Primeiro dia
Primeiro dia...
Quando acordou no dia seguinte, Lily ainda não estava muito certa de ter sido boa idéia a aposta.
Logo que chegou à mesa, para o café da manhã, sentiu o olhar penetrante de Rachel e se forçou a sorrir e dizer bom dia para Tiago, que continuou sem expressar reação alguma para com a atitude dela.
Pensando bem, a aposta talvez tivesse sido até boa idéia...
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- Lily, posso fazer dupla com você? – Perguntou um Potter sério na aula de poções.
- Ela irá ajudá-lo, Potter! Lil, hoje eu faço dupla com a Suzie, se não se importa... – disse Rachel com um sorriso maldoso.
Por três segundos Lily cogitou xingar alto, muito alto. Mas pensou no inconveniente Pettigrew e na aula de Herbologia, olhou para Tiago, deu um sorriso amarelo e disse:
- Então vamos?
- Rachel, acho que você foi um pouco... Cruel com a Lily. - Suzie disse séria – Ela poderia ter sido gentil, ainda que recusasse o pedido do Potter.
- Eu sei, Suzie. Mas... Olhe, até que eles parecem estar se saindo bem, Lily ainda não gritou nenhuma vez com ele! – Rachel sorriu – Acho que já está na hora de Lily resolver esse problema, se livrar dessa pedra no sapato...
- Que pedra no sapato? – Suzanne perguntou confusa.
- Tiago! Se ela resolver isso agora, ele vai parar de azucriná-la. E ela não terá mais a desculpa de que ele estragou outro de seus encontros...
- Você fala sobre a vez que ele quase mandou para a enfermaria aquele menino da Corvinal com quem ela iria sair? E ela só tinha aceitado para “mostrar a James quem manda em quê”! – disse Suzie imitando o tom de voz de Lily.
- É, Su, Lily merece ser feliz!
-Crow! Jordan! Mais trabalho e menos conversa, ou a poção de vocês não ficará tão boa quanto deve! – disse o professor Slughorn com um sorriso afetado.
Do outro lado da sala, Tiago olhava para Lily, que por sua vez olhava raivosa para as amigas que cochichavam.
- Lily, devo mexer a poção em sentido horário ou anti-horário? – o moço perguntou baixo.
- Oh, me desculpe, eu estava distraída... o que foi que você disse, Potter? – disse a moça ruiva forçando um sorriso.
- Por favor, me chame de Tiago! Perguntei em que sentido devo mexer a poção...
“Por favor, me chame de Tiago”? Realmente aquilo era estranho e irritante, pensou Lily. O normal teria sido que ele dissesse para ela chama-lo de meu amor ou algo assim, como ele sempre fazia, e não para chamá-lo de Tiago. “E ele parece menos idiota e metido hoje...”, pensou Lily, “será que aconteceu alguma coisa? Bom, não é da sua conta, mocinha...”, ela se forçou a pensar.
O resto da aula transcorreu bem, e Lily teria ido embora satisfeita, não fosse o comentário do professor Slughorn, na frente de toda a turma, o que fez com que ela, além de quase quebrasse a aposta, também quase ganhasse uma detenção:
- Evans! Seu talento com poções eu já conhecia, mas quem diria que a sua habilidade, combinada com a obediência e a falta de talento de Potter pudesse ser tão genial! Vocês estavam perfeitos juntos!
E com o rosto da cor de seus cabelos, de vergonha e raiva, Lily murmurou um agradecimento ao professor e saiu da sala o mais rápido que pode. Onde tinha estado a cabeça dela quando ela fez aquela maldita aposta?
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- Pontas, você está bem? – perguntou Sirius sério.
- Claro que estou, Almofadinhas! – ele sorriu - Por que a pergunta?
- Tiago, convenhamos, você anda bem diferente com a Evans desde ontem... – disse Remo sério enquanto brincava com a comida no prato.
- Eu sei. Mas ela também está muito diferente, e eu bem que queria saber o porquê...
- Ué, vai lá e pergunta! – Sirius disse – Sua mãe vive me dizendo que as mulheres gostam de conversar...
- Ah é, Almofadinhas? – Potter sorriu – Desde quando você ouve os conselhos da minha mãe?
- Desde quando eu saí de casa, mané! E tem dado bem certo, se quer saber! – o moço resmungou com ar de vitória.
- Talvez Sirius tenha razão. – anuiu Remo – E não custa nada tentar.
- Mas por que ele tentaria? – disse Peter deixando um bocado de pudim de rins cair da boca – Evans é estranha e rabugenta como qualquer outra garota!
- Ah, Pedro, você não sabe de nada! Come e fica calado que é melhor! – Tiago disse sem paciência.
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À tarde, Tiago resolveu ir estudar na biblioteca. Na verdade, estudar Lily na biblioteca. Achou-a sentada numa mesa do fundo, escondida por uma pilha de livros.
- Lily, posso dividir a mesa com você? É que todas as outras estão ocupadas e... posso? – ele perguntou parecendo hesitante.
A moça olhou para o rapaz parado na sua frente, com cara de expectativa e a respiração presa. Aquele era mesmo Tiago Potter? Ele nunca parecera tão inseguro antes. Aquilo era realmente muito estranho, mas também era bom, era divertido ver que ele era uma pessoa normal. “Pessoa normal? Lily Evans, normal é tudo o que ele não é!”, ela censurou-se pelo primeiro pensamento.
- Pode, Potter. – ela respondeu por fim. Ela não tinha que sorrir para ele o tempo todo para parecer gentil, tinha?
- Obrigada, Evans. A propósito, já disse para me chamar de Tiago... – ele sorriu parecendo aliviado.
- Ok... Tiago. – ela disse olhando o sorriso perfeito dele, sentindo a vontade de berrar para ele sentar logo e calar a boca crescendo dentro de si. Como ele conseguia ser tão irritante mesmo quando não fazia nada de mais?
Ficaram estudando em silêncio lado a lado, e ela quase esqueceu que ele estava ali, não fosse o perfume dele para lembrá-la. “Até que ele cheira bem... Oh não, Lily Evans, menos!”, ela se censurou pela segunda vez.
E teriam continuado assim em silêncio por muito tempo, não fosse ele ter pedido ajuda em um exercício.
- Lily, não consigo resolver o número quatro, você conseguiu?- ele disse extremamente baixo.
- Tiago, o meu exercício está pronto, quer? – perguntou a menina que ocupava a mesa ao lado, parecendo tímida – E garanto que está tudo certo! – ela disse piscando.
- Muito bom o seu ouvido, Sommers, mas acho que hoje não, obrigada... – disse Tiago sorrindo e deixando a garota desapontada – Vai me ajudar, Evans?
- Deixa eu ver o que você já fez... – disse Lily parecendo desanimada.
- Não foi muita coisa, esse eu realmente não entendi... Ainda bem que você está aqui para me ajudar!
- Anh, que bom mesmo! – ela fingiu uma empolgação que estava longe de sentir.
Quando se deu conta, a moça percebeu que tinham feito grande parte dos exercícios juntos, graças à esperteza de Tiago, que sempre ia seguindo adiante sem que ela tivesse a oportunidade de mandá-lo parar sem ser grossa. E no fim, ela tinha de admitir, tinha sido até divertido estudar com ele, o rapaz sabia ser engraçado quando queria...
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