“Uma luz diante de tanta escur



“Uma luz diante de tanta escuridão"



O vento uivava como um lobo faminto do lado de fora de sua janela... O ambiente essa manhã não era visível devido a grande nevasca que caia nesta época do ano sobre aquela cidade...
O tempo para uma jovem já era indiferente, a mais de dias pra ela tudo seguia igual, tanto frio como quente dava no mesmo para ela, pois sua realidade não mudaria diante do clima...
Esse inverno diferente dos anteriores era particularmente mais frio... Mais gelado do que se costume... E para sua desgraça, já que a senhora Bellatriz, a mandava o cardápio durante o transcurso de um dia para ir comprar a vários produtos do mercado... Sempre parecia esquecer-se de alguma outra coisa, porém Lílian sabia que sua falta de memória era de propósito para fazê-la enfrentar a fria tarde de inverno afora dali...
Sua vida havia se convertido em justamente isso, limpar, receber ordens, mau tratos e bronca... Um martírio que tem tido que suportar por oito anos...
Desde essa noite trágica, onde ela soube que seu pai havia morrido Lílian já não era mais a mesma... Essa menina sonhadora, com esse espírito livre como o vento e esse olhar terno, morreram junto com ele... Já não tinha nem rastros da pessoa alegre e cheia de vida que chegou há ser algum dia... E com o tempo mais distante aquela imagem ficava dando espaço a uma nova Lílian e totalmente diferente...
Lílian se sobre-salta quando a janela de repente se abre, chocando fortemente contra a frágil parede... A neve e o frio imperdoáveis entram com rapidez por ela e assim fazem que voe a fina manta que havia sobre Lílian...
Ela corre até a janela e faz força contra o vento para poder fechá-la... Ao conseguir isso, ela se deixa cair sobre o piso e encostada na parede suspira...
Stef - Tua janela abriu de novo?
Pergunta entrando por baixo de uma tabua que estava desprendida da parede, atravessando a mesma até Lílian...
Lílian - O mesmo de sempre.
Stef - Lily, já é quase à hora do café da manhã! A senhora nos mata se não formos rápido!
Lílian - Deus não me fale de comida! Tem dois dias que não provo nem uma migalha de pão!
Esse era um dos castigos preferidos da senhora Bellatriz... O qual fazia a ambas com freqüência... Mais ainda a Lílian... É como se fora um prazer inexplicável torturá-la, e para isso usaria qualquer pretexto para fazê-lo e a culparia de tudo que ocorresse desde que assim pudesse vê-la sofrer...
Lílian - Vem Stef, que hoje não quero ficar sem comer... Sinto que vou morrer!

~*~

Do refeitório se podia escutar as risadas e histórias de todas as meninas que o habitavam... Lílian se aproxima da porta da cozinha e as observa, recordando com nostalgia os dias mais felizes que ali ela havia vivido... Contando suas histórias, relembrando a sua amada Nadia e revivendo fatos de seu país...
Ao entrar à senhora Bellatriz, o salão se torna silencioso novamente devido às absurdas regras de comerem em silêncio... E assim todas se põe de pé e lhe dão bom dia... Bellatriz caminha até seu lugar e antes de sentar-se, sorri a Narcisa, que agora se encontrava ao seu lado como sempre havia sido...
Narcisa havia sido como um cachorro fiel para a senhora Bellatriz... Sempre era a primeira a ir a ela para contá-la o que ocorria especialmente se isso envolvia a Lílian ou Stef... Narcisa não perdia a oportunidade para humilhá-la e fazê-la sentir-se mal... A tratava como escrava e era Narcisa a causadora da maioria dos atos que levavam Lílian a ficar de castigo frequentemente...
Ela era toda uma típica menina rica... Ingrata, caprichosa, fútil, pensava que era a única que importava no mundo e sempre se achava a melhor, era como de plástico... Sem sentimentos só aparência... Uma típica Barbie...
Stef - Que fazes ai parada? Vem logo!
