Histórias - Parte 2
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No último capítulo...
--Quarenta anos, trabalhava com o controle de imigrantes e na proibição de entorpecentes para bruxos... Fiscal do departamento de aplicações, Estava de despedindo quando teve os ataques.
--Mais alguma coisa?-- Hary perguntou a Taylor.
--Sim. Ele tem ataques de epilepsia muito fortes, e tem horas em que recobra um pouco da consciência e consegue falar algumas palavras... Precisa de observação constante.
Jéssica gritou: O homem começara a se debater na maca. Daniel, que estava com a seringa a centímetros do braço de Adam, e teve de pular para o lado antes que o ferisse com a agulha.
--Não temos nada de bom por aqui... Coma G10, e diminuindo...
--Ei, olha só! -- Daniel falou, surpreso. -- Eleestá com a nuca rígida. Pode ser que...
--Punção lombar – Completou – Mas se for meningite...
--Curts consegue invadir uma casa sozinho... Você não era ladrão antes de virar médico?
--Se quer saber mesmo, fui pastor evangélico... -- O negro reagiu com raiva -- Agora fica quieto antes que eu...
--Vai ter coragem de bater em um aleijado?
--Meus pais sofreram um acidente quando voltavam para casa... Eu era criança, tinha seis anos. Minha mãe morreu na hora, meu pai está em estado vegetativo até hoje...
--Desculpa, eu...
--Esquece, já passou.
--Eu bebia, fumava, e logo parti para a maconha. Aos dezessete, meus pais chamaram os médicos de uma clínica para me levar a força. Conseguiram me limpar, antes que me ocorresse algo mais grave...
--E por que até hoje não se reconciliou com seus pais? -- Harry perguntou, interessado.
--A Taylor vai controlar todas as minhas receitas. Por mim receitava algo para você, mas ela me proibiu. Isso está começando a prejudicar meus pacientes, já que eles recebem o remédio com um dia de atraso...
--Digamos que eu possa, uhn... Receitar os remédios dos seus pacientes. Receitas imediatas, e você assina as minhas de oxicodona.
--Vamos fazer um levantamento das novidades em ordem alfabética: Park.
--A punção acusou meningite.
--Curts.
--A casa dele é um chiqueiro, cheia de sujeira por tudo... Ele só anda comendo e fazendo sexo nesse último mês. Além disso encontrei sacos e mais sacos de maconha escondidos.
--Spencer.
--Não há indícios de Lúpus, só há uma baixíssima taxa de leucócitos...
--Resumindo: Temos três coisas completamente isoladas.
Coma”, “Maconha, “Meningite”, “Imunidade Baixa”, “Convulsões”, “Vômitos”, “Doenças da Sujeira”, “AIDS”, “Drogas”, “Preservativos”, “Epilepsia”, “Euforia”, ...
Harry Potter jazia sentado no chão de seu escritório, a mobília afastada e a lousa cheia de palavras, flechas e sintomas riscados.
--Harry? -- falou uma voz calma, que o despertou de um raciocínio cansativo.
--Uma garota dey entrada no hospital, aparentemente com os mesmos sintomas do Sr. McFly...
--Trate para meningite.
--Não, o tratamento não funcionou. Ele está em coma G7. Torça para que não entre mais ninguém com estes sintomas aqui, Harry, ou pode ser que estajamos prestes a enfrentar uma epidemia de alguma doença desconhecida.
HARRY, M.D.
04. HISTÓRIAS
PARTE 2
A cidade de Londres já estava imersa na escuridão. A maior parte das casas e apartamentos mantinha suas luzes apagadas enquanto seus ocupantes continuavam mergulhados em seu sono profundo.
Até alguns médicos já dormiam, tranqüilos e em paz, a exceção de um pequeno grupo deles, que cercava com certo desespero o leito de um paciente, que dormia ainda mais profundamente do que o normal; Um sono do qual, segundo as pessoas que conversavam com muita preocupação a seu redor, ele dificilmente acordaria.
--Cadê o Harry? -- Jéssica Spencer perguntou, não muito entusiasmada.
--Ah, você deve imaginar... -- Jason Curts respondeu. -- No escritório, provavelmente. Ele tem uma estranha repulsa em acompanhar os pacientes...
--Na verdade, -- Catherine Taylor defendeu – Ele está em meu escritório. Disse que precisava dar um telefonema...
--A essa hora? -- Daniel e Jéssica perguntaram surpresos.
--Boa noite, Wilson! -- O doutor Harry falou, animado. -- Te acordei?
--Claro! -- Falou a voz rouca do Dr. James Wilson – São três da manhã!
--OK, ligo mais tarde... Quando você tiver pegado no sono de novo...
--Qual o problema?
--Uma garota de seis anos, teve convulsões e está preste a entrar em um coma mais grave.
--Ah, e não foi para isso que contratou sua equipe? Para te obedecer, ajudar, trazer seu café, essas coisas?
--Tenho dois pacientes para cuidar, testes a fazer, casas a invadir... Você pode vir aqui ajudar? A Taylor já está aqui...
--Por que eu? Sou oncologista, não...
--Por que você; lá, no primeiro dia? A Taylor te chamou naquele dia, mesmo sabendo que a doença do tio dela não passava nem perto da sua área...
