Capítulo 28



Capítulo 28


O sol brilhava alto naquela manhã de sábado; a brisa morna soprava, acariciando os rostos dos alunos que riam, conversavam, brincavam, gritavam e cantavam, sentados nas arquibancadas do campo de Quadribol, esperando o último jogo daquele ano começar.
Torcedores de Grifinória e Sonserina haviam sido devidamente separados, o que fazia com que ficasse óbvio que a maioria dos estudantes de Hogwarts estavam torcendo pela casa dos Leões.
Ao longe, com alguma magia feita por Dumbledore, o hino da escola soava alto, no que alguns alunos acompanhavam roucos e desafinados, abraçados á seus amigos e balançando o corpo de um lado para o outro.
Enquanto no campo estava toda essa bagunça, no vestiário o único som era a da torcida, que chagava abafado ao ouvido dos jogadores; jogadores os quais estavam sentados nos bancos, completamente vestidos, de cabeças baixas, tentando relaxar, enquanto esperavam o capitão sair de sua sala, com os últimos avisos, antes que o sinal que chamava os times para o campo soasse.
A tensão pairava quase palpável no ar; não que o time estivesse com medo de perder o jogo, porém isso não mudava o fato que eles tinham uma vantagem de somente vinte pontos, a qual poderia ser alcançada facilmente, o que fazia com que os Artilheiros sentissem-se na obrigação de marcar o maior numero de gols possíveis logo de cara; os Batedores sentiam-se pressionados a não deixar nenhum balaço se aproximar dos outros jogadores; o goleiro sentia-se nauseado somente de pensar que teria que defender todas as goles que tentasse passar por si, até que seu time tivesse feito, no mínimo, seis gols.
Já o apanhador e capitão do time, acabara de sair de sua sala, completamente vestido e relaxado, enquanto cantarolava uma música qualquer.
-Santa confiança. – Rony resmungou, seu rosto variando de uma clara tonalidade verde para uma levemente azul.
Harry ergueu os olhos do pergaminho que segurava e sorriu para o amigo.
-Você ta bem? – perguntou e Rony confirmou com a cabeça, achando que se abrisse a boca novamente, colocaria seu café da manhã para fora. – Ótimo! – Harry exclamou, energético e animado. – Então, vamos lá time.. – sorriu, confiante. – Sabemos que podemos vencer Sonserina; o tempo está ótimo; o time está treinado e todos sabem o que fazer. – todos suspiraram pesadamente. – Vamos continuar com a taça, por que vocês sabem que perderam a capacidade reprodutora se perdermos. – os meninos estremeceram, enquanto Hillary e Gina somente se entreolhavam e reviravam os olhos.
-Você não era o mais desesperado para vencer isso tudo, Harry? – Gina perguntou e, olhando confuso para ela, o moreno concordou com um aceno de cabeça. – Então, como, diabos, você consegue estar tão relaxado? E, pior, sair da sua sala cantarolando? – Harry riu.
-Gi, meu bem... – Gina ergueu as sobrancelhas; ele era excêntrico ou essa era sua maneira de mostrar sua insegurança? Talvez estivesse dopado, resmungou em pensamentos. – A gente vai jogar contra a Sonserina; é tão simples ficar relaxado se você pensar que eles são piores que criancinhas, que acabaram de aprender a montar numa vassoura.
Gina torceu os lábios, descrente. Levantando-se, entregou sua vassoura para Hillary, que riu de leve, inconformada com o fato de que a ruiva ainda insistia em cismar tanto com Harry, mesmo que este houvesse se tornado seu melhor amigo nos últimos meses.
Cerrando os olhos de maneira analítica, assim que se aproximou do amigo, Gina esticou o braço e pousou a palma de sua mão na testa dele, que a olhou interrogativamente.
-Não, não está com febre. – ela resmungou e alguns risinhos nervosos se fizeram presentes. – Harry... - ele a olhou, esperando pacientemente que o juízo dela voltasse. – Você, realmente, conseguiu esse cargo de capitão honestamente?
-Até onde eu me lembre, ruiva, sim. – ela suspirou com fingindo pesar, antes de dar um tapa na lateral da cabeça dele, que gemeu, enquanto massageava o local atingido. – Pirou de vez?
-Harry, acorda! – exclamou, exasperada. – Estamos falando da SONSERINA aqui, criatura de Merlin! – Harry ergueu uma sobrancelha, como que dizendo que ainda não captara onde a ruiva quisera chegar. Ela puxou o ar com força, conformando-se por ter arranjado um amigo tão lerdo. – Eles roubam, lembra? Tiram os melhores jogadores de campo e, ainda assim, você acha que devemos RELAXAR?
Harry fez um leve bico.
-E eu apanhando de idiota. – resmungou. – Sim, Gina, devemos relaxar! Se entrarmos naquele campo... – apontou para os artilheiros e batedores. – Estressados e... – apontou para Rony. – Nauseados, nós vamos ganhar uma bela estadia grátis na Ala Hospitalar, além, é claro, de um belo vexame, por que perder para Sonserina é o fim.
-Mas não é por isso que vamos entrar saltitantes e cantando no campo, sua anta! – ela revidou, cruzando os braços sobre o peito. Bufou. – Quer saber? Se você quer ser o único excêntrico naquele campo, vai com Merlin; não conte comigo para fazer parte do coral. – Harry riu.
-Ei, relaxa, amore mio. – ele resmungou, divertido, frisando sarcasticamente as duas ultimas palavras. – Assim que você e seus amiguinhos Artilheiros fizerem os seis gols necessários para vencermos e mantermos a taça na sala de McGonagall, juro que capturo o pomo o mais rápido possível.
Gina puxou o ar com força e finalmente pareceu perceber o que estava fazendo; Merlin, estava tão nervosa a ponto de achar que Harry não poderia sequer estar relaxado? Que idiota, pensou, enquanto girava sobre os calcanhares e voltava a se sentar ao lado de Hillary, que, sorrindo matreira, entregou sua vassoura.
-Foi patético, né? – perguntou, baixinho, enquanto o time terminava de se arrumar, parecendo não notar as duas. Hillary sufocou uma risada.
-Só até a parte antes de você bater nele. – deu de ombros, sorrindo. – Ele bem que merecia aquele tapa, mas só por ter entrado cantando. – Gina riu, enquanto as duas se levantavam.