Lílian sai praticamente arrastando os pés até a mesa principal, onde se encontravam Bellatriz e Narcisa, junto a Mariana... E varias mais que eram as mais velhas... Muitas das mesmas que há anos haviam sido companheiras e se deitavam junto a Lílian quando pequenas esperando ansiosamente para escutar mais uma das histórias e fantasias de Lílian que as faziam viajar a um mundo nova, onde nada as farias mal, onde seriam as princesas que desejavam... Algumas ainda a buscavam porem Lílian as evitava... Para ela estava proibido dirigir a palavra a uma de elas, só lhes podia responder como “sim senhorita” ou “não senhorita” e assim realizar todas as ordens e desejos daquelas garotas que ali moravam...
Narcisa - Esta frio!
Reclamou Narcisa enquanto olhava a comida em seu prato com repugnância e nojo...
Bellatriz - Acercar-te!
Ordenou-lhe a Lílian...
Bellatriz - O café da senhorita está frio! Traga outro para ela imediatamente!
Narcisa praticamente lançou o conteúdo do prato ao peito de Lílian, provocando assim que o vestido dela se sujasse de aveia...
Narcisa - E é bom que tragas um que esta na minha temperatura preferida!
Lílian abaixo o olhar e começou a se afastar...
Bellatriz - Melhor deixa que Stef traga a outra! Você irá ao mercado compraras para mim uma pequena bolsa se maçãs, pois isso desejo!
Lílian assentiu...
Lílian - Desejas algo mais senhora?
Bellatriz - Eu a caso te disse que desejo mais alguma coisa?
Respondeu com uma mirada penetrante...
Lílian - Em seguida regresso
Bellatriz - Em seguida regresso...
Disse esperando uma resposta e sorrindo com desprezo e superioridade...
Lílian - Em seguida regresso, senhora Bellatriz.
Como a sido capaz de agüentar tanta crueldade e tantas humilhações?...
Desaparecer e jamais voltar já lhe a passado pela mente várias vezes... Porém a aonde iria?... Como sobreviver ao inverno gelado das ruas?... Se uma coisa a senhora Bellatriz tinha realmente razão era isso, seria impossível suportar um único dia de inverno dormindo na rua... O único que esse mundo cruel e desconhecido lhe oferecia era passar mais fome e frio do que ela já estava acostumada em todos esses anos de humilhação e desprezo desde a morte de seu pai... E se seguro converter-se em uma vagabunda...

O vento batia contra a pele se seu rosto como pedras... Todas as suas extremidades ardiam de frio e pouco a pouco Lílian ia perdendo o sentido nelas, pois o único que a acompanhava era uma fina manta, que verdadeiramente era igual à não trazer nada vestido...
Lílian - Deus!
Ela caminha rapidamente pelas ruas no qual estavam inundadas de pessoas, caminhando, solicitando emprego ou serviço de algum tipo... Junto aos vagabundos e pessoas de alta sociedade... Enfim todas as classes de gente, como se o tempo estivesse menos 10 graus...
- Ola preciosa!
Disse um homem, que por seu porte e seus olhos meio abertos, era evidente que não tinha nada e estava bêbado esperando que ela lhe provocasse algum tipo de prazer...
-Todos os dias passas por aqui... E nunca me cumprimentas!
Grita ele tentando manter o equilíbrio...
Lílian - Perdão porem tenho pressa!
-Eu sou o que vem urgido preciosa!... Venha aqui!
Ele a toma pelo braço, querendo beijá-la a força...
Lílian - Me solta!
Ela tentava com desesperação se safar-se daquele homem bêbado, porém seus esforços eram inúteis contra ele, pois era evidente que ela há dias sem comer seria mais fraco que um vagabundo bêbado de rua...
-Anda preciosa! Me da só um beijo, mas!
Lílian grita porem ninguém se mete para ajudá-la, pois supunham que era uma prostituta entre outras tantas...
Lílian - Que? Solte-me!
Ela pegou o braço dele e mordeu porem este, enfurecido a pegou por sua mão e começou a sacudi-la... Lílian pedia a gritos que alguém a ajudasse porém é como se suas suplicas fossem impossíveis de serem ouvidas, pois ninguém nem ao menos lhe dirigia o olhar...
