Nada mais que Amigos
Manchete do Semanário das Bruxas: “Harry Potter, 23, estrela do Montrose Magpies e da seleção inglesa foi visto numa festa no clube NightWalker em companhia de Ginevra Weasley, nova modelo-sensação. Perguntados sobre um possível envolvimento, os dois deram aquela resposta que ninguém nunca ouviu: ‘Somos apenas amigos.’”
-Ora, e o que queriam que eu respondesse? Harry e eu somos só amigos...
Gina pôs a revista de lado, sobre a mesa do café da manhã. Quase todos os dias, alguma notícia a seu respeito saía em uma revista ou jornal. Noventa e cinco por cento eram mentiras. Mas, como o próprio Harry lhe dissera uma vez, era uma das desvantagens de estar em evidência.
Tomou um gole de seu suco de laranja, apreciando o sabor. Aquela era uma ocasião rara, afinal estava sempre viajando a trabalho. Sua vida era uma correria. E nos raros momentos em que ela podia se divertir com os amigos, publicaçõezinhas baratas como aquela, faziam insinuações sobre sua vida amorosa.
-Como se existisse alguém... Do jeito que eu trabalho, mal tenho tempo pra respirar. – disse, meio desanimada. Ficar sozinha era interessante, mas só até certo ponto. Crescera numa casa cheia, vivera cercada de amigos em Hogwarts, mas desde que se tornara modelo, só tivera um namorado. E já terminara com ele há alguns meses, sentia falta de ter alguém... Terminou o café com uma deliciosa salada de frutas e levantou. Foi para o jardim, onde sentou sobre um pequeno colchonete para fazer seus exercícios de ioga.
~*~
Harry acabara sua costumeira malhação matinal quando ouviu o telefone tocar. Como crescera numa residência trouxa, estava acostumado com aparelhos eletrônicos, mas se impressionava com a popularidade que eles conseguiram no mundo bruxo. Com toda a praticidade e rapidez dos telefonemas e e-mails, as corujas tinham sido praticamente aposentadas. Não que elas reclamassem. Edwiges se tornara tão mal acostumada que sempre que Harry queria que ela levasse uma carta, a ave ia até o telefone e o tirava do gancho.
-Alô? -Harry, meu rapaz! Já viu a capa do Semanário das Bruxas? – perguntou Joe Stall, chefe do Dept. de Marketing do Montrose Magpies.
-Sabe que eu não leio esse tipo de coisa, Joe.
-Bom, você devia. Afinal, mais algumas fotos ao lado de Ginevra Weasley fariam um bem enorme à sua carreira.
-O que faz bem à minha carreira é apanhar pomos-de-ouro.
-Publicidade nunca matou ninguém...
-É, mas eu prefiro não arriscar. – brincou.
-Você ganharia uma fortuna anunciando produtos, além disso, muitos atletas ingressaram na carreira na carreira de modelo e alguns se tornaram atores...
Harry revirou os olhos enquanto o outro tagarelava sobre as vantagens de ser garoto-propaganda. Pensou se devia deixar o telefone sobre a mesinha e ir tomar um banho, mas isso não seria muito educado. “Ah, já sei!”, pensou, pegando seu celular e acessando o painel de ringtones. Deixou que um dos toques se repetisse pra simular uma ligação.
-Joe, tenho que desligar, o celular tá tocando. Tchau! – pousou o fone na base – Ufa... Tanta confusão só porque saí com uma amiga? Se eu saísse com um amigo, inventariam que sou gay?
~*Ateliê da Diamond*~
-Pansy, entrei em contato com a agência da Ginevra Weasley e disse que estamos interessados nela pra próxima campanha.
-É, a coelha ruiva será nossa grande aposta... – comentou a morena, displicente. A secretária a encarou, com uma expressão interrogativa.
-Você a chamou de quê?
-Ah, é só um apelido idiota da época da escola. Que, aliás, eu tenho que parar de usar. Não seria legal chamá-la assim. – ela sorriu - Quando Draco fazia isso, ela o azarava.
A secretária meneou a cabeça. -Já decidiu o que vai fazer na apresentação da próxima coleção?
-Não, e isso já tá me enlouquecendo!
-Pensa no conceito da Diamond, às vezes isso ajuda...
-Tá, minhas roupas são feitas para mulheres dinâmicas, independentes, que sabem o que querem e vão atrás disso. É assim que eu quero que elas se sintam, poderosas, sabe? – ela ficou pensativa alguns segundos – Anota isso que eu acabei de falar, por favor. Pode servir.