--Ela, ah... Estou chegando aí.
--Enfermaria J. Obrigado Wilson. --Harry falou sorrindo. Sua perna esquerda já não tinha mais forças para doer, e seu coro cansado só queria descanso. Seu cérebro, porém, continuava ativo, talvez até mais do que durante o dia, graças à grande quantidade de cafeína que ingerira.
Os corredores do Hospital pelos quais Harry passou estavam vazios, exceto pela presença silenciosa das enfermeiras de plantão e dos médicos da emergência.
Mas nenhum daqueles vagos sinais de presença humana podia se comparar à tumultuada enfermaria J, do quarto andar, na qual ele entrou, empolgado.
--Então, quem tratou a garotinha para meningite? -- Questionou, incisivo. -- Curts, vá você. Completou, após o silêncio constrangedor.
--Não acho que seja meningite, o tratamento não funcionou no Adam.
--Ela é o Adam? Não. Sou seu chefe, faça.
--E eu sou a sua chefe. O argumento dele é convincente. -- Taylor o enfrentou.
--Claro, vamos ficar aqui parados esperando os dois morrerem... Alguém quer chicletes? Talvez se vocês – indicou Daniel e Jéssica – procurassem por leptospirose, doença de Heinns ou AIDS, talvez isso fosse um avanço. Descobriríamos qual a segunda doença que está atacando-o...
--Você acha que são duas, então? -- Jéssica perguntou, andando de seu lugar até a porta. Daniel a seguiu.
--É uma alternativa que considerei provável... Sim, acho. Curts, vá vaciná-la. Eu fico esperando o Wilson... Você vai com eles, Catherine?
--Sim. Tenho de falar com a mãe da garota...
--Ela já está em coma?
--A menina? Não, apenas vomitando e com convulsões... Está em um coma superficial... Você tem certeza sobre a meningite? -- Taylor perguntou, temerosa.
--Não. -- Ele não a surpreendeu.
--Vamos tratá-la para meningite. -- Respondeu ela mesmo assim, abandonando totalmente a sensatez médica para confiar no palpite de Harry.
Curts e Taylor seguiram Daniel e Jéssica, que já haviam saído. Os quatro atravessaram o hospital deserto até o segundo andar, onde a garota estava. Taylor caminhou diretamente na direção da mãe, enquanto Curts se preparava para injetar o soro.
O Park e Spencer já haviam tomado o caminho até os laboratórios, no andar de baixo.
--Eu vou apenas colocar um remédio em você com essa agulha aqui... Não vai doer nada... Deixa-me acender a luz... -- Curts começou, ativando a lâmpada sobre a cama da garota.
--Apaga... Ai, ta doendo! -- Ele falou, as mãos sobre os olhos. -- Apaga a luz, Aaah!
--Não precisa ter medo, é só uma picadinha...
--Apaga... Por favor, mamãe! Chama minha mãe, alguém! Eu quero a minha mãe! -- Ela começou a chorar, dando berros altos e estridentes.
--Sai daí, que é que você fez com ela? -- Perguntou a mãe da menina, que acabara de deixar Taylor sozinha do lado de fora da enfermaria.
--Apaga a luz... -- A menina gemeu.
--A senhora não pode entrar aqui – Curts a repreendeu.-- Precisa de máscara, luvas, roupa esterilizada...
--Mamã... -- A criança tentou chamar outra vez, mas o som foi interrompido por um grunhido e um fluxo de vômito em meio a uma convulsão.
--O que você fez?! Ela mandou você apagar a luz!
--Cala a boca e vem ajudar a segurá-la antes que arrebente algo... Taylor, injete aquilo – Ele apontou para a seringa que preparara, prevendo alguma reação convulsiva. Mas antes que Taylor pudesse agir, a convulsão foi diminuindo até parar. -- Droga!
--O que foi? -- Perguntou a mãe, assustada. -- Ela, ela ta bem?
--Apagou. Está em coma.
--Coma? Por que? -- A mãe perguntou aos prantos. Taylor debruçou-se sobre a garota e encostou seu rosto do peito dela.
--O que foi que...
--Coma. Vou injetar o soro e subir com ela para esperar os outros dois.
--Outros dois? -- Perguntou a mãe da menina, assustada. -- Quantos médicos estão tratando dela? Pra que mais dois?
--Na verdade, somos em seis. -- Curts falou, mesmo sob a pressão do olhar de Taylor. Era evidente que sua crença o impedia de mentir.
--Seis, para uma garota? Então não devem fazer nem idéia do que ela tem... Ah, Judy! -- A mãe curvou-se sobre a filha adormecida e a abraçou.
--Sra. Lohann, a senhora não pode... Ela pode estar com uma doença contagiosa, não sabemos ao certo... -- Taylor falou, tentando tirar a mulher de perto da garota. -- Suspeitamos que seja meningite, associada a alguma outra doença... Há ainda a possibilidade de ser alguma outra doença, desconhecida ou nova... Temos mais um paciente com os sintomas dela, mas, graças a Deus, poderemos tratá-la mais rápido.
--Como ele está? O outro? -- Perguntou, desesperada.