-Acho que Malfoy finalmente encontrou uma maneira de deixar uma garota nervosa antes do primeiro encontro. – resmungou, sarcástica e Hillary gargalhou.
-Só não acho que ele vá querer ter um encontro com alguém que está ali para vencê-lo. – Gina deu de ombros novamente, enquanto checava se os fechos de suas luvas estavam bem afivelados.
-Não que eu me importe realmente. – resmungou, sorrindo, antes de pegar sua vassoura e apoiá-la sobre o ombro.
Hillary riu e levantou-se também, no mesmo instante em que o primeiro apito soava do lado de fora, chamando o time dos leões para fora do vestiário.
-Boa sorte, time! – todos falaram, em uníssono, antes de montarem em suas respectivas vassouras e, dando impulso com as pernas, voar para fora do vestiário sob a ovação da torcida.
-E aí vem o time dos leões! – Dino falou, sua voz magicamente ampliada. – Weasley, Weasley, Rivendell, Creevy, Finnigan, Thompson eeeee Potter! – a torcida vermelha e dourada gritou, empolgada, enquanto os jogadores davam a volta de apresentação no campo, antes de tomarem suas posições.
O segundo apito soou e o time de Sonserina começou a entrar no campo.
-E o time das cobras entra em campo. – Dino continuou com sua narração. – Slater, Stone, McNeil, Tate, Bishop, Brenner eeeee Malfoy. – a torcida verde e prata gritou a plenos pulmões, porém mesmo assim não conseguiu superar as vais vindas da torcida dos leões.
O time de Sonserina tomou suas posições, de frente para os jogadores de Grifinória; Harry e Draco se encaravam fixamente; o loiro com um olhar vitorioso, como que dizendo que Grifinória não tinha a mínima chance; o moreno tinha um olhar desdenhoso, como que perguntando por que os sonserinos estavam perdendo tempo e a pouca reputação que tinham naquele jogo que aconteceria.
Madame Hooch montou na própria vassoura e, dando impulso com as pernas, ficou flutuando entre os dois times; lançou um olhar atento a todos os jogadores, analisando-os.
-Quero um jogo limpo. – ela disse, pousando seus olhos nos dois apanhadores. – E isso vale para todos. – terminou, antes de voltar a pousar e, dando um leve chute na lateral da caixa onde havia as bolas, os balaços saíram voando, desesperados, pelo campo.
Logo atrás das duas bolas, o raio dourado passou, voando veloz, ao arredor da cabeça de cada um dos apanhadores, antes de sumir.
-E a Goles é lançada... – Dino começou, quando a professora de vôo pegou a última bola entre as mãos e a jogava para cima. Os artilheiros de ambos os times avançaram. – E começa o jogo! Goles na posse da Artilheira Rivendell de Grifinória.
Hillary segurou com firmeza a Goles contra o próprio corpo, enquanto voava com a maior velocidade que sua vassoura agüentava em direção dos Aros do outro lado do campo, enquanto desviava de vários jogadores. Gina a acompanhava, voando um pouco mais abaixo, para o caso da Goles caírem. Já Creevy voava rapidamente, na mesma altura que Hillary.
Os artilheiros de Sonserina tentavam se aproximar de Hillary para roubar a Goles, porém os Batedores dos leões, Simas e Thompson não deixavam, lançando os balanços cada vez com mais violência.
Saindo de um perfeito Giro-da-Preguiça, para evitar um balaço que tomara o caminho que Simas não previra, Hillary segurou a bola entre seus dedos com firmeza, enquanto erguia o braço e, reunindo toda a força que tinha, lançou a Goles na direção do Aro do Centro, por onde a bola passou, antes que Brenner pudesse chegar mais perto.
A torcida vermelho-dourada gritou a plenos pulmões, comemorando, enquanto Hillary soltava um gritinho de felicidade e virava sua vassoura, fazendo-a voar na direção dos aros que Rony protegia. Bateu sua mão contra a palma da mão de Gina, quando passou pela amiga, que começava a virar a vassoura para recuar também.
O vento frio soprava com força, desmanchando seus cabelos, que cada vez mais se soltava do elástico, fazendo algumas mechas castanhas se prenderem nos lábios seco, devido ao forte vento que batia em sua face.
Harry sorriu, do alto, observando o jogo, enquanto fingia procurar o pomo. Malfoy estava um pouco mais a frente, as mãos seguravam com firmeza o cabo de sua vassoura, enquanto os olhos cinzas, brilhando de pura raiva, andavam por todo o campo, a procura do pomo.
Suspirando pesadamente, Harry voltou sua atenção á uma verdadeira busca pelo pomo; os olhos atentos e os ouvidos prestavam atenção em cada palavra que Dino dizia.
-E Brenner lança a bola para Stone. Stone voa a toda velocidade pelo campo, desviando dos Balaços que Finnigan e Thompson lançam. Gina Weasley tenta roubar a bola, mas é facilmente desviada de seu curso por um empurrão de Stone, que passa a Goles para Slater, mas Rivendell apareceu do nada e pegou a bola no meio do caminho. Parece que os leões fizeram uma boa escolha ao colocar essa moça como artilheira. – Harry sorriu de canto, mas não desviou as íris da procura que fazia; o time estava bem treinado, sabia, mas estava começando a se preocupar com a frustração que sabia que o time Sonserino estava começando a sentir. Não se surpreenderia se logo começassem as faltas. – Rivendell desvia de um... Não, de dois balanços, ela arremessa e... ELA MARCA! – a torcida Grifinória voltou a gritar a plenos pulmões. – Vinte a zero, para os leões. É melhor as cobras começarem a levar esse time a sério, se não quiserem ser vencidos de lavada.
Gina sorriu para a amiga, antes de se posicionar perto dos aros de Grifinória; as íris amêndoas presas a cada passe que Sonserina fazia, acompanhando a bola, somente esperando o momento certo de agir; o momento certo de surgir do nada e pegar a bola e marcar o terceiro gol.
Puxando o ar com força, inclinou o corpo sobre o cabo da vassoura, no momento em que McNeil lançou a bola na direção do gol; sua vassoura disparou na maior velocidade suportada e, num passe rápido, pegou a bola com firmeza entre os dedos da mão direita; os dedos da esquerda apertavam o cabo da vassoura com força, fazendo os nós ficarem brancos de tanta força que colocava.