Lágrimas inundaram seus olhos, rodando por suas bochechas sem cessar... Porem em um momento de debilidade, Lílian consegui se soltar sem direção alguma, apenas se lança na rua sem saber onde está ou pra onde vai...
O estrondoso som de uma buzina lhe fez levantar a mirada e justamente frente a seus olhos ia um carro para cima dela... Os freios daquele carro começaram a chiar, contra o pavimento gelado e escorregadio... Lílian tenta sair do caminho deste carro, porém o frio e os nervos a fazem perdem o equilíbrio, provocando assim que caia em meio à rua...
O carro se detêm justo a tempo, quando estava só a centímetros de seu corpo... Durante o ataque daquele homem bêbado, o cabelo longo e liso de Lílian, se havia desamarrado e agora bailava como chamas de fogo junto ao vento frio daquele pavimento...
Ela sente o frio de baixo de seu corpo e quase jurava que as lágrimas que rodavam por seu rosto pouco a pouco se iam cristalizando... Porem Lílian ainda se encontrava imóvel sobre o solo, com a cabeça abaixada e os olhos fechados... De pronto ela escuta alguns passos se acercando dela, logo sua voz...
-Se encontras bem?
Sua voz era terna e sincera, ninguém jamais a havia dirigido a palavra dessa maneira em longos oito anos...
-Senhorita, diga-me algo... Machucaram-se?
Lílian nega com a cabeça, porem ainda com ela olhando para baixo... O jovem se agacha e estende sua mão até ela...
-Toma minha mão. De verdade estas bem?
Lílian levanta a cabeça... E quando seu olhar se encontra ao desse jovem, sua alma se estremeceu por completo, deixando-a praticamente sem poder respirar...
Era o homem mais belo e perfeito que ela jamais havia visto em sua vida... Seu cabelo preto estava penteado até atrás, seus olhos a olhavam intenso porem ternamente... “Deus!” pensou ela, “parece um verdadeiro príncipe”...
Esta frágil, porem estranhamente bela mulher que tinha em frente lhe provocava uma espécie de ternura inexplicável... Seus olhos chorosos o olhavam com medo, porem admiração... Ao ver como uma lagrima ia rodando por sua bochecha, ele sentiu o instinto de limpa-la com sua mão, porem não achou prudente e assim a deixou, que seguira sua viagem pelo rosto dessa bela jovem...
Ele observa com fascinação como o cabelo de Lílian, bailava com o vento que sacudia a cidade... Um cabelo tão belo e raro, o qual também lhe provocava vontade de acariciá-la...
-Menina, tome minha mão. Faz um frio horrível aqui fora, não concordas?
Lílian leva sua mão com calma tomando à do jovem entre a sua... O que estava surpreendentemente aquecida...
Lílian - Obrigada
Murmurou... Ele lhe sorri e ajudou-a a ficar de pé...
-Senhor, não creio que devemos demorarmos, seu primo o espera.
Disse o chofer abrindo novamente a porta do carro... O jovem assente, logo olha de nova a Lílian...
-Não tens abrigo?
Lílian se deu conta que sua manta havia voado durante sua fuga daquele homem bêbado e que também estava tremendo violentamente... Porem sem saber se a causa era o frio, ou este homem tão belo que possuía a sua frente...
-Venha comigo, te levarei até sua casa.
Ela não soube como raciocinar ante tal proposta... Como aceitar semelhante convite de um perfeito estranho?... Lílian levanta a mirada até seus olhos, uns olhos escuros e misteriosos como a noite... Como negar-se?...
Lílian - Obrigado porem...
-Não aceito não! Ademais olha como tremes menina. Você vai ficar doente desse jeito!
Menina?... Perguntou-se ela um tanto em dúvida... Era certo que Lílian estava um pouco mais magra do que o normal, porém era a causa de tantos dias sem comida... Porem seu corpo havia deixado de ser o de uma menina faz bastante tempo...
Lílian - Não se preocupe. Obrigado de todas as formas.
