Capítulo 11



Cap. 11 Casa


Ele abriu os olhos doloridos, e encarou o escuro de sempre, sentiu seus olhos lacrimejarem, moveu o pescoço, e sentiu suas vértebras gemerem, reclamando sob a pena de se moverem. Onde diabos ele estava? Não fazia idéia. Manteve-se imóvel tornando-se ciente de todas as suas dores, quase todas as partes do seu corpo estavam doloridas e esmagadas, ele tinha a leve impressão que seu traseiro ainda estava inteiro, mas não era uma certeza. Ao pensar isso um sorriso irônico se espalhou pelo seu rosto, logo seguido de um gemido seu. Desistiu de expressar seu humor, e permaneceu estático, tentando identificar o local. O cheiro era de éter, forte, absolutamente igual ao do seu recinto anterior, mas temperatura era diferente, o que lhe dizia que ele havia sido removido para outro local, já que a sala do tratamento de choque tinha temperatura estabilizada por um feitiço antitérmico e jamais mudava. Apurou os ouvidos, e pôde ouvir algo bem baixo. Tentou mover as mãos e novamente as dores, parou, mas percebeu os sussurros se tornarem menos sussurros, e mais nítidos.


Pela voz talvez fosse Seleena, mas não era certeza porque a sensação de que todos os seus neurônios latejavam ao mínimo esforço para o mais simples pensamento. A melhor solução era permanecer imóvel no escuro. Mas a ansiedade em seu estômago era quase tão dolorosa quanto a perspectiva de falar.


Decidiu permanecer estável até ser notado, afinal se estavam ali certamente seria por ele. As vozes em seus ouvidos foram aos poucos clareando e se tornando mais familiares aquela era... Era... Era sua mãe.


Seus olhos marejaram de instantâneo, e ele não entendeu direito o porque, mas sentiu-se menos nervoso por saber quem. As lágrimas em seus olhos pareciam ácido escorrendo pela pele do seu rosto fragilizado. Ele queria saber onde estava e porque haviam permitido a visita de sua mãe. Tentou novamente mexer os dedos, e desta vez um gemido abafado em resposta à dor deixou seus lábios antes que ele pudesse contê-lo. Novamente as lágrimas escorreram de seus olhos ,como tudo, dolorosamente.


- Jack?- sua mãe perguntou. Então os olhos dela se voltaram para os dele abertos e brilhantes de lágrimas.- /Seleena ele está acordado!/


A curandeira se aproximou com um sorriso imenso e emocionado.


- Tigre, você consegue nos ouvir?


Um aceno quase imperceptível de cabeça seguido de um outro gemido foram sua resposta.


- / Certo, sei que as dores devem ser insuportáveis, mas estávamos todos esperando para que você acordasse e eu pudesse examiná-lo para então poder lhe dar alguns analgésicos. /


A mente dele sentiu até certo alívio diante daquela palavra, “analgésico”, soava como uma taboa de salvação. Sentiu Seleena tocando em sue braço e delicadamente flexioná-lo e todas as direções possíveis. Sentiu algumas pontada cruéis, mas era menos doloroso que se ele mesmo estivesse tentando movimentar-se. Ela fez isso com suas pernas e até mesmo seu pescoço, no fim ele até sentia-se ligeiramente melhor. Ela lhe fez uma massagem esquisita que envolvia toques gelados em suas articulações, e depois lhe deu algo igualmente gelado para beber.


Sua mãe segurava sua mão direita, com cuidado para não apertar. Ele podia sentir os dedos trêmulos, mas como ela permaneceu calada ele não sabia se ela estava chorando ou não. O silêncio era reconfortante, e ele não se atrevia a tentar rompê-lo com um teste provavelmente infrutífero de suas cordas vocais. Ele ainda sentia a tensão muscular desaparecendo, aos poucos as dores se amenizavam.


-/ Pronto, Jack seu corpo está em ordem, sem nenhuma escoriação, ou seqüela./- Disse Seleena.