Mas não pôde ir muito longe, uma vez que um balaço viera voando em direção a suas costas e, antes mesmo que pudesse pensar em agir, a pesada bola acertou a parte de trás do seu ombro esquerdo, fazendo a bola escapar de sua mão e seu corpo ir pra frente, onde a fez cair da vassoura.
O vento repentinamente ficou mais forte, conforme caia mais e mais; apertou os olhos, sentindo o sobretudo vermelho-sangue voar contra seu corpo, esperando a queda a qualquer momento, porém antes mesmo que pudesse começar a rezar, pedindo sua salvação a Merlin, uma mão quente e com um toque gentil, segurou seu pulso com firmeza; abrindo as pálpebras, girou as íris para cima, de modo que pôde ver um sorrisinho preocupado nos lábios firmes de Harry.
-Meu herói. – resmungou, sarcástica, embora um sorrisinho agradecido brincasse em seus lábios.
-Mais cuidado, ruiva. – ele murmurou, fingindo não ter ouvido o comentário sarcástico dela, enquanto descia lentamente com a vassoura. Gina sorriu. – Você ta bem? – ele perguntou, por fim, quando os pés dela finalmente tocaram o chão; Madame Hooch apitou e veio voando o mais rápido que sua Coment 260 permitiu. O resto do time dos leões já havia pousado e, agora, circulavam Gina.
-Bem o suficiente para cobrar essa falta e melhor ainda pra meter, no mínimo, mais dez gols no rabo dessas cobrinhas asquerosas. – ela resmungou, enquanto massageava o local atingido; um sorrisinho maldoso passou pelos lábios vermelhos.
-Bando de folgados. – Hillary resmungou, enquanto se postava atrás da amiga e, afastando levemente o sobretudo e a blusa da ruiva, olhou o ombro dela. – Você vai ficar com uma bela marca roxa aqui. – Gina sacudiu o ombro bom e, livrando-se das mãos da amiga, tirou o elástico que estava no seu pulso e o passou ao arredor dos cachos rubros, no mesmo instante que a professora de vôo pousava ao seu lado.
-A senhorita está bem, senhorita Weasley? – Gina sorriu
-Estou. – disse, balançando a cabeça de cima para baixo, dando mais certeza ao que dizia. – Pronta para outra. – completou. Sorrindo de leve, Madame Hooch deu mais cinco minutos para o time, antes que este tivesse que voltar ao céu. Enquanto isso, a professora de vôo comunicou á Dino sobre a penalidade.
-E Madame Hooch considerou esse balaço na jovem Weasley, como falta! – ele exclamou e um urro de apoio veio da torcida de Grifinória, enquanto os torcedores Sonserinos gritavam algo como “ela bem que mereceu esse balaço”. – Madame Hooch falou que, de fato, Gina Weasley ainda estava dentro da área dos Aros, quando pegou a Goles e foi atingida. Pênalti para os leões.
A torcida Sonserina gritou em revolta, mas de nada adiantou, uma vez que a juíza parecia mais ocupada em brigar com os batedores de Sonserina que, mesmo vendo que a Caçula dos Weasley’s estava dentro da área, haviam rebatido um dos balaços nela.
-Bom, pelo menos vamos ter a chance de marcar nosso terceiro gol. – Harry comentou, enquanto sentava-se no banco dos reservas dos leões, o qual estava vazio, assim como o das cobras. O moreno começou a apertar com mais força os fechos de suas botas e luvas.
Gina suspirou e, sentando-se ao lado do amigo, afastou a roupa de cima do ombro atingido, girou a cabeça, tentando olhar. Tudo o que conseguiu ver foi o inicio do que parecia ser uma grande macha roxa.
-Me diz que eu tou sonhando e que eu não tenho nenhuma marca roxa redonda, do tamanho certinho de um balaço na parte de trás do meu ombro. – pediu, num sibilo raivoso.
Harry parou de mexer nos fechos de suas botas e, erguendo a cabeça, encarou a amiga brevemente, antes de ajeitar o corpo e se aproximar mais dela. Desceu as íris para o local que ela indicava e sentiu uma raiva descomunal invadi-lo no mesmo instante.
Como assim aqueles... Macacos depenados se atreviam a deixar uma marca daquelas na pele acetinada e macia dela? Bando de filhos duma mãe.
Puxando o ar com força, se acalmou. Agora, a vitória era o que ele mais almejava; simplesmente pelo prazer de esfregar na cara dos Sonserinos que, como sempre, a Grifinória ganharia o campeonato de Quadribol, independente do fato de que eles quase haviam tirado Gina do jogo.
Sorriu de leve e fez um leve carinho sobre a mancha roxa.
-Ta doendo muito? – perguntou, mas era como se, na mente de Gina, a voz dele viesse de algum ponto muito distante. O toque delicado e atencioso e o quê de preocupação na voz dele, fizeram com que algo dentro dela disparasse de tal maneira, que ela não teve como não se lembrar do toque dele, naquela noite distante.
Sentia a respiração calma e quente dele bater de leve contra a pele do seu rosto, fazendo um arrepio passar por todo seu corpo. Oh, Merlin! Por que ele tinha que se aproveitar dos momentos, sempre a pegando desprevenida com seus carinhos?
-Não muito. – lembrou-se de responder e ele sorriu; a verdade era que era como se a dor houvesse simplesmente sumido de seu corpo, como se um balaço não houvesse quase quebrado seu ombro, desde o momento que as pontas dos dedos dele tocaram sua pele. – Mas nada que manter a taça na sala da McGonagall não resolva. – completou e ele riu, antes de afastar a mão e colocar o ombro do seu uniforme no lugar.
Seu machucado latejou estranhamente, como que pedindo que ele continuasse a tocá-lo.
-E tenho certeza de que você vai me ajudar nessa obra de caridade á Snape e sua trupe. – ele comentou, indicando o lado verde e prata do campo.
Ela deu de ombros.
-Talvez... Se isso implicar poder lançar um sorrisinho superior a Malfoy e a mostrar o dedo do meio àqueles dois trogloditas. – resmungou, por fim, indicando os batedores do outro time, com um gesto de cabeça.
Harry olhou brevemente para os dois; tempo suficiente para guardar suas fisionomias. Talvez os matasse á pauladas mais tarde.
-Você pode guardar essas coisas para o fim do jogo? – ele perguntou, fazendo uma cara de coitado. – Porque se Madame Hooch te vê os provocando, nós estamos perdidos. – Gina sorriu e voltou a dar de ombros, enquanto se levantava e segurava com força sua vassoura entre seus dedos. Sorriu.