--Coma G6, é quase irreversível, mas há uma chance... Se quiser vê-lo, a sua filha vai estar numa enfermaria ao lado da dele. Teremos que transferi-la para o quarto andar, onde ficam as pessoas com coma ou doenças do gênero... Se nos acompanhar... Só coloque uma máscara. Vamos isolar Judy também, para que não contraia doenças ou as espalhe. -- Curts falou, e durante todo o tempo restante, até que eles chegassem de elevador ao quarto piso do hospital, nada mais foi dito.
--Enfermaria I – Falou Taylor, indicando um quarto fechado, logo ao lado do quarto no qual Harry Potter estava, agora conversando empolgado com o homem em coma.
--Fotofobia – falou Curts entrando sem avisar.
--Ah, depois eu te conto como foi no dia em que eu matei aquele Cavalo-do-Lago, Adam... Você não vai acreditar... O que disse, Curts? -- Perguntou Harry.
--A garota tem fotofobia
--Claro que tem, ela tem meningite.
--E ela está em coma.
--Claro que sim, ela tem alguma outra doença...
--Nenhuma das que você falou, suspeito. Leptospirose e Heinns são ambientais ou alimentares, AIDS é DST... Nada que possa ter afetado duas pessoas aleatórias junto com a meningite... É uma chance em um milhão...
--Comparado a uma em um Zilhão de ser uma doença nova, desconhecida e que atacou duas pessoas aleatoriamente, acho que prefiro a primeira opção.
--E qual seria a segunda doença que atacou os dois desconhecidos ao mesmo tempo? -- Curts perguntou, desafiador. A raiva de Harry, que contivera à tarde, ameaçava voltar conforme ficava cansado.
--Talvez quais seja a palavra correta... Uma doença diferente para cada um dos dois... -- Ele falou, inquieto. -- Acho que precisamos da lousa agora... Acci... -- Ele ameaçou lançar o feitiço convocatório. Curts arregalou os olhos. -- Não vai me impedir? Poderia quebrar vários vidros do hospital, perturbar muitos médicos e acordar muitos pacientes... E inclusive causar algumas demissões.
--E o que você quer que eu faça? - Perguntou o negro, alterado.
--Pegue a lousa para mim. Aproveite para apressar os outros dois, devem estar de paquera lá no laboratório... E se puder mandá-los trazer algum café aqui para cima... -- Falou, os olhos fixos em Adam.
Harry fez uma expressão de quem fora insultado.
--Contato com o paciente... Você não sabe como eu sou responsável e atencioso com meus pacientes?
--Óbvio – Riu Curts, deixando o quarto.
--Sra. Lohann, a enfermaria é por aqui... -- Ele ouviu Taylor indicar à mulher, que certamente era a mãe da garota em coma.
--Enfermaria J? Ah, aí está... Oh meu Deus! -- Ela falou, a mão cobrindo a boca, aberta de espanto.
--Sim, mas na minha forma mortal todos me conhecem como Dr. Harry, muito prazer. -- Ele falou, sorrindo sob a máscara de proteção.
--Ah, meu Deus, este é o Adam! Foi ele quem fez isso com a Judy? Foi ele, doutora? -- Ela falava, histérica.
--Ohô, por esta não esperávamos. -- Harry usou da sátira.
--Como? -- Taylor interveio, confusa – Você o conhece?
--Sim, ele é o idiota do meu ex-marido, Adam McFly.
--Mas o sobrenome dele não constava na ficha da Judy... -- A médica disse. -- Você não podia ter ocultado isso... Sabe quanto tempo perdemos por causa disso? Se soubéssemos do parentesco talvez eles já estivessem curados a esta hora...
--Ah, não exagere... O fato de que não temos a mínima idéia de qual a doença que os está atacando é decisivo para afirmarmos o que estaria ocorrendo com eles... -- Harry corrigiu Taylor.
--Esse é o doutor Harry, o médico que está cuidando da sua filha. Harry, esta é Janet Lohann, mãe se Judy. -- Catherine os apresentou.
--Como Judy você deve estar se referindo à “Garota-em-Coma”... Você não pode tratar os pacientes assim... Eles têm nome!
--Ah, como você é engraçado! -- Taylor falou, sem rir.
--É essa máscara. Mas, agora temos uma nova pista... Vamos esperar os lacaios chegarem com o meu café que logo poderemos ter certeza...
--Como é? Minha filha está lá doente e você esperando seu café?! -- Janet perguntou, voltando a chorar.
--Por favor, tire-a daqui... -- Pediu Harry, com educação – E olha só quem eu vejo... Wilson!
--Boa noite... Olá Catherine. -- Ele a cumprimentou com um beijo amigável no rosto – E você deve ser a mãe da garotinha, como é o nome dela?
--Garota-em-Coma; Mas pode chamá-la de Judy. -- Harry interrompeu a mãe, que começara a falar.
--Eu sinto muito... Sou oncologista; Entendo um pouco mais sobre cânceres e adomas do que outros médicos de outras áreas, e estou disposto a fazer o que for preciso para ajudar a Judy. -- Wilson falou, cumprimentando então a mulher com um aperto de mão. -- Como ela está agora?
