Suspeitas e... O SIM!



Capítulo 5.

Enquanto o coração de Gina gritava ‘sim!’, seu cérebro insistia que era cedo demais. Ela podia amar Draco, mas ao o conhecia!
Decidira, baseada na infelicidade que o divórcio de seus pais causara, não tomar decisões precipitadas com relação a casamento.
— Não posso dar uma resposta assim, tão de repente — disse.
— Não tinha intenção de fazer o pedido ainda — Draco comentou, vendo a confusão que os olhos da bela ruiva espelhavam. — Queria dar-lhe a oportunidade para me conhecer melhor. Mas, já que não resisti, gostaria de acertar tudo logo.
— Preciso de tempo pára pensar.
Controlando a impaciência, ele decidiu não assusta-la.
— Está bem, tem uma semana.
Aliviada, Gina sorriu, e ele notou que era mesmo um sorriso encantador.
— Então, o que acha de nos vestirmos e continuarmos nosso passeio pela cidade? — Draco sugeriu.
Puxando-a pelas mãos, obrigou-a a se levantar.
— Vou dizer o que tenho em mente. Começaremos com algo especial: vou levá-la para tomar o café a manhã no MacDonald’s.
— Nossa! Obrigada! Ela caçoou.
— Nada de ironias.


O tempo continuou glorioso, e, nos dias que se seguiram, a vida se tornou em algo mais mágico e excitante do que Gina poderia jamais ter imaginado.
Draco quase não a deixava sozinha. Passavam horas explorando a jóia de múltiplas facetas que era Nova York.
Quando ela manifestava preocupação por ele não estar trabalhando, Draco assegurava que estava tudo bem.
— Não tiro férias há dois anos, e se o patrão não puder dar uma escapada quando quiser, quem é que pode?
Frequentemente voltavam ao apartamento de madrugada, depois de uma notada. Draco era excelente dançarino e Gina, ainda que sem muita experiência, tinha ritmo e leveza. Encaixava-se nos braços de Draco como se sob medida e o acompanhava facilmente.


