Capítulo VII
Capítulo VII
Assim que a Seleção terminou, a conversa baixa começou entre as mesas das Casas. Alunos antigos, que ainda não haviam colocado a conversa em dia aproveitavam cada momento livre para atualizar-se das novidades. Mas os olhos de Lily se perdiam entre os professores. Ali sim as pessoas mais esquisitas que a garota já tinha visto, com as mais estranhas roupas e caras. Mas ela achava tudo aqui muito mais do que normal agora. Era até estranhamente familiar.
E bem no centro da mesa em que os professores se sentavam, estava o mais impressionante ser que alguém poderia conhecer em toda a sua vida. Albus Dumbledore era tido por maioria o maior bruxo daquela era. Lily ainda se lembrava perfeitamente da primeira vez que o viu. Já tinha feito uma semana desde que ela havia recebido a sua carta de Hogwarts, e campainha de sua casa toca. Quando abre a porta, lá está aquele velho senhor vestido com um terno muito bem cortado. Se não fosse pelos longos cabelos e barba prateados, jamais diria que ele era um bruxo.
Mas quem o estava vendo ali, pela primeira vez, não podia deixar de se admirar quando o velho bruxo se levantou, exibindo as suas vestes longas que pareciam com o céu sobre suas cabeças. Poderiam achar inclusive que ele poderia ter roubado um pedaço do céu para fazer as suas roupas. Mary e Jean achavam que nada mais era impossível. E, quando ele falou, com os seus olhinhos azuis percorrendo cada canto do Salão por trás dos oclinhos de meia-lua, é que Sirius finalmente se sentiu em casa.
- Bem vindos! Sejam todos muito bem vindos para um novo ano em Hogwarts! Aos que vem pela primeira vez, espero que apreciem a sua estada. Aos que retornam, saibam que todos nós sentimos muito sua falta! – mas, pelo que James pôde notar pelo sorriso de alguns professores, aquilo não era verdade. – Mas deixemos as falações para depois! Aposto que todos estamos famintos! O banquete está servido!
Quando Peter viu aquelas centenas dos mais variados pratos de comida surgir diante dos seus olhos, ele se esqueceu completamente de que estava apavorado e queria voltar para casa. Na verdade, ele adorava Hogwarts! Como ele pudera cogitar a idéia de voltar para casa?! Jamais! Aquele lugar era maravilhoso, com as suas velas e armaduras e mágicas e... UAU! Aquilo são realmente costeletas?!
Alice precisou de um empurrão para fechar o queixo e começar a encher o seu prato de comida. Tinha que se lembrar de mandar uma carta aos pais perguntando o porquê nunca tinham alertado-a de que Hogwarts era tudo aquilo. Mas a noite tinha apenas começado. Pois, assim como metade dos alunos do primeiro ano de Gryffindor, ela gritou quando uma cabeça surgiu bem no meio das batatas que Remus estava pegando.
- AH! Bem vindos! – disse a cabeça branco-transparente, fazendo com que todo o seu corpo translúcido passasse pelas batatas.
Por todo o salão, saídos do chão e das paredes apareciam tantos outros corpos translúcidos, que tomavam lugares pelas mesas de todo o salão, impressionando os calouros, sendo cumprimentados por veteranos. Fantasmas, Lily não pôde deixar de se admirar.
- Alunos do primeiro ano, hein? – o fantasma que passara pelas batatas achou um lugar entre as irmãs Macdonald e iniciou uma conversa, mas não sem antes ajeitar a sua enorme gola de rufos no pescoço. – Eu sou Sir Nicholas de Mimsy-Porpington, fantasma residente da Torre de Gryffindor! Como vão?
- Mais conhecido como Nick Quase Sem Cabeça, entre os alunos – comentou um garoto ruivo de aparência largada ao lado de Sirius.
- Eu ficaria bem melhor sem os seus comentários, Mundungus Fletcher! – o fantasma deu-se por ofendido, levitando para longe do grupo.
O ruivo Mundungus Fletcher mexeu a cabeça e gritou para o fantasma:
- Sempre bom falar com você, Nick! – e depois se virou para Sirius e James que ainda olhavam para ele. – Vocês têm cara de que vão adorar o lugar. Eu apresento a casa pra vocês. Eu e o trio! – e apontou a cabeça para três garotos sentados logo à frente dele.
James quase deu um pulo para fora da cadeira. Bem ao seu lado, estavam três garotos exatamente iguais uns aos outros. Com feições orientais, os trigêmeos tinham o mesmo rosto pálido e cabelos espetados. James nunca conseguiria diferenciá-los.