--Em coma. Pode ir “Mãe”. -- Falou o outro médico.-- Agora a conversa é entre médicos e caras em coma. Ou seja: nada de mães histéricas.
--Dr. Harry?! -- Perguntou uma recém chegada voz masculina.
--Não tem pão velho... -- Respondeu de imediato.
--Posso entrar? Meu nome é Brian Stabler, sou amigo de Adam. -- Ele falou, rindo da piada do médico.
--Ah, pode entrar... Fique a vontade, as damas já estão de saída... Como o fluxo de pessoas por esta porta está alto hoje... - Mas o que veio fazer aqui, Sr. Stabler?
--Uhn... -- O homem desviou o olhar dos olhos penetrantes de Harry. Ele era alto, tinha cabelos ruivos que já começavam a se tornar brancos e olhos muito pequenos e arregalados. -- Vim visitar o Adam... Trouxe algumas roupas para ele...
--Só agora? Você esteve na casa dele ontem à tarde, segundo meu secretário, digo, um cara da minha equipe.
Ele pareceu indeciso, ponderando se contava ou não alguma coisa. As mulheres já haviam os deixado os três homens a sós, então ele decidiu falar.
--Você deve saber que meu amigo, Adam... Ele tem, uhn, algumas coisas suspeitas escondidas na casa dele...
--Ah, a maconha. Acho que não pode mais ser considerada suspeita, digo, aquela quantidade passa de suspeita para muito comprometedora... Incriminador, no mínimo.
--Esse é o ponto. -- Ele prosseguiu, preocupado.-- Você sabe como o ministério funciona, eles abririam um inquérito, suspenderiam a aposentadoria dele, fariam investigações... Ele poderia ser preso, inclusive. Eu entendo se o senhor não...
Harry o olhou com tamanha intensidade que Stabler poderia jurar que ele lia sua mente.
--Você sabe que o que você está me pedindo é crime, não?
Ele confirmou com a cabeça, os olhos demonstrando medo a qualquer um que olhasse.
--Sabe que tanto você quanto ele poderiam ser preso se eu os denunciasse?
Ele confirmou, agora parecendo a um passo de chorar.
--Adam tem sorte de ter um amigo como você. E você tem sorte de nós não sermos ela. -- Ele indicou Taylor, que continuava inquieta no corredor, com a cabeça.
--Obrigado – Stabler olhou para Harry com gratidão. Avançou até ele com os braços abertos.
--Não me abrace, -- Harry riu – Ele é o médico legal aqui... A propósito, você notou se Adam apresentava algum tipo de aversão ou alergia à luz?
--Luz?! Essa era para ser mais uma de suas piadas, não? Você conhece o Departamento de Aplicação das Leis de Magia?
--Um pouco...Uma... -- Ele pronunciou mentalmente a palavra “amiga” várias vezes, mas aquilo só lhe trazia as lembranças tristes e odiosas de volta. -- Uma conhecida trabalhou lá, mas não entendo...
--Ela certamente não era fiscal, você saberia do que falo se fosse. Nos somos a ralé do lugar... Trabalhamos em cubículos de dois por um e meio, em que mal cabem todos os papéis e documentos que temos que assinar. Calor insuportável; sem janelas, ventilador ou ar condicionado. Se Adam desmaiasse ao contato com a luz, não saberíamos: A maioria das vezes não chegamos a ver a luz do dia... Das Sete às Vinte dentro do ministério, e aparatamos de casa direto lá para dentro, então...
--Pelo menos o cafezinho deve ser fresco... -- falou, irônico.
--Ah, está sim – Falou outra voz, que não a de Stabler. Jéssica, Park e Curts haviam recém aberto a porta. Os dois primeiros traziam papéis e copos, enquanto o outro carregava a lousa, com muito mal-humor.
--Ah, vamos nos apresentar... Dra. Spencer, Dr. Park e Dr. Curts, esse é o Dr. Wilson, oncologista e amigo. Wilson, estes são os meus...
--Equipe dele – Curts completou a frase.
--Claro. E este é o amigo do Adam, Brian Stabler, Curts já o conhece. Stabler, Dra. Spencer e Dr. Park. Eu não sei se vai querer ficar aqui agora, provavelmente eu vá fazer metáforas e comparações e soltar insultos quando começarmos a debater os sintomas dos pacientes. Pode ser desagradável.
Brian concordou com a cabeça.
--Acho que vou para casa, tenho trabalho amanhã... Mas deixei meu telefone na ficha do Adam na noite passada, quando chegamos. Qualquer notícia... E mais uma vez, obrigado.
--Certo. -- Harry viu o ruivo sair da enfermaria em silêncio. -- Gostei desse cara... Boa notícia, Wilson, Equipe... Adam é pai de Garota-em-Coma!
A informação levou certo tempo para ser digerida.
--Considerando que estamos em Outubro, podem falar algo antes que eu grite “Primeiro de Abril!” , precisamos do diagnosticá-los logo... Jéssica e Daniel, como foi a “Pesquisa” de vocês?
--Negativo para Leptospirose, Heinns, AIDS, Lupus... A taxa de leucócitos dela está ligeiramente baixa. --Jéssica falou, objetiva – Como assim, “Pai”?
