A INSPEÇÃO



Just Like Heaven--Capitulo II-- A Inspeção

Hermione chegou ao quarto do Caldeirão Furado cansada. Quando olhou para a janela uma coruja-das-torres a observava com interesse por cima de um pires de leite que fora colocado por Tom. Era uma das corujas de correio. Hermione correu, colocou umas moedas na bolsinha da coruja e esta saiu voando. A carta era de seu pai.

Mione,

Assim que você vir essa carta venha ao hospital. Ao lado dele tem um beco escuro onde você pode aparatar. Quero saber notícias.

Richard.


Hermione não pensou duas vezes e aparatou em um beco trouxa. As luzes estavam acesas, mas ainda assim o canto onde estava era escuro. Saiu andando e viu o familiar letreiro de St. Mead. Entrou e foi em direção à sala de espera, onde um único homem estava sentado com a cabeça baixa.

-Papai?

-Hermione, minha filha! – ele disse e a abraçou.

-Como está a mamãe? Ela vai sair logo daqui?

-Não sei... Ao que parece os médicos não vão poder fazer muito até o fim dos exames... – ele sentou-se novamente. – Eu não vou mentir para você, Mione. Você não é mais uma criança. Na América todos os hospitais que eu visitei estavam bastante debilitados no tratamento dos tumores.

-Eu imaginei... – disse Hermione, uma lágrima escorrendo-lhe pela face. – Eu conversei com ela enquanto você estava fora...

-Esse é um assunto muito delicado, Hermione.

-Eu sei! Mas achei que o St. Mungus poderia ajudar!

-Com certeza poderia, mas sua mãe não se conformaria...

-Eu sei... E isso que me desespera! Os médicos têm desenganado ela, cada um dá um tempo de vida menor... Ah, papai...

-Tudo bem, tudo vai acabar bem... Eu te chamei aqui para perguntar onde você está hospedada, é na casa dos Weasley?

-Não, estou no Caldeirão Furado... É mais perto daqui, não quero me afastar...

-Mas você vai ter que ir para... – olhou para os lados, procurando ver se alguém não ouviria sua conversa. – Para Hogwarts. Sua mãe não gostaria que sua vida e seus aprendizados parassem por causa dela.

-Tudo bem, mas... Por favor, papai tente convence-la!

-Eu prometo, mas... Você sabe bruxa aqui só você...

-Por isso mesmo, eu vou tentar conseguir tratamento pra ela... Pode apostar.

-Então tudo bem, Hermione... Escute daqui a duas horas sua mãe vai ser transferida para o quarto, mas não poderá receber nenhuma visita, a não ser a minha. Não se preocupe, vai ficar tudo bem... Qualquer coisa mande uma carta pelo correio ou então nos ligue.

-Tudo bem...

-Então volte para o Caldeirão Furado, é o melhor a fazer.

-Boa noite. – Hermione deu um beijo na testa de seu pai e saiu andando. Quando chegou ao mesmo beco, aparatou no Beco Diagonal. Vazio aquela noite, o Beco exalava uma magia única. Isso fez com que Hermione se sentisse mais sozinha do que nunca, e não conteve as lágrimas que teimavam em manchar seu rosto.


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Jorge estava verde de fome e Fred não queria sair para comprar alguma coisa.

-Por favor, Fred... Eu te imploro! A fome não me deixa nem levantar, cara!

-Já que você está com tanta fome saia pra comer! – disse Fred displicente, montando um castelo de Snap Explosivo. – Vá, pegue dinheiro, o Beco ta vazio por agora! – Jorge saiu resmungando. Andava calmamente, o vento frio batendo no rosto. Via alguns casais enamorados andando de mãos dadas, e as únicas lojas abertas eram bares e restaurantes. Comeu rapidamente em um restaurante conhecido e voltava para casa quando viu Hermione sentada.

-Ei, Hermione! – percebeu que ela estava chorando e sentou-se. – O que houve? Alguma coisa na Ordem?

-Não... – Hermione levou alguns minutos para se recuperar. Depois olhou fundo nos olhos de Jorge. – Jorge, me diga... O que você faria se estivesse prestes a perder alguma coisa que você ama, mas não tivesse como impedir?