- Hey! – disseram os três exatamente ao mesmo tempo, com as bocas cheias de comida.
- James Potter e Sirius Black, não é isso? – Mundungus perguntou, mas não esperou que os garotos confirmassem. – Esses são os trigêmeos Sasaki. Com o tempo vocês aprendem quem é quem. Somos do terceiro ano, acho que já conhecemos o castelo o suficiente.
- Tá brincando, Dung?! – um dos japoneses riu. – Está para nascer alguém que conhece mais esse lugar do que a gente!
Sirius e James trocaram um olhar divertido enquanto Mundungus e o gêmeo começavam uma discussão sobre quem sabia mais. E, sorrindo, viraram-se um pouco para apreciar a briga, enquanto comiam vagarosamente a sua comida.
- Mas quem é que faz toda essa comida?! – Lily pegou-se perguntando em voz alta, quando uma travessa de purê que havia se esvaziado se enchia novamente sozinha. – “Hogwarts, uma história” não falava nada sobre isso!
- Esse lugar realmente deve ter muitos empregados – Natasha se pegou, respondendo ao comentário de Lily. – Mas são de muita qualidade! Preciso levar um desses para casa! – ela sorriu e se serviu de mais assado. – Não como algo assim há tempos!
Remus, que havia desistido de suas batatas ao ver uma cabeça saindo delas, agora se servia de um belo punhado de frango refogado, ouvindo as conversas das garotas, mas ainda acanhado demais para se intrometer. “Não vá começar de novo, Lupin!”, a vozinha em sua cabeça recomeçava a ganhar vida.
- Aposto como não quer mais voltar correndo para casa, não é Peter? – Alice disse, com um sorriso muito convencido nos lábios, mordendo com gosto um pedaço do seu rosbife.
O garoto levantou a cabeça, a boca estufada de comida, tanto que chegava a escorrer por seu queixo. Ele tentou produzir alguma palavra, mas sua boca estava tão abarrotada, que a única coisa que consegui fazer foi uma cena realmente nojenta, que quase fez quem via perder o apetite.
- Nem mamãe faz uma comida assim! – Mary teve que admitir. A mãe das meninas Macdonald possuía um restaurante bastante famoso na cidade em que moravam, Wakefield, e já ganhara diversos prêmios por seus pratos requintados. Mas nada realmente se comparava àquela comida.
- Você acha que conseguiríamos a receita? – Jean perguntou à irmã, em voz baixa. – Poderíamos levar para o restaurante. Aumentar a freguesia...
Mary sabia bem que sua irmã adorava o ofício da mãe, e planejava juntar-se a ela no restaurante quando se formasse, e até substituí-la quando a Sra. Macdonald não tivesse mais forças para pilotar o seu fogão.
- Você parece triste, Gwen... – Josephine disse à menina, que comia devagar, brincando com a comida. – Tem algo de errado com seu pudim?
Gwen sorriu e, como que para provar que tudo estava certo com o seu pudim, deu uma generosa mordida nele, para se virar para Josephine logo depois e dar levemente de ombros.
- Vai tudo muito bem, Josie – Gwen baixou os olhos para a sua comida, não se sentindo realmente com fome.
- Bem impressionante o lugar, não é? – a garota sentada logo à frente de Gwen comentou, olhando em volta. Também parecia esquecida de sua comida. Ela tirou os olhos esverdeados das velas flutuantes e colocou-os sobre Gwen e apresentou-se, estendendo a mão. – Marlene McKinnon.
Gwen apertou a mão de Marlene suavemente, e a garota logo se lançou em uma conversa sobre como havia recebido a carta e a reação dos pais. E Gwen de repente invejou a vida de Marlene McKinnon. Não se lembrava de Madame Francine Dubois chorando de felicidade quando ela recebera a carta.
- Infeliz com a divisão dos lugares?
Severus, que mal comia observando Lily na mesa de Gryffindor, assustou-se quando ouviu a voz arrastada sendo dirigida a ele. O monitor que estava ao seu lado, parecia mal ter tocado em qualquer prato de comida. Estava virado para ele, com o garfo suspenso em uma das mãos, um pedaço intocado de filé em sua ponta.
- De maneira alguma – Severus disse, tentando disfarçar a realidade. – Sempre quis estar aqui.
O monitor estendeu a mão à Severus, sorrindo no que pareceu ao garoto, muito falsamente.
