nos ficamos assim, ela encarou os meus olhos. Eu tentei descobrir o que estava acontecendo, mas dentro daquela imensidão castanha que eram os olhos dela não se via nada, aquela porta para dentro dela estava fechada.

Então ela quebrou a conexão que havia se estabelecido, libertou delicadamente sua cintura das minhas mãos e segurou uma delas, me puxando, guiando, levemente e disse:
-Venha comigo... - E eu fui com ela ainda sem saber o que havia acontecido. Ela me levou até o seu quarto, nós passamos a porta preta e ficamos de pé sobre o tapete.
-O que houve? - Eu disse, e não é de estranhar, se que a pessoa com a qual você mora entra em um cômodo feliz, saltitante e altamente sarcástica e sai de lá exaltada, assustada e altamente esquisita. Mesmo se tratando de Anny, ainda assim é muito intrigante. Então ela respirou fundo, olhou nos meus olhos e disse:

-A sua garota...
-O que tem ela? - Disse eu suspeito.
-Ela está doente, muito doente. - Ela desviou os olhos e olhou para o lado, para o espelho na parede.
-O que?!
-Muita febre, delírios... Ela suava em uma cama.
-Como? Como você pode...? - Agora o lugar de atordoado ali era todo meu.
-Eu vi.
-Onde? Quando...? Como ela estava? - Eu estava nervoso e fui bastante bruto com ela, para o gentleman que eu sou. Eu falei isso com as mãos nos ombros dela, sacudindo-a. Mas, estava preocupado! Virgínia doente! E o Malfoy aqui não podia fazer nada, enquanto ela passava mau, era angustiante!
-Solte-me... - Eu não soltei. - Agora. - Ela disse e algo me empurrou para longe dela. - Eu entendo sua preocupação Draco, mas controle-se.
-Como você quer que eu me controle?! Helena está lá! Eu não posso fazer nada! Como assim controle-se? - Agora eu gritava a plenos pulmões com a mulher na minha frente. Eu tinha mudado rapidamente com a notícia.
-Eu vou levar você lá!
-O que estamos esperando?!
-Eu vou primeiro e venho buscar você, se não houver ninguém.
-Besteira, você não sabe onde é, Fowl. - Eu cuspi aquelas palavras e me dirigi à porta, pronto para sair.
-Não seja idiota Malfoy! Nós não vamos por ai! - E dizendo isso se virou de costas e me perguntou: - É a mansão Malfoy?
-É. - Eu disse e ela deu dois passos e entrou no espelho a sua frente. Eu fiquei pela infeliz milésima vez sem fala e sem ação, ver ela fazer isso, como se desse descarga ou se vestisse ainda não era normal para mim. Eu comecei a andar de um lado para o outro, “como se quisesse furar o chão” assim dizia Anny.

Esperei longos cinco minutos até o espelho ondular novamente e a mão dela reaparecer, apenas a mão. Eu estava tão nervoso que demorei um tempinho até eu entender o que ela queria, queria que eu segurasse; e foi o que eu fiz. No momento que eu segurei a mão dela, senti algo estremecer dentro de mim, mas não deu tempo de saber direito o que estava acontecendo. Eu senti ela me puxar, eu dei dois passos e entrei no espelho. Era estranho lá dentro, tudo cinza e sem paredes ou chão. Um neblina prateada cobria o chão e ia até a cintura, várias portas que pareciam de vidro, como se fosse uma janela, flutuavam, mas cada uma dava em um lugar diferente. - São espelhos vistos por dentro. - Disse Anny.

Aquele lugar não tinha fim, até onde eu podia ver era cinza da neblina e com várias aberturas (espelhos). Ela disse. - Mansão Malfoy! - E tudo pareceu se mover, como se passássemos de carro e tudo, a paisagem de movesse, menos nós. Várias aberturas de passagens passavam por nós tão rapidamente que pareciam apenas borrões até que parou, e bem a nossa frente estava uma passagem para o meu quarto, onde eu podia ver Helena pálida, deitada em nossa cama, delirando e suando muito. Eu não esperei Fowl, entrei direto, sem hesitar. Era como se eu passasse por uma cachoeira ou queda d’água que formasse uma parede de água, é exatamente assim, a mesma sensação, a temperatura; a única diferença é que você não sai molhado.