-Ok. – Jane escreveu num bloco e depois encarou a chefe – A semana de moda não está longe, temos que tomar logo uma decisão. Organizar um desfile não é rápido nem fácil.
-Eu sei, não me dê sermão. – resmungou a morena, sentando num pufe e apoiando o queixo nas mãos. A falta de criatividade era resultado da tensão de ter um noivado falido e pais que sequer desconfiavam disso. – Quer saber? Eu preciso relaxar! Essa noite, eu vou sair pra dançar! Vou a uma boate trouxa que inaugurou há uns dias.
-Pelo menos, na Londres trouxa, nenhum paparazzi vai incomodar você. Vai chamar o Malfoy?
-Não. – respondeu, pensativa – Essa noite é só minha.
~*Centro de treinamento do Montrose Magpies*~
-E aí, Potter?
-Como vai, Grant? – Harry retribuiu o cumprimento do colega, o artilheiro Bob Grant. Todo o time estava na sala de musculação. A temporada estava próxima e o técnico queria começar a estudar os adversários e planejar as táticas mais cedo.
-O time vai dar uma chegada numa boate nova. Quer ir também?
-Sei lá, da última vez que saí à noite, fui parar na capa do Semanário das Bruxas.
-A boate é na Londres trouxa, ninguém vai nos reconhecer. – vendo a relutância do amigo, Bob insistiu – Vai ser maneiro, a gente conhece umas gatas...
-Tá bom. Além do mais, a vida é uma só, a gente tem que aproveitar!
~*7 da noite*~
-Ginny, tenho um convite irresistível pra te fazer. - disse Harry, falando ao telefone com a amiga.
-Fala.
-Sair pra dançar numa boate trouxa. Que tal?
-E desde quando você sabe dançar? – caçoou a ruiva.
-Não preciso disso pra me dar bem... - resmungou o rapaz - Mas você aceita o convite ou não?
-Sinto muito, Harry. Passei a tarde numa sessão de fotos, tô exausta.
-E quem vai me proteger de ataques indesejados?
-Mais cedo ou mais tarde, você teria que aprender a dispensar. Pode fazer isso hoje.
-Ah, qual é, Gina? Por favor... - disse o moreno, com um tom meio suplicante. A moça quase podia ver sua cara de cachorro na chuva.
-Não, Harry, não vai dar mesmo. Mas não desanime, talvez hoje você não precise dar nenhum fora... Talvez encontre uma namorada de verdade, não essas tietes que passam duas noites na sua cama e somem.
-Você já não cansou de me dizer que boate não é lugar pra procurar relacionamento sério? - questionou ele, frisando as duas últimas palavras.
-Toda regra tem sua exceção, Harry. Quem sabe esta não é sua noite de sorte?
~*MoonLight*~
Pansy entrou na boate, empolgada. Sentia que aquela noite podia ser especial. Não tinha idéia de como, mas sabia que algo estava pra acontecer. Caminhou entre as pessoas, atraindo todos os olhares de apreciação masculinos. E por causa disso, alguns olhares bem raivosos femininos. Ela usava uma calça preta e sandálias de salto. Uma blusa frente única, azul marinho, com um delicado cordão de strass que descia pelas costas, chamava a atenção. Foi até o bar e sentou. Sentia-se a mulher mais poderosa do lugar, suspeitava de que poderia conquistar qualquer um ali com apenas um olhar. Não que fosse esse seu objetivo, mas flertar não era pecado. “Não nesta noite, pelo menos.” Uma música envolvente começou a tocar e ela resolveu ir pra pista. Dançaria até se acabar. Ou até que esquecesse os problemas, o que viesse primeiro.
**
-Muitas gatas... Difícil até escolher. – comentou Bob.
-Ainda não vi nenhuma extremamente interessante... – respondeu Harry, correndo os olhos pelo lugar. Realmente havia muitas mulheres bonitas naquele lugar, mas todas pareciam iguais, logo, ninguém se destacava.
-Bom, eu to vendo uma muito interessante! – comunicou Mike Winger, um dos batedores.
-Onde? -No meio da pista, cabelo comprido, dançando sozinha. – disse, apontando.