Não segurou o riso torto que se formou em seus lábios, “sem nenhuma seqüela” , “em ordem” ? Seria engraçado se não fosse doloroso. Como ele conseguia rir? Nem sua mente entorpecida saberia dizer. Mas o fato em que ao menos rir, aquela leve curvatura da boca não lhe causava dor. O conhecimento deste fato lhe trouxe imenso alivio e satisfação. Algo em dias, não lhe causava dor. Isso era quase que sobre-humano.


Experimentou novamente, simplesmente ignorando o comentário da curandeiro. Sem dor, sorriu mais. Até então apenas um leve incomodo, nada alem do suportável. Talvez até seus neurônios jê estivesse menos doloridos, e ele fosse capaz e articular frases ou pensamentos conexos. Sorriu um sorriso maior, a pontada veio.


Certo aquilo havia doído.


Bastante.


Gemeu.


- /Vai ter que ir com calma com os sorrisos Jack./- disse Seleena. - / Como eu estava dizendo, está tudo bem com você. Alguns analgésicos por alguns dias irão ser suficientes até que as dores parem. /


Por alguns dias? Quantos dias seriam alguns dias? Muito tempo, ele não agüentava mais aquele tratamento torturante, de dores e mais dores, cada dia pareciam anos, e as horas parecia nunca se passar assim como as terríveis sensações. Não sabia se agüentaria muito mais, tinha que dizer isso a Seleena.


Mas assim que ele abriu a boca ela colocou os dedos delicados em sua boca o impedindo.


- / Sorrir, talvez falar, está fora de cogitação até amanhã, do contrário será bastante doloroso./- ela sorriu ternamente retirando seus dedos dos lábios dele.- / seu tratamento acabou, você está em seu quarto normal, e tudo indica que teremos sucesso no tratamento de agora em diante./


**********************************************************


Ginny esperava ansiosa do lado de fora do seu apartamento, Jack chegaria a qualquer instante e ela sabia que ele ficaria feliz em estar em casa. Não poderia dizer que sabia como ele estava se sentindo, afinal não sabia qual era a sensação de voltar para o que ela chamaria de lar já que não se lembrava de nada parecido. Harry estava na sua sala, contemplando as cortinas de veludo, eles haviam caminhado um pouco pela manhã e Ginny havia lhe mostrado alguns dos lugares que conhecia, ele fez o mesmo para ela, mas o conhecimento de ambos era limitado. Apesar de tudo o passeio havia lhe rendido algumas risadas.


Agora ele havia observado todo o apartamento e estava parado com um leve sorriso no rosto. Ginny sentia a leve sensação de nervosismo, queria muito falar para Jack sobre tudo que havia acontecido durante o tempo em que ele estivera no tratamento de choque. Queria que ele soubesse que ela havia conseguido lembrar do seu sorriso. Era só um sorriso, mas ainda assim havia sido o primeiro sorriso que ela havia conseguido lembrar-se.


A pressa de ir para o apartamento do amigo, onde os outros estavam o esperando lhe corroia levemente o estômago, mas sabia que por mais que se sentisse compelida a convidar Harry, isso não seria sensato. Jack e Harry não se gostavam muito, embora ela não compreendesse direito porque, tinha a leve impressão de que a razão deveria estar escondida em algum canto da sua memória e ela não estava tão ansiosa assim para lembrá-la.


Sentiu um alívio passageiro quando Harry lhe abraçou e despediu-se com aquele sorriso doce nos lábios. Assim que a porta bateu seu sorriso aumentou alguns centímetros correu para o quarto. Tomou o banho mais rápido que ela se lembrava já ter tomado, e bom, digamos que sua memória não fosse das melhores. Saiu do banheiro ainda molhada sentindo as gotículas de água escorrerem pelas suas costas e pescoço. Vestiu a primeira peça que seus dedos alcançaram, sequer lembrou de passar perfume. Trovejou porta a fora.


Aparatou na sala de estar.


- /Nossa, achamos que você não viria mais!/- disse Leo parecendo aliviado em vê-la.


- /Harry estava no meu apartamento e demorou um pouco a sair./- ela explicou-se ainda ansiosa e sem deixa o sorriso se desvanecer em seu rosto.