Toda noite ele lhe levava flores, bombons, ou alguma lembrança carinhosa que não fosse cara, para não ferir-lhe o orgulho.
Gina percebeu que ele começara a cortejá-la para conquistar seu coração. Mal sabia que já era dele!
Desde os dezesseis anos, quando enfim tirou o aparelho dos dentes, ela resistira a namorados de mãos rápidas e pouca delicadeza. A franqueza com que deixava claro que não gostava de ser apalpada quase sempre eliminava um segundo encontro. Não tendo a intenção de perder a virgindade com algum jovem inexperiente e desajeitado, ela esperara pacientemente pelo homem certo.
Só Simas aproximara-se de seu ideal. Mesmo assim, ela resistira às suas tentativas de sedução, não exatamente por obedecer a um código de moral severo, mas sim porque, agora ela percebia, não se sentira realmente tentada.
Com Draco, entretanto, estava vulnerável. Tudo o que ele tinha que fazer para derretê-la como manteiga era olhá-la com aqueles olhos cinzas, sorri, ou toca-la de leve.
Ele era irresistível, e, com o passar dos dias, os sentimentos de Gina se transformaram em profundo amor.
Todas as noites, quando Draco a acompanhava até a porta do quarto, ela esperava que ele a arrebatasse nos braços e que fizessem amor até que suas duvidas desaparecessem. Ao invés disso, ele se comportava de modo comedido.
Despedia-se, sorria e se afastava.
Uma noite, quando sua boca e mãos a percorriam alucinadamente, possuídas por um desejo que ele se negava a aplacar, ela se agarrou a ele, apertando-se contra o corpo poderoso.
Suave, mas firmemente, ele a afastou.
— Boa noite. Durma bem. Se não conseguir dormir, há muitos livros no escritório — provocou-a.
Fazendo enorme esforço para não pensar mais, foi para a cama. O sono não veio. Depois de revirar-se durante algum tempo, decidiu seguir a sugestão de Draco.
Vestindo um robe fino, caminhou pela penumbra até o escritório. Tateou a parede em busca de interruptor, apertou-o, e a luz inundou a sala repleta de livros.
Viu várias cadeiras confortáveis e uma escrivaninha grande, onde estavam um aparelho de fax e um computador. Numa das pontas, uma pasta esquecida e uma pilha de papéis e envelopes. Uma chave e uma agenda mostravam que Draco não tinha cuidado obsessivo com suas coisas.
Os livros era uma mistura eclética. Obras sobre viagens, passatempos, arquitetura, línguas, os clássicos e o melhor da literatura moderna abarrotavam as prateleiras.
Ela escolheu um de seus favoritos dos tempos de infância e estava passando pela escrivaninha, para sair, quando esbarrou na pilha de papéis, e tudo caiu no tapete.
Maldizendo sua falta de jeito, pôs o livro numa cadeira e tratou de apanhar o que derrubara. Estava pegando um envelope grande, quando um maço de fotografias escorregou para fora. Eram closes da cabeça e ombros de uma mulher.
Gina tentava empurra-las para dentro do envelope, quando notou algo que a fez gelar. Mesmo as fotos estando de cabeça para baixo, não havia dúvida de que aquela mulher era ela!
Com dedos trêmulos, ela as virou e olhou-as, espantada. Não sabia que fora fotografada, portanto quem quer que o tivesse feito devia ter usado lentes zoom. Mas quando? Por quê?
Ela vestia uma blusa branca e cinzenta, que não usara desde que chegara aos Estados Unidos. Estava claro que as fotos haviam sido tiradas na Inglaterra.
Ainda que o fundo estivesse fora de foco, ela reconheceu o prédio dos correios atrás dela. O fotografo estivera na rua principal de sua cidadezinha.
Por quê? Mais preocupante ainda era pensar no que Draco estaria fazendo com que aquelas fotos.
— O que houve? — ele perguntou, entrando inesperadamente.
Gina, que ainda olhava para as fotos como que em transe, deu um grito de susto. Levantando-se depressa, derrubou as fotografias. Sentiu-se culpada como uma criança apanhada fazendo uma travessura.
Draco estava descalço e usava um roupão curto, cor de vinho. Os olhos estavam sonolentos, os cabelos, despenteados.
Gina recuou, amedrontada.
— Eu... eu vim procurar um livro e... sem querer esbarrei na mesa. Derrubei alguns papéis.
Ele olhou para as fotos e, por uma fração de segundo, pareceu furioso. Recompondo-se rapidamente, mudou de expressão.
— Ah... Bem, se já encontrou um livro, deixe o resto dos papéis onde estão. Eu arrumo tudo amanhã.
Antes que ela pudesse esboçar qualquer reação, ele a conduziu para fora e fechou a porta do escritório. Então, escoltou-a pelo corredor.
Chegando à porta do quarto, ela se forçou a falar.
— Aquelas fotos... gostaria de uma explicação — murmurou.
— Explico pela manhã — ele respondeu.
— Mas...
— Estamos no meio da noite — ele a interrompeu. — E, se não se importa, eu gostaria de dormir um pouco.
Gina tece de se conformar, ainda que suspeitasse que ele estivesse tentando ganhar tempo.


