Desabafo
O resto de final de semana foi tranquilo, a Ordem se reuniu no domingo, Hannah não esteve presente, ainda estava na enfermaria, se quer tinha acordado. Remo foi diversas vezes bater na porta da enfermaria, porém Madame Ponfrey não o deixou entrar se quer uma das vezes, parecia que ainda estava zangada com ele por quase começar um duelo na "sua" enfermaria e lhe passava um sermão sobre os doentes precisarem de descanço e paz. Dumbledore e McGonagall ia até lá as vezes que conseguiram se desviar de reuniões, alunos e detenções.
Quando o céu já estava alaranjado devido ao pôr-do-sol, Hannah acordou de súbito, olhou para os lados tentando reconhecer onde estava e não demorou muito para que acontecesse, depois de situar-se, sentou-se e começava a levantar quando Madame Ponfrey entrou correndo e a segurando pelos ombros a fez encostar nos travesseiros.
-A srt. não vai levantar de jeito nenhum!
-Mas eu me sinto bem. -respondendo
-Não, a srt. está fraca ainda, tem de tomar algumas poções, desmaiou e...
-Quanto tempo eu fiquei desacordada?-interrompeu
-Dois dias.
-Só?
-Acha pouco? Não tem problema vou lhe dar uma poção para dormir.
-Não precisa, estou bem de verdade. Posso ir para meu quarto. Hoje é domingo, certo?- Madame Ponfrey confirmou com a cabeça.- Então, amanhã tenho aulas para dar.
-Não mesmo, vai ficar aqui e amanhã pela tarde se estiver melhor aí sim poderá voltar ao seu quarto, mas não vai dar aulas amanhã.
-Eu vou sim! -já estava se irritando.
-Continua teimosa como era quando criança!- pegou uma poção em cima da cabeceira da cama. -Tome.
Hannah pegou o frasco e cheirou.
-É poção do sono! -esticou o braço devolvendo o frasco.- Não quero.
-Vai tomar! Ou então vai ficar por toda semana aqui! -Hannah percebeu que ela não brincava e estava bastante aborrecida, não iria contrariá-la, já tinha feito essa besteira quando fazia 2° ano e quase que passa duas semanas na enfermaria por uma perna quebrada. Tomou a poção e em minuto caia novamente no sono.
Acordou tarde na manhã seguinte. Estava louca pra sair dalí, odiava ficar trancafiada, odiava quando mandavam nela! Avistou Madame Ponfrey do outro lado do aposento.
-Já posso ir? -perguntou alto vendo que alí só estavam persente as duas.
-Depois do almoço.-respodeu visivelmente aborrecida.
-Me deixe ir agora, eu almoço no salão principal. -fez tom doce na voz.
-Não. Que idéia! Se cansar mais naquela confusão do salão principal.- não tinha funcionado, o doce.
-Então almoço na minha sala.
-Não! A srt. vai almoçar aqui e depois lhe dou alta.
Resolveu que era melhor ficar calada ou ia acabar ficando alí para o resto da vida, ficou quieta, hora recitava mentalmente feitiços, hora ingredientes de poções, tentava escultar alguém nos corredores "Malditos feitiços sileciadores!", cogitou a possibilidade de desfazer o feitiço sem varinha, mas logo desistiu Ponfrey iria descobrir que tinha sido ela, começou a fazer pequenas faíscas com a mãos "Que tédio!", ficou pensando com quem os alunos dela estavam tendo aulas, tentou lembrar o horário dos outros professores, mas não obteve sucesso, o tempo parecia estar contra ela "Nunca vi duas horas passarem tão devagar!". Finalmente veio um elfo trazer seu almoço, comia rápido.
-É melhor comer mais devagar ou vai se engasgar e terá que ficar mais tempo aqui. -Quando Madame Ponfrey disse isso quase que ela se, realmente, se engasgava. Olhou feio para enfermeira e continuou a comer. Quando terminou tratou logo de levantar-se, sentiu uma pequena tontura, mas não ia dizer nada, ainda não tinha ficado louca pra correr o risco de ficar mais algum tempo alí.
-Agora posso ir?
-Pode, mas antes -Hannah fez uma cara de "era bom demais pra ser verdade" - tenho algumas recomendações: não se canse demais, não se irrite demais e tem que tomar umas poções que vou mandar o Prof. Snape preparar pra você. -quando ouviu o nome sentiu algo em seu estomago, não queria nada dele. Ele a pertubava tanto a ponto de acontecer o que tinha acontecido.
-Quais são as poções?- perguntou rápido.
-É só um tipo. Poção revigorante, vai ter que tomar toda a semana.
-Não precisa mandar ninguém fazer, eu mesma faço.
-Hum. -Madame Ponfrey fez cara de que não acreditava que ela queria tomar as poções. -Agora vá, não estava com tanta vontade de sair?- e entregou a varinha que tinha guardado quando Hannah chegado a enfermaria.
-Vou mesmo e pode deixar que eu mesma faço minhas poções.- e saiu.
