Tripla Loicire



Capítulo 4:
Tripla Loirice

-Minha querida irmã! – Harry continuava sem dar a mínima importância às questões da rapariga à sua frente, que por sinal apresentava uma expressão de quem tinha levado três baldes de água fria em cima – Ai... como te chamas mesmo?! – virou-se para trás e berrou para o loiro – Como é que ela se chama?!
-Luna! – respondeu o outro, enquanto se ria a bandeiras despregadas da situação.
-Luna! Irmã do meu coração! – continuava a dizer, tentando abraçá-la.
-Harry! Pára com isso! – Luna continuava a abaná-lo. – Estás a assustar-me!
O rapaz não deu o mínimo sinal de a ter ouvido. Com um sorriso de orelha a orelha virou-se para trás e numa voz fininha declarou – Drakey! Cherri! Anda cá ver a minha irmã, querido!
-COMO ASSIM, DRAKEY CHERRI?! – Luna desistiu de abanar Harry e agora, avançando a passos largos até Draco, gritava feito louca acabada de fugir do manicómio – O QUE É QUE TU LHE FIZESTE?! SUA BICHA DE MEIA TIGELA VERSÃO RATAZANA LOIRA!!!
-Então, minha querida?! Estás um bocado desiquilibrada... – afirmou o loiro calmamente, defendendo-se dos pontapés e socos de Luna, enquanto se continha para não desatar às gargalhadas.
-EU DOU-TE A DESIQUILIBRADA! SEU LADRÃO DE MORENOS SEXYS! VAIS VER! VOU DAR CABO DE TI! – continuava a gritar, enquanto pontapeava o ar à espera de, numa das investidas, atingir o loiro.
-HARRY! FAZ ALGUMA COISA! A TUA IRMÃ ESTÁ-ME A AGREDIR! – Draco gritou numa imitação invejável de donzela em perigo.
O moreno, que até então tinha estado simplesmente a assistir à cena, reagiu como se tivesse acordado de um transe. Correu até ao seu amado e empurrou a loira – Que pensas que estás a fazer?! Não te atrevas a voltar a bater nele! – olhou com desprezo para a pobre rapariga que o encarava com olhos tipo Dobby – Que grande desilusão que me saiste... nem posso acreditar! – exclamou de olhos marejados – A minha própria irmã!
-Harry! Eu não sou tua irmã!!! Sou tua namorada!!! – berrou completamente desnorteada.
-UUUUUGGGGGGGGGGGGH! Ai que horror! Além de teres ciúmes do meu namorado, ainda te queres meter em incesto?! Ai credo! – exclamou repugnado.
A rapariga ficou estática. Abriu e fechou a boca uma data de vezes, mas nem um som saía, tal era o espanto. Depois de alguns minutos em que só se ouvia o choro desolado do moreno, finalmente uma alma resolveu falar.
-Luna, Luna... nunca pensei tal coisa de ti... devias consultar um especialista... – ironizou Draco.
-Sim... um especialista em acabar com gays histéricos e delicados!
Harry soluçava cada vez mais. Olhava para Luna com desgosto – Pára! Não digas mais nada! Sua preconceituosa! – exclamou ao fazer beicinho.
-Vamos subir, honey! Estás muito fragilizado! - e com um braço sobre os ombros de Harry, foi andando devagarinho até à porta de casa. Antes de entrar, virou-se para trás e, com um olhar malicioso, deitou a língua de fora para Luna, que agora gritava de raiva.
-SUA BICHA! VAIS-TE ARREPENDER! – e sem mais dizer, desapareceu.
‘Ena pá...aqueles cabelos loiros são mesmo hot!’, pensou Draco enquanto a via berrar de cabelos sedosos ao vento, antes de desaparecer.