-/Ah, aquele purgante?/- ele perguntou, com desdém.


-/Francamente, Raposa não sei como você agüenta este sujeitinho, ele é um tanto quanto intragável./- disse Andrei.


Ginny não conseguia associar o desgostar dos amigos em relação a Harry. Ele sempre se apresentou como uma pessoa muitíssimo amável, prestativa, sempre preocupado com o melhor para ela. Algumas vezes preocupado até demais, mas todos tem seus defeitos. Seus amigos por outro lado pareciam achá-lo o mais insuportável dos insuportáveis. Talvez fosse ciúme. É, quem sabe fosse ciúme...


- / Não falem assim, ele sempre me ajuda muito, e eu lhe sou muito grata./


-/Humpf.../- bufou Leo.


-/Bea deu notícias?/- ela perguntou procurando mudar de assunto. Arrependeu-se assim que viu Andrei parar de andar a meio caminho para a cozinha.


-/ Ela mandou uma carta e pediu para que eu a entregasse para o Tigre./- disse Leo receoso, olhando de esguelha para o outro que agora retomara sua trajetória como de nada tivesse acontecido. Ignorando os dois.


Ambos sabiam que Andrei havia ficado bastante magoado com a ida de Beatrice. Apesar da ruiva não compreendesse completamente, sabia que Bea faria falta para todos, inclusive para ela, mas principalmente para Andrei. Desde que ela havia partido o amigo andava taciturno e calado.


Leo não poupava esforços em lembrá-lo de que a culpa era inteiramente sua, mas na maioria do tempo ele apenas esquivava-se do assunto. E embora a saudade de Bea se fizesse presente todos tentavam fazer o mesmo.


-/ Imagino que ela deva estar bastante sentida por não ter podido se despedir./- ela falou.


- /Sim, ela me disse ser a coisa que mais lamentava./- Leo falou, alteado um pouco o som da voz a medida que Andrei fazia seus passos soarem mais pesados.


O pensamento de que Leo talvez tomasse quaisquer que fossem as dores de Bea lhe cruzou a cabeça. Ele parecia querer se certificar de que o amigo ouvisse cada palavra, e um leve ar de satisfação parecia se mostrar em sue rosto a medida que Andrei fechava a expressão e seus olhos ficavam mais sombrios. Ginny não compreendia exatamente o porque, nem como. Tudo que ela sabia era sobre um certo frisson entre Andrei e Beatrice, e mais nada.


Fez uma nota mental para perguntar isso a Leo assim que tivesse uma oportunidade. Por hora ela se perguntava se demoraria muito mais para Jack adentrar o recinto. Seu estômago ainda sentia as pontadas corrosivas da ansiedade, mas tentou ignora-lãs.


-/ Mas ela voltará certo?/


-/ Depois dos primeiros meses ela terá uma folga./- Afirmou Leo.


-/ Então ela certamente voltará para nos visitar./- disse a ruiva colocando um dos doces que haviam na bancada da cozinha na boca em um gesto displicente.


- /Cabe a nós convencê-la a isso./- disse Leo insinuante, e Ginny quase perguntou o que ele queria dizer com aquela frase, mas achou que talvez não fosse hora.


Ginny pôde sentir uma espessa névoa de tensão se formando, mas esta foi imediatamente quebrada pelo som rangido da maçaneta girando. Todos os olhares de viraram para a porta branca e sem demais entalhes que se abria lentamente. A figura hesitante vestida de preto com o olhar de água, perdido do que parecia não ser nada, adentrou a sala acompanhada de Vega, Antony e outra mulher vestida de marrom. Ginny a reconheceu em alguns segundos como sendo a enfermeira que ela detestava.


Sorrisos cortaram os rostos de Andrei e Leo ao receberem a comitiva.


O Tigre estava em casa finalmente.


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Toda a expectativa teve fim.


Ele sentia o ambiente família estalar a sua volta em meio a escuridão de sempre. O cheiro conhecido misturado ao cheiro levemente irritante de mofo pelo tempo fechado. O sorriso se espalhou pelos seus lábios assim que deu o primeiro passo.