“Há algo nesta menina”... Que digo menina? Pensou ele, já que se notava longe que não era... Porem seu rosto demonstrava todo o contrario, por seu olhar tímido e amedrontado...
-O que te assusta? De que tens medo? Prometo-te que minhas intenções...
Lílian - Simplesmente não te conheço e...
- Tiago... Tiago de Aragón.
Disse estendendo sua mão até ela...
De Aragón?... O mesmo sobrenome de um príncipe de um de seus contos de fadas favoritos quando era menina...
Lílian - Lílian de La Fuente.
Contesta tomando sua mão... Ele franziu uma sobrancelha levemente, pensando que o sobrenome de La Fuente não era precisamente um de pessoas como ela, pois apesar de sua beleza natural, era obvio por suas roupas que ela não vinha de uma família de nobreza...
Tiago - Seu nome é muito bonito
Disse mostrando-lhe um sorriso... Ela lhe devolve o sorriso, sentindo um movimento estranho no estomago... Estranhamente já não sentia esse frio que a momentos provocava que todo seu corpo tremesse...
Tiago - Não sei se talvez te agrade o frio horroroso desta cidade. Porem eu não estou acostumado e acredito que minha tolerância também tem seus limites
Disse guiando o olho... Frio? Pensou ela... Com o calor inexplicável que este jovem lhe provocava, frio era o ultimo em sua mente...
Tiago - Aceitas?
Como negar-se ante um sorriso tão terno... Tão único? Faz anos que ela não presenciava igual ou ao menos parecida...
Lílian - Bem, aceito.
Disse em voz baixa e mostrando-lhe um leve sorriso.
O carro em que ele viajava recordava tanto aos tempos em que seu pai ainda vivia... Até o cheiro a cigarro e uísque lhe produziam uma sensação quente e nostálgica em seu interior... Lílian fecha os olhos e suspira com calma...
Tiago - Se sentes melhor?
Ela os abre bruscamente de novo ante sua voz...
Lílian - Sim... obrigado
Tiago - És uma mulher e pouca palavras, não?
Lílian - Perdão é que...
De repente se escuta o ruído do estomago de Lílian implorando por comida... Ela sorri envergonhada...
Tiago - Tens fome?
“Uma fome feroz!”
Lílian - Não
Porem em questão de segundos seu estomago de novo a relatou... Tiago só ri...
Tiago - Que lhe parece se te convido a comer algo?
Lílian - Não, como crês? Já tens feito muito por mim
Tiago se acerco até o ouvido de Lílian...
Tiago - Não como gente, isso te asseguro!
Ao sentir esse sussurro acariciar seu rosto, ela praticamente fica sem ação e guarda silencio sendo incapaz de pronunciar alguma palavra...
"Estas nervosa. Deus! És tão condenadamente bela esta menina!".
Ele observa seu perfil intensamente, já que Lílian parece estar rígida, mirando o adiante sem nem ao menos piscar...
- Chegamos senhor
Disse o chofer, saindo do carro... Lílian olha ao seu redor... Nunca havia estado naquela parte da cidade antes... As ruas estavam habitadas por cada centímetro de pessoas, porem gente muito diferente das que ela estava acostumada a ver desde sua chegada ao internato...
Tiago - Vamos.
Disse estendendo a mão ao sair do carro... Lílian se detêm e olha sua roupa... Como ia a estar entre essas pessoas vestida como criada?... Com certeza iriam rir dela por seus trajes...
Lílian - Não creio que...
Tiago - Por favor... Toma minha mão Lílian
Disse com um sorriso seguro e cativador... Ela o obedeceu... O tato de sua mãos masculina sobre a sua era único... Sentias forças que a tempo havia esquecido que possuía... Com ele tudo parecia diferente...

Nesse pequeno restaurante, algumas pessoas os olhavam estranhando, coisa que a Lílian incomodava porem a Tiago parecia que ele nem havia notado... Sé se ocupava em olhá-la e perder-se em seus olhos...
Tiago - Já te disseram antes, que és muito bonita?