*


-DESGRAÇADO! ELE JÁ VAI VER! – berrava descontrolada, afastando todas as pessoas que passavam por ela. Caminhava apressadamente pelos corredores cheios do hospital, sem nunca parar de insultar a bicha loira.
-SAIAM-ME DA FRENTE! DESAMPAREM-ME O CAMINHO! RÁPIDO!! – berrava com as pobres criaturas que estavam na fila do balcão principal – Quero falar com o médico das urgências que está cá em serviço permanente! – e, ao ver que a senhora atrás do balcão se preparava para a contrariar, apressou-se a dizer – E JÁ! SEM DESCULPAS! QUERO FALAR COM ELE AGORA!
A mulherzinha, de facto, assustou-se com aqueles olhos brilhantes que faiscavam de raiva. A juntar isto ao cabelo desgrenhado, poderia dizer-se que qualquer um teria medo daquela coisa que ameaçava atacar a qualquer momento. Seguindo a funcionária do hospital, Luna afastava qualquer ser indesejável com apenas um olhar. Chegados à ultima porta, depois de terem virado à direita no corredor principal, a mulherzinha exclamou numa voz esganiçada – É aqui! Quando a paciente que o doutor está a atender sair da sala, a menina pode entrar! – sem mais demoras, desapareceu como um relâmpago, como que a fugir da loira.
Esperou, esperou, e esperou. Andava de um lado para o outro, enquanto os minutos passavam. Elaborava mentalmente um plano de assassinato doloroso para a ratazana loira.
-Vou-te arrancar os cabelos um por um! – murmurava enquanto exemplificava, como se estivesse a puxar alguma coisa ao ar – E depois dou-te montes de pontapés nas partes baixas! – e mais uma vez exemplificou, pontapeando o ar – E depois vou-te agarrar nesse pescocinho fino e apertar. Apertar, apertar e apertar! Até não poderes mais e, antes de desfaleceres, soltarás um grito agudo e afemininado tipo AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIII!!!!
Luna comprimiu as mãos uma contra a outra e apertou-as, como se estivesse a esganar o ar, ao mesmo tempo que gritava de maneira a que as cordas vocais quase se rebentassem.
De repente, a porta escancarou-se, e nela apareu um médico e uma senhora idosa, que olhavam desconfiadamente para a loira. Ao dar-se conta de que estava a ser observada, Luna abriu um sorriso amarelo – Eheh... eu uh... estava a treinar para um teatro... sim... ehe...
-Ai filha... procura ajuda de um especialista... – disse a velhinha, enquanto passava por ela com a sua bengala em posição de defesa caso Luna resolvesse atacar.
-ESPECIALISTA?! MAS ESTA GENTE PENSA QUE EU ESTOU DOIDA?! POIS EU NÃO ESTOU! E ALÉM DISSO...
-Hem hem... queria falar comigo, menina?! – interrompeu o médico, enquanto afagava o bigode e olhava apreensivo para a rapariga de cabelos desgrenhados à sua frente.
-AH... sim... senhor doutor, lembra-se de um paciente que esteve aqui há pouco tempo? Harry Potter, que perdeu a memória num acidente de carro?
-OOOH... claro, claro... a florzinha! – constatou o homem, enquanto o seu bigode farfalhudo disfarçava o seu sorriso.
Luna arregalou os olhos de tal maneira que eles passariam bem por duas bolas de ping-pong. – FLORZINHA?! MAS QUAL FLORZINHA?! O MEU HARRY É MUITO MACHO!
-Oh menina! Não seja tão preconceituosa e aceite a posição do rapaz. Eu sei que pode ser uma grande perda para o seu lado, visto que o rapaz até é jeitosinho mas...
Luna esbugalhou ainda mais olhos, se é que tal coisa era possivel, e exclamou – AAAAAH! O SENHOR TAMBÉM É VIRADO PARA O LADO ESQUERDO?!
-Baixe o tom que eu tenho uma reputação a manter. – O médico olhou por cima de Luna pelo corredor, e, vendo que este estava deserto, continuou – Jogo nas duas equipas, não sou esquisito!
A loira ergueu uma das sobrancelhas e fitou o homem que exibia um sorriso malicioso. Decidiu-se por ignorar a revelação – Enfim, não vim cá para falar da sua sexualidade. Sejamos breves. O Harry perdeu a memória e está convencido de que é bicha e anda com uma ratazana loira. A minha questão é: QUANDO É QUE ELE VOLTA A TER A SUA MEMÓRIA?!
-Bom... se formos a pensar no assunto... – começou o médico de ar pensativo, fazendo contas pelos dedos – Pois... não existe data certa para esse tipo de coisas.
-COMO NÃO?! EU QUERO O MEU HARRY!
-Vai ter que esperar... a melhor forma de ele se lembrar de alguma coisa, é estar em contacto com essa pessoa! Mas nunca...ouviu bem...NUNCA o deve contrariar... senão ele se arrisca a ficar amnésico para sempre! – alertou o médico em tom sombrio.
-Ai credo, homem... até me arrepiei. Não diga uma coisa dessas. Ficar perto, não contrariar. Certo. Obrigada! – e correu pelo corredor fora aos tropeções, até que parou ao fundo e berrou – Se o senhor gostar de loiros, talvez lhe arranje um sexy! – e desapareceu por entre a multidão da entrada do hospital.