-Ah, essa pergunta é difícil... Acho que eu faria de tudo pra não perder. Tudo mesmo, até a morte. – Jorge olhou para ela assustado. – Não, não estou pedindo que você se mate, só...

-Eu não vou me matar não se preocupe. – disse ela, e deu um sorriso entre as lágrimas. – É a minha mãe... Ela está muito doente...

-Oh, Hermione... Eu sinto muito.

-É... E ela já está se tratando há dois anos com médicos não-bruxos, mas todos dizem que não há mais jeito... Ah, Jorge o que eu faço?

-Mas... E ela já consultou algum bruxo?

-Na verdade, não... Eu sugeri isso muitas vezes, mas ela não quer... Acha que os tratamentos bruxos sejam apenas para os bruxos.

-Não acho! Mas e então, o que você pretende?

-Nesse fim de semana eu fiquei pesquisando muito, e acho que posso achar uma cura... O problema é convencê-la. Além disso, eu não tenho a ajuda que preciso, e precisaria de dinheiro...

-Mas você, Hermione, precisando de ajuda? – Jorge sorriu e enxugou as lágrimas da garota. – A melhor preparadora de poções jovem que eu conheço! Até ajudou o Fred na loja... – Jorge foi subitamente tomado por uma idéia. – Falta um mês para as aulas começarem, não é?

-É... E isso me preocupa, eu gostaria de ficar pelo menos até minha mãe voltar para casa... Aproveitaria e procuraria mais as poções.

-Não seja por isso! Você vai ter a ajuda que precisa ganhar dinheiro e ter alguma coisa com o que se ocupar!

-Obrigada por dizer que eu não faço nada, Jorge. Mas qual a sua idéia?

-Você vai trabalhar comigo! Quer dizer, se você quiser... – Hermione o olhou com raiva.

-E eu aqui, te contando meus problemas e você vem me chamar pra trabalhar na Gemialidades Weasley! – ela fez uma cara fingida de pensamento. – Hum... Trabalhar com o risco de comer um Febricolate por engano, com o risco de ser atingida por um daqueles logros... – e abriu um sorriso. – Do lado dos melhores amigos do mundo? E você ainda pergunta se eu quero? Ah, bruxinho, você ainda não me conhece!

-Nossa! – disse Jorge, mostrando-lhe a mão trêmula. – Por Merlin, você deveria ser atriz! Achei que Hermione Granger fosse me matar aqui mesmo!

-Então ta... – ela tirou a varinha do bolso, olhando-o fixamente. – Se você não me disser quando eu começo seu sonho se tornará realidade, mocinho!

-Oh, não, por favor, clemência! Sem dúvida amanhã a distinta senhorita vai começar a trabalhar na loja desse humilde jovem... Só o tempo de ele conversar com o cabeça-dura do irmão dele!


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Hermione chegou ao seu quarto de novo com uma expressão mais calma. A única coisa que martelava em sua cabeça era que a Sra. Weasley ainda estava irritada. Mesmo assim dormiu com a consciência tranqüila. No dia seguinte de manhã bem cedo Hermione se arrumou com a roupa que estava em sua cabeceira, o uniforme das Gemialidades Weasley. Prendeu o cabelo num rabo-de-cavalo alto e foi andando. Passou no correio e mandou uma carta para a Sra. Weasley explicando tudo. Ainda estava um pouco cedo, as lojas no Beco Diagonal estavam vazias, mas a porta da loja dos gêmeos já estava aberta. A alguns metros ela já ouviu alguns gritos. Entrou na loja e Jorge gritava em direção à porta de cima. Vanda fez sinal de que aquilo era normal e entregou-lhe uma vassoura.

-Fred, a loja abre daqui a meia hora! – Jorge gritou. Olhou para Hermione e sorriu. – E os trabalhadores estão aqui, rindo da sua cara! – Fred retrucou:

-Eles são pagos pra trabalhar, não pra rir do patrão!

-Senhor, tem novos vendedores aqui, você os está assustando! – gritou Vanda, já irritada. Hermione sorriu enquanto varria a loja.

