Atitude para não ceder



- Harry Potter está morto! – anunciou triunfante Voldemort, ignorando os soluços de Hagrid, que carregava o garoto em seus braços – Finalmente construiremos o nosso mundo. Mundo daqueles que têm o direito de estar no poder! Um mundo bruxo! O Lord das Trevas reconhece suas habilidades e perdoará todo bruxo que tentou lutar contra ele, desde que jure fidelidade ao novo regime que virá! Chega de sangue bruxo derramado! Basta vocês concordarem!
Aquela tentativa de conciliação era um insulto. Todos à frente das portas de Hogwarts sabiam que não haveria conforto nunca. E poucos, pensou Rony, concordariam em subjugar os trouxas, pois eles eram maioria no mundo, e lhes tomar o poder geraria um conflito desnecessário. Ter magia em mãos e crer que isso lhes dava direito de tirar vidas, ou que isso os faria mais valorosos, é certamente uma linha de pensamento que só Voldemort e seus impetuosos Comensais para acharem que há alguma sanidade. Poder. Poder, ele aprendeu a menos tempo do que gostaria, não é tudo.
Rony viu-se nesses pensamentos com surpresa. Como juntar forças para questionar Voldemort depois de anunciada a morte de seu melhor amigo, o cara em que todos botavam suas esperanças? Ele sentiu aquele aperto irremediável no peito. Sentiu o caroço na garganta. Notou seus olhos marejados de lágrimas, que ele tinha raiva de surgirem. Afinal, era como se elas significassem rendição. E ele não estava disposto a se render. Algo dentro dele negava o fim a qualquer custo.
Por um instante, ele sentiu um calor ao seu lado. Ainda fitando Voldemort, querendo medir cada um de seus movimentos, olhou de esguelha Hermione. Seus olhos inchadas e marejados estavam fora de foco, como se ela estivesse absorta em reflexões, sem perceber o que a cercava. Esquecendo ele mesmo o que estava fazendo, abraçou-a. Ela caiu em choro novamente, com sua cabeça no peito dele, dando-lhe soquinhos sutis para abrandir um pouco suas emoções. Ele a pressionou mais contra si. Quase sem voz, Hermione falou:
- E agora, Rony? Isso não pode ser o fim...
- Não é. – Havia uma determinação súbita em sua resposta que até ele estranhou – Não vai ser, Hermione. Não acabou! Nós ainda estamos aqui! Nagini ainda vai ser destruída e Voldemort... – Ela fungara, levantando a cabeça, com os olhos de encontro aos seus – E Voldemort também vai ter seu fim! A gente não pode desistir até que isso aconteça!
Eles ficaram se encarando por um tempo. Ele não sabia se era apropriado a beijar de novo, mas vontade não faltava. O brilho em seus olhos castanhos havia voltado, e sua expressão guardava um misto de admiração e apoio. Ela mudou rapidamente a sua inércia, soltando-se dos seus braços e, empunhando a varinha, disse com energia:
- Ronald Weasley, prepare-se para lutar até o fim!
- Assim que eu gosto! Que tal sair por aí que nem uma louca jogando feitiços para tudo quanto é lado? Dois contra cem até que me parece razoável! – Ele abriu o sorriso, tentando manter o tom displicente enquanto todo o ar a sua volta inspirava desesperança lúgubre. Hermione olhou para ele com compaixão e um leve sorriso, mostrando que compreendera exatamente o que ele estava tentando fazer. Ele completou:
- Acho melhor aumentar nosso número de apoiadores, antes de partir para o ataque!
Olhando em volta, ele enxergou os degraus da entrada do castelo e seus corrimões de pedra. Ele correu até eles, deixando o grito de Hermione o chamando para trás. Não era como antes. Não era um fuga, não era uma covardia. Não era algo que a faria chorar, muito pelo contrário.
Ele subiu no ponto mais alto e berrou com todo o ar de seus pulmões, para que fosse ouvido por todos (Qual era aquele feitiço mesmo? Droga... Vai na marra!). Ela quebrou um silêncio que durava um pouco mais de cinco minutos e sua voz assustou as pessoas ao redor:
- Ei! Voldemort! Quem disse que queremos um mundo governado pelo horror, onde não terá coexistência? Onde você está com a cabeça? – Na última palavra ele fez questão de soar como se não tivesse certeza se poderia chamar assim aquilo. A coragem de falar em tom desafiador fez suas pernas tremerem, mas ele não podia parar agora – Certamente, no poder, na satisfação de observar as pessoas tremerem ao te ver! E nada, nada poderá ser contra você! Magia é a única coisa que separa os bruxos dos trouxas. Até onde você, todo-poderoso, acha que isso faz diferença? Você é menos do que todos aqui! Você não humano! O que faz um bruxo sem sua humanidade?
Ele terminara. Ele teve a impressão que levaria uma rajada verde já, já. Contudo, sua fala surtiu efeito. Os defensores de Hogwarts saíram do choque da morte de Harry e empunharam suas varinhas ameaçadoramente, rugindo em apoio. Algo puxou a calça de Rony, o que o fez cair, dando tempo apenas de ver uma luz vermelha cortar acima de sua cabeça. Era Gina, com Hermione logo atrás, enlouquecida por seu impulso irracional.
- Nada mal, maninho – Gina sorria, triste – melhor pôr suas falas em prática, perder mais um herói vai acabar com o ânimo de todos! – Ela tinha os olhos marejados, mas seu timbre era seguro. Ele quis dizer algo a ela, porém, tudo o que fez foi lançar-lhe um olhar aflito.
- Não precisa falar nada. Você já fez a melhor coisa que poderia fazer! Tenho certeza de que ele ficaria contente com a sua atitude – Desta vez, Gina não conseguiu conter as lágrimas. Rony sentiu novamente aquela dor que sufocava o peito. Tudo que pôde fazer foi segurar seu rosto e beijar sua testa, seguido de um abraço apertado. Ela balançou e cedeu ao abraço. Hermione olhava-os entre a ternura e a tristeza, totalmente esquecida de sua breve fúria. Ainda no abraço, Rony virou-se para ela, como se pedisse auxílio.
- Nós vamos acabar com esse caras! Por ele! – Ele tentou dizer.
- Nada será em vão! Teremos o mundo que Harry desejava! – completou Hermione.
Gina fitou-os, agradecida. Passou a mão no rosto de Rony e o soltou. Abraçou rapidamente Hermione e, sem dizer nada, empunhou sua varinha e saiu correndo em direção a onde Neville, Dino e Luna brigavam com cinco comensais. Rony acompanhou Gina se distanciar por um instante e se voltou para Hermione:
- Eu não estou afim de não cumprir minha palavra, não é melhor irmos também? Eles... – Ele parou de falar quando percebeu que ela não estava prestando atenção, os olhos perdidos em seus rosto – Hermione, está tudo bem?
