Na Enfermaria
Snape estava estupefato com a visão que tinha, Hannah tinha desmaiado, estava pálida. Foi então que percebeu que de uma hora pra outra caia uma chuva torrencial, "Mas o que diabos é isso?", ele estava sentindo agora a energia, uma força que ele desconhecia, era isso que estava causando a chuva, olhava para a mulher no chão e desta para a janela, o que estava acontecendo realmente? Ele estava cheio de dúvidas, quando seus pensamentos foram interrompidos por um Dumbledore que vinha correndo pelo corredor, tinha tanta pressa que Snape ficou em dúvida de como ele conseguia andar tão rápido naquela idade, estava sério, preocupado, não disse uma palavra, conjurou uma maca e levitou a filha até ela, fez um sinal para que Snape o seguisse e saiu guiando a maca pelos corredores em direção a enfermaria, os alunos nos corredores olhavam curiosos querendo saber o que teria acontecido com sua professora, mas não se atreveriam a perguntar, não com o Prof. Snape com aquela cara. Quando já estavam chegando, Dumbledore pediu a um aluno que chamasse Minerva e o garoto assim o fez. Entrou na enfermaria e Madame Pomfrey veio correndo em direção a eles.
-Prof. Dumbledore! O que houve com a pobrezinha? - ela perguntou preocupada.
-Ah, Papoula, converso com você depois, agora ela está com febre e precisa de uma poção para baixá-la, e está sem energias, você saberá o que fazer, não é verdade? -falou Dumbledore dando um pequeno sorriso que não atingiu seus olhos.
-Oh, sim, professor. Cuidarei dela.
-Obrigado, daqui a pouco Minerva estará chegando, mas eu preciso ir ao meu escritório conversar com Severo. - quando terminou Papoula limitou-se a balançar a cabeça em sinal de concordância, então Alvo virou-se para Severo - Vamos, Severo, preciso falar com você. -E saiu em direção à porta com Snape logo atrás.
Todo o caminho foi feito em silêncio, Severo não estava gostando nada daquela situação, estava sentindo-se como criança, quando ainda estudava ali, acuado. Não! Ele era Severo Snape, ex-comensal, mestre em poções, membro e espião da Ordem da Fênix. Ele não podia está se sentindo acuado, não agora, afinal ele não tinha feito nada de errado, ou tinha?
Quando chegaram ao escritório Dumbledore fez sinal para Snape sentar em uma cadeira em frente a sua mesa, ficou observando a chuva tão atento que Severo estava em dúvida se ele ainda lembrava que o professor estava presente.
-Severo, - falou Dumbledore como se tivesse acordado de um torpor - meu filho, -acrescentou ele com doçura- quero que me conte exatamente o que houve antes de Hannah desmaiar.
Por Merlin o que diabos ele iria dizer?
-Na verdade, eu não sei bem o que houve com ela... - confuso - eu estava falando e ela, simplesmente, desmaiou.
-Isso eu sei, mas o que vocês estavam falando?- Severo hesitou - Eu preciso saber, Severo, é importante.
-Estávamos discutindo. -rosnou.
-Ah, certo, tinha um motivo específico ou era só mais uma briga sem sentido de vocês?- Dumbledore continuava calmo, mas ainda com a preocupação na face.
-Não, -respondeu envergonhado- não tinha nada específico.
-Hum, tenho algo pra conversar com você, preciso explicar o que aconteceu. - Severo limitou-se, apenas, a acenar com a cabeça. -Bem, minha filha é uma bruxa com muito poder, como você já deve saber, só que às vezes pode ser difícil pra ela conter essa magia, mas isso só acontece em situações extremas como hoje, acho que... -Dumbledore fechou os olhos como se tentasse lembrar de algo - a última vez que isso aconteceu foi quando ela ainda estudava aqui. Precisa ser algo muito forte pra fazê-la perder o controle e tenho notado que ela está lutando por isso há semanas, então quando ela "libera" a magia acontece isso. -e apontou para janela mostrando o temporal - Severo, a mágica de Hannah pode ser muito boa pra todos nós, mas quando ela tem condições de controlá-la, porém se não pode nos destruir. Toda essa "explosão" consome muita energia e ainda mais quando ela tenta impedir, por isso desmaiou. Creio que vá demorar uns dias para que ela acorde, mas vai ficar bem, -deu um breve sorriso- ao menos desta vez. Preciso que você se controle, Severo, que pare um pouco com as implicâncias, por favor.
