Detenção



A segunda-feira estava custando para passar....Laura estava ansiosa por sua detenção. Era a única maneira de passar algumas horas a sós com o seu professor preferido, mesmo que não fosse exatamente da maneira que queria...


Durante a aula de Poções, que eram os dois períodos da tarde, Snape evitou olhar e falar com Laura. Ele não sabia se estava com raiva dela ou se deveria agradecer o presente. Ele pensava que poderia haver algum interesse, pois ela não daria um presente sem nenhum motivo.


No final da aula, Laura nem saiu, só arrumou seus livros e ficou para cumprir a tão esperada detenção.


Depois que todos os alunos saíram da sala, Snape fechou a porta, virou-se rapidamente para Laura e disse:


- Eu não entendi o motivo daquele presente, Srta. Steen. Poderia me explicar?

- Motivo? – Laura se mostrou surpresa – Só senti vontade de agradar o chefe da minha casa.

- A senhorita não está pensando que vai me comprar com agrados, não é?

- Comprar o senhor? – Laura ficou séria – Não mesmo! Eu não sou o tipo de pessoa que faz isso. Apenas quis lhe agradar, nada mais. Achei aqueles bombons com um aspecto tão tentador, que resolvi lhe trazer uma caixa. Pensei que iria gostar....


Snape ficou quieto. Novamente Laura havia lhe deixado sem palavras. Ela sempre tinha uma resposta na “ponta da língua”. Ele não sabia mais o que dizer. Resolveu, então, mudar de assunto, apesar de ainda não estar satisfeito com as explicações dela.


- Falei com a Profª. McGonagall sobre seu passeio a Hogsmeade. – Snape estava realmente se sentindo obrigado a falar aquilo. Era totalmente contra seu estilo voltar atrás nas suas ordens.

- E o que ela disse?

- Disse que a senhorita tem todos os direitos....e deveres - Snape deu um sorriso sarcástico – que um aluno do sétimo ano. Ir a Hogsmeade é um dos seus direitos.

- E quais são os outros direitos? E os meus deveres?

- Caso a senhorita não tenha percebido, existe um mural no Salão Comunal da Sonserina.

- Ah....está lá então? – Snape levantou a sobrancelha e fez um olhar como se dissesse que sim. - Eu vou ler!

- Então vamos falar sobre sua detenção. – Snape finalmente pareceu ficar com seu humor um pouco melhor....ele adorava detenções. – A senhorita deverá limpar todos esses caldeirões... à maneira trouxa, é claro. – Ele deu outro sorriso sarcástico com o canto da boca – Deve estar acostumada a isso...


Laura não respondeu. Começou a fazer o que Snape lhe mandou. Não era tão ruim assim, pois realmente já estava acostumada. Na casa de seus pais era ela quem fazia a limpeza. Pelo menos agora ela tinha um “colírio” para os olhos enquanto trabalhava.


Os outros dias de detenção seriam na sala de Snape. Laura etiquetou os vidros de poções e colocou-os em ordem e também teve que limpar as estantes à maneira trouxa.


Laura cumpria suas detenções e olhava Snape. Ele nem falava mais nada com ela, apenas dizia o que tinha que fazer e logo “mergulhava” nos seus afazeres. Ficava em sua mesa escrevendo sem parar. Laura estava muito curiosa para saber o que era. “Serão cartas? Receitas de novas poções? Poesias?” pensou Laura.


No quarto dia de detenção, Snape mandou que Laura triturasse dentes de serpente que seriam usados nas aulas do terceiro ano. Laura fez uma cara de nojo, mas foi fazer sem questionar.


Após meia hora, Laura estava pálida e tonta. Suas mãos estavam ficando vermelhas. Parou o que estava fazendo e chamou Snape:


- Professor... – disse Laura com uma voz fraca.


Ele estava tão concentrado com seu trabalho, que não escutou. Laura repetiu:


- Professor... – Laura tentou falar um pouco mais alto, e desta vez ele escutou.

- Sim, Srta. Steen? – perguntou, mas sem olhar para ela.

- Eu....eu.... – Laura não conseguiu falar e caiu desmaiada no chão frio da masmorra.


Snape, assim que ouviu o barulho de Laura caindo, deu um pulo da cadeira e logo se aproximou dela para ver o que tinha acontecido.


Primeiramente pensou em levá-la para Madame Pomfrey examiná-la. Se deu conta de que ela não sabia da história de Laura, poderia ser arriscado. Aproximou-se mais ainda dela e tentou reanimá-la. Sem sucesso. Carregou-a, então, até um sofá que ficava num canto da sala.


Começou a examiná-la e viu que o rosto estava pálido e as mãos estavam bem vermelhas. Pegou a mão esquerda dela que começava a inchar e viu que havia um pequeno corte no dedo médio. Concluiu que ela havia se cortado com um dente de serpente e se envenenou. Esse tipo de corte não teria problemas sérios em bruxos, mas Laura ainda não estava com seu sangue totalmente bruxo. O cálculo que Snape havia feito mostrava de que provavelmente no final de dezembro o processo já estaria concluído. Snape havia se esquecido.


