Uns drinques a mais
Lupin estava em uma mesa no bar de Tom, o Caldeirão Furado. Essas semanas ele tinha andado com seus iguais, lobisomens. Mas ali estava ele, querendo se distrair um pouco de sua tarefa na Ordem da Fênix. Tomou um copo de cerveja amanteigada, que apesar de não ser de madame Rosmerta, estava delicioso. Foi quando tomou um gole e deixou o copo na mesa que vislumbrou uma garota parecidíssima com Tonks. Pensou por um momento estar vendo coisas, de tanto pensar na garota. E lembrou-se de um livro que leu a uns meses, que dizia a seguinte frase: você atrai o que você pensa. “Será possível ter sido mesmo Tonks? Melhor eu ver isso...” pensou Lupin. Foi até o balcão do bar-hospedaria e perguntou a Tom.
– Tom, por algum acaso, passou uma garota por aqui há uns minutos?
– Oh, sim, sim. Aquela auror. – respondeu Tom, limpando o balcão.
– Auror é... e você sabe para onde ela foi? – perguntou Lupin como se não quisesse saber para onde aquela garota foi.
– Atravessou para a rua dos trouxas.
– ahh, bem... obrigado.
– De nada. – Tom respondeu olhando de esguelha para Lupin.
Lupin seguiu correndo para a rua dos trouxas. Quando chegou lá, viu Tonks em uma porta de um bar quase em frente do Caldeirão Furado. Seguiu até esse bar. O bar estava meio cheio. Ele era pequeno, com várias mesinhas com cadeiras, e um balcão enorme que tomava uma parede do bar inteiro, nesse balcão havia vários banquinhos de bar. Tinha também um pequenino palco no extremo do bar, onde dois homens cantavam e tocavam um sax. Em um dos banquinhos no balcão do bar, Lupin avistou Tonks. Mas não queria falar com ela, queria apenas olhá-la. Então resolveu sentar-se na mesinha mais distante de Tonks, mas que ainda desse para enxergá-la.
Tonks já se encontrava no bar. Ela entrou, olhou fascinada para o lugar, que era bem diferente do Caldeirão Furado, e se sentou em um dos banquinhos que estavam postos em um enorme balcão. Quando se sentou, um rapaz viera de trás do balcão e perguntara.
– O que vai beber, senhorita? Temos de tudo...
Tonks ficou olhando o rapaz falar os diversos tipos de bebidas que tinha. Ela não sabia o que eram nem a metade. Enquanto falava as bebidas o rapaz girava garrafas na mão e fazia malabarismo com elas, e ainda preparava bebidas. Era divertido, pensou Tonks.
– E então, o que a senhorita vai querer?!
– Bem... ah, me dê essa que você preparou, vou provar.
– Bom, não sei não senhorita, essa é meio forte. A senhorita não tem cara de que costuma beber, então...
– Não, não. Eu agüento. Pode me dar, beleza?!
– OK, a senhorita é quem manda. Mas depois não diga que não lhe avisei. Então, que sabor?
– Hum, laranja com cenoura.
– OK, um laranja com cenoura saindo! – disse o rapaz.
E foi a bebida mais gostosa, depois de cerveja amanteigada é claro, que já tomou. Era doce, mas ao mesmo tempo muito forte, dava um ardor na garganta, mas fazia a pessoa querer mais. Foi aí que ela prestou atenção ao ambiente. Viu dois homens, um tocando um sax e o outro cantando, e ouviu a letra da música que ele estava cantando:
When somebody loves you
Quando alguém te ama
It's no good unless he loves you
Isso não é bom a menos que ele te ame
All the way
De todos os modos
Happy to be near you
Feliz por ele estar perto de você
When you need someone to cheer you
Quando você precisa de alguém para te incentivar
All the way
De todos os modos
Taller than the tallest tree is
Mais alto que a mais alta árvore
That's how it's got to feel
É assim que deve se sentir
Deeper than the deep blue sea is
Mais fundo que o profundo mar azul
That's how deep it goes if it's real
É essa sua profundidade se ele for real
When somebody needs you
Quando alguém precisa de você
It's no good unless she needs you
Isso não é bom a menos que ela precise de você
All the way
De todos os modos
Through the good or lean years
Através dos bons e maus anos
And for all those in between us, come what say
E que tudo entre nós, venha como tiver que ser
Who knows where the road will lead us
Quem sabe onde esta estrada nos leverá
Only a fool would say
Só um tolo diria
But if you let me love you
Mas se você me deixar te amar
It's for sure i'm gonna love you
É certo que eu vou te amar
All the way
De todos os modos
When somebody needs you …
Quando alguém precisa de você ...
