Capítulo 1



Cicatrizes de uma vida passada.

Cap.1 Como começar

Oi...

Modo estranho de começar, não? Mas eu simplesmente não consigo imaginar outra forma para isso. Não é assim que se começam as conversas, e tudo o mais?

Depois vem a apresentação, mas no meu caso não é necessário.

Bom, então é assim que eu vou recomeçar a minha história. Deixe-me esclarecer os fatos:

1º- Eu não morri: como claramente pode-se perceber, não morri no desabamento que ocorreu na batalha em Azkaban. Desmaiei, estava fraco e tinha perdido muito sangue, e ainda tinha sofrido o impacto de finalmente perceber o que estava debaixo do meu próprio nariz (como eu detesto ter que admitir). Não sabia quanto tempo havia ficado desacordado até ouvir uma voz suave:

- Aqui, Anny achei um!- mas eu só vim entender depois, pois no momento em que eu recuperei parcialmente os sentidos, não foi apenas a audição que voltou, as dores também, bem fortes diga-se de passagem. Minha perna doía muito, e uma dor lancinante atacava meu peito, para ser mais sincero meu corpo todo doía de uma forma inexplicável. Pensando por alguns segundos agora, não sei como consegui sobreviver, eu já enxergava tudo embaçado, cego pelas dores excruciantes.

Fragilizado eu tentei falar, me fazer ouvir, mas naquele momento aquilo parecia uma missão impossível. Tentei mexer as pernas, mas ondas malignas de dor assomaram novamente meu corpo. Não conseguia me mexer, estava preso!

Havia algo terrivelmente pesado esmagando minha perna, não tinha forças para mais nada além de respirar, e até isso era difícil e doloroso já que o ar parecia pesado e entrava aos trancos nos meus pulmões esmagados me causando mais dor. O corte no meu peito continuava vertendo bastante sangue, e eu senti que iria morrer ali, na verdade até desejei que morresse logo, era insuportável.

- Só um segundo. Eu vou tirar isto de cima de você. – Outra vós soou, então eu sentir um peso saindo de cima de mim e uma claridade ofuscou os meus olhos momentaneamente. Me senti tonto, e lutei para permanecer consciente, mas estava além do que minhas forças poderiam alcançar. Apaguei.

E algum tempo depois:

- Olhe, acho que ele está acordando...!

- Finalmente! – abri os olhos lentamente e olhei ao meu redor, estava em um lugar, um cômodo, escuro. Aos poucos fui percebendo que era a parede que era metade revestida de madeira, no estilo clássico, e metade de uma cor que eu nunca tinha visto antes, um rosa bem clarinho misturado a um amarelo como pergaminho. Mas de fato a iluminação não era o ponto forte do local.

Ao meu lado em uma cadeira estava sentada uma mulher loira, e ela falava comigo, o negócio é que no momento eu não consegui entender uma palavra do que ela falava.

- Marie ele não parece associar nada.

- Eu acho que ele não está alerta ainda. – respondeu a loira que pelo que eu percebi mais tarde se chama Marie.

- Eu resolvo isto. - disse a morena que havia falado primeiro e estava mais ao longe.

Ela foi chegando perto e parou; me olhou nos olhos, os olhos dela eram castanhos e levemente puxados se estreitaram como se percebesse algo; levantou a mão e encostou-a na minha testa como que para sentir a temperatura e sorriu satisfeita... Então senti meu rosto arder com o tapa que ela havia direcionado na minha face.

- Ai! Sua doida!- eu gritei, e a minha voz soou estranha aos meus próprios ouvidos.

- Ah, muito bem, você fala... Achei que precisaria de mais um. – disse se afastando.

- Oi eu sou Marie. - disse a outra amigavelmente, mas eu não respondi apenas olhei receoso.

- Não se preocupe, ele está ouvindo Marie, é que educação não é muito o seu forte. – me senti levemente revoltado com aquela insinuação de uma desconhecida.

- Olha só quem fala! Quem acorda os outros com um tapa! Em falar nisto... Onde estou?- aquela pergunta ricocheteou na minha mente mais rápido do que eu sou capaz de conter, e antes que eu percebesse já havia perguntado.

- No subterrâneo do Japão, e você estava em coma à quase um ano. – ela disse coma maior simplicidade como se fosse natural isto acontecer todos os dias. Eu fiquei assustado é claro, arregalei os olhos, então a morena sorriu.

- Estava brincando você só está aqui faz uma semana.

- Quem são vocês suas doidas varridas? E onde estou?- eu disse esquivando enquanto ela fazia a menção de chagar perto.

- Anny Fowl, e Marie Therisford, e você está no subterrâneo de Londres, bem embaixo do beco diagonal. Quer latitude longitude também?- disse a morena que agora eu sabia ser Anny Fowl cinicamente.

Bom, a partir daí deu pra ver como a nossa relação fluiu, ambas tinham feito o mesmo treinamento que Virginia, eram Híbridas. No início eu não me lembrava de nada que havia acontecido, nada da noite de Azkaban, nem sequer um raio de luz, minha mente não era capaz de recobrar. Depois do primeiro mês tudo foi voltando aos poucos e aqui estou eu. Pronto para recuperar a minha vida e tudo que eu perdi naquela maldita noite em Azkaban.

A cicatriz no peito ainda estava lá formando um “x” juntando-se com a que eu ganhei em uma noite especial.

Estou aqui a mais ou menos dois meses, planejando como retomar a minha vida, algum tempo depois eu fiquei sabendo que o Potter havia vencido o Lord das Trevas, mas ainda assim com os comensais que ainda permaneciam livres enfurecidos comigo eu precisava me preocupar. Com o ministério eu já não sei... Pois se ninguém se der o trabalho de limpar o meu nome e deixar claro para que lado eu estive trabalhando todo este tempo, então tecnicamente eu sou um criminoso. Morto, mas ainda assim um criminoso.

Ah, sim a esta altura do campeonato eles me consideram morto com toda certeza.

As poucas vezes que eu saio daqui são para procurar Virginia e segui-la, tentar me aproximar dela e lhe dizer que não estou morto e que estou aqui; mas das duas vezes que a vi, não tive oportunidade, ela estava acompanhada, e logo perdi de vista os cabelos cor de fogo.

Mas estou determinado a achá-la seja onde for.

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