-É? Muito prazer, eu sou Fred Weasley! – Jorge fez um sinal para que Hermione respondesse, e ela gritou:

-Muito prazer, senhor, eu sou Hermione Granger! – o rosto de Fred apareceu na porta.

-Ei, Hermione! A loja ainda não está aberta!

-É por isso que queremos que você vista uma roupa e desça Fred! – Hermione respondeu, e ignorou as risadinhas dos vendedores.

-Como você sabe que eu estou sem roupa?

-Simples senhor Weasley! – gritou Vanda, enquanto esfregava o balcão com um pano úmido. – Ninguém vestido põe somente a cabeça para fora de uma porta! – arrancou gargalhada geral.

-Olhe Fred! – gritou Jorge, já se irritando. – Você tem cinco minutos pra se vestir! Se não descer, eu jogo você pelado mesmo! Sua fama vai ficar reconhecida em todo o Beco Diagonal!

-Não precisa! O Beco Diagonal feminino já me conhece! – Jorge suspirou e falou com Vanda calmamente. Hermione rolou os olhos enquanto ouvia:

-Vandinha, querida gerente... Cuida da Hermione bem, minha mãe me mataria se acontecesse alguma coisa a ela no primeiro dia de trabalho... E você não gostaria que isso acontecesse, não é? – Hermione olhou de relance para a cena, Jorge e Vanda estavam separados por alguns centímetros de distância, a gerente ficou vermelha e saiu, murmurando um “sim, senhor”.

-Hermione, por favor... – Vanda chamou. Hermione deixou a vassoura de lado e foi até ela. – Como você está em seu primeiro dia, quero que arrume o estoque de Febricolate... – Hermione saiu andando até o estoque. Quando chegou lá se assustou com a situação, muitas caixas por cima das outras e totalmente desorganizadas. Arregaçou as mangas e empunhou a varinha. Saiu quinze minutos depois com um sorriso vitorioso. Andava tão rápido que não viu um vulto indo para o estoque.

-Terminei. – Vanda deu ordens a um dos vendedores e foi andando até o estoque, Hermione em seu encalço. Fred acabava de chegar à loja, percebeu a movimentação e os seguiu. A gerente parou na porta do estoque: Jorge olhava maravilhado para a arrumação. Percebeu que todos chegavam e disse:

-Enfim eu vejo as cores das paredes! Mione, que trabalho maravilhoso! – foi até a garota e a abraçou. Hermione disse encabulada:

-Não fiz nada, Jorge... Só um aceno de varinha...

-Não fez nada? As caixas em ordem alfabética, os papéis dos pedidos arrumados nos arquivos... Perfeito! – respondeu o garoto sorrindo.

-Senhores Weasley... Estamos precisando dos senhores lá fora. – disse Vanda, olhando com desdém para Jorge e Hermione.

-Ok Vanda. – Jorge saiu andando com Vanda logo atrás . Fred adentrou o estoque e disse:

-É... Bom trabalho.

-Obrigada... – ela baixou a cabeça para que ele não a visse corar. Nervosa por quê? É o Fred! pensou enquanto se virava para o gêmeo.

-E então, você vai ficar aqui até o início de Hogwarts?

-É... Dinheiro é sempre bom. - Ele não sabe? Achei que o Jorge tivesse contado... Sacudiu a cabeça afastando tais pensamentos. Era óbvio que ele não devia saber. Era o Jorge que ia lhe ajudar na poção. Mesmo assim, nunca os vi separados por mais de um dia, pensou sacudindo a cabeça novamente. Dessa vez Fred reparou e perguntou:

-Algo errado? – aproximou-se dela preocupado, e ela se afastou, sentindo o rosto corar. Mesmo assim a distância entre seus corpos era ínfima. Droga! Eu conheço o Fred há anos, não preciso me envergonhar na frente dele! Seus pensamentos foram interrompidos por Vanda.

-Atrapalho alguma coisa? – olhou para Hermione. - Senhor Weasley, precisamos do senhor lá fora.

-O que houve Vanda?

-Não sei exatamente quem é aquela mulher, mas... Pela cara do patrão não é boa visita. – Fred e Hermione se entreolharam e saíram andando, com Vanda em seu seguindo-os. Pouco antes de chegarem à porta da loja Hermione viu um casaco já bastante conhecido seu, de uma cor rosa muito forte.

-Até que enfim! – disse Dolores Umbridge, olhando para os que chegaram. Os vendedores olhavam a cena de dentro da loja. – Dolores Umbridge, Departamento de Regulamentação de Vendas do Ministério. O senhor, presumo, é Fred Weasley?

-S-sim senhora. – disse Fred. Umbridge disse para uma prancheta e uma pena, ambas de cor rosa que flutuavam atrás dela, bastante alto para que todos ouvissem o que escrevia.

-Donos com cabelos compridos demais.

-Desculpe perguntar, senhora Umbridge, mas... – começou Jorge.

-Senhorita. – e disse de novo para a prancheta. – Proprietários mal-educados.

-Então, senhorita Umbridge, nós não recebemos nenhuma notificação.

-É? E... O que eu tenho a ver com isso? Mocinho, eu só estou fazendo o meu trabalho! – falou para a pena. – Proprietários totalmente desinteressados. Caso gravíssimo. Hem hem... Por onde eu começo? Ah sim, pelos funcionários! Senhorita...

-Carter. Vanda Carter.

-E qual a sua função? – disse ela, olhando para a blusa do uniforme de Vanda. A gola tinha um pequeno fecho, que a garota deixara aberto.

-Gerente. – Umbridge olhou para a prancheta e sussurrou:

-Cabelos curtos demais. E roupas devassas demais. – apontou para a blusa de Vanda e fechou-a. Olhou para Hermione.

-E você... Lembro-me de você em Hogwarts. A sabe-tudo Granger. – Fred fez menção de responder, mas Jorge o conteve. – Era quinto ano ou estou enganada? Oh, então ainda está estudando? – virou-se para a prancheta. – Nova demais. Antipática demais. Sabe-tudo demais. – Hermione olhou para o chão e contou até dez. Umbridge olhou para a loja e os vendedores voltaram a trabalhar.

-Er... Senhorita Umbridge... – disse Jorge seguindo-a.

-Baixinha demais... Alto demais... Nossa! – disse ela parando e olhando para Jorge. O garoto tinha uma altura muito superior à dela e quase esbarrou na mulher. – Você não sabe que as caixas marrons não devem nunca ficar na estante laranja? Isso fere a estética logística! Estética morta com um Avada Kedavra. – acrescentou para a pena. – Gorda demais. Magro em excesso. Brinco ridículo. Ah, acho que acabei. Oh, que pena... Realmente lamento, mas... Vocês foram reprovados e têm vinte e quatro horas para consertar seus erros ou a loja terá que ser fechada . – entregou a folha (extremamente rosa, por sinal) e saiu andando antes que pudessem impedi-la. Vanda olhou para o papel com lágrimas nos olhos:

-Reprovados...

-Calma Vanda. – disse Jorge abraçando a gerente. – A gente vai sair dessa.

-Mas como? – respondeu ela. – Essa porcaria rosa é verdadeira... – entregou o papel a Hermione.

-Isso é. – respondeu a garota. – O símbolo do Ministério e... Isso aqui, que deve ser a assinatura dela. – apontou com desprezo para um nome escrito cheio de floreios e desenhos. – E a assinatura do Ministro, é claro... Dando carta-branca. – sua mão tremia de raiva ao entregar o papel a Fred. O ruivo segurou-a para acalmar a garota.

-Merlin... Ele criou um monstro! – percebeu que os vendedores começavam a perceber o que estava acontecendo.

-Senhor... É verdade que nós vamos fechar?

-Vamos contornar essa situação, Pickering. – respondeu Fred. Hermione sentiu o contato de sua mão com a do garoto e retraiu-se. Fred percebeu, mas quando olhou para ela, Hermione estava de cabeça baixa, as lágrimas de raiva molhando seus olhos. De repente ela levantou a cabeça.

-Eu tenho uma idéia. Eu sei como acabar com essa MULHERZINHA-COR-DE-ROSA....

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