- Lucius Malfoy – se apresentou, apertando os dedos esguios ao redor da mão de Severus. – E pode se sentir honrado de estar onde está.
- E estou – Severus afirmou, e dessa vez não era mentira.
A única amargura de Severus ainda era estar em uma Casa diferente à de Lily. Sua mente insistia em lhe dizer que era melhor assim. Que se a ruiva tivesse ido para Slytherin com ele, ela seria retaliada por ser nascida trouxa. Mas ainda assim, ele queria a companhia da única amiga que já tivera. “Mas isso não vai te afastar dela. Vocês terão aulas juntos. E não estarão em países diferentes.” Dizia a si mesmo em pensamento. E ele sabia que mesmo que estivessem em países diferentes, jamais iria se afastar realmente de Lily.
- E... O Quadribol! – Mundungus continuava a sua ladainha sobre as maravilhas de Hogwarts. Sirius e James absorvendo cada palavra. – Cara! Vocês não sabem o que é isso!
James interessou-se ainda mais quando o garoto mencionou o Quadribol. Desde sempre adorava aquele esporte. Era uma tradição dos homens da família Potter praticá-lo. O avô de James fora Batedor em sua época de escola. E até jogara profissionalmente por alguns anos. Já o pai de James fora um excelente Goleiro, mas parou em Hogwarts, preferindo seguir a carreira diplomática depois da escola.
- ...Os trigêmeos já fazem parte do time – Mundungus ia falando. – São os três artilheiros! O pesadelo do time adversário!
- Posso imaginar! – Sirius ria. Quem seria capaz de diferenciar os três artilheiros!?
- Mas esse ano eu entro no time! – o ruivo continuou, pegando a sua faca e fazendo-o de bastão. – Quero acertar algumas cabeças Slytherins! Há! – E deu um golpe com a faca no ar, que voou de sua mão, indo pousar bem ao lado de um aluno de Hufflepuff. - Oops! Mal aí, Lockhart! – mas não conseguiu deixar de gargalhar junto com os trigêmeos, quando o garoto louro, empinava o nariz, muito pomposo.
Enquanto ria, James foi espetar seu garfo em mais um pedaço de carneiro, mas arregalou os olhos ao ver que o seu prato estava vazio, assim como todo o resto da mesa. Já ia abrir a boca para reclamar, quando todas as travessas se encheram dos mais variados doces.
- Eu amo esse lugar! – gemeu, servindo-se de uma generosa porção de mousse.
- Passei a vida toda nos Estados Unidos – Natasha dizia para Lily que, com o queixo apoiado na mão, prestava atenção em cada palavra que a garota dizia, sua bomba de creme completamente esquecida em uma de suas mãos. Era impressionante como ela falava rápido. – Minnesota, pra ser mais exata! Muito frio. Não que eu não goste. Na verdade adoro! E quanto a você? – e se virou para Remus ao seu lado.
O garoto ficou tão espantado por terem lhe dirigido a palavra que deixou o seu garfo cair no chão. Corando, ele baixou-se para resgatá-lo, ouvindo uma risadinha logo de cima da mesa. “Não comece, Lupin!”, sua voz continuava dizendo, quando ele reapareceu encarando as duas garotas.
- Eu o que? – ele perguntou, impressionado consigo mesmo por não ter gaguejado.
- Onde foi criado? – Natasha disse, apoiando o queixo na mão, exatamente como Lily.
- Ah... No campo – ele sorriu, e baixou os olhos. – Perto de Nottingham.
- Ora! Um Robin Hood! – Lily exclamou, sorrindo e endireitando-se na cadeira.
- Robin Hood? – Remus perguntou, franzindo as sobrancelhas.
A ruiva aquiesceu com a cabeça, pousando o que restava de sua bomba no prato, e curvando-se um pouco para frente.
- É uma história trouxa. De um rapaz que mora em uma floresta, e que rouba dos ricos para dar aos pobres – ela contou. – Se passa em Nottingham, e a floresta é em Sherwood.
- Moro bem ao lado dessa floresta! – Remus disse, parecendo mais animado. Mas logo murchou. Fora também naquela floresta que o seu maior pesadelo começara, há seis longos anos numa noite de lua cheia.
- Parece que temos o nosso Robin Hood, Lily! – Natasha falou, sorrindo abertamente para Remus, que deu uma risadinha, bastante constrangido.
Mary olhava Peter comer, começando a se sentir terrivelmente enjoada. Mas não conseguia desviar os olhos da gana incontrolável do garoto por comida. O prato dele havia chegado à uma astronômica altura, que ele conseguia fazer desaparecer por sua boca com astronômica rapidez.