Ele estava tão concentrado nas novas sensações que experimentava a cada respiração, que sequer notou que seu riso se refletia nos amigos. A imagem do apartamento se formava tão claramente em sua mente... Guiava seus passos incertos pelo local.


Tocou a poltrona e arrepiou-se ao toque macio do tecido. Apertou com mais força e apoiou-se nele para o próximo passo. Ganhou o tapete e sentiu seus passos mais macios a cada movimento. Conhecia cada centímetro daquele tapete que estava ali para cobrir as manchas escuras de uma poção gástrica que corroera o piso.


Os pensamentos e lembranças ricocheteavam por todos os cantos de sua mente, ele jamais conseguiria ouvir a todos. Então a dúvida lhe ocorreu: Alguém teria mudado algo de lugar?


Agora ele teria que manter tudo naquela mesma imaculada ordem de sempre, assim reconheceria o ambiente com mais facilidade.


A bancada da cozinha, a mesa de jantar, o vaso preto que a Raposa sempre fizera muita questão. A flor no vaso estaria provavelmente seca e morta. Os armários da cozinha a porta para o banheiro, o corredor para os quartos, e por fim o quadro próximo à janela que mais parecia outra janela. A paisagem no quadro era de uma floresta de pinheiros coberta de neve.


O contraste com a real janela deveria ser mais evidente que nunca com o tempo ensolarado que fazia lá fora.


Estava satisfeito por estar em casa


- /Terminou a vistoria?/- Leo perguntou com o tom divertido.


O tigre deu uma risada.


- /Só vendo se você não quebrou ou tirou nada do lugar/- respondeu no mesmo tom.


- /Bem vindo à sua casa, Tigre./- disse Andrei feliz pelo amigo e esboçando um sorriso sincero.


- / Seria engraçado se não fosse trágico. Andrei me dar boas vindas à minha própria casa/- Ele falou rindo.- /Estou feliz que vocês estejam aqui./


- /Também estamos felizes em estar aqui com você Tigre./- disse Andrei.


- /Agora chega de papo furado, quero ir para o quarto, vocês ficaria assustados com o tanto de coisas que a Sra. Malfoy levou daqui para o hospital./- ele falou dando seus passos incertos na direção que ele sabia estar o quarto.


Todos olharam para o enorme malão que Antony conduzia com a varinha.


- /Oh, Jack, por favor, porque não deixou uma governanta para cuidar do local...?/- perguntou Vega ignorando o seu comentário anterior seguindo-o.- /O cheiro de mofo é muitíssimo prejudicial para sua saúde. Lembra-se como a curandeiro falou que você estaria vulnerável pelas próximas duas semanas?/


Jack não pode conter o rolar de olhos diante da preocupação da mãe. Mães... Ele já se sentia perfeitamente apto a morar sozinho, só havia concordado em deixar que Nay o acompanhasse porque Seleena falou que ele precisaria continuar o tratamento com os medicamentos. Ela deixou bem claro que se Nay não fosse com ele, ele permaneceria nos hospital. Que escolha ele teve?


- /Mãe, eu bem que pedi para o Pirralho providenciar isso, mas se a senhora soubesse como ele anda preguiçoso.../- ele falou fingindo-se de inocente.


- /O que?! Tigre como você pode ser tão cínico? Você nunca me pediu isso! Como se eu fosse ter tempo! Esqueceu que eu estou pegando turnos dobrados no ministério./- ele falou um pouco azedo.


- /Garotos, garotos por favor!/- Reclamou Vega.- /Jack não chame o Antony de preguiçoso, você sabe que ele está trabalhando muito, e Antony se você não tivesse tempo, poderia ter me avisado para que eu pudesse providenciar isso não é mesmo?/


- /Mas mamãe, ele não me disse nada!/- reclamou Antony.