-Só vou guardar meu comentário pessoal sobre eles para mim mesma... – montou na vassoura. – Por que você fica uma graça com essa carinha de coitado. – e, mandando um breve beijo no ar para ele, deu impulso com as pernas, disparando em direção ao céu. Harry gargalhou, antes de dar um sinal para o resto do time e, junto a eles, voltou para o céu.
Madame Hooch ainda demorou algum tempo para perceber que o time dos leões havia voltado para o ar e, quando finalmente notou, finalizou o seu sermão para os batedores sonserinos e, girando sua vassoura, voou o mais rápido que pôde na direção de Gina e passou a Goles para a ruiva, que sorriu.
Puxando o ar com força, Gina jogou a bola levemente para cima, pegando-a em seguida, antes de começar a repetir o gesto, enquanto analisava suas opções; tentar fazer o gol, fazendo a bola passar pela muralha viva que os artilheiros Sonserinos faziam na sua frente ou jogar a bola para Hillary, que estava um pouco afastada, mas ainda assim na mesma direção dos outros jogadores.
Suspirou; como se essa escolha fosse, realmente, muito difícil.
Sorrindo pelo canto dos lábios, esperou o som agudo do apito de Madame Hooch soar e quando este chegou ao seu ouvido, inclinou-se levemente sobre a vassoura, antes de sorrir para o grandalhão – McNeil -, que estava a sua frente, de uma maneira que deixava claro para ele que, por maior que ele pudesse ser, ela ainda iria marcar o terceiro gol dos leões.
Erguendo o braço direito, apertou os dedos esquerdos ao arredor do cabo da vassoura, antes de mordiscar levemente o lábio inferior e, sorrindo desdenhosa, virou o pulso, de maneira que deixava claro que ia jogar a bola para o lado e, antes mesmo que os grandalhões pudessem entender o que ela pretendia e num gesto rápido, ela deu impulso com o braço e soltou a bola, que saiu voando e rodopiando no ar, em direção de Hillary que, sorrindo, fechou a mão esquerda com força ao arredor da vassoura, antes de receber a bola na mão direita e, em um gesto rápido, arremessar a bola em direção ao aro da direita e, quando Brenner estava na frente do aro do meio, estendendo a mão, numa tentativa de interceptar a Goles, a mesma havia acabado de passar no meio do aro, o que fez com que a torcida Grifinória urrasse o mais alto que conseguia.
Rindo, Hillary e Gina giraram a vassoura e foram se posicionar perto dos aros do próprio time, antes que o jogo continuasse.
Quando McNeil se aproximou o bastante para arremessar a Goles para o gol, Gina disparou na direção do sonserino e, num gesto ousado e ágil, tirou a bola das mãos dele e continuou voando em direção aos aros Sonserinos, sem se importar para os Balaços que passavam raspando ao seu ouvido; ofegando discretamente, segurou-se com mais força no cabo da vassoura e apertou a Goles mais contra ao corpo, quando Slater tentou pegar a bola de volta para seu time, dando um encontrão na lateral do corpo da ruiva, que somente lhe lançou um olhar mal-humorado, antes de acelerar.
Fingiu não ouviu quando Creevy gritou, pedindo a bola e percebeu que Hillary a acompanhava de perto, voando um pouco mais baixo que si, para o caso de algum outro balaço a atingir ou para o caso da ruiva ter que soltar a bola.
Quando estava preste a entrar – perigosamente, diga-se de passagem – na área sonserina, torceu os lábios em concentração, antes de colocar toda a sua força naquele arremesso, o qual marco o quarto gol dos Grifinórios.
Harry sorriu, orgulhoso, para as duas amigas, quando estas acenaram, animadas, no meio do caminho para os aros Grifinórios. As íris se revezavam em supervisionar o andamento do jogo; procurar o pomo e prestar atenção nos movimentos de Malfoy, que estava perto das arquibancadas verde e prata.
Suspirando pesadamente, fechou os dedos de ambas as mãos ao arredor do cabo de sua Firebolt, apoiando todo o seu peso nos braços, enquanto tentava localizar logo o pomo. Apesar de querer ter uma vantagem de mais dois gols, antes de capturar a pequena bola dourada, sabia que tinha que aproveitar a vantagem de quatro que possuíam, antes que os jogadores do outro time se sentissem completamente frustrados e começassem a jogar sujo, machucando, assim, Hillary e Gina, principalmente.
E, sabia que, se alguma coisa acontecesse á ruiva durante o jogo, nunca se perdoaria por não ter aproveitado a chance que tinham. Tudo bem, ia se sentir culpado por Hillary também, mas não tanto quanto se sentiria por Gina
Torcendo os lábios, ignorou os gritos obscenos que a torcida Sonserina direcionava a si – provavelmente por ser um melhor capitão que Malfoy - e cerrou os olhos quando viu Malfoy mergulhar.
Quase riu; o que aquele pavão oxigenado pensava que estava fazendo? Jogando com idiotas? Era óbvio que ele não havia visto o pomo, pois este estava voando, seguro, na direção oposta á que Malfoy estava.
-Idiota. – resmungou, antes de olhar novamente para o desempenho do time; Creevy acabara de marcar o quinto gol. – Hora de o show terminar, Malfoy, e você vai ser o idiota que fez uma Finta, enquanto o outro apanhador capturava dignamente o pomo de ouro. – resmungou baixinho para si mesmo, divertido, antes de olhar novamente para onde o pomo estava; o lampejo dourado continuava no mesmo lugar de antes.
Girando a vassoura, mergulhou em direção ao pomo e não pôde deixar de rir ao ouvir o comentário confuso de Dino:
-Mas... O que os apanhadores estão fazendo? – as torcidas pareceram se silenciar, notando o que ambos apanhadores estavam fazendo. – Quem será que o errado aqui? Potter ou Malfoy? – alguns risinhos maldosos circularam o campo. – Será que Potter está tentando confundir Malfoy, fazendo uma Finta ou será o contrario?
Harry quase começou a voar na direção de Dino ao ouvir esse último comentário. Como assim “Será que Potter esta tentando confundir Malfoy”? Cego, idiota.