- Rony, o que deu em você? – Ela parecia ter organizado sua mente.
- O quê? Do que exatamente você está falando?
- Não é óbvio? Quero dizer, eu sempre soube que você era capaz de fazer isso, mas o que aconteceu para você tirar essas capacidade da jaula? – Ela parecia confusa por não ter sido compreendida rapidamente.
Ele entendeu o que ela queria. Achou estranho o fato de ela aparentar não saber a resposta, ou estava fingindo por um motivo desconhecido. Ele chegou mais perto dela, pegou sua mão livre e a cercou com as suas, levando-as para perto de sua boca. Ele deu um longo suspiro, encontrando os olhos dela, cheios de expectativa e surpresa, e respondeu:
- Ham... É hora de não ter medo do que vai acontecer ser ter feito algo para isso, não é mesmo? Se algo me prendia na insegurança de fazer o que posso fazer, isso já era. Eu... Acima das minhas preocupações do que eu farei certo está... Está a certeza de que, seja o que for que eu fizer, tem de ser o melhor meio de... – Diferente de tudo o que Rony já tenha conseguido expressar, ele estava falando o que passava na sua cabeça, em palavras, embora um tanto confuso – ...de você estar a salvo.
Ele sentia um alívio por conseguir dizer aquilo, mas tentou tirar o ar de tensão que ficou:
- Mesmo que isso não signifique lá um campo tranqüilo de céu azul e, sim, uma noite escura com feitiços voando para tudo quanto é lado e um castelo semi-destruído. Bom... – seu tom mudou, mais sério. – ...no campo não iria durar muito tempo, porque, a menos que mudemos de idéia e apoiemos Você-sa... Que estupidez... Voldemort, eles nos perseguirão pela eternidade. Aqui... Aqui é aqui e agora!
Eles já estavam muito próximos para que Rony se controlasse. Ele a prendeu em seus braços, uma mão em seus cabelos e outra em suas costas, um pouco abaixo da cintura, e encontrou seus lábios, tentando transmitir toda a intensidade, toda a carga elétrica que passava por seu corpo no momento. Hermione correspondeu-o como igual, uma mão pressionando seu ombro e outra com seus dedos emaranhados em seu cabelo. Ele sentiu o ar quente dela ofegando e, então, seu rosto molhado pelas lágrimas. Ele sabia o que elas eram. Ele não a largou, mas começou a acariciar suas costas por debaixo da blusa.
- Ei, vocês dois! Se não se importam, precisamos de ajuda! – Rony olhou em direção a voz, sem perder a boca de Hermione. Era George. Só pelo fato de ser George, que acabara de perder Fred, Rony sentiu-se mais do que culpado. Antes mesmo que ele o fizesse, Hermione desgrudara, limpando o rosto com as costas da mão. Seu choro parecia mais intenso:
- Desculpe, mas Harry...
- Também fez isso. – completou Rony, amável – Eu sei. Bem, nunca escolhemos momentos oportunos...
Ela respirou fundo e sorriu. Ele se sentiu motivado com isso. Pegou sua mão, puxou-a para correr e disse:
- Vamos. Temos uma cobra para matar e comensais para vencer.
Eles viram que a batalha não estava muito fácil. Os comensais estavam poupando o uso da Maldição da Morte, sob ordens de Voldemort, mas pareciam uma barreira que derrubava tudo que nela encostava. Rony, Hermione, Luna, Gina e Neville, já que Dino havia se machucado e não estava mais lá, encontravam muita dificuldade para atacar Voldemort, que estava sentado numa poltrona confortável, com o corpo de Harry aos seus pés, assistindo a tudo com uma expressão – se é que realmente dava para identificar em seu rosto ofídio – de divertimento. Cena nojenta.
Mais da metade dos protetores de Hogwarts estavam sob controle dos comensais, e as esperanças estavam se esgotando. Num ataque de loucura, Rony saiu correndo em direção a barreira de comensais, lançando feroz e potentemente estupefaças para todos que se dirigiram a ele. Alguém, no desespero de ver seu rosto triunfantemente enlouquecido, mandou-lhe um raio verde. Porém, este se chocou com uma barreira extremamente grande de Protego. Rony olhou para trás e viu uma Hermione lívida e enfurecida. Ele piscou para ela e se virou apenas a ponto de ouvir:
- Seu imbecil!
Ele continuou correndo. Alguns raios lhe atingiram de raspão, cortando-lhe a face e os braços. Poderia ser absurdo o que estava fazendo, era o mesmo que a pouco julgara insano, mas não se importava, precisava seguir este impulso. Nagini. Ela estava próxima... Ele percebeu ,então... a espada! Onde estava a espada? Como esquecê-la? Rony olhou em volta, como se ela fosse surgir. Porém, tudo que viu foi um borrão o ultrapassando e correndo com os braços levantados em direção a Nagini. Era Neville. E ele tinha a espada. Como, Rony não sabia, mas isso não era o mais importante. Decidiu dar cobertura a Neville.
Correndo em sua direção, continuou lançando feitiços com a mesma determinação de antes e percebeu que era acompanhado pelos outros três. De costas um para o outro, mantendo a pontaria em 360 graus, estavam ele, Gina, Hermione e Luna acertando qualquer comensal que ousasse atingir Neville. Quando um raio passou por cima de suas cabeças, Hermione encontrou seu suéter e o ficou segurando enquanto mantinham suas defesas.
Neville conseguira. Num sibilo de dor, Nagini deu seu último suspiro. Voldemort, entretido com outro lado da batalha ainda não percebera, porém, os comensais lhe chamaram atenção. Antes que alguém reagisse, Voldemort, enfurecido, atacara o garoto com Avada Kedavra.
Os quatro gritaram seu nome, e uma onda de comensais partiram para cima deles. A velocidade com que tinham de lançar os feitiços não permitia pensar muito no corpo caído de Neville. Eles viram os Weasleys e outros membros da Ordem da Fênix vindo em socorro. A massa de comensais aumentara. Rony não estava certo do que aquilo resultaria, tinha medo de concluir. Olhou de lado para Hermione e a viu concentrada e determinada a atacar. Admirado, perdeu um pouco o foco até... Ouvir um estampido do outro lado. Era Luna. Ele, para seu alívio, viu-a respirando. Gina foi em seu socorro. Rony se posicionou costas a costas com Hermione para garantir proteção às duas no chão.
- Tire-a daqui, Gina! Tente aparatar! Não sei se Hogwarts ainda tem alguma defesa... – Gina olhava-o aborrecida.
- Entendi seu tom, mas eu não vou ficar lá! Voltarei para ajudar vocês!
- Que seja! – disse Rony desesperado em manter-se atento. Não dava para discutir naquele momento.