Eu andei em direção a cama onde ela estava sem hesitar, nunca parei par apensar se ela acordasse no que aconteceria, e se ela me visse, não. Nada disso passou pela minha cabeça, eu só queria estar ali com ela. Esse não era o Draco, frio, calculista e insensível, esse era o Draco da Virgínia e da Helena, porque eu mudei para ela e com ela há muito tempo. Eu me sentei na cama ao lado dela, ela estava magra, pálida. Todo aquele fulgor e ferocidade que costumavam habitar o seu rosto haviam sumido, e seus lábios adquiriram uma cor branca e feia e seus cabelos escuros estavam sem brilho e opacos.

-Não, deixe-me ficar... - Ela sussurrava durante o sono. - Ele está lá! Ele está morrendo! Me solta! - Eu sabia quem estava morrendo e com quem ela estava falando aliás eu sabia com o que ela estava sonhando. Era aquela maldita noite em Azkabam, ela parecia gravada a ferro em brasa na minha mente, mas pelo visto não era só na minha. Então eu olhei para o lado e vi que Anny estava lá, meu olhar se cruzou com o dela e eu percebi que ela sabia. Ela tinha visto o que Helena estava sonhando, mas tudo isso se perdeu quando nós ouvimos uma voz do outro lado da porta.

-Senhor Potter, eu não posso fazer nada, ela tem que comer, se alimentar direito ou não vai conseguir. Já fiz tudo, é melhor deixá-la descansar.
-Tem certeza? Acho que posso vê-la só por alguns minutos...
-Não. É melhor deixar a febre baixar.
-Mas ela está delirando, vem falando durante o sonho, sempre a mesma coisa. - Falou o Cicatriz soando desespero.
-O senhor não havia me dito isso! Isso pode mudar radicalmente a situação Sr. Potter. O que ela diz? - O medibruxo perguntou parecendo re-avaliar.
-Bom, eu achei que não fosse importante.
-Isso pode até justificar a falta de melhora mesmo através dos remédios. - O medibruxo foi cético,
-Ela chama bastante o Malfoy. - Neste instante meu estômago afundou e eu congelei os membros dormentes. Ela me chama durante o sono! - Se debate um pouco e pede que a soltem, diz coisas do tipo “Ele está só” ou “Ele está sangrando, deixe-me ficar com ele”. - Continuou Potter soando inseguro e sem jeito.
-Este Malfoy é Draco Malfoy, o ex-comensal que morreu em Azkabam? - Perguntou o medibruxo, soando surpreso com o que ouvia. Então durante algum tempo silêncio... E depois o doutor falou novamente,

-Então Sr. Potter está ai a explicação de porque ela não melhora.
-Como assim?
-Ela não quer melhorar, ao que me parece ela sente muita saudade deste Malfoy, desculpe-me dizer. Não sei que tipo de relação ela teve com ele, mas me parece algo forte. Ela pede para ficar com ele, Sr. Potter, ela quer estar com ele novamente. Essa Weasley quer morrer.
-O que?! - Exclamou o Potter, e eu permaneci sem ação, diante daquilo, ela não podia morrer!
-Ela não quer ficar boa, não quer se curar, e inconscientemente ela vem lutando com toda a magia do seu sangue contra os medicamentos, poções e etc. Você não vem prestando atenção no que ela faz? Se ela não anda estranha, deprimida ou ingeriu algo diferente?
-O que o Senhor quer dizer com isso? - Mas até eu já havia entendido, parece que o santo Potter é meio devagar ou totalmente acéfalo.
-Ela pode ter causado isso, digamos...
-Suicídio?!
-É, mas não grite. - Disse o medibruxo alerta.
-Virgínia nunca faria isso! Ela não seria capaz!
-Quando estamos em desespero somos capazes de tudo, Sr. Potter, mas por agora deixemos ela descansar. Mas se continuar assim, todos os remédios, poções e infusões do mundo serão inúteis, porque ela irá lutar contra eles. - E eu ouvi passos se distanciando em silêncio.