--A, Meu Deus, lá vou eu novamente. -- Disse ele, com uma voz enjoada – Quando um menino e uma menina acham um ao outro atraente, decidem, sem nenhum contato físico, chamar a Dona Cegonha, para que ela os traga uma adorável e meiga criancinha, que...
--Você não pode deixar o sarcasmo de lado, só enquanto nós estamos tentando salvar as pessoas?
--Não, é meu Working Process. -- Ele se levantou, quase caindo logo em seguida, o joelho amortecendo sua perna com dor. Conseguiu contar pelo menos dez segundos de agonia antes da dor amenizar um pouco.
--O que foi? -- Park perguntou, assustado.
--Joelho. Passa minha bengala. -- Harry pediu, caminhando então até a lousa. -- Heinns, Leptospirose, AIDS, Lupus... Nada disso está matando ela.
--Ele tampouco – Jéssica completou – Examinei o sangue dele de novo Mas a AIDS não podemos ter certeza, ela pode não ter se manifestado nele ainda.
--Mas ela não pode ter AIDS. -- Curts argumentou. -- Não tem como ter adquirido; Nunca precisou de transfusão, não herdou a doença, e com certeza não teve contato sexual ou usou uma seringa contaminada.
--E se tivermos mesmo duas causas diferentes? -- Park sugeriu – Ele pode ter AIDS, ela pode ter outra coisa... Alguma infecção ou bactéria...
--Duvido muito, eles são parentes. Pelo modo que a mãe dela falou, eles se viam com freqüência – Harry se lembrou do ataque histérico da mãe da garota, minutos atrás.
--Pode ser Hipocemia. -- Wilson arriscou – Há uma probabilidade grande de bruxos com adoma na medula terem filhos com o mesmo problema, que mata os leucócitos...
--Talvez. Vamos tentar começar do zero, fechar todas as hipóteses: Adam, quarentão, solteiro, busca a solução para as suas amarguras em drogas, revistas pornôs e prostitutas, provavelmente...
--Desculpe... Está falando do paciente ou de si mesmo? -- Wilson caçoou.
--Ha-há! Boa, Wilson! -- Harry não riu, porém sua equipe parecia concordar com o oncologista. -- Acaba contraindo Meningite, que não é combatida naturalmente graças à “Doença X”, que baixa a imunidade e causa epilepsia ou convulsões. Em algum dos dias em que a filha foi ficar em sua casa, como o governo obriga, ele passa a meningite e a Auto-imune “Doença X” à ela, que, sendo uma criança, demora menos do que ele a entrar em coma. Mas por que ele entrou em coma?
-- A meningite, em suas fases finais causa coma. -- Jéssica explicou.
--Mas o coma deveria ter parado de cair quando tratamos a meningite. Deveria estacionar. -- Harry lembrou.
--A “Doença X” pode ter causado o coma – Wilson pensou alto.
--Hipocemia não causa coma. -- Ele riscou a palavra, que conseguira apertar em um dos cantos da lousa cheia. -- Então, suponhamos que a “Doença X” cause também Coma. O que ativou a “Doença X” para que os ataques começassem na noite de despedida de Adam? -- Perguntou, pensando.
--Bebida? -- Daniel perguntou.
--Algo do gênero da cirrose, é possível. Outra?
--Os flashes... -- Curts murmurou – Stabler mencionou algo sobre eles estarem tirando fotos de Adam no dia... A bebida suprimiu a parte do desespero que apareceu em Judy... A luz desencadeia as convulsões, os vômitos, e o corpo, muito fragilizado, entra em coma.
--Ele era feliz? -- Harry perguntou à Jéssica, os olhos vidrados no vazio da enfermaria. -- Adam tinha uma vida feliz?
--Você é uma garota, garotas sabem o que os outros sentem, chama isso de “sensibilidade feminina”.
--Não sou uma garota, sou uma mulher. --Ela corrigiu, irritada.
--Não se for comparada a mim... -- Ele riu, e ela perdeu a expressão insultada. -- Vamos perguntar pessoalmente já que a srta. Mulher falhou na definição do perfil psicológico... -- Falou ele, abandonando a frente da lousa para caminhar na direção de Adam.
--Vai perguntar a ele? -- Curts riu, olhando para o paciente, em coma profundo.
--Não, idiota, ele não vai responder... Lá no convento, digo... faculdade de medicina, não te ensinaram isso? A garota ainda responde, se a acordarmos podemos arrancar algo dela. Mas não confio nos pacientes...
--Você pode explicar em que está pensando? -- Daniel perguntou
--Envenenamento. Testem o sangue dela para todos os venenos que se encaixem nos” sintomas da Doença X. Os testes nunca mentem; As crianças só mentem.
Falou, enérgico, a bengala batendo secamente no chão enquanto ele saía. O corredor estava imerso no clima pesado de antes. A mãe da garota ainda chorava, Taylor olhava preocupada para o outro canto do setor de pacientes com danos de longo prazo. Ela se virou um pouco antes de Harry chamá-la.
--Ainda aqui, então. -- Disse o médico, apoiando-se sobre a bengala de madeira e sorrindo – Você sabe que não tem nada a ver com este caso, não? Agora estamos com mais folga, você já pode ir... Está tudo sob controle.