E ficou mais triste ainda, e chorou um pouquinho. Identificou-se com aquela música. Será que se Lupin ouvisse essa música, se lembraria dela?
– Pode trazzer mais um dessse? – Pediu ela ao barman, já não estando em seu estado normal. Ela já tinha perdido a conta de quantos drinques daquele havia tomado.
– humm... OK. – falou o barman meio incerto.
Lupin estava observando Tonks. Ela já está meio bêbada, pensou ele, quer dizer, já está bêbada! Será que ela ainda está assim por causa... de nós dois? Melhor eu ir lá falar com ela e evitar dela fazer alguma besteira. Lupin se levantou da mesinha em que estava e foi até o balcão do bar.
– ahh... Tonks?
– Remo... vozê porr aqui?
– Vamos embora, Tonks. Eu te acompanho até sua casa.
– Mas eu...
– Não, não, não, Tonks. Você já bebeu o suficiente. Vamos. – Disse Lupin sério.
– ahh, tudo bem. Ah! E quanto deu? – Perguntou Tonks para o ocupado barman.
– Hoje, batida liberada para as damas até três horas da manhã! – disse o barman para Tonks, girando garrafas no ar. – Estratégia de marketing sabe... – acrescentou ele, ao ver a cara de descrença de Tonks.
– Ahh! E porrquê vozê não me avisô antes?!
Tonks e o barman riram, mas Lupin continuara sério. Pelo visto ela estava mesmo bêbada, pensou Lupin, pois ria de um jeito que não era o dela.
– Vamos logo. – disse Lupin a ela.
Tonks desceu do banquinho quase caindo, se não fosse Lupin a segurar.
– Opss... acho que tô meio tonta. – disse ela enquanto se encaminhavam à porta. Lupin a segurando pelos ombros, consequentemente abraçando-a.
– Meio é...?
– Tudo culpa zua – disse ela, muito bêbada, batendo seu dedo indicador no peito de Lupin, já chegando ao Caldeirão Furado.
– Uhumm... pronto, segura firme em mim. Se você conseguir né...
– Conzigo sim! – Respondeu Tonks.
E aparataram na casa de Tonks. Lupin estava praticamente a carregando em seus ombros. E Lupin mal acabara de abrir a porta, que Tonks vomitou.
–Ai! Tá vendo no que dá beber além da conta?! Acho melhor você ir tomar um banho frio, para ver se passa um pouco.
Tonks estava limpando a boca nas vestes.
– E vozê pode me azudár? – perguntou ela para Lupin.
– E eu tenho escolha...? Você mal consegue andar! – disse ele meio com medo. Dar banho nela significa que vou ter que vê-la despida ou algo parecido? Perguntava ele a si mesmo em pensamento.
Ela começou a se despir pesadamente.
– Érr... eu vou ligar o chuveiro, já volto. – disse Lupin
– Uhumm...
Lupin foi até o banheiro. Sabia onde era, de tantas vezes que fora à casa de Tonks no ano passado. Ligou o chuveiro e voltou à sala. Tonks estava largada no sofá apenas de calcinha e sutiã. Lupin gelou. Nunca a tinha visto tão intimamente.
– Já Tonks, vamos. – disse Lupin, odiou como sua voz saiu rouca.
– Uhumm, disse ela, aparentando não estar nada bem.
Lupin a carregou pelos ombros, como a trouxe para casa, até o banheiro. Estava meio sem graça de tocá-la, pois ela estava apenas de roupas íntimas, e ele em conseqüência de carregá-la, estava tocando suas costas e sua barriga. Chegaram ao banheiro com muita dificuldade e Lupin a colocou debaixo do chuveiro.
– Aiinn!! Tá gelada! – Exclamou Tonks com um arrepio.
