Presente de Natal antecipado

Presente de Natal antecipado



Chegou dezembro. Era uma fria manhã de sábado, durante o café da manhã, Laura recebeu uma coruja. Havia duas cartas e um pacote.


Os alunos que sentavam próximo a Laura ficaram muito curiosos para saber o que havia no pacote. Parecia um presente.


Laura sempre tinha a mania de abrir os pacotes primeiro...era difícil resistir! Mas, desta vez, parecia que alguém gritava ao seu ouvido, dizendo para antes de qualquer coisa ler as cartas. Era sua intuição que parecia avisar alguma coisa. Resolveu fazer o que sua intuição mandava.


A primeira era de Patrik, perguntando as novidades da escola. Era uma pequena carta. Ele não era de escrever muito. A outra era de Tio Ben e Cristy que dizia o seguinte:


>i>“Querida Laura:

Como estão seus estudos? Escreva nos contando tudo!

Estamos lhe enviando, junto com esta carta, um pacote. É seu presente de Natal. Estamos mandando agora, pois não conseguimos resistir.

Fomos até a livraria e compramos logo que foi lançado. É o sexto livro da série: ‘Harry Potter e o Príncipe Bastardo’. Está até autografado pela autora!

Esperamos que tenha gostado da surpresa!

Com saudades


Ben e Cristy”


Laura arregalou os olhos e engoliu a seco. Eles sabiam que Laura adorava esses livros, por isso se adiantaram para enviar o presente. Ela agradeceu mentalmente a sua intuição. Fechou a carta e colocou-a em cima do pacote. Continuou a tomar seu café, enquanto pensava no que iria fazer.


Kelly não resistiu ao ver que Laura não iria abrir o pacote e perguntou:


- Você não vai abrir Laura? O que é? Estou curiosa!!

- Er....Não posso abrir aqui...

- Porque? É algo misterioso? Algum livro proibido?


As palavras de Kelly caíram como um peso na cabeça de Laura. Ficou mais nervosa do que estava. Respirou fundo e respondeu:


- Não é nada misterioso ou proibido, Kelly. É só o meu diário.

- Então o que é que tem? Muita gente tem diário!

- Mas não gosto que as pessoas vejam.

- Tudo bem, então. – Kelly ficou emburrada e virou para o lado para conversar com Malfoy.


Laura, logo que terminou o café, saiu da mesa e foi para seu quarto pensar no que iria fazer. Deveria entregar o livro para Dumbledore, mas ele não estava. Ele foi passar uma semana em Londres. Não seria apropriado guardar no seu quarto. Kelly era muito curiosa. Só restava uma alternativa:
levar para Snape.


- Com licença, professor. Posso entrar?

- O que deseja agora, Srta. Steen? – Snape estava com um péssimo humor, como sempre.

- Estou com um problema sério...

- Não sou a pessoa indicada para resolver problemas femininos. Procure a Profª. McGonagall.

- Não é esse tipo de problema, é outra coisa bem pior.

- E porque acha que eu posso ajudar?

- Só Prof. Dumbledore ou o senhor podem fazer algo a respeito, mais ninguém nessa escola.

- O que é então?

- Eu recebi uma carta hoje durante o café. Junto veio um presente de Natal antecipado....

- Me procurou para reclamar de um presente? Eu tenho muito o que fazer, senhorita....não me faça perder tempo!

- Não é um simples presente. Olhe com seus próprios olhos e vai entender. – Laura entregou o pacote ainda fechado para Snape.

- Ainda não abriu? É alguma bomba?

- De certa forma é uma bomba....mas não explode. Pode abrir! – Disse Laura sorrindo.


Snape rasgou o papel e leu o título em voz alta:


- “Harry Potter e o Príncipe Bastardo”....O que significa isso? – Snape estava com vontade de assassinar alguém, de tanta raiva. Entregou o livro de volta para Laura.

- Esse é o sexto livro da série. Acabou de ser lançado e meus tios trouxas me mandaram de presente.

- Eles não deveriam ter enviado esse tipo de presente para cá. Não falou isso para eles?

- O que o senhor queria que eu dissesse?– Laura argumentava com ironia - Que vim estudar em Hogwarts? Que seria colega de Harry Potter? ...Professor! ...Para eles Harry Potter e o mundo bruxo não existe. Harry é apenas um personagem de histórias infantis!