--Eu sei, mas não consigo... -- Ela falou, os olhos assumindo um tom sonolento, o rosto já estava exausto.
--Segure a mãe dela aqui fora, vou fazer algumas perguntas à nossa menina. E quando os lacaios saírem lá de dentro, peça para o Wilson vir comigo.
--Não vai ser preciso, eles já estão vindo...-- Ela respondeu, ao ver os quatro médicos saindo da enfermaria J
--Wilson, você fica. Deixe o trabalho braçal para os empregados – Pediu, abrindo a porta da enfermaria I – E você, saia.
A sra. Lohann o, olhou com repulsa, mas antes que pudesse descarregar seu ódio momentâneo vomitando insultos, a dra. Taylor a chamou para fora.
--Acordar pessoas em coma não é saudável. -- Wilson comentou, ao ver que Harry preparava a seringa para fazê-lo.
--A menos que se tenha a extrema necessidade. É o meu caso. Sorte que eu já tinha me prevenido, trouxe a receita milagrosa no bolso...
--Você vai acordá-la para perguntar se ela é feliz ou se o pai é feliz... Isso é extremamente desnecessário... Os testes já derrubam sua teoria maluca em que o pai tenta envenenar a filha...
--Acho que ele tentou envenenar a si mesmo, e só depois a filha. Efeitos do veneno, possivelmente, como a euforia, por exemplo.
--Bezoar não funcionaria? -- Wilson apelou para o básico.
--Provavelmente, mas assim é mais emocionante... Sem contar que o veneno já pode ter eito o efeito e não ser mais tratável com um simples bezoar. -- Ele disse, injetando então o líquido âmbar no tubo de soro da garota. -- Sua família é feliz, Wilson? -- Perguntou, curioso, enquanto esperava a menina acordar.
--Se você me contar um pouco de seu incógnito passado, pode ser que eu te conte do meu...
--OK, mas eu pedi primeiro – Concordou o médico mais velho, sem a mínima intenção de contar nada.
--Digamos que a minha família é a melhor família que eu poderia ter... Tenho três filhos homens , todos na escola... Lufa-Lufa, a mesma casa à qual pertenci. Tenho uma esposa maravilhosa, uma casa em Londres e um chalé em Yorkshire, onde passamos nossas férias. Mais do que isso não posso desejar... E você? O que esconde? Que segredos obscuros guarda? Você não pode ser simplesmente uma fortaleza...
Harry sorriu, traiçoeiro.
--Garota-em-coma acordou! Acho que vamos ter que deixar no suspense, é uma pena... Qual é seu nome? -- Perguntou à menina.
--Judith... Lohann... McFly. -- Ela disse, gemendo. -- Mãe, onde, mãe...
--Ela já não consegue formular frases direito... Judy, você está me vendo? -- O oncologista perguntou – Você sente algo?
--Não... quero, mãe... -- Ela falou, quase desesperada.
--Você é feliz, Judith? -- Harry perguntou, não ligando para os pedidos da garota.
--Mãe... Pai... --- Reclamou ela, chorando.
--Como é na casa do seu pai? Você é feliz? Ele é feliz? -- Perguntou o médico com persistência. Wilson ficou estático.
--Papai ama Judy – Ela disse, como citasse alguma frase dita por outrem – Quero Pai... Ah... -- Ela começou a tremer levemente.
--Ela está tendo convulsões! -- Wilson gritou. -- Segura...
Mas Harry não lhe deu atenção. Ele estava abaixado, ao pé da cama, a cabeça curvada e os braços para frente, erguendo sem cuidado a camisola verde-clara com o brasão do hospital que Judy vestia.
--O que você está fazendo? -- Wilson perguntou, ao mesmo tempo em que a porta da enfermaria I se abria com violência.
--O que é que você está fazendo com ela?! Eu... Eu... Eu vou chamar a polícia! -- A mãe de Judith, que acabara de entrar, olhou desesperada para a filha, que se debatia enquanto Wilson lutava para segurar seu tronco. Harry, por sua vez mantinha-se curvado, a examinar a genitália da garota. Taylor entrou logo em seguida.
--Que diabos está acontecendo aqui, Dr. Potter? -- Ela gritou horrorizada
--Dr. Harry...
--Você não impõe as regras! O que você está fazendo?!
--Salvando a vida dela. Ela está com o hímen rompido. -- falou, desafiador.
--Como...?
--”Papai me ama” Talvez ela tenha sido bem literal nesta parte.
--Do que ele está falando? -- Janet perguntou, assustada – Dra. Taylor?
--Achamos, quer dizer, o Dr. Potter acha que seu marido... Ele acha que Adam violentou a sua filha. Wilson confirmará o diagnóstico, se a senhora consentir.
“E você, Potter, saiba que da próxima vez que fizer um exame ginecológico sem o consentimento dos pais da paciente, se ela for de menor...”
--Serei demitido. Esse é o clímax? -- Perguntou, irritado. Seu rosto mostrava muita raiva, de um jeito que Taylor nunca vira. Mas o que mais a interessou foi o fato de que a raiva que ele sentia não era por ela.
--Você notou algum tipo de sangramento anormal sa sua filha? Manchas na roupa íntima dela, algo do tipo? -- Wilson perguntou, sério.