Eu estava extasiado, parecia que haviam acertado uma bigorna na minha cabeça. Suicídio! Era tão difícil de acreditar, e em parte a culpa era minha, se eu tivesse feito algo antes, qualquer coisa, qualquer sinal ou indício de que eu estava vivo talvez ela estivesse bem agora.
Eu estava paralisado, congelado por dentro. Eu ainda não tinha assimilado tudo, a única coisa retumbante na minha cabeça era “Helena vai morrer, e a culpa é minha”. Alguma coisa apertou o meu peito, causando dificuldade em respirar.
-Ela vai morrer... - Eu sussurrei mais para mim mesmo que para qualquer um.
-Não, não vai. - Disse Anny ao meu lado me lembrando que ela estava ali.
-Mas o medibruxo disse...
-Esqueça aquele idiota, ela não pode lutar contra mim. - Ela disse isso, me afastou, fechou os olhos e pôs a mão na testa suada de Helena. Eu não entendia o que ela queria fazer, ou o que ela provavelmente já estava fazendo. Eu estava nervoso e apertava a carta no meu bolso e conseqüentemente reduzia-a a um pedaço de papel amarrotado. Eu tirei o papel do bolso e apertei-o com as duas mãos. Olhei fixamente para Fowl ali parada, atentamente eu pude perceber que a cor abandonava seu rosto lentamente, lentamente seus lábios, rosto e cabelo se tornavam opacos e sem vida como os de Helena. Olhei Helena. Parecia inacreditável, não suava mais e seu rosto recuperava a beleza de antes, parecia estar melhorando!

Inesperadamente Anny abriu os olhos, soltou um gemido seco e retirou a mão da cabeça dela. Ela parecia um pouco tonta e pálida, mas se levantou e logo assumiu uma expressão dura e disse com a voz fraca em um sussurro.
-Ela já está bem melhor agora...
-Como... Como?
-Vou deixá-los a sós por um tempo, minha cabeça dói, mas não se preocupe, irei manter o portal aberto. - Sem dizer mais nada virou-se de costas para mim e andou até o espelho. Tive a impressão de que ela iria cair no meio do caminho, mas se manteve firme. Ela parecia fraca. Pronto, agora eu e Helena estávamos a sós, ela ainda dormia. Parecia bem melhor agora, era impressionante, indescritível. Num fiapo de voz ela sussurrou.
-Draco... - E se moveu na cama se encolhendo confortavelmente. Eu olhei o seu rosto sereno e limpo, sem preocupações, completamente relaxado; como eu sentia sua falta. Pensando nisso passei a mão de leve pelos cabelos escuros esparramados na cama. Seus olhos estremeceram por debaixo das pálpebras, tive medo que ela acordasse ali naquele instante. Os olhos dela continuavam inquietos, até que ela os entreabriu de leve, como se pesassem uma tonelada. Meu corpo parecia um pote de geléia, e uma sensação fria percorreu toda a bela extensão do meu corpo, como se eu tivesse atravessado um fantasma. Parei de passar a mão pelos seus cabelos e soltei a bolinha de papel que segurava ferozmente com a outra, não sabia o que fazer. Ela estava apenas lá deitada, com os olhos ainda se abrindo.

-Água... - Ela murmurou, eu olhei ao meu redor, tinha uma jarra de vidro sobre o criado mudo. Me levantei e coloquei a água num copo conhecido e lhe entreguei. Ela recostou-se na cama e bebeu silenciosamente, eu permaneci de pé de costas para ela, não queria olhá-la. Tinha medo de olhá-la e do que poderia acontecer. Então eu ouvi a voz clara dela.
-Quem é você? - Eu não respondi, não sabia o que responder. O que eu diria? “Sou eu, querida Helena. Aquela perfeição suprema chamada de Draco. Isso, aquele mesmo; aquele que você pensou estar morto!”. Totalmente sem cabimento, fora de esquadro. - Você não é... o Draco é...? - Ela tentou novamente. Uma vontade enorme de dizer “Sim” assomou minha garganta, mas tudo que eu fiz foi...
-Durma. - Eu disse de forma fria, insensível e dura, sem nem me virar para olhar no seu rosto. Algo dentro de mim me disse que já estava na hora de ir, já tinha passado tempo suficiente ali com ela. Dei alguns passos em direção ao espelho, mas continuava sentindo os olhos dela cravados na minha nuca.
-Claro que não... Que tolice a minha. Desculpe-me. - Isso me fez parar, parei de andar e arrisquei um olhar para a cama onde ela estava. Helena já não me encarava mais, estava deitada de lado de olhos novamente fechados, tentando voltar a dormir.

Voltei-me e continuei meu caminho, passei pelo espelho e encontrei Anny sentada no chão aparentando cansaço, ela ofegava e continuava pálida. Eu peguei-a nos braços e a levei para casa.

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