Mas parecia que a ficha de Malfoy caíra após esse comentário, pois o loiro virara a vassoura, voando o mais rápido que conseguia na direção de Harry, o qual já começava a estender a mão na direção do pomo.
E quando Malfoy finalmente conseguiu se emparelhar com Harry, este fechou os dedos ao arredor da bolinha metálica; o frio metálico contratando contra a pele quente.
-E POTTER CAPTURA O POMO! GRIFINÓRIA VENCE O CAMPEONATO PELO SEXTO ANO CONSECUTIVO. – Dino gritou e o silêncio que havia caído sobre o campo, foi rompido instantaneamente pelo grito de vitória dado pela torcida dos leões, como se, de repente, os ouvidos de Harry houvessem sido destampados.
-Droga! – ouviu Malfoy exclamar, antes do loiro virar a vassoura em direção ao solo, pousando no mesmo instante em que o resto do time vermelho-dourado voava a toda velocidade na direção de Harry, o qual quase caiu ao receber Gina num abraço – a ruiva havia pulado de sua vassoura para a dele, na felicidade de voltar a ajudar o time a ganhar a taça, após dois anos.
-Ganhamos! – ela gritou, quando desapoiou a testa do ombro dele; lágrimas de felicidade rolavam pelo rosto alvo e Harry riu.
-Ganhamos, ruiva! – exclamou, antes de erguer uma única mão e secar o caminho das lágrimas. – Mas nada de choro! Hoje é um dia feliz! Só quero te ver sorrindo. – ela gargalhou e concordou com um aceno de cabeça.
-Agora que tal você me levar até o chão? Por que minha vassoura pifou de vez e resolveu não me acompanhar na última comemoração da sua humilde vida de vôo. – Harry riu e concordou com um aceno de cabeça, antes de girar a Firebolt em direção ao solo, com o resto do time voando ao seu arredor, alguns dando tapinhas em suas costas; outros berrando; poucos cantando o hino da escola, que voltou a soar, mais alto que antes.
Alguém – Harry definitivamente não conseguia distinguir mais do que meia dúzia de pessoas no meio daquela bagunça -, havia estourado um jogo de Fogos Filubusteiros, fazendo o som de explosões sobrepor as vozes dos alunos, que comemoravam a vitória.
-Sabe... – Gina começou, aproximando seus lábios dos ouvidos dele, para que o moreno pudesse ouvi-la; sentiu um arrepio subir por sua espinha quando o hálito febril dela bateu levemente na pele abaixo do seu lóbulo. – No inicio do ano, eu te achava patético como capitão... – ele riu.
-Mas...?
-Mas você me surpreendeu, garotão. – ela completou, dando um leve tapinha no ombro largo, fazendo-o ir levemente para trás, enquanto ria.
-Espero que isso seja bom. – ele respondeu, com a voz rouca.
-Certamente que é. – ela concordou, mas antes que Harry pudesse sequer abrir a boca para responder, uma voz arrastada e desdenhosa chegou a seus ouvidos, sobrepondo-se ao som da bagunça.
-Sabe, Potter, é nojento ver você e a Weasley namorando. Por que vocês não fazem isso quando estiverem sozinhos? – Malfoy perguntou, fazendo o moreno e a ruiva olharem para o loiro, que tinha um sorrisinho sarcástico no canto dos lábios e os braços cruzados em frente ao peito.
-Não que isso seja da sua conta, Malfoy... – Harry começou, indiferente; estava tão animado por ter ganhado a taça novamente que não estava se abalando com Malfoy. – Mas eu e a Gina não namoramos.
Malfoy deu um sorrisinho.
-Bom, então minha teoria de que você paga a Weasley para ir para sua cama, está confirmada, Potter, afinal algum motivo tem que ter para que vocês dois tenham ficado tão próximos de repente. – Harry soltou uma risadinha desdenhosa, enquanto Gina gargalhou, antes de dizer:
-Seu problema, Malfoy... – resmungou, se aproximando um passo. – É que você fala demais, sem saber o que acontece ao seu arredor. Você acha que o que essa cabeça doentia cria, é a mais pura verdade, quando não passa de uma mera ilusão sua.
Malfoy cerrou os olhos.
-E quem falou com você? – ele perguntou e, dessa vez, a risada fria que chegou até seus ouvidos o fez se arrepiar; erguendo os olhos para cima dos ombros de Gina, pôde ver Hillary parada atrás da amiga, com os braços cruzados em frente ao busto farto; os lábios vermelhos curvados em um sorriso sarcástico.
-Provavelmente ninguém falou com ela... – Gina olhou para a amiga, como que perguntando o que diabos ela estava fazendo. – Mas você falou sobre ela, Malfoy. – deu de ombros e caminhou até parar ao lado da amiga ruiva, que continuava olhando-a, pasma. – Se você não protege sua integridade quando a questionam para seus amigos na sua frente, isso é um problema todo seu. Não venha querer que os outros sejam o mesmo lixo que você.
Malfoy riu.
-E quem a sangue ruim pensa que é para falar sobre ser ou não um lixo? – ele perguntou, mas se arrependeu profundamente de ter permitido que essas palavras saíssem de sua boca, quando sentiu uma mão pousando em seu ombro e, quando olhou para trás, se deparou com a carranca que Joe fazia perante o xingamento direcionado á namorada.
-Sangue ruim ou não... – ele disse simplesmente, a voz baixinha, num tom cortante. – Ela é melhor do que você aparenta ser; do que você mostra ser. – cerrou os olhos. – Você provavelmente é sangue puro, certo? – perguntou e Malfoy concordou com um aceno de cabeça, hesitante. Joe suspirou. – Foi o que pensei. Arrogante, mesquinho, idiota a ponto de achar que a pureza de sangue faz o bruxo. – riu sem humor. – Você é patético.
Lançando um olhar mortal á Joe, Hillary, Gina e Harry, Malfoy tirou a mão de Joe de sobre seu ombro, como se esta o enojasse e saiu, caminhando apressado, resmungando coisas inteligíveis.
-Meus heróis. – Gina resmungou, sarcástica, embora um sorriso agradecido estivesse nos lábios.
-Sempre que precisar, ruiva. – Joe respondeu, mandando uma piscadela para a caçula dos Weasley’s, antes de enlaçar seus dedos nos de Hillary e começar a caminhar com ela ao seu lado, em direção ao castelo.
-FESTA NA TORRE DA GRIFINÓRIA! – alguém gritou no meio da multidão, que gritou animada e começou a se dissipar, indo para o castelo, enquanto ambos os times iam para seus respectivos vestiários.