--Não, não... Ela esteve uns quatro d-dias na casa do pai, no feriado do Halloween, m-mas fora estes dias, tenho certeza que não teve nenhum s-sangramento... Mas vocês têm certeza que ela... O Adam...
--O hímen está rompido, e há inchaços por toda a vulva. Sim, ela foi molestada. -- O oncologista confirmou, pesaroso – Não sou especialista, mas em crianças os sinais não nítidos...
--Ah, não... Judy! Ah... -- A mãe desatou a chorar, abraçando com força.
--Pode ter certeza de que ele vai pagar caro. -- Harry falou: Parecia transformado, possesso de raiva.-- Uma pessoa tem que sofrer muito por fazer isso... Morrer seria pouco para ele. E não se preocupe, a senhora não sabe, nem saberá, por enquanto, como é perder alguém... Muito menos como eu perdi.
Ele falou, agora as lembranças inevitavelmente se apoderando de seu cérebro, ocupado demais com pensamentos para poder repelir aquela lembrança. O fogo voltou à sua mente: Gritos; Pânico; O calor das chamas lhe sufocando; O corpo de Albus estirado no chão, imóvel e sem vida...
--Acho que ninguém pode ter passado do cume do mais belo e feliz monte para o mais mórbido e escuro vale com tanta rapidez quanto eu... -- Ele falou, olhos vidrados, não enxergando o que via, mas aquilo que lembrava: O teto da sala de jantar desabando sobre Gina, que gritava por socorro, enquanto ele permanecia lá: parado, impotente perante as labaredas que lhe cercavam.
--Lily... Ela morreu nos meus braços – Falou à Taylor, agora. -- Não pude salvá-los... Eles se foram; todos. Aquelas três semanas que passei no hospital foram as mais horríveis de toda a minha vida: Queria morrer. A simples lembrança de minha família me atormentava, três vezes cheguei a pedir para que desligassem meus aparelhos. Matassem meu corpo, pois minha morrera naquele incêndio.
--Eu sinto muito, por você... -- A mãe de Judith surpreendeu-o. Assim como todos ali, ela parecia não saber o que dizer ou pensar.
--Vamos, procurem mais rápido! Não temos muito tempo! -- Ordenou Harry Potter, colocando seus próprios olhos no microscópio à sua frente.
--Envenenamento para essência de salamandra, negativo. -- Park anunciou, alto.
--Certo. -- Harry respondeu. -- Procure por AIDS, novamente. Tente algo para acelerar o tempo, algo que mostre como será o sangue daqui a um ano. Pode usar o cofre passa-tempo ali no laboratório 2. Talvez a AIDS esteja associada a uma terceira coisa...
--Três doenças? -- Jéssica perguntou. -- Já está indo longe demais...
--Alguma outra idéia? -- Harry perguntando, eliminando novamente a Doença de Heinns e também e também a infecção mágica por Falaginose B
--Negativo para todas aquelas bactérias – Wilson avisou, apontando para a lousa que haviam trazido até ali. Seus olhos estavam muito vermelhos. -- Vamos passar uma eternidade aqui; acho que deveríamos nos revezar para dormir um pouco, ou logo-logo não saberemos diferenciar tumores de órgãos...
--Não podemos, temos que salvar esta garota...
--Você quer dizer o homem e a garota. -- Curts corrigiu. Harry olhou, meio desprevenido.
--Não – Taylor respondeu, recém-chegada. -- Hora da morte: Quatro e trinta e sete. Adam não resistiu à uma convulsão, morreu de parada cárdio-respiratória.
--Ah, não... -- Jéssica murmurou, olhando no microscópio mais uma vez... -- Dr. Harry, eu lhe apresento o senhor Ganona.
--Ganona... -- Harry repetiu, com vergonha...
--Ganona? -- Taylor perguntou, forçando a memória. -- Ganona?
--Ganona. Não é uma doença que sobrevive na Europa, mas é até comum nos países das Américas. -- Harry explicou, mancando na direção da porta, rumo à farmácia hospitalar. -- É DST, só pode ser transmitida no ato sexual ou na transfusão de sangue. Sobrevive graças ao Háfnio das CSMs... Se alimenta de Leucócitos e afeta o Cortex Cerebral e o SNP, gerando... -- Ele deixou a frase para o restante do grupo.
--Baixa imunidade... -- Jéssica respondeu.
--Que explica a contração da meningite e das outras constantes doenças – Daniel completou.
--Euforia...
--Que explica a bebedeira e o uso da maconha e conseqüentemente a casa imunda...
--Convulsões ao simples ataque do corpo, associadas aos movimentos epiléticos exagerados.
--Que confirma a associação da fotofobia a ambos os ataques.
--Vômitos.
--Certo...
--E coma, mais adiante. – Jéssica raciocinava. – E compulsa sexual, no caso de homens.
--Ele não estuprava a filha por que queria... -- Wilson pensou alto, olhando para Harry, que não se esforçara para salvar o homem.