Severo estava abismado.
-Minhas "implicâncias" fizeram ela fazer isso?
-Suponho que sim.
-Mas por quê?
Dumbledore sorriu.
-Tens certeza de que não sabes?- levantou-se - Agora vá que preciso me concentrar para acabar com esse temporal.
-Mas... - Dumbledore levantou uma mão para que ele parasse.
Virou as costas e foi embora, aborrecido. Assim que Severo saiu, Dumbledore suspirou cansado "Quando é que eles vão parar com isso e se notar? Ah Merlin!". Ele lembrava muito bem quando tinha sido a última vez que aquilo tinha acontecido, mas não quis compartilhar com Severo, sabia que poderia trazer problemas futuros. Tinha sido há quase 17 anos...
1° de novembro
Já passava das nove da manhã e ela ainda chorava silenciosa, no chão da sala, tinha passado quase toda a noite assim, desde que tinha recebido a notícia da morte dos Potter, simplesmente sentou em frente à lareira e desabou em prantos. Todos ficaram receosos de lhe dar a terrível nova, por isso só ficou sabendo depois de todos, no último minuto, quando todas as tentativas de atrasar sua ida a Godric's Hollow já não estavam funcionando, ela queria comemorar a queda das trevas, queria ver Lílian, tinha planos de conversar até a língua ficar dormente, sem nenhuma preocupação a não ser a hora que o pequeno Harry iria acordar para mamar, estava radiante de alegria, falava pelos cotovelos, sorria de orelha a orelha, mas então Dumbledore teve a triste tarefa de contar-lhe tudo que tinha acontecido. Nunca mais iria ver o sorriso da melhor amiga, nunca mais ela ouviria Lílian dizer "Volta com o Sirius, só você "conserta" ele!”, nunca mais Thiago iria bagunçar os cabelos, nunca mais ele iria junto com Sirius pegá-la nos braços ameaçando jogá-la pra cima, nunca mais... Nunca mais...
Dumbledore já tinha perdido a conta de quantas vezes ele tinha ido chamar a filha, de quantas vezes Minerva já tinha oferecido uma xícara de chá a ela, resolveu que era melhor deixar que chorasse tudo que tivesse de chorar, não ia adiantar mais nada, sentou-se numa poltrona perto dela, só para que ela sentisse que não estava só, que ele estava ali para apoiá-la e que sabia a dor dela, Minerva tinha ido deitar-se, precisava descansar. Foi quando Remo entrou desesperado pela sala, parecia que era o lobo que estava ali, os olhos estavam em fogo.
-Sirius, -ofegava- preso!- e jogou um exemplar do Profeta Diário em cima da mesinha de centro. - Preso! Por Thiago e Lílian! -Hannah levantou-se num salto e apanhou o jornal - Ele matou Rabicho! Eu não acredito que ele tenha feito isso! Não o Almofadinhas!- Remo tentava constatar para si mesmo que aquelas palavras eram falsas. - Ele não entregou! Ele não fez isso... -suas palavras eram abafadas pelo seu choro que era um urro como de dor.
Hannah parecia que não entendia nada, Remo estava ficando maluco, era isso ele tinha pirado por causa do choque, nunca que Sirius teria se aliado a Voldemort, nunca. Abriu o jornal e lá estava na primeira página uma foto de Sirius preso, leu a manchete "SÍRIUS BLACK: RESPONSÁVEL PELA MORTE DOS POTTER, ATACA TROUXAS E MATA PEDRO PETIGREY!”, soltou o jornal no chão, sentiu uma energia correr seu corpo, raiva misturada a tristeza e a decepção. Explodiu um temporal, mas ela não queria controlar, queria machucar alguém, queria machucá-lo, fechou os olhos e caiu num baque surdo. Demorou quase duas semanas para acordar e quando isso aconteceu decidiu que iria embora, iria fugir daquilo tudo, de suas lembranças.