Rony foi vendo os membros da Ordem caírem um a um. O último momento que ele se lembrava era a ponta da varinha de um comensal lançar uma corda que apertara ele e Hermione. Depois, um feixe de luz o deixou inconsciente.






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N/A: "Ai, q Rony mais grinfinório!" disse uma amiga. Antes mesmo dela ter dito isso, qdo eu estava revisando meu texto digitado, eu pensei nisso. Mas aí eu lembrei disso:
"− Vocês vêem? − disse Voldemort, e Harry o sentiu dando largos passos para frente e para trás bem a seu lado. −Harry Potter está morto! Vocês entendem agora, desiludidos? Ele não era nada além de um garoto que contava com os outros para sacrificar suas vidas por ele!
− Ele te superou! − gritou Rony, e o silêncio foi quebrado, e os defensores de Hogwarts estavam falando e gritando novamente até que um segundo a mais, outra explosão mais forte extinguiu as vozes outra vez." (Cap 36 de Deathly Hallows)

E pensei, com um sorriso: "Está totalmente verossímil!". J.K. o descreveu fazendo algo... "semelhante". E não duvido que ela o poria fazendo isso, se estivesse coerente à trilha da história.
Não acho q alguém q se submete a uma R/Hr venha me dizer "Mas o Rony é um medroso!", pq com certeza sabe q isso é coisa de qm não gosta de ler os livros como a J.K. escreve (abafa as indiretas). Inseguro, wow, mto! Mas ele é um Weasley, e dos melhores! (sessão puxação de saco XD). Fora q ele costuma ser guiado pelos impulsos, portanto, nada mais possível do q, no desespero, fazer oq fez aqui ;-)

Se não concorda, não tente me convencer do contrário pq não vai adiantar! heuehuehueheuhueheuheuheuheu

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