-Aquilo não é uma mulher, é uma deusa! – comentou um deles. Os outros concordaram efusivamente, acrescentando mais elogios. Harry, não agüentando mais tanta propaganda, levantou pra conferir por si mesmo. Olhou na direção que os colegas apontavam e, de repente, toda a sua definição de beleza mudara. Deusa, maravilhosa, fantástica, disseram os outros. Nenhuma daquelas palavras parecia fazer jus àquela mulher! Ela era mais! Os amigos continuavam admirando-a, meio embasbacados, então ele aproveitou pra sair, discretamente. Desceu até a pista e se meteu no meio de todos. Não sabia dançar, nunca aprendera, mas isso não parecia muito importante naquele momento. Aproximava-se cada vez mais dela e percebeu que estava cercada de homens, embora estes mantivessem uma certa distância. Viu que um deles tentou falar com ela, mas a moça simplesmente o ignorou, dando-lhe as costas. “Ela não quer nenhum desses fracassados.”, concluiu, com um sorriso. “Será que eu sou bom o bastante pra você?”
**
Pansy dançava sem ligar a mínima para o bando de idiotas que se juntara a sua volta. Vez ou outra, tinha que lançar um olhar de desprezo para que eles se tocassem, mas isso não era exatamente um problema. O que realmente a incomodava era o fato de não haver um único cara realmente interessante ali. Ninguém lhe despertou o interesse. Não que fosse investir, mas não ficaria presa naquele noivado falido pra sempre e seria bom saber se ainda conseguia conquistar alguém. De repente, vislumbrou os olhos mais verdes que já vira na vida. Pertenciam ao único cara que não circulava em volta dela como um abutre ou coisa parecida. Ele lhe estendeu a mão, sem dizer uma palavra. Apenas fez um gesto com a cabeça, em direção ao bar. Ela não soube porque, mas não resistiu. Segurou a mão dele e saíram juntos da pista, pra total desagrado dos outros caras. Pediram as bebidas e ficaram se encarando. A morena quebrou o silêncio.
-Você é bem atrevido. Podia, ao menos, ter falado comigo antes de me trazer pra cá.
-Isso era o que todos estavam fazendo. E ninguém teve sucesso. – ela riu – Achei melhor tentar uma abordagem diferente.
-É, parece que funcionou. Quem é você, estranho?
-Meu nome é Harry. E você, estranha?
-Sou Pansy. – ela estendeu a mão, para que ele apertasse, mas em vez disso, ele a beijou, olhando-a nos olhos. “Um galanteador... Muito interessante...”
Começaram a conversar e o papo fluía com uma naturalidade impressionante. Sem que percebessem, as horas passaram e logo era madrugada. A morena consultou o relógio e assustou-se com o adiantado da hora. Tinha que estar cedo na Diamond® pra receber a nova modelo.
-Minha nossa, eu tenho que ir. – ela levantou e lhe deu selinho. Disse um tchau apressado e se meteu no meio da multidão, em direção à saída. Harry foi atrás dela, com dificuldade, pois o lugar estava mais cheio. Já do lado de fora, viu-a não muito longe e a chamou:
-Já vai, Cinderela?
-Não quero arriscar a virar abóbora...
-Não vai deixar nem o seu sapatinho pra me ajudar a te encontrar? – perguntou ele, se aproximando da morena. Ela o surpreendeu, enlaçando-o pelo pescoço e beijando-o intensamente. Ficaram agarrados por vários minutos, absolutamente alheios ao resto do mundo. A única coisa que os importava era continuar naquele beijo fantástico, o melhor de suas vidas. Num determinado momento (antes que a falta de Oxigênio os fizesse perder os sentidos), Pansy se afastou dele e disse:
-Na próxima vez que sentir todas essas sensações incríveis, terá me achado. – ela o soltou e se afastou alguns passos – Então não esqueça! – ela correu pela rua, absolutamente feliz e saiu do campo de visão de Harry quando virou uma esquina. Ele a teria seguido se não estivesse tão atordoado.
-Uau... que beijo foi esse?... – um raio cortou o céu e um trovão foi ouvido. Antes que ele pudesse assimilar, a chuva desabou fortemente. – Aahh... bom, eu tava mesmo precisando de um banho frio. – passou as mãos pelo rosto e sorriu – Aquela morena é a mulher da minha vida... Eu nem sei o sobrenome dela, mas disso eu tenho certeza: nós vamos ficar juntos!
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N/a : Vixi, terminei. Glória a Deus!! Pode parecer que as coisas tão meio rápidas, mas é q essa fic só tem 5 caps, né? No próximo: encontro entre Draco e Gina. Ah, respondendo à observação da Vivika: é, ela podia ter usado a varinha e talz, mas resolver tudo com magia deixa as pessoas molengas. A Pansy aprendeu a se virar de maneira trouxa, ainda mais no ramo da moda, que é dominado por trouxas. Ainda vou escrever o 3, então, paciência, tá? Besitos. o/
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