- Peter... – Alice parecia estar se controlando ao lado dele. – Poderia fazer o favor de... – mas, ao ouvir o seu nome, ele se virou para ela, um filete de sorvete escorrendo por seus lábios. – Ah... – a garota desistiu de tentar fazê-lo ser mais educado e passou a mão pelo rosto, tentando esquecer a “agradável” visão.
- Aposto que a minha prima já está imaginando as piores maneiras de contar ao meu pai para onde eu fui parar – Sirius comentou com James, agora que Mundungus e os trigêmeos Sasaki haviam parado de lhes contar cada detalhe da escola.
- Qual delas é? – perguntou, virando-se para ver a mesa de Slytherin.
- Vê o casal de loiros ao lado do Ranhoso?
- A loira de nariz empinado? – James riu, voltando a se virar para Sirius.
- A própria. Garotinha nojenta – Sirius cruzou os braços, apoiando a sua cadeira nos pés traseiros. – Pior que ela só a irmã mais velha. Bellatrix.
- Realmente, eu não te invejo, cara – falou, balançando a cabeça e bocejando.
Sirius não podia evitar falar de sua família naqueles momentos. Tudo o que sempre desejara na vida é ser diferente deles. Desde que nascera jamais se sentira realmente em família. Nunca aprovara as atitudes do pai ou dos tios, o que lhe resultou em diversas surras. Ter finalmente causado algo que maculasse a grande família Black era algo que o deixava realmente orgulhoso de si mesmo.
Os doces desapareceram dos pratos, assim como os pratos principais haviam feito alguns minutos antes. E a conversa entre os alunos aumentou, ficando mais alta e agitada. Era inevitável. Depois de um banquete tão farto, a conversa era uma conseqüência. Mas, assim que o diretor se levantou de seu assento, o Salão caiu em profundo silêncio, como num passe de mágica.
- Agora que nos fartamos – o diretor começou, – acho que estão mais dispostos a ouvir a falação de um velho asmático – ele sorriu e juntos as mãos, erguendo a cabeça para que sua voz ecoasse retumbante por todo o salão. – Alguns avisos de começo de ano, como sempre. O nosso digníssimo zelador, Apollyon Pringle– apontou um velho completamente careca ao fundo do salão, - pediu encarecidamente que eu os lembrasse de que é proibido pichações nas paredes ou em qualquer lugar do castelo. Principalmente as pichações ofensivas a ele. – Sirius ouviu Mundungus e os gêmeos abafando o riso do seu lado. – Queria também lembrar aos antigos alunos e alertar aos novos que realmente não se aproximem do Salgueiro da propriedade. Acho que já tivemos acidentes o suficiente.
- Que mal pode haver num salgueiro?! – Natasha sibilou. Mas Remus sabia muito bem que mal havia naquele Salgueiro. Ou, pelo menos, que haveria ao final do que estava sob o Salgueiro.
Dumbledore continuou.
- E além do Salgueiro, é claro, a Floresta Proibida é, bem... Proibida – e permitiu-se um risinho. – E eu gostaria também de anunciar oficialmente que o nosso querido Hagrid assumirá o cargo de Guarda-Caças da Escola, uma vez que o velho Ogg decidiu se aposentar. – Muitas pessoas da mesa de Gryffindor aplaudiram. Hagrid era realmente popular entre as pessoas da Casa. Mas então, o sorriso de Dumbledore desapareceu, e seu rosto assumiu um ar grave. – E gostaria também de alertar a todos para ficarem atentos. Há algo realmente grave acontecendo fora dos muros deste castelo e creio que alguns poucos já perceberam isso – o tom do professor era bastante sério e ninguém deixou de acreditar em suas palavras. – Mas todos vocês estão perfeitamente seguros aqui.
Um silêncio pesado caiu quando Dumbledore calou-se. Suas palavras realmente haviam tido grande efeito. Poucos tinham realmente entendido do que ele havia falado. Os nascidos trouxas, então, estavam deveras confusos. O diretor deu um sorriso tranqüilizador.
- Não se preocupem com isso agora. Preocupem-se com a maratona de aulas que começará amanhã. Estão dispensados. Boa noite e bons sonhos!
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N.A.: Demorei, mas postei! :D Chocados com as últimas do mundo Potter?! Dumbledore gay, Neville casado com Hannah Abbott... J.K. não tem mais o que inventar! u.ú
Até! o/
→ Tαsh LeBeαu
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