– É para ver se você acorda...
Tonks estava muito tonta. Sentia a água gelada cair sobre seu corpo e sentia a mão quente de Lupin acariciando suas costas. Ela sentia que estava prestes a vomitar, e mal sentiu e vomitou. Sentiu o braço de Lupin passar pela sua cintura e a segurar, e sentiu a outra mão de Lupin esfregar suas costas. E ouvia de relance ele falar coisas como “calma, vai passar”. Lupin desligara o chuveiro. Tonks sentia que ia desmaiar, mas já estava melhorzinha, pelo menos não sentia mais vontade de vomitar.
Lupin, vendo que ela estava quase desmaiada, enrolou-a na toalha e a carregou em seus braços até o quarto dela. Colocou-a na cama e remexera em seu guarda-roupa. Pegara uma blusa larga e branca, que parecia ser de trouxa, e uma parte de baixo de um pijama; uma calça cinza e larga de algodão. Ele não podia negar, estava meio nervoso por ver a mulher que ama bem à sua frente, apenas com roupas íntimas. A ajudou a se vestir, praticamente a vestiu. Porque Tonks estava muito indisposta, até para se vestir. Depois que a vestiu ele a endireitou na cama, e ela levou a mão à cabeça. “Com certeza ela estaria com dor de cabeça.” pensou Lupin. Então Lupin resolveu ir até à cozinha para ver se ela tinha algum remédio ou poção para dor de cabeça. Quando estava saindo pela porta ouviu Tonks murmurar.
– Você vai embora?
– Olha, já está conseguindo falar direito.
– Há, há, há. Engraçadinho. – disse ela lá da cama, com a voz manhosa de cansaço e sono. – E então você já vai?
– Não, vou buscar um remédio para dor de cabeça pra você.
– Uhumm... só não me deixe aqui sozinha, Remo. – disse com muito sono, quase de olhos fechados
– Não se preocupe, não deixarei. – disse Lupin. E com isso se dirigiu à cozinha. Lá ele encontrou uma poção para dor de cabeça, pegou a poção e mais um copo de água e se dirigiu de volta ao quarto.
– Tonks...? Acorde! – disse Lupin calmo e amavelmente ao ouvido de Tonks.
– Humm...? – resmungou ela.
– Aqui, a poção. Tome, se sentirá melhor.
E a ajudou a se sentar na cama, passou seu braço pela cintura dela e a ajudou a tomar a poção. Depois que ela engoliu de uma vez a poção, tomou o copo de água que Lupin deu à sua mão, e encostou sua cabeça no ombro dele, se aninhando e fechando os olhos.
– Fica aqui comigo? Senti tanto a sua falta essas semanas... acho que foi por isso que bebi, para ver se te esqueço, mas né...
Lupin não podia ficar. Mas se sentia imensamente culpado pelo estado de Tonks, e deixá-la sozinha naquele estado não era muito recomendável.
– Fico, Ninfadora.
Deu um sorrisinho enviesado e se aninhou mais em Lupin, mas ele se desvencilhou.
– Melhor você dormir. Boa-noite Ninfadora. – disse ele ajeitando-a na cama.
– Uhumm... só não me chame de Ninfadora, por fa... – Tonks nem terminou a frase, pois dormiu antes.
Lupin sentara em uma poltrona que havia no quarto dela, e adormecera.
Tonks acordou, e se viu em seu quarto. Por um momento não sabia como parara lá, mas de repente se lembrou de tudo, quando viu Lupin em sua poltrona. Ela podia sentir seu rosto corar de tanta vergonha. Como pôde ficar bêbada? E ele, como pôde ficar depois de tudo que fez para ela? Será que ele queria uma espécie de amizade colorida? Porque se fosse, não suportaria...
– Ahh... Lupin? – disse ela passando a mão pelo rosto dele.
– Ai! Tonks. – sobressaltou-se Lupin.
– Bem... é... sem comentários sobre ontem... bem, muito obrigada por tudo tá? – disse ela, ainda envergonhada, ela estava com um pingo de raiva de si mesma por Lupin tê-la visto assim por causa dele.
– Claro... de nada. Só vê se não apronta mais heim, Ninfadora!
Tonks deu um sorrisinho enviesado.