Batidas rápidas e insistentes em sua porta a despertaram. Uma olhada sonolenta para o relógio revelou que eram quase nove horas.
Ela se ergueu, apoiada num cotovelo, ainda zonza.
A porta abriu-se, e Draco entrou em seu quarto carregando um copo de suco de laranja. Ele nunca entrara em seu quarto antes, e Gina ficou ainda mais confusa.
Vestia calça bege e camisa esporte verde-escuro. Perigosamente atraente. Caminhou para a janela e abriu as persianas, deixando a luz do sol entrar, enquanto ela se sentava.
— Não existem muita mulheres lindas como uma rosa orvalhada, e com gosto tão doce, a esta hora da manhã — ele elogiou.
Ela simplesmente esperou que ele prosseguisse.
— Então, Gina, o que quer saber?
— Quem tirou aquelas fotos? Por quê? E como elas foram parar na sua mesa?
— Seu irmão deu-as para mim — ele respondeu.
— Então, porque não me contou, quando vínhamos do aeroporto, e eu perguntei como me encontrara tão facilmente?
— Sabendo que tinham sido tiradas sem que você soubesse, achei melhor omitir — ele explicou, dando de ombros.
Antes que ela pudesse falar de novo, ele continuou.
— Ronald não a via desde que era criança. Qualquer mulher poderia vir aqui dizendo ser você...
Ela olhava com incredulidade, sem dizer nada.
— Roubar um passaporte, ou arranjar um falsificado, seria relativamente fácil —Draco comentou.
— Não vejo por que alguém se faria passar por mim — ela objetou.
— Minha pequena inocente! — ele disse, com uma voz que pairava entre doce e sensual. — Há muito dinheiro envolvido.
Então, Gina percebeu. Houvera um motivo para ele interroga-la, naquela primeira noite.
— como seu pai não lhe deixou nada em testamento, Ronald, que é relativamente rico, pretendia lhe dar uma quantia vultuosa, além de lhe arranjar trabalho.
— Ah... — ela murmurou.
— Tendo isso em mente, contratou um detetive para verificar sua vida. Quando ficou óbvio que você realmente era quem dizia ser, aquelas fotografias foram tiradas para que Ronald pudesse identifica-la — ele conluiu. — Satisfeita?
Será que ela estava? “É uma boa explicação”, Gina pensou. “Mas tinha de ser! Ele tivera tempo suficiente para planejá-la. Mas que outra poderia haver”?
Ela assentiu, e Draco sorriu satisfeito.
— Logo que estiver pronta, vamos sair. Pensei em tomar a balsa e levá-la até a estatua da liberdade.