Dumbledore fechou os olhos por alguns instantes e a chuva foi acalmando até parar.
Snape saiu aborrecido da sala do diretor. Odiava quando ele não lhe dava respostas concretas e o deixava na dúvida só para ele ficar pensando qual é a solução e "responder com o coração" como o diretor dizia, mas Severo Snape não era homem de usar o "coração", não! Ele era racional, sempre fora conhecido pela sua inteligência e controle, não se deixava levar pelas emoções. Já tinha chegado às masmorras. As palavras de Alvo ecoavam por todo lugar dentro da sua cabeça.
"Tens certeza de que não sabes?"
"Não sei!"
“... não sabes?"
"Não sei!"
"Tens certeza...?"
-MALDIÇÃO! -gritou - EU NÃO SEI! -e um vidro contendo vísceras voou e encontrou a porta espatifando-se.
Dumbledore chegou à enfermaria para ver como tudo estava correndo e para também dar umas explicações a Papoula, mas mal passou pela porta e foi abordado por uma Minerva nervosíssima.
-Ah, Alvo! -correu em direção a ele - Ainda bem que você chegou, estou tão preocupada. -e ele percebeu que ela havia chorado, a única pessoa que fazia Minerva perder a pose de "durona" estava deitada agora numa maca a metros deles. Alvo sabia que todos esses anos longe da filha tinham sido difíceis pra Minerva e ainda mais por ela ter decidido ir embora de uma hora para outra e depois do que tinha acontecido com ela, implorou muitas vezes para que ele não deixasse a filha ir, mas ele próprio sabia que seria bom pra ela, iria crescer. Minerva usou todos os argumentos disponíveis, de Bellatrix Lestrange aos trouxas. Alvo tinha certeza que muitos dos argumentos nem a própria Minerva acreditava, mas Bellatrix preocupava até mesmo ele. Hannah e Bellatrix tinham um ódio particular uma pela outra e todas as oportunidades que a comensal tinha de atacar a membro da ordem esta o fazia. Dumbledore não pode negar que ficou especialmente mais tranqüilo quando a comensal fora presa, se ela descobrisse onde Hannah estava, iam ter problemas, mas isso não aconteceu e ela ficou na França a salvo por quase 17 anos.
-Minnie, -disse baixinho colocando a mão no ombro dela- vai ficar tudo bem. Acalme-se. Não foi forte como da última vez.
-Ela vai poder ficar aqui?
-Creio que sim, não foi forte, mas ela vai precisar recuperar as forças. -chegou perto da cama onde a filha estava. - Não houve machucados, ela vai ficar bem. -passou a mão pelos cabelos da moça desacordada - Eu devia ter falado com ela logo... -e suspirou balançando a cabeça.
-Alvo, -ela passou a mão nas costas dele- não é culpa sua, ela aprendeu a controlar. Você deu um dom a ela, não uma maldição, pare de se culpar todas as vezes que isso acontece ninguém tem culpa.
-Mas um dia ela pode se machucar de verdade.
-Isso não vai acontecer você pode voltar a ensiná-la, não pode?
-Posso, mas não sei se esse é o problema, afinal ela passou anos sem ter ninguém a monitorando e não teve nenhum problema, na verdade, a questão só pode ser resolvida por ela e outra pessoa, e essa não sou eu.
-Mas quem?
-Não vamos atropelar o tempo, Minnie. Vá até minha sala e me espere lá, vou dar uma palavrinha com Papoula e depois vou tomar um chá com você, ambos estamos precisando. - deu um pequeno sorriso e beijou a testa de Minerva, que respondeu o sorriso, mesmo sabendo que a vontade que tinha era de chorar. Saiu.
Remo estava preocupado, não encontrava Hannah em lugar algum, onde aquela menina tinha se metido? "Menina" ele achava engraçado, não conseguia pensar nela de outra forma, ela sempre seria a menina que sorria o tempo todo e que fazia ele sorrir, a irmã que ele não tinha que se preocupava com os amigos, mas que era energética o suficiente para corrigi-los. Já era quase hora do almoço e não conseguia encontrá-la, avistou Harry com Gina, eles haviam começado um namoro no final do ano anterior, resolveu perguntar se tinham visto a professora de feitiços.