Ao sair da enfermaria Hannah sentia-se livre, era muito inquieta e ficar presa a uma cama era uma tortura pra ela, caminhava pelos corredores olhando os jardins talvez mais tarde desse um passeio, chamaria Remo, mas antes iria para seu quarto tomaria um banho e tinha de fazer as poções, realmente sentia vontade de não tomá-las, mas não ia dar uma de birrenta e ter que voltar a enfermaria, ah isso ela não ia. Estariam os alunos já em suas aulas ou ainda no salão almoçando, não sabia que horas eram ao certo. Chegou ao quadro que protegia a entrada do seu quarto.
-Suspiros apaixonados -o quadro deslocou-se mostrando a entrada.
Passou pela sala e pelo quarto indo direto para o banheiro deixando as roupas lagardas pelo meio do caminho, estava louca por um banho, encheu a banheira com água quente, entrou. Não sabe ao certo quanto tempo ficou no banho, só que foi o suficiente para seus dedos ficarem enrrugados, não se importou, apanhou as roupas do chão e as colocou num cesto, colocou um vestido azul claro que caia até abaixo dos joelhos, penteava os cabelos quando ouviu a bailarina do quadro chamar por ela, terminou de pentear rápido os cabelos e saiu correndo com os pés descalços, pulava os degraus de dois em dois, pois a pintura não parava de chamar e parecia que tinha medo de algo, com a varinha em punho empurrou o quadro, ofegante, tomou um susto quando viu quem estava do lado de fora. Olhou o homem de vestes negras que olhava pra ela com uma expressão que não conseguiu decifrar, virou-se para o quadro.
-Algum problema? -perguntou à pintura.
-Nã-não. O prof. Snape quer lhe falar. -respondeu visívelmente tremula.
-Com esse nervosismo todo pensei que tivesse sendo atacada por um dragão, e não, tendo uma conversa agradável com o gentil prof. Snape. -o olhou pelo canto do olho.
-Ele queria entrar...
-Mas claro que você não podia deixar, acho que você não explicou direito ao Sr., ele entenderia se você tivesse tido um pouco mais de paciência. -sorriu cinicamente, estava adorando aquela "troca" de posições, agora ela que enchia a paciência dele, mas sabia que não era bom cutucar o hipogrifo com vara curta, não iria tão longe. -Pois não prof. Snape, em que posso ajudá-lo? -perguntou, séria.
-Só vim trazer umas poções que Madame Ponfrey me pediu para fazer, -sorriu provocando.- para seu "probleminha". -não resistiu.
-Eu disse que não precisava, eu mesma faço minhas poções, -"Idiota!"- e eu não tenho nenhum "probleminha". -entre dentes.
-Ah claro que...-antes que ele terminasse ela virou as costas e entrou no quarto, mas antes que o quadro fechasse a passagem ele atravessou a passagem.
-Quem lhe deu o direito de entrar aqui?- perguntou irritada notando que ele estava andando próximo a ela.
-Você vai ficar com essas malditas poções, - colocando-as de qualquer maneira sobre a escrivaninha- não quero mais ninguém me culpando por você ir parar enfermaria. -e foi caminhando para a saida.
-Espere! -ele parou- Quem disse...?
-Seu amiguinho lobisomem.
-Não chame ele assim! Por que não para com isso, não é gentil de vez em quando, só pra variar?
-Não lhe devo satisfações. Muito menos gentilezas -grosso.
-Ah, quer saber? Dane-se! Foi culpa sua mesmo, seu grosso! Por todas as suas farpas, por isso que todos querem ficar longe de você. -começou a chorar. -Você afasta todo mundo! Merlin sabe que tentei ser sua amiga, você vivia só, mas você foi insuportável comigo como era com todos, seu imbecíl...
-CHEGA!- ele parecia em cólera- Chega! Já se divertiu pisando em mim como seus amigos marotos sempre fizeram?- ódio- Vocês nunca me entenderam, ninguém nunca me entendeu, nunca me respeitou, nunca...- cerrou os punhos.- eu me arrisco todo maldito dia e todos desconfiam de mim, nenhuma droga de pessoa ver Severo Snape, eles só veem o comensal da morte, eu nunca vou deixar de ser lixo. - segurou os braços dela, ela chorava. - E você, -riu amargo- você é igual a todos eles, aos marotos, aos membros da ordem, aos alunos, a toda sociedade bruxa. Você é igual! Igual!- as mãos dele estavam queimando nela e ela soluçava por sentir a dor dele, parecia que ele estava passando toda energia dele pra ela. Não conseguia entender o que estava acontecendo, estava fraca tinha passado dois dias desmaiada, mas estava aguentando toda a pressão dele e nada tinha acontecido, em nenhum momento sentiu sua magia se anunciar, só sentia a dor dele. - Só aproximou-se de mim para fazer sua reputação de monitora perfeita amiga de todos, até de sonserinos odiados como eu! Igual. Pensa como eles.
-Eu...não!...- não parava de soluçar- Juro...que não...Eu sei o que...você faz...-olhou nos olhos dele, consentrou-se para que ele visse- Confio em você. -ele precisava daquilo agora, precisava deixar de sofrer tanto por causa dos outros, precisava saber que ao menos ela acreditava nele. -De verdade! -ele não soube ao certo se sentiu, viu ou escutou, só soube que ela estava sendo sincera, um perito em legilimência como ele era não tinha como se deixar enganar, mesmo ela sendo ótima oclumente, com aquela distância ele não tinha como enganar-se.
-De verdade. - falou num sussurro antes de beijá-la.
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