*


No apartamento de luxo do loiro, Harry suspirava sentado na poltrona, com o olhar perdido algures no tecto.
-Então, honey... que carinha é essa?! – perguntou o loiro ao sentar-se no braço da poltrona. Tinha estado a observar o moreno a tarde toda, desde que tinham subido. Ele estava mesmo desolado, tinha que o animar.
-Oh... fiquei triste... já viste?! A minha própria irmã a reagir daquela maneira?! – exclamou o rapaz de óculos, encarando o outro – Foi uma desilusão.
Draco deliciou-se ao ver novamente o beicinho do outro, que na sua opinião era uma fofura – AW! Pronto, cherri... não fiques assim. Ela realmente anda desiquilibrada, mas vais ver que isso passa-lhe.
Com os olhos brilhantes, Harry abriu um sorriso perante essa hipótese.
– Achas mesmo?! Achas que ela muda?!
-Sim querido! Não te preocupes! – murmurou Draco com um sorriso malicioso – E se nos fôssemos divertir agora?!
Harry adoptou uma expressão séria e endireitou os óculos sobre o nariz – Nós já falámos sobre isto! Vamos casar virgens! –e, vendo que o loiro se preparava para o contrariar, lançou-lhe um olhar intimidante.
-Pronto, pronto... casar virgens. – Concordou enquanto afagava o cabelo rebelde e negro do outro. De repente, lembrou-se de algo muito interessante: o cabelo de Luna – Ouve, Harry... sabes uma coisa?! A tua irmã tem um cabelo mesmo sexy!
Harry olhou de esguelha para o loiro – Mau... agora queres me trocar por ela?!
Draco deu uma gargalhada aguda que até assustou o pobre moreno – Claro que não, sweet. Só que há que ser realista. O cabelo dela é mais sexy que o teu! Mas não te troco por nada! – exclamou com um sorriso que mostrava quase a dentição toda.
-Ah... assim está melhor... – declarou Harry, dando um leve beijo no loiro – Há alguma coisa para comer?? Estou cheio de fome.
-Vou ver à cozinha... já te trago um lanchinho óptimo! – exclamou Draco, enquanto corria até à cozinha. Queria apenas agradar o seu bombom.
Enquanto isso, Harry continuou a dar voltas à cabeça com o que Draco tinha dito acerca do cabelo de Luna, até que lhe surgiu uma ideia e um sorriso lhe invadiu o rosto.

*


Com um vestido de costas abertas em tons de verde, o cabelo impecavelmente arranjado, e uma garrafa de vinho nas mãos, Luna caminhava pelo passeio da rua tranquila, ansiosa por chegar ao seu destino. A porta do prédio tinha que estar aberta, se não o plano saía furado.
Enquanto o coração lhe batia contra o peito a uma velocidade descomunal, aproximava-se cada vez mais da rua pretendida. Atravessou a estrada, continuou a andar, virou à direita e lá estava. Caminhou a passos rápidos e sentiu-se gelar ao ver que a porta estava fechada.
-E agora?! – olhava desesperada de um lado para o outro – Não há outra hipótese... Alohomora. – E, com um leve clique, a porta abriu.
Suspirou em sinal de alívio e subiu rapidamente até ao andar pretendido. Chegou à porta de madeira envernizada e, respirando fundo, tocou à campainha. Que não seja o Draco a abrir... Que não seja o Draco a abrir... Que não seja o Draco a abrir..., repetia vezes sem conta para si mesma. Voltou a tocar impaciente, até que ouviu uma voz a gritar lá dentro – HARRY! Podes abrir, querido?!
Respirou de alívio... não seria a ratazana bicha a abrir a porta. Ouviu passos de alguém que se aproximava da porta. Preparou o seu melhor sorriso, e assim que a porta abriu, gritou – SURPRESA HAR...AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! AI! AI! AI! AI! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Draco apressou-se a vir à porta para ver o que se passava, quando estacou à entrada – AAAAAAI! AAAAAAAAAAAAAAAI! AAAAAAAAAAAAAAAI! DUAS LUNAS! MEU MERLIN!!!! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI

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