Pegou uma cadeira e colocou próximo ao sofá. Sentou e ficou por alguns segundos olhando para Laura e pensando no que deveria fazer primeiro. Pegou uma almofada e colocou sob a cabeça dela. Nesse momento sentiu o perfume dela....e alguns pensamentos tomaram conta de Snape. Olhou para o corpo de Laura, para os cabelos que pareciam sedosos, os lábios pareciam tão vermelhos em contraste com a pele pálida.....


Logo a razão voltou à mente de Snape e ele se deu conta das coisas que estava pensando enquanto o tempo passava. Tinha que fazer algo por ela, e rápido! Foi até a estante e pegou um ungüento para limpar as mãos de Laura e curar o ferimento. Depois pegou um antídoto em seu estoque para curar envenenamento.


O próximo passo seria um pouco mais difícil: como fazer com que Laura bebesse a poção? Snape não tinha muito jeito com essas coisas. Não estava nem um pouco acostumado a cuidar de alunos, muito menos de uma mulher.


Andou um pouco de um lado para outro, nervoso. Teria que tocar nela, não haveria outro jeito. Colocou um pouco da poção num copo, chegou perto de Laura e ergueu um pouco a cabeça dela com um braço, encostando levemente no seu peito. Com a outra mão, colocou o copo nos lábios dela, e fez com que ela tomasse um pouco da poção.


Snape estava muito nervoso. Não sabia se era mais pela situação de estar com uma aluna desmaiada em sua sala ou por ter que se aproximar tanto dela.


Ele conseguiu que Laura bebesse uma boa quantidade da poção. Pegou um pano e secou os lábios dela. Sentou-se novamente na cadeira e observou Laura. Estava tão linda....e o perfume....Snape não estava resistindo. Sentia vontade de beijá-la.


Snape levantou-se rapidamente da cadeira, ainda com o pano na mão. Foi até a janela e abriu um pouco o vidro para sentir o ar frio da rua. Ficou ali por alguns minutos. Olhou a noite e tentou esquecer um pouco seus pensamentos. Logo após voltou para sua mesa e tentou continuar com seus afazeres.


Não havia mais nada a ser feito. Talvez em uma hora ou duas Laura acordasse. Ele não sabia ao certo. O efeito deveria ser diferente no caso dela.


Ficou com um certo receio de que alguém viesse à masmorra. O que iria explicar? Por sorte ninguém apareceu. Todos os alunos sabiam que Snape detestava ser interrompido nas detenções.


Passaram quase duas horas. Snape ainda rabiscava algumas coisas, mas estava preocupado com Laura. Não conseguia se concentrar. Ela não havia acordado ainda.


Levantou e sentou-se na cadeira próxima ao sofá para ver como ela estava. Logo que sentou, Laura começou a acordar. Se mexeu um pouco e abriu os olhos. Viu Snape sentado ao seu lado lhe observando.


Laura achou que tudo deveria ser um sonho. Levou suas mãos até os olhos e esfregou um pouco para ter certeza de que não era ilusão. Olhou novamente e ele ainda estava ali, quieto, a lhe observar. Laura sorriu.

- Está se sentindo melhor, senhorita? – Disse Snape tentando parecer frio.

- Acho que sim....Mas eu estou com um gosto horrível na boca....- Laura fez uma careta – O que aconteceu?

- A senhorita se descuidou enquanto triturava os dentes de serpente. Cortou o dedo e se envenenou. Acabou desmaiando.

- Ufa! – Laura suspirou.

- Tive que colocá-la nesse sofá e fazer com que tomasse uma poção.

- Obrigada. – Laura pensou por um momento em Snape lhe carregando no colo....”pena que estava desacordada....nem lembro de nada!


Laura tentou sentar-se, mas ainda estava um pouco fraca e tonta.


- É melhor descansar mais um pouco. – Snape falou seriamente olhando para Laura.

- Sim, professor.

- Eu não a levei para a enfermaria porque Madame Pomfrey não sabe da sua história. Então, terá que ficar deitada aí até que possa ir sozinha para os seus aposentos.

- Tudo bem, eu fico aqui bem quietinha. – Laura não conseguiu esconder o sorriso. Ficou ali quieta olhando o tempo todo para Snape. Pensou: “ficaria aqui a noite inteira, se pudesse”. Se deu conta de que não seria prudente. Deveria parecer forte para ele e não uma mulher indefesa e sensível.


Snape voltou para sua mesa e continuou com suas anotações. Agora sim, fez um grande esforço para não olhar para ela. Ele podia sentir que estava sendo observado, mas mesmo assim tentou permanecer de cabeça baixa, concentrado.


Meia hora depois, Laura estava bem mais forte e conseguiu se levantar.


- Acho que agora já estou bem. Posso ir, professor?

- É, parece bem melhor agora. Pode ir, mas não comente nada com ninguém sobre o que aconteceu aqui.

- Sim, pode ficar tranqüilo. Obrigada.


**


Na sexta-feira, último dia de detenção. Laura já estava perfeitamente bem. Da noite anterior só ficaram as lembranças. Mesmo que não se lembrasse de tudo!


Snape, desta vez, controlou seus impulsos de crueldade e só pediu que Laura organizasse os livros na estante. Pediu também que aproveitasse e tirasse o pó. Não comentou mais nada do que havia acontecido, mas muitas vezes se dava conta de que estava observando Laura. Não queria admitir para si mesmo que estava encantado com a bela aluna. E ainda podia sentir o perfume...mesmo ela estando a alguns centímetros de distância.

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