Snape suspirou e cruzou os braços. Andou de um lado a outro rapidamente, bagunçando os cabelos. Pensou e disse:


- A senhorita não pode ficar com esse livro aqui na escola. – Snape falou seriamente.

- Isso eu sei!

- Então, queime-o! Depois a senhorita compra outro quando voltar para Londres.

- Não posso. Está autografado pela autora. Não poderia explicar para meus tios quando voltasse.

- Então, o que quer que eu faça? Quem sabe a senhorita aproveita a situação e faz uma tarde de leitura em grupo no Salão Principal com os alunos de Hogwarts? - Ele estava irado e seus cabelos ficaram completamente bagunçados.

- Professor, não seja irônico! Eu não quero isso!! Eu seria expulsa do mundo bruxo! Só vim lhe pedir que esconda o livro prá mim até o final do ano letivo.


Snape pensou por um momento...seria uma oportunidade de finalmente ler o livro, mesmo que seja o sexto....


- O que diz nesse livro? – Disse Snape um pouco mais calmo, ajeitando os cabelos.

- Eu não sei. Como o senhor viu, eu sequer havia aberto o pacote.

- Não tem nem idéia?

- É a continuação dos outros. Deve contar como foi o sexto ano de Harry aqui em Hogwarts. O que ele descobriu, se esteve ou não em contato com você-sabe-quem, namoradas, brigas com professores, essas coisas.

- Brigas com professores? – Snape ficou curioso...

- Bom....é que....os outros livros comentavam sobre os desentendimentos com ...certos professores...

- Por exemplo? – Snape levantou uma sobrancelha e encarou Laura. Sabia mais ou menos do que ela estava falando, mas queria ter certeza.

- Profª. Umbridge, por exemplo. – Laura disse com um tom sarcástico.

- Mais algum? – Snape falou com ironia.

- Eu preciso mesmo falar, professor? Não acha que é óbvio demais!! Desde o primeiro livro fala da inimizade entre o senhor e Harry!!

- Como? Então esses livros falam de mim? Quem autorizou? – Snape voltou a ficar com o olhar assassino.

- Todos os livros falam a seu respeito. Das discussões de vocês dois e coisas do tipo. Mas, infelizmente, não sei como a autora ficou sabendo de tudo. – Laura tentava controlar o máximo que podia suas palavras, mas já estava difícil....ele sabia conduzi-la a falar o que não queria. Ou será que queria?

- Sonhos....foi o que Alvo disse. Ela ficou sabendo de tudo através de sonhos. – Falou Snape com um tom de desprezo. Mas, ainda curioso, perguntou: – O que mais sabe?

- Sobre os cinco primeiros livros sei tudo. Posso me lembrar de cada detalhe dos livros. Li cada um pelo menos umas cinco vezes, sem falar nos filmes...

- Filmes? Que filmes?

- Já fizeram três filmes. Cada um corresponde a um dos livros.

- Explique isso melhor... – Snape sentou numa cadeira próxima a Laura.

- É simples, professor. Fizeram um filme do que é contado nos livros. Por exemplo: no primeiro livro mostra quando Harry foi deixado na porta da casa dos tios trouxas, ainda bebê. Depois conta como foi quando recebeu as cartas de Hogwarts. A sua chegada aqui na escola, o Chapéu Seletor e assim por diante. Três filmes, cada um corresponde a um livro e cada um a um ano de Harry aqui em Hogwarts.

- E o que mostra daqui de Hogwarts?

- Mostra muita coisa. Não é Hogwarts, é outro castelo que, com efeitos especiais, ficou bem parecido. Conseguiram até fazer as escadas móveis!

- Mostra os alunos, fantasmas e os professores?

- Todos os professores, fantasmas e alguns alunos.

- Então eu....

- Sim....o senhor aparece nos filmes, um ator faz o papel de Professor Snape.

- Um ator trouxa me imitando? Eu não acredito! – Snape levantou-se da cadeira e começou andar de um lado a outro, nervoso. – É ridículo! Humilhante!

- Nem tanto.... – Laura sorriu – O senhor está sendo muito bem representado. Escolheram, na minha opinião, o melhor ator do Reino Unido.

- Humf! – Snape estava odiando tudo, mas também muito curioso. – E...ele se parece comigo?