- / Disse sim./


- /Ah, meninos já chega!/


Todos já estava rindo dos dois, Jack estava aos poucos recuperando seu humor, já conseguia até provocar Antony. Então todos Surpreenderam-se quando Ginny, que havia permanecida totalmente estática, desde a entrada deles, andou com passos rápidos até Jack e o abraçou com força, apertou seus braços ao redor do seu pescoço. O Tigre assustou-se de inicio, ela foi muito rápida, mas assim que os braços dela envolveram seu pescoço ela o cheiro dos cabelos rubros, invadiu seu nariz inebriando seus sentidos e ele a envolveu em um abraço só.


O sorriso suave abriu-se no rosto de Leo, Andrei e até mesmo Antony que ainda resmungava qualquer coisa sobre o irmão ser um mentiroso de sorte. Até a Sra. Malfoy sorriu um pouco satisfeita. Nay permaneceu séria, passando como uma sombra, abaixou os olhos para desviá-los da cena.


- /Estou feliz por você estar aqui./- ela falou.


- /Estou feliz em abraçá-la fora daquelas parede agourentas do hospital./- ele falou com a voz tão baixa que beirava a barreira do inaudível


- /Jack acho que deveria descansar agora./- disse Nay, com a voz macia.


Ginny ficou desgostosa ao ouvir a voz dela. Ainda iria descobrir porque aquela mulher não gostava dela.


-/ Acho que ela pode estar certa querido./- disse sua mãe. - /Hoje tem sido um dia com muitas mudanças e novidades./


Ele sabia que não havia como escapar disso, já haviam tido esta discussão uma semana atrás quando ele havia saído do tratamento de choque. E é claro que ele sempre acabava vencido deitado na cama do hospital com a curandeira Nay sempre a disposição para todos os seus pedidos.


Ele suspirou e continuou seu caminho até o seu quarto, tateando as paredes a sua volta.


Até que finalmente sentiu a maçaneta familiar como tudo a sua volta, girou-a e deu um passo para dentro do quarto. Tudo era silêncio. Ele foi até a cama, sentou-se e tocou os lençóis. Ainda estava absorto sentindo o ambiente a sua volta, a mistura de cheiros, a tremulação do vento passando pela janela.


-/Tigre, eu vou deixa suas coisas aqui, e tenho que ir agora, Ivanovitch, apenas me deu uma hora de intervalo para eu pode vir trazê-lo, tenho que voltar agora sob pena de ter minha cabeça arrancada. /- disse Antony.


- /Tudo bem Pirralho, te vejo após o trabalho./


- /Ah, quase havia esquecido desse fato./- reclamou o loiro.


-/Não se atreva./- disse Jack.


- /Devo voltar par ao hospital durante a noite Jack./- disse Nay - /Seria indicado que Antony lhe fizesse companhia durante a noite./


- / Você ouviu a curandeira certo Pirralho./


- /Certo./- ele falou girando os olhos.- /A propósito Tigre, estou feliz por tê-lo de volta em casa/- ele disse dando um abraço


- /Eu também estou feliz em estar de volta Pirralho./


Todos se acomodaram no quarto, Jack deitou e tomou a maratona de remédio que Nay lhe ministrou. Eles conversaram durante algum tempo. Todos deram algumas risadas, era quase exatamente como se nada tivesse acontecido, como se aqueles meses no hospital não houvessem acontecido. Como se aquela fosse simplesmente uma manhã comum antes de todos terem saído para o alojamento, antes de Ginny ter ido para a Inglaterra, antes que tudo virasse de cabeça para baixo.


Ele suspirou ouvindo a voz relaxada dos amigos, sentiu falta de uma voz. Bea. Seleena havia lhe dito que ela havia mudado de setor, que ela havia ido trabalhar no Alojamento junto com Damien. Gostaria imensamente de ter se despedido dela. Gostaria de poder visitá-la. Mas não poderia, Seleena havia recomendado ao menos a primeira semana, só repouso. Mesmo após esta primeira semana não achava que fosse realmente poder ir ao acampamento, não sem poder ver o caminho.


- /Jack você está tão silencioso.../- Notou Ginny.