[hr]

A música tocava alta; pessoas pulavam e dançavam; torcedores enlouquecidos pela vitória do time de sua casa, gritavam a pleno pulmão, enquanto arrumavam mais ainda a baderna que se instalara na Torre de Grifinória.
Alguns alunos de outras casas olhavam ao arredor, curiosos em observar minuciosamente a “toca” dos leões, enquanto bebiam copos e mais copos de Cerveja Amanteigada, que alguém escapara de Hogwarts para pegar em Hogsmead.
Mas toda aquela bagunça e felicidade estavam distantes na mente de Harry, que estava sentado, sozinho, em uma poltrona perto das janelas; as íris verdes presas em algum ponto inexistente no horizonte; nas mãos, um copo cheio de Cerveja Amanteigada.
A mente trabalhava apressada, revendo todos os acontecimentos daquele ano, mas analisando minuciosamente algumas coisas que havia sentido e ‘pensado’ durante o período letivo, desde uma semana antes da volta de Gina, até o presente momento.
Suspirou e, apoiando o cotovelo no braço da poltrona, apoiou o queixo na palma da mão; as íris não se moveram.
Era estranho, mas chega a conclusão que os pensamentos que ouvira no final das férias de Natal, só podiam ser de Gina, afinal quem mais pensaria coisas como ‘voltar para casa’, ‘mostrar que era melhor para quem a humilhara’ e ‘Brian e Melissa’, numa mesma frase, que não fosse Gina?
Quer dizer, a única pessoa que ele conhecia e que sabia que estava voltando para casa para mostrar a todos do que era realmente capaz era Gina e esta era a única, que ele soubesse, que era amiga de Brian e Melissa, antes dos dois aparecerem em Hogwarts, junto á ruiva.
Torceu os lábios; mesmo por que, ainda havia os sentimentos e sensações que sentia, os quais não lhe pertenciam.
Afinal, sentira-se ansioso na noite em que Gina voltara, certo? Ansioso sem ter motivos, afinal era o último dia das férias – e ele nunca sentiria falta das aulas -, ele não sabia que Gina estava voltando e, é claro, ele não fazia a mínima idéia de que tantas coisas iriam acontecer naquele ano.
Sentira um pouco da dor de Gina, quando esta tivera aquela crise que quase a levara á morte. Sentira um pouco do medo que ela sentira naquela noite, quando lhe revelara que, por mais estranho que pudesse parecer para ele – palavras dela!, Harry pensou -, ela nunca chegara a aquele ponto com qualquer garoto.
Não pôde evitar o pequeno sorriso que escapou para o canto dos lábios; sentira-se tão feliz ao saber que seria o primeiro da vida dela; e naquela mesma noite, pensara que seria o último também, mas isso se mostrara errado quando, na manhã seguinte, a ruiva lhe dissera todas aquelas coisas.
Ajeitou-se sobre a poltrona e girou as íris, de modo que pôde observar o interior da Torre. Os olhos procurando freneticamente pelos dela, os quais estavam virados para os amigos, enquanto ela ria de qualquer coisa que eles falavam, antes de levar o copo aos lábios e beber um gole de sua bebida. E, como que sentindo que era observada, as íris amêndoas passearam pela sala, procurando seu observador.
Quando íris amêndoas encontraram verdes, Gina sorriu e acenou para Harry, que sorriu em resposta, antes de depositar seu copo sobre a mesa mais próxima e se levantar, caminhando apressado até onde a ruiva estava; mas quando estava na metade do caminho, Rony passou os braços por sobre seus ombros, aparentemente bêbado demais para conseguir se manter em pé sem a ajuda de alguém ou alguma coisa.
Como ele conseguira ficar bêbado com Cerveja Amanteigada, Harry jamais saberia.
-Ganhamos, cara! Enfiamos a taça no ra... – ele disse, mas Harry o interrompeu com um aceno de mão.
-Me poupe das frases sórdidas, Rony. – sorriu e, afastando levemente o amigo, o ajudou a se encostar no sofá, onde Hermione estava. – Mione. – chamou e a amiga levantou a cabeça, parando brevemente de conversar com algumas amigas da Corvinal. – Será que você poderia fazer a bondade de levar seu namorado para um banho frio? – perguntou e, quando a morena concordou com um aceno de cabeça, com um olhar reprovador nas íris castanhas, Harry continuou seu caminho, parando ao lado da mesa de Gina.
-Ei, ruiva. – chamou e ela olhou para cima. Sorriu.
-Harry! – a voz soou levemente esganiçada e Harry concluiu que cerveja amanteigada não era a única bebida alcoólica que haviam contrabandeado, afinal Gina não era fraca para bebidas e, no entanto, ali estava ela, mais animada que o normal. – Junte-se a nós. – ele balançou a cabeça, sorrindo.
-Eu preciso falar a sós com você, Gi! – ele respondeu e, dando de ombros, Gina deixou seu copo em cima da mesa, antes de acompanhar o melhor amigo para um canto afastado do Salão, onde o som nem era tão alto.
-Diga. – ela pediu, sorrindo. Harry sorriu.
-Você ta bêbada. – ele comentou simplesmente e ela gargalhou.
-Ainda não, Harry. – piscou um olho. – Pode falar o que quiser, que amanhã eu ainda vou lembrar de tudo o que você me disse. – ele riu e colocou as mãos nos bolsos da calça.
-Isso vai soar estranho... – ele disse simplesmente, enquanto a observava prender os cachos rubros, num gesto que o enfeitiçou. – Mas eu queria saber se na última semana das suas férias de Natal você teve pensamentos que não eram seus.
Gina franziu os cenhos.
-Você ta falando de pensamentos compartilhados com alguma outra pessoa? – Harry concordou com um aceno de cabeça. – Sim, Harry, eu ouvi, ou melhor, pensei alguns dos seus pensamentos. – Harry olhou-a, surpreso.
-Como você sabia que eram os meus pensamentos? – ela deu de ombros e suspirou.
-Por que aquilo era uma prova de que você era o único garoto que poderia me curar, mas a burra aqui nem se lembrou desse detalhe na hora.
-Como? – ele ergueu uma única sobrancelha em confusão. Gina desviou brevemente o olhar, sem jeito.
-Quero dizer, você sabe que foi o único capaz de me curar totalmente da maldição, não sabe? – ele concordou com um aceno de cabeça. – Pois bem, eu somente poderia compartilhar os seus pensamentos, assim como você os meus, se você fosse essa pessoa que poderia me salvar.
-Quer dizer que...
-Que naquele momento eu já sabia o que tinha que fazer para me curar. – deu de ombros. – Eu sempre soube o que tinha que fazer, porém nunca tive coragem para tanto, não até aquela noite. – Harry suspirou; aquilo estava entrando em detalhes demais, para ser dito ali, mas agora que começara, não terminaria; temia que a ruiva perdesse sua coragem para retomar o assunto daquela noite.
-Certo, mas como essa ligação foi feita? Você quem fez? – ela negou.
-Não, é uma coisa meio complicada. – ela disse, dando de ombros. – Pelo que entendi das minhas pesquisas, a partir do momento em que a parte trouxa da maldição foi retirada, o elo mágico foi criado. – ele concordou com um aceno de cabeça, pedindo para ela continuar. – E como a cura para a doença que eu tive, é fazer um ato de amor, eu teria que conhecer essa pessoa, assim como ela teria que me conhecer, afinal não é sempre que a gente vai para a cama com o primeiro que aparece na nossa frente. – ele olhou-a, irônico. – Só você! – completou, risonha e Harry riu.
-Certo e como você soube que eu era a pessoa certa? – ela olhou-o, como se analisando se ele não se sentiria de alguma maneira mal por causa daquela resposta. Por fim, decidiu que ele tinha o direito de saber dessas coisas.
-Porque você foi o único que disse que me ama.
-Mas e o Joe? – ele perguntou, ciente de que no baile de dia dos namorados, o loiro olhava para a ruiva como se ela fosse a coisa mais importante do mundo; como se a amasse mais que tudo.
Gina deu de ombros.
-Joe nunca soube o que era amar, até conhecer Hillary. – ela respondeu, simplesmente. – Você também não sabia o que era amar, mas... Eu tinha uma escolha, Harry. – ela disse, como se rever essas descobertas fosse muito doloroso para si. – Uma escolha que tinha que ser certeira.
-Como assim? – ela sorriu e aproximou seus lábios do ouvido dele, para que somente ele ouvisse.
-Eu não posso perder a virgindade mais de uma vez. – respondeu, num murmúrio, e Harry sentiu sua nuca esquentar.
-Certo, mas você sempre teve o Joe, Gina. Não faz sentido você não ter tentando se curar com ele. Pelo menos não pra mim. – ela torceu os lábios.
-Eu sempre soube que o Joe não me amava do jeito que pensava, Harry.
-E o que a fez pensar que eu a amava do jeito que sempre pensei? – ele disparou.
-Seus olhos. – ela respondeu e Harry suspirou.
-O que tem meus olhos? – Gina balançou a cabeça, inconformada com sua lerdeza.
-Eles brilharam de uma maneira que eu nunca vi, Harry, mas que sabia que somente os olhos de uma pessoa que realmente ama, podem brilhar. – suspirou pesadamente, como se estivesse tentando segurar as lágrimas. – Nem mesmo você poderia fingir isso, Harry.
-Sou bom em fingir coisas que não sinto. – ele murmurou.
-Mas não é bom em mentir. – ela sorriu. – Sempre que você mente, seus olhos deixam de brilhar da maneira que brilham. – ele sorriu.
-Como você soube que era eu o dono dos pensamentos perdidos? – ela sorriu, matreira.
-Veja bem, Harry... – seu tom era irônico. – Ninguém, em sã consciência, tem pensamentos do tipo... – engrossou a voz. – “Tinha alguma coisa naquela Cerveja Amanteigada que me deram”. – ele riu.
-E ninguém pensa em onde se esconder quando os amigos brigam. – ele cutucou e, dando de ombros, ela começou a caminhar de volta para a mesa onde os amigos estavam, mas deixou uma frase no ar.
-E a propósito... – mandou um beijo no ar para ele. – É impossível você ficar mais louco do que já é. – ele gargalhou.