- Nos filmes ele está muito parecido: cruel, sarcástico, inteligente, charmoso. – Snape olhou com surpresa para Laura, mas ela continuou – Fisicamente não se parece muito, apesar de ter uma voz macia e marcante como a sua, olhos e cabelos claros. Mas, quando ele veste a roupa adequada, faz a maquiagem e coloca a peruca....fica perfeito!

- Imagino.... – disse Snape muito sarcástico. – Peruca!!! É ridículo!

- O senhor não pode falar....não viu! – Laura sorria enquanto falava.

- Muito bem, então. – Snape já estava sem jeito, resolveu mudar de assunto. – Eu guardo o livro para a senhorita.

- Obrigada, professor.

- Mas.....a senhorita permite que eu leia?


Laura engoliu a seco....sabia que ele iria lhe pedir isso, mas tinha um certo receio de como ele reagiria....Não tinha nem idéia do que J. K. Rowling havia escrito no livro.


- Pode.....pode sim, mas....

- Mas?

- Sinceramente, acho que seria melhor se o senhor tivesse primeiro lido os outros cinco. – Era a única idéia que veio na mente de Laura naquele momento.

- Por que? Se os livros contam como foram os anos de Harry aqui em Hogwarts, eu, como estava aqui, devo saber como foi, não?

- Teoricamente sim, mas acredito que os livros tenham algumas informações que o senhor desconhece.

- Por exemplo?

- Pensamentos de Harry, coisas que aconteceram em momentos que o senhor não estava presente...

- Entendo. – Snape respirou fundo e finalmente resolveu perguntar: - Então me diga, onde posso conseguir esses outros livros para ler?

- Pode comprar em qualquer livraria trouxa.

- Ah...sim.... Onde eu acho uma “livraria trouxa”? – disse Snape fazendo uma careta e revirando os olhos.

- Em Londres existem várias! Existe até uma que fica bem ao lado do Caldeirão Furado. Acredito que aquela deverá ter todos os livros a venda.

- Agradeço a informação. Pode ir agora, senhorita.


Laura saiu da sala se sentindo um pouco culpada. Será que falou demais? “De qualquer modo, ele iria ficar sabendo algum dia...” pensou.


Snape ficou bem impressionado com tudo que Laura lhe disse. Nem se deu ao trabalho de guardar o livro. Sentou-se confortavelmente no sofá e começou a ler. Estava muito ansioso para saber o que aquela autora falava do mundo bruxo.


Não saiu da sala nem para as refeições, ficou “mergulhado” no livro. Estava pasmo em ver tudo que estava escrito. O livro falava dos alunos, com seus nomes e casas, falava dos comensais, professores, da floresta proibida, do Ministério da Magia, de Lord Voldemort....tudo era dito abertamente!!!


Às vezes Snape parava a leitura por uns momentos e reclamava que a autora defendia muito Potter. “Coitadinho do Potter.....que idiota essa mulher!” pensava.


Snape estava “devorando” o livro. Queria ver se ela falava algo a seu respeito. Até o momento só havia citado o seu nome. Num certo momento ele parou de ler e começou a rir sozinho. J. K. Rowling estava contando como eram as aulas de poções e de como eram humilhados e castigados Potter e Neville...


Quando estava quase no final do livro, Snape deu um pulo do sofá e jogou o livro no chão. Finalmente achou o que estava procurando. A autora falou algo a seu respeito...uma coisa que nunca poderia ser mencionada, nem no mundo bruxo. O trecho que fez Snape querer matar a autora com suas próprias mãos (como se já não a quisesse vê-la morta!), contava que Lily Evans tinha um irmão chamado PERSEUS EVANS e que, trocando as letras, resultava no nome do professor odiado por Potter: SEVERUS SNAPE.


Ele andou de um lado a outro na sala sem saber o que fazer. Pensou primeiro em falar com Dumbledore, mas ele ainda não havia chegado de viagem. Resolveu falar com Harry. Estava com muita raiva. Mas deveria falar com cautela, em hipótese alguma poderia mencionar a maneira que descobriu que ele sabia de tudo.


- Mandou me chamar, professor?

- Sente-se Potter. Temos um assunto sério a tratar. – Snape estava com um olhar diabólico.