-Harry! -chamou.
-Oi, Prof. Lupin. -disse o menino sorrindo fracamente.
-Oi, Gina. Tudo bem com vocês?
-Tá, sim. -respondeu Gina.
-Vocês viram a Profa. Dumbledore?- Perguntou.
-Hannah? -Harry.
-Sim, Harry, Hannah.
-Eu vi hoje pela manhã, nos jardins, ficou um tempão lá na beira do lago, mas depois entrou no castelo e eu não a vi mais. -respondeu.
-Eu escutei uns alunos da lufa-lufa falarei algo sobre ela hoje mais cedo, acho que 1° ou 2° ano. -disse Gina.
-Falarem o que? Estou procurando ela a um tempão.
-Alguma coisa sobre Snape tirar pontos deles... -tentando lembrar-se - e parece que ela apareceu.
-Snape?- Remo não estava gostando disso. -Você tem como saber mais, Gina?
-Talvez, espera, vou chamar a Luna. -e saiu correndo antes que ele respondesse e em instantes ela vinha correndo, mas acompanhada de uma garota loira e de olhos azuis grandes.
-Luna, fala para o Prof. Lupin o que você viu. -disse Gina.
-Eu... vi...o Prof. ...Snape e...o Prof. ...Dumbledore...- ela ofegava- levando...a Profa. ...Dumbledore...numa...maca...
-O QUE?- gritaram Harry e Remo juntos.
-É. - confirmou Luna. - Eu acho mesmo que ela foi atacada por um hipogrifo desembestado, sabe, eles estão unidos numa rebelião com os... - ela não pode terminar, pois Remo saiu correndo em direção a enfermaria.
Abriu a porta com força e entrou, Madame Pomfrey veio correndo assustada.
-Professor?- perguntou assustada. -Aconteceu algo?
-Cadê?- corria os olhos por toda enfermaria. -Hannah?
-Calma, Professor, ela está bem. Está ali. -apontou um canto com uma cortina branca.
Ele correu e abriu a cortina, ela estava lá deitada, ele segurou a mão dela.
-O que foi que houve?-perguntou.
-Ela desmaiou, mas está bem, o Prof.Dumbledore que me disse o que fazer, disse que ela não vai precisar de muita coisa não, só umas poções revigorantes que eu já pedi ao Prof. Snape.
Remo sabia o que tinha sido o desmaio, a recomendação de Dumbledore, Snape... Tinha sido ele, ele vinha atormentando ela desde que tinha chegado.
Snape tinha ido levar as malditas poções para ela, quando entrou viu Lupin do lado da cama segurando a mão dela, sentiu uma raiva estranha.
-Prof. Snape, oh, o senhor trouxe as poções, não precisava se incomodar, podia ter pedido a um aluno.
-Não tem problema -sorriso cínico- eu posso levar de volta e pedir a um dos pestinhas pra trazer daqui há... Umas duas horas, tá bom? -grosso.
Ela tirou os frascos das mãos dele e saiu para guardar no armário. Snape espiou mais uma vez para a cama, mas Lupin não estava mais, virou para sair e deu de cara com ele.
-O que é? -perguntou ríspido.
-O que você fez a ela?-irritado.
-Fiz o que a quem?
-O que você fez a Hannah? -o lobo.
-Eu? -riu debochado.
-Eu sei que foi por sua causa que ela está aqui!
-Eu não tenho culpa se ela é descontrolada!
-Ela não é descontrolada! Você fez isso! Você tem provocado ela, seu seboso.
Ambos seguraram as varinhas.
-Mas o que é isso aqui?- Madame Pomfrey tinha chegado - O que é isso voltaram há ter 15 anos foi? Pra fora os dois, agora, na minha enfermaria eu não quero briga!
-Mas eu vou ficar com Hannah!-disse Remo.
-Não, não vai!
-Mas...
-Sem "mas". Agora, fora os dois.
Eles saíram em direção ao salão principal para almoçar, lado a lado, emburrados, igual a quando eram adolescentes.
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