[hr]

-Eu não acredito! – o gritou ecoou pelas paredes de pedra do dormitório de Gina, a qual gargalhou. – Não pode ser! – Hillary bufou, enquanto abraçava o travesseiro da amiga, mal-humorada. – Você deve tar roubando.
Gina riu.
-Oras, vamos, Lary! – ela exclamou, enquanto, com um aceno de varinha, colocava pedras de volta a seus lugares, no tabuleiro de xadrez. – Admita que eu sou a melhor.
-Ora! Ser boa é uma coisa, agora, ganhar dez vezes consecutivas é ser ladra. – Gina voltou a gargalhar.
-Pede pro Joe te ensinar a jogar, então. – Hillary girou os olhos.
-Eu já pedi. – afundou o rosto no travesseiro. – Mas ele não sabe jogar. – completou, fazendo Gina parar no meio do movimento de estralar os dedos da mão.
-Ele o quê?
-Não sabe jogar. – a voz abafada da morena, foi seguida pela risada estridente de Gina. – Qual a graça? – a outra perguntou, erguendo a cabeça.
-O Joe... Não saber jogar. – falou, entre uma gargalhada e outra. – É a piada. – completou, parando de rir.
-Por quê?
-Porque foi ele quem me ensinou a jogar. – respondeu, mas se arrependeu de dar essa informação a amiga, quando viu as íris azuladas brilharem perigosamente.
-FILHO DA MÃE MALDITO! – gritou, jogando o travesseiro longe. – Aquele... Corno manso mentiu, dizendo que não sabia jogar! Idiota! Cretino!
Gina riu.
-Não é pra tanto. – sorriu. – Ele, provavelmente, só estava querendo saber até quando você poderia agüentar perder para os outros no xadrez.
-Ah! Mas ele me paga! AH SE PAGA!
Gina voltou a rir, no mesmo instante em que a porta do dormitório foi aberta e por ela entrou Melissa.
-Ah, aí estão vocês. – ela disse, fechando a porta atrás de si. – Por que saíram da festa? – perguntou, indo sentar-se ao lado das amigas.
-Eu sai porque não tinha mais nada de interessante para fazer e eu já estava ficando bêbada. – Gina respondeu, passando as mãos nos cabelos, vendo se estes já haviam secado do banho frio que tomara ao voltar para o dormitório.
-E eu vim fazer companhia para Gi. – Melissa sorriu, maliciosa.
-Você podia ter ido para algum canto e se amassado com o Joe, Lary. – a loira revidou, enquanto pegava o pergaminho cheio de rabiscos que havia ao lado do tabuleiro. – O quê? Hillary, namorada do melhor jogador que eu conheço, ta perdendo de dez a zero? – Hillary bufou e arrancou o papel das mãos da amiga.
Gina deu de ombros.
-Você disse bem, Mel: a Lary PODIA ter ido se amassar com o Joe, mas ela se lembrou que eu estava abandonada e sem namorado aqui em cima.
-Sem namorado uma pinóia, que o senhor ‘melhor amigo’ ta doidinho por você. – Melissa revidou, sorrindo de canto.
-Bom para ele. – mostrou a língua. – Por que eu não to caidinha por ele. – as outras duas se entreolharam, com idênticos sorrisos sarcásticos nos lábios.
-Não? – Gina riu.
-Okay, posso até ser um pouco a fim dele, mas nunca daria certo. – resmungou, ajeitando-se sobre o colchão, de modo que pôde esticar as pernas.
-Por quê não? – Gina suspirou.
-Porque somos completamente diferentes. – deu de ombros. – Quero dizer, ele gosta de namorar várias ao mesmo tempo, de jogar Quadribol para ganhar. Eu gosto de namorar um de cada vez, por haver sentimento... E jogo Quadribol por diversão.
Melissa revirou os olhos.
-Se ele te ama mesmo, não vai ficar saindo com outras, enquanto estiver com você. E Quadribol não segura namoro, Gi. – a outra deu de ombros.
-Mas aí que ta, Mel. – sussurrou, desviando os olhos. – Eu não sei se ele me ama mesmo e não estou a fim de voltar a amá-lo como antes, para no fim saber que ele somente quer me usar. – completou, mesmo sabendo que aquilo era a maior mentira que poderia ter contado; sabia que Harry a amava mais que tudo, e o amava da mesma maneira, mas não queria se apegar cada vez mais á ele; não queria entrar numa relação, onde tinha certeza de que, no fim, sairia ferida.
-Quem arrisca não petisca, Gina. – Hillary falou, impedindo que Melissa acusasse a ruiva de estar jogando sua felicidade para o alto. – Eu não queria me apegar á Joe, antes de ter certeza de que ele me amava mesmo, mas, diabos, fui eu quem se apaixonou primeiro; justamente eu, que sempre tive medo que sofrer por algum garoto e, por isso, dificilmente me envolvia.
Gina suspirou.
-Não estou disposta a tentar algo, sabendo que em menos de um mês, estarei voltando para Los Angeles. – resmungou e as duas arregalaram os olhos.
-O QUÊ? – Melissa perguntou, pasma.
-É isso aí. Eu conversei com Dumbledore e ele concordou em me dar a transferência de volta para Wizard.
-E o diretor de lá? – Hillary perguntou.
-Aceitou o fato de que alguns problemas pessoais estavam me impedindo de me sentir bem por aqui. – suspirou. – Podemos mudar de assunto? – perguntou, por fim. Não estava a fim de ter que explicar para as amigas tudo o que sentia, pois caso continuasse com aquele assunto, sabia que desabaria.
-Tudo bem... – Melissa concordou, baixinho, enquanto pensava em algum outro assunto. – Vocês vão com que roupa no baile? – perguntou, por não conseguir pensar em nada melhor para dizer.
-Acho que vou com o mesmo vestido do outro baile, é o único que eu tenho até o momento. – Hillary resmungou, enquanto guardava as peças do xadrez.
Melissa olhou para Gina, que deu de ombros.
-Eu também, porque aquele foi o único vestido que eu trouxe. Nunca pensei que Dumbledore daria dois bailes em menos de seis meses. – e, nesse momento, Melissa entendeu que a ruiva pretendia voltar para Wizard desde o inicio.
-Ah, mas não vão mesmo! – a loira exclamou, energética. – Vamos á visita á Hogsmead que teremos no fim de semana que vem, e vamos arrumar nossos guarda roupas, antes de estudarmos para os testes finais.
-AH, NEM ME LEMBRE! – Hillary gritou, pegando um outro travesseiro e o enfiando no rosto. – Eu não sei nadica de nada sobre as matérias. – sua voz abafada chegou ao ouvido das duas, que riram.
-Para sua sorte, o Joe sabe e é um bom professor. – Gina comentou, sorrindo matreira.
-É, acho que vou privá-lo das horas de estudo dele e pedir para ele me ensinar a matéria de um trimestre todo em um único fim de semana. – as duas riram.
Aquele seria um longo fim de ano letivo.