- /Beatrice./


- /Ah, sim, sentimos a falta dela, também/- falou Ginny com sinceridade, lamentava não ter tido tempo o suficiente para conhecer novamente aquela que fora sua amiga


- / Não será a mesma coisa sem ela./- disse Leo, soando triste como havia soado mais cedo.


Novamente a tensão se estabeleceu no local, Andrei desviou os olhos da conversa e seus lábios se transformaram em uma linha fina de amargura.


-/Gente, eu... Eu tenho que ir. Eu... Eu acabei de lembrar deveria resolver algo no ministério. Já estou atrasado./- Falou Andrei apressado e o desconforto aparente em sua voz.


- /Mas Ivanovitch não falou nada sobre você ter que retornar ao ministério hoje mais cedo quando eu pedi permissão para nos ausentarmos hoje mais cedo./- Alfinetou Leo.- /Claro ele encrencou em dar parte da tarde livre para Antony, mas foi até muito condizente em nos dar a tarde livre. /


Ginny beliscou Leo, para que ele parasse de colocar o outro em uma situação que o deixasse mais sem graça do que ele já estava.


-/ Bom, é um compromisso anterior, não é do ministério, é no ministério, devo me encontrar com... Devo me encontrar... È isso, tenho que ir./- ele falou embaralhando-se nas próprias palavras.


- /Ah, você tem um encontro?/- perguntou o Tigre levemente curioso, sabia que ele e Bea não estavam se falando normalmente desde uma confusão ela estivera muito decepcionada com ele, mas ele esperava que tudo tivesse se resolvido enquanto ele estivera incomunicável.


- /Eu... Não... Eu realmente tenho que ir. Muito bom te ver de volta ao lugar que você pertence Tigre. Foi um prazer vê-la novamente Sra. Malfoy, até mais Leo, Raposa e Nay./- ele falou saindo apressado do quarto após ter se despedido dos demais.


Todos se olharam.


- /Ele estava com uma pressa.../- Alfinetou Leo.- /Bom, de qualquer forma acho que devo ir também. Vou alcançá-lo nas portas do ministério, ele ainda tem algum karma a ser pago. /


- /Já?/- perguntou Ginny.


-/ Não tão cedo, Leo./- Reclamou o Tigre.


- /Receio ser hora, de qualquer forma eu logo teria que sair mesmo. Pela noite eu cobrirei o Pirralho, tenho que prepara as coisas e só Merlin sabe como meu cubículo no ministério está uma bagunça. Se o chefe me pega eu sou excomungado por dez gerações!/


Todos sorriram da expressão. Já era de conhecimento público que Leo era a pessoa mais bagunceira do milênio.


- /Vocês dois são dois tratantes, eu ainda vou descobrir o que estão tramando para mim./- disse o Tigre.


- /Antes que eu esqueça./- ele entregou um envelope nas mãos do Tigre, que tateou para descobrir do que se tratava. - /Bea mandou para mim para que eu pudesse entregar a você quando tivesse alta./


- /Obrigada Leo./


- /Até mais cara, e parafraseado todos, é bom te ter de volta aqui do lado de fora da esfera de cristal na qual aquele hospital se transformou./


- /É bom estar de fora./- ele disse com um sorriso honesto.


- /Leo não pega muito pesado com a questão do Karma. Tenha piedade certo?/


-/Raposa o que se faz com o cara que bagunçou coma sua irmã?/


-/Eu sei, mas.../


- /Não precisa responder, era uma retórica. De qualquer forma, eu deixo minha ausência acompanhá-los agora meus caros. É sempre um prazer Sra. Malfoy. Até mais Nay. Beijos Raposa./- e com um sorriso divertido deixou o recinto.


Uma por uma a Sra. Malfoy e Nay os deixaram sozinhos no quarto para cuidar de suas obrigações.


Os dois estavam sozinhos, e as palavras fluíam pelos seus ouvidos Ele enxergava o ambiente ao seu redor através de suas memórias ainda vívidas


Aos poucos um sorriso saudoso quase imperceptível esboçava-se nos seus lábios.


N/A: Desculpem, é tudo que eu tenho a dizer.


Obrigada pela paciência e compreensão.


ABF


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