--Liguem para o amigo dele, avisem sobre a morte e perguntem sobre o contato com latino-americanos. -- Ele caminhava enérgico pelas rampas da emergência – Alguém tem que avisar a mãe sobre a morte do ex-marido e sobre a doença venérea. Por sorte, Ganona tem cura... A pequena Judy estará a salvo antes do café da manhã.-- Harry completou, entrando na enfermaria I, a seringa, com o soro (rapidamente completo com o sangue da garota), já armada para as injeções.
Os minutos foram se passando, e ele ficou ali, sentado na poltrona do acompanhante do paciente, observando, por vezes, o corpo em recuperação de Judy -- que continuava em coma--, e, por outras, o movimento fora da Enfermaria, quando Janet foi avisada de que o ex-marido estava morto.
Janet Lohann chorou um pouco, observando o leito do marido. Harry também o observou, uma sentimento estranho se passando por ele, algo que ele não ,podia explicar com mais que teorias. Levantou-se pouco depois do nascer do sol, destrancando a porta, na frente da qual a mãe de Judith se encontrava parada, já sem forças para forçar uma entrada.
—Judy está bem — A mulher suspirou aliviada. — Precisa tomar dias doses do soro contra Ganona, ainda, mas logo estará completamente curada...Ou quase completamente. – Ele falou, os olhos fixos nos dela, abertos apenas por causa do café.
—Obrigada...
—De nada. — Respondeu, inexpressivo. Taylor ia saindo da enfermaria J, de onde o corpo de Adam estava sendo retirado. Ele fingiu não perceber a intenção dela em falar com ele. Desceu as rampas — Lamentando não possuir a chave o elevador de serviço – com dor. Antes de deixar o hospital, passou para pegar sua Nimbus e suas chaves em seu escritório.
—Dr. Harry? — A médica que o seguia chamou. — Dra. Taylor... Alguma novidade? Acho que deveria ir dormir um pouco... Eu, pelo menos, vou fazê-lo.
—Ah, é claro. Só passei para te avisar que o amigo de Adam, Stabler, confirmou o caso da latino-americana. Pelo que ele soube pelo amigo Jeremy, ele ficou horas sem atender ao telefone, um dia. Parece que ele tinha contratado uma prostituta mexicana, Adam confessou na noite do ataque... Pelo jeito a compulsão data de antes do Ganona.
—Talvez ele não fosse compulsivo, antes... Talvez só procurasse satisfação pessoal; Não o culpe.
—Para quem o odiava, está tendo um bom avanço em defendê-lo. — Catherine o olhou nos olhos. — Não que eu o culpe... Entendo pelo que passou, sinto muito...
—Talvez esse cara tenha aproximado um pouco a todos. — Ele falava, mais por curiosidade que por filosofia. — Conhecemos um pouco mais sobre a história de cada um... Menos sobre a sua. Seria injusto se não contasse.
—Vai ser chato, se eu contar – Ela riu.
—Ah, tente — Ele não pôde deixar de sorrir, sonolento. Ela retribuiu o sorriso, com um olhar um pouco nostálgico. — Nasci e cresci neste hospital, literalmente. A Dra. Bennet fez o meu parto. Minha mãe era a recepcionista daqui, por isso, podia ver de perto todas as doenças e sintomas do mundo bruxo, quando era trazida para cá para trabalhar com ela. Meu sonho sempre foi ser médica, trabalhar aqui, salvar vidas... Vivo para este hospital. E o que recebo em troca não é nada justo: Três casamentos sem sucesso, uma vida social pouco significativa...
—Eu estive pensando, desde que salvamos o seu tio... Wilson. O que ele fazia lá? — Perguntou, ainda interessado. — Ele é oncologista, não tem nada a ver...
—Eu amo o Wilson. — Ela falou, séria. — Como a um irmão. Somos amigos desde a faculdade; Não há nada que nos separe... Confio totalmente na capacidade dele, achava que ninguém seria melhor para cuidar do meu tio e colocar limites em você do que ele...
—Se enganou. Eu fiz tudo o que quis, ele não pôde me impedir. — Avisou Harry.
—Não, acho que não me enganei. Meu tio está vivo, não?
Harry concordou com a cabeça. Encaixou a vassoura no ombro com a mão direita enquanto a esquerda o conduzia com a bengala. Algo voltou à sua mente antes dele sair e ele a olhou mais uma vez.
—Ele sabia? Sabia que aquele era seu tio?
Taylor sorriu, enviesado.
—Sim
Ele retribuiu o sorriso.
—Ele é um cretino... Vocês dois são.
—Você também. E usa a bengala do lado errado.
—É o meu estilo. — Harry respondeu, deixando-a sozinha dentro do escritório. — Boa noite, Catherine.
—Boa noite, Harry. — Ela respondeu, esta frase foi pairando em sua cabeça durante todo o caminho, e ele tinha cada vez mais a certeza de que havia domado a fera. Aterrissou quase congelado, apenas pensando em comer e ir direto para a cama, onde talvez o joelho esquentasse e a dor diminuísse. Foi quando encontrou um pacote mal-embrulhado na frente de sua porta.
Rasgou o papel colado com fita adesiva, e sentiu os olhos brilharem e o joelho aliviar quando o frasco alaranjado rolou até a sua mão.
—Oxicodona, 10mg — Leu em voz alta, enquanto virava dois comprimidos de uma vez só.
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