Continua...

N/A:
Eu sei que demorei, como sei que esse capítulo ficou relativamente pequeno perto dos outros, mas entendam que eu, definitivamente, não sei escrever um jogo de Quadribol! O.O
Mas espero que tenham gostado! =D Apesar de curto, acho que esse capítulo esclareceu bastante coisas, que eu venho prometendo desde o inicio.
E, sim, a fic está em sua reta final. Acredito que tenha somente mais quatro/cinco capítulos, os quais vou tentar postar ainda nas férias.
Pois é, parece que Vinganças não irá completar seu segundo ano no ar, em andamento. ;D
Mas tudo bem, por que outras fics virão! =] Claro que somente quando eu terminá-las, irei começar a postar, mas haverá algumas songs para que vocês não sintam tanto a minha falta! ;D
Enfim. Obrigada pelos comentários no capítulo anterior! ^-^ Gostei muito! ^^
Feliz Natal e Ano Novo atrasado! ;D
E, a quem interessar, vou colocar aqui a formação dos times:

Grifinória:

Artilheiros:
Virginia Weasley, Hillary Rivendell e Creevy! (Não, não me lembro qual dos dois Creevy eu já fiz aparecer no time! XD)
Batedores: Simas Finnigam e Thompson! (Esse último é somente um ocupa espaço! XD Precisava completar o time! XD)
Goleiro: Ronald Weasley! (WEASLEY É NOSSO REI!)
Apanhador: Harry Potter! (O cara mais lindo do mundo! XD)

Sonserina:

Artilheiros:
Slater, Stone, McNeil.
Batedores: Tate, Bishop.
Goleiro: Brenner.
Apanhador: Draco Malfoy! (Lindo, porém ruim nesse jogo! XD)

Ah, eu precisava de mais seis jogadores no time das cobras, então nem me perguntem quem é essa gente toda ou de onde eles surgiram!
Meros ocupa espaço! ;D~~

Ah, acho que é isso!^^
COMENTEM! =]
Beijos,
S. Bluemoon

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