Lílian não pode evitar sorrir como uma menina punida ante seu ato... Ela estava acostuma sim a receber esses elogios, porem eram só de homens degenerados das ruas ou bêbados, ao qual se referiam a ela com palavras vulgares buscando somente prazer e diversão...
Tiago - E tens um sorriso precioso, sabes?
Que quer provocar em mim com todas essas palavras? Pergunta-se, ao sentir como suas pernas estremecem ao igual que seu coração...
Lílian - E você da onde é?
Pergunta, tentando desviar a atenção de Tiago, pois não creia poder agüentar tantas emoções juntas...
Tiago - Morei toda a vida na Espanha. Estou aqui de visita na casa de um primo
Lílian - Me encanta Espanha, é um país maravilhoso!
Ele franziu a testa...
Tiago - Já fosse à Espanha?
Como ia pensar que ela havia viajado além da esquina de sua casa?... Não com esses trajes... Acreditaria que era um mentirosa... Porem o certo era que sim, ela viajava frequentemente junto ao seu pai quando pequena a cidades como Madrid, Londres, Roma e Paris...
Lílian - Não... Mais já vi fotos.
Tiago - Não é igual menina, te asseguro.
“Outra vez com isso de menina!” Pensa ela aborrecida...
Lílian - Lhe posso pedir um favor?
Tiago - O que quiser princesa.
Ao escutar essa palavras, Lílian fica gelada, esquecendo-se completamente de seus aborrecimento... Havia passado tantos anos desde que essa palavra posse usada para expressar-se até ela... São tantas lembranças dolorosas e boas, tristes e alegres que revivem em sua memória...
Tiago - Que te sucede?
Pergunta rapidamente ao ver como seus olhos se enchem rapidamente de lagrimas... Lílian abaixa a mirada e começa a chorar...
Tiago - Que tens?... Disse-te algo mal?
Ele lhe levanta o rosto suavemente...
Tiago - Lílian...
Sussurra, encontrando sua mirada triste...
Tiago - Uma mulher tão bela, não deve chorar...
Tiago lhe seca as lagrimas, esta vez sem reservas com suas mãos, logo movo com delicadeza umas mechas do cabelo de Lílian que insistiam em cair sobre seu rosto...
Lílian - Não me faça caso... Estou bem
Tiago pode ver em seus olhos um profundo sofrimento... Uma dor que há sido parte dela por muito tempo... E que pouco a pouco vai acabando com seu frágil corpo... Ele sente desejos imensos de abraçá-la, protegê-la e cuidar dela...
Tiago - Queres regressar até sua casa?
Lílian arregala os olhos e se põe de pé bruscamente...
Lílian - Deus! Ela vai me matar!
Tiago se assombra e também se põe de pé...
Tiago - Que?... Quem?!
Lílian - Tenho que ir!
Ela começa a se afastar dele porem ele lhe segura um braço...
Tiago - Deixa-me levar-te...
Lílian - Não! Perdão!... Tenho que ir!
Lílian se solta e sai correndo... Tiago tenta correr atrás dela, porem ao sair do restaurante, essa mulher triste e misteriosa havia desaparecido ante as milhares de pessoas que se encontravam nas ruas daquela cidade...
A senhora Bellatriz caminhava de um lado para o outro no escritório em frente da escada principal... O nervosismo e a desesperação evidente em seus olhos, enquanto olhava com freqüência o relógio...
Bellatriz - Onde há se metido essa...
Ela detêm suas palavras ao escutar a porta...
Bellatriz - Onde diabos estavas?! Te das conta de que horas são?!
Lílian - Perdão, mas...
Bellatriz - Cala-te! Melhor guardar para ti tuas malditas desculpas!
Ela a pega com forças pelo braço, cravando-lhe as unhas em sua pele...
Bellatriz - Parece que te encanta passar fome, não?!
Grita lançando o corpo de Lílian até o chão...
Bellatriz - Passaras dois dias mais sem comer por tua incompetência!
Lílian - Senhora...
Bellatriz - Não te dei permissão para falar!