Com o passar dos dias, a impressão que Gina tivera de Draco não mudou. Continuava a ver nele um homem carismático, atraente e sexy, e desenvolvera um profundo respeito por sua inteligência.
Continuava curiosa para ver onde o irmão morava, mas, mesmo tendo abordado o assunto muitas vezes, Draco esperou até uma tarde de sexta-feira para cumprir o prometido. Foi uma rápida passagem na frente de um agradável prédio de apartamentos, na rua sessenta e três Leste.
Lembrando de que numa carta Ronald mencionara que o prédio do escritório CMW Eletronics era bem perto de onde morava, Gina pediu a Draco que a levasse até lá. Com relutância, ele mostrou-lhe o edifício da empresa.
Naquela noite, levou-a ao Rainbow Room para aperitivos e um maravilhoso jantar.
Notando como ele estava elegante, de terno escuro e gravata borboleta, Gina desejou ter alguma coisa realmente deslumbrante para vestir, no lugar do vestido branco e simples que usava.
— O que a está perturbando? — ele perguntou, adivinhando-lhe os sentimentos.
— Estava pensado que gostaria de ter um vestido mais bonito para usar — ela respondeu honestamente.
— Você está encantadora — ele falou, apertando-lhe a mão. — Não há um homem no salão que não me inveje.
A vista, de o sexagésimo andar do Rockefeller Center era deslumbrante. Manhattan toda se estendia lá embaixo, com seus arranha-céus, um mais alto e imponente do que o outro.
Pousando a xícara de café no pires, Gina suspirou.
— Essa vista é de tirar o fôlego! Nunca imaginei que fosse adorar estar nas alturas, olhando o mundo de cima.
— eu também gosto —Draco comentou. — Foi por isso que escolhi a cobertura para morar. Fui criado numa cidade pequena, onde nenhum prédio tinha mais de três andares.
— Não é de Nova York?
— Não. Sou da Geórgia.
Então era de lá aquele adorável sotaque sulista, gina compreendeu.
— Os interesses de meu pai, seus negócios, estavam em Atlanta, mas minha mãe não gostava de morar lá. Fui criado em Peachtree, uns trinta quilômetros ao sul — ele contou.
Fez uma pausa, tomando um gole de café.
— Vim para Nova York quando voltei da Inglaterra — prosseguiu. — Já não posso me imaginar vivendo em outro lugar. Apesar dos problemas, é uma cidade tão animada, tão excitante! Acho que acaba conquistando a todos!
— Acredito —Gina falou. — Já me conquistou.
— Então, vai ficar contente por morar aqui, comigo? Como minha mulher?
O coração dela deu um salto.
Ainda não conseguira decidir. Queria casar com ele, mas ainda tinha uma premonição de que algo estava errado.
— Casamento é um passo tão importante... — ela murmurou, tentando ganhar tempo.
Ele não disse nada. Seu rosto não demonstrava nenhuma emoção, tornando impossível saber o que ele pensava naquele momento.
Frustrada, Gina acabou por se abrir mais do que pretendia:
— Suponhamos que, em lugar de casamento, eu... eu concordasse em.... dormir com você?
— já me disse que não estava preparada para ter um caso — ele falou com frieza.
— Mudei de idéia — ela confessou.
— Bem, eu não mudei — ele retrucou. — Quero casar com você. —É casamento, ou nada.
Os olhos cinzentados prenderam os dela como numa armadilha.
— Eu lhe dei tempo suficiente para pensar e não pretendo esperar mais. Quero uma resposta, gina, e agora. Não vou perguntar de novo.
Os olhos cinzentos misteriosamente pontilhado de ouro prenderam os dela.
— Eu quero me casar com você — Gina respondeu com um profundo suspiro.
Uma emoção nova e poderosa brilhou nos olhos dele por um segundo. Desapareceu, antes que ela pudesse decifrá-la, dando lugar a uma satisfação mais calma e controlada.
Ele tomou-lhe a mão esquerda e levou-a aos lábios.
Tirando do bolso uma caixinha de veludo branco, abriu-a.
No momento seguinte, colocava um anel no dedo anular de Gina. O anel serviu perfeitamente.
Como num sonho, ela admirou a meia aliança de diamantes delicados e puros. O anel perfeito para sua mão esguia.
— Se quiser, posso trocá-lo.
— Oh, não! — ela exclamou. — É absolutamente maravilhoso!
— Mas... — ele incentivou-o.
Desconcertada com a facilidade que ele tinha de ler seus pensamentos, Gina sorriu.
— Mas deve ter custado uma fortuna.
— Não se preocupe. —Ele deu um sorriso de satisfação. — Não levou ninguém a falência.
— Mesmo assim, sinto que vou precisar de um guarda-costas, quando usá-lo —ela argumentou.
— Está no seguro — ele informou despreocupado.
— É bom saber.
De súbito, Draco mudou de expressão. Avistara alguém atrás de Gina.
— Vamos embora — ele a apressou.
Quando se levantaram para sair, um homem gordo e calvo se adiantou apressadamente.
—Sr. Malfoy! Estive procurando pelo senhor, mas seu escritório informou que estava fora.
— Desculpe, mas não podemos conversar agora.
— Entrei em contato com seu cunhado uma semana atrás e... — o homem continuar.
— Vai me desculpar, mas estávamos de saída — Draco interrompeu-o com voz gelada.
Com o braço na cintura de Gina, ele a levou para fora.
— Detesto tratar de negócios, fora do escritório — comentou, quando entravam no elevador.
Gina desconfiou de que aquele encontro inesperado provocara algo mais do que um simples aborrecimento.


— Que tal uma bebida? — Draco sugeriu ao chegarem em casa. Sem esperar resposta, abriu as portas, deixando entrar o fragrante ar da noite. Então, decidiu: — Champanhe, para celebrar.
Entretanto, quando saiu para o terraço com o champanhe, ele parecia mais um homem de negócios do que um amante.
— Gostaria que casássemos o mais breve possível — falou, sentando-se ao lado dela. —Temos que tratar das formalidades necessárias, e você precisa comprar algumas roupas. Três dias?
Gina levou um susto?
— Três dias? Mas por que tão rápido?
— O que é que você acha? — ele perguntou, os olhos brilhantes.
— Gostaria de esperar pela voltar de Ronald — ela tentou argumentar. —Ele é o único parente que tenho.
— A data de volta não está marcada — Draco objetou. — Pode demorar semanas.
— Não vou me casar enquanto meu irmão não voltar.
— Está bem — ele concordou, sem saída. —Vou fazer o possível.
—Obrigada — ela murmurou, aliviada.
— E aí você casa comigo dentro de três dias?
— Caso — ela sussurrou com a garganta seca e o coração disparado.
Devia estar exultante, mas continuava presa de uma estranha apreensão.



Próximo capítulo.... O casamento!

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