- O que é? Fiz algo errado? – Harry tentava controlar sua voz, mas estava com um pouco de medo de Snape.

- Você sempre faz tudo errado! Porque não se limita a cuidar de seus estudos, em vez de ficar bisbilhotando a vida alheia? – Falou olhando nos olhos de Harry, quase pulando no pescoço do garoto.

- O que quer dizer? – disse afastando um pouco o corpo de perto de Snape.

- Mais uma vez ficou investigando a minha vida... – Snape deu meia volta e ficou um pouco mais afastado.

- Eu não...

- Não? Então como ficou sabendo do meu verdadeiro nome? E sobre minha irmã? Será que ela veio do “além” para lhe contar a verdade?

- Foi sem querer...

- Sempre diz essa mesma frase, Potter!

- Eu só queria saber mais sobre a minha mãe...não imaginava que....o senhor é meu tio...

- Quero que esqueça o que descobriu! Esqueça que sou irmão de sua mãe, meu nome, enfim, esqueça tudo que sabe a meu respeito! Ordeno que não pronuncie uma só palavra a meu respeito com ninguém!

- Eu não vou falar nada...

- E lembre-se sempre: sou apenas....preste atenção: APENAS seu professor, nada além disso.


Harry abaixou a cabeça com lágrimas nos olhos. Estava se segurando para não chorar. Não queria que Snape percebesse o que estava sentindo.


- Agora pode ir, Potter.


Snape ficou pensativo...”se esse livro fala isso a meu respeito, o que será que é dito nos outros?” Ele ficou preocupado, curioso e com muita raiva. Sentia ódio de Harry, de J. K. Rowling, de Lily, de Laura, de todos!



Na terça-feira chegou Dumbledore. Assim que Snape terminou de dar suas aulas, foi logo falar com ele.


- Severo, como foi essa semana? Alguma novidade?

- A semana não foi nem um pouco agradável, Alvo.

- O que aconteceu?

- Vou lhe contar tudo, desde o início: ... – Snape falou sobre o presente que Laura recebeu e o que leu no livro. – Como vocês permitiram que Potter ficasse sabendo disso?

- Ele é esperto demais, Severo....eu sinto muito.

- Mencionaram num livro, Alvo! Todos os leitores trouxas sabem do meu verdadeiro nome. Percebe o risco que estou correndo? O que faremos a respeito?

- A única coisa que podemos fazer é continuar mantendo o máximo de sigilo possível. Ninguém no mundo bruxo pode ficar sabendo, principalmente Voldemort.

- Se ele ficar sabendo, estou morto....duplamente morto! Não terei mais nenhum dia de paz! Ele já está atrás de mim pelo fato de eu não ser mais um comensal da morte, imagina se descobre isso...

- Não se preocupe tanto, Severo. Se ele ficar sabendo, pode ser que use você para pegar mais facilmente Harry. Afinal, você é o tio dele!

- Não gosto de me lembrar deste detalhe. Se Petúnia morre....serei o responsável por ele...

- Outra coisa, Alvo...preciso ler os outros livros.

- Você não desiste, heim? – disse Dumbledore rindo.

- Claro! Se aquela louca escreveu isso a meu respeito no sexto livro, imagina o que ela deve ter dito nos outros cinco!

- Você tem razão. De qualquer forma, é melhor saber exatamente o que os trouxas conhecem do nosso mundo. Me diga, como pretende conseguir esses livros?

- A Srta. Steen disse que posso comprá-los numa livraria trouxa. Existe uma que fica ao lado do Caldeirão Furado. Estou pensando em ir até lá.

- Tudo bem, mas não acho prudente que vá sozinho.

- Qual o problema?

- Você não sabe lidar com trouxas, Severo. Sequer entende como funciona o dinheiro deles!

- E o que sugere, Alvo? Pretende ir comigo? – disse Snape ironicamente.

- Eu? Não....também não tenho jeito com trouxas. – Dumbledore sorriu. – Sugiro que leve a Srta. Steen. Ela entende de trouxas e conhece tudo sobre os livros também. É a pessoa mais indicada para fazer isso.

- Era só o que me faltava.... – Snape ficou emburrado.

- Poderiam ir no próximo sábado. Ninguém notaria a falta de vocês, pois é dia de visita a Hogsmeade.

- Como quiser, Alvo. Vou falar com ela, então.

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