Ela tira de seu bolso uma escova de dente e vai até Lílian, pegando-a pelo rosto com força e brutalidade...
Bellatriz - Quero o piso tão limpo e brilhoso que seja possível ver meu reflexo nele. Entendido?
Lílian olha até o grandioso corredor, o qual lhe tomaria provavelmente toda a noite para limpar...
Lílian - Todo o corredor?
Bellatriz lhe sorri com maldade...
Bellatriz - Não é o suficiente para ti?... Pois também limpa os pisos de cima! E mais, é bom que termines cedo, porque te quero às 5 da manhã na cozinha! Espera uma visita muito importante e quero essa instituição em completa ordem!
A senhora Bellatriz entra em seu escritório, fechando com um só golpe a porta e deixando a Lílian atirada no chão a ponto de começar a chorar...
Lílian - Talvez as ruas seriam mil vezes melhor que isso...
Murmura com a voz entrecortada... De momento ela recorda a Tiago, a esse príncipe que foi tão amável e terno com ela...
Lílian - Para que tão sequer me engano? Seguro que foi por pena.
Trás 5 horas de limpeza... O corpo de Lílian estava bastante dolorido... Porem por fim havia acabado e o piso estava tal como Bellatriz o queria... Brilhava diferente desta vez que de costume, talvez por todas as lágrimas que ela havia derramado sobre ele enquanto limpava...
Narcisa - Não resta duvidas que isso de limpar é próprio pra ti Líliansita!
Disse desde o inicio das escadas enquanto ria a gargalhadas do estado de Lílian...
Narcisa - Definitivamente sim és uma princesa... Porem princesa do limpador!
Grita burlando-se... Lílian aperta os punhos, sentindo como o sangue lhe fervia por dentro... Como queria arrancar aqueles cabelos, destruí-la enfim...
Narcisa - Ah que crês!
Disse fingindo um sorriso amigável...
Narcisa - Mais faltou limpar um pedacinho!
Lílian olha ao redor, o piso estava impecável... Porem antes que conseguisse levantar o olhar novamente até Narcisa, esta derramou um jarro de água enlodada pelo balcão, sujando o chão completamente...
Lílian ficou de boca aberta, enquanto que Narcisa se afastava indo até seu quarto rindo com vontade...
Lílian - Maldita!
Ela se deixa cair ao piso, derramando lagrimas...
Lílian - Leva-me contigo papa... Por favor, leva-me contigo...
Lílian começa a soluçar sem cessar... Como de costuma, pois chorar era o único que fazia desde oito anos...

~*~

Tiago olha por sua janela as estrelas desde o quarto que ocupava na casa de seu primo... Ele suspira, com um sorriso desenhado no rosto, pensando em esta jovem quem desejou roubar o coração dele com sua beleza e inocência...
Tiago - Algum dia voltarei a te ver princesa?
Sua mirada logo se foca sobre a janela de um edifício justamente entre o seu... O qual estava a só uns metros de distancia... O quarto estava aparentemente desolado...
- Ainda estas acordado?
Pergunta seu primo Sirius desde a porta do quarto...
Tiago - Quem vive ali?
Pergunta sem desviar a mirada do edifício...
Sirius - Não é uma casa e sim um internato de mulheres, bom de adolescentes.
Tiago se vira e vai até Sirius...
Tiago - Preciso tomar um copo de leite, me acompanhas?
Sirius assentiu, logo sorriu...
Sirius - Assim me contas mais sobre essa menina que conheceste!
Tiago sorri logo se vira até a janela como se uma força elétrica o atraísse até ela...
De pronto escutam os leves gemidos de um homem desde o corredor...
Sirius - Vou ver o que sucede. Tu adianta-te...
Tiago - Que bom que tenham aceitado a esse pobre homem em sua casa.
Sirius - Sim, meu avó não teve coração para abandoná-lo quando soube que na verdade não era meu pai... Já que esse senhor tento salvar-lhe a vida.
Tiago - Tomara que algum dia recupera a memória
Sirius - Sim... Talvez assim possa buscar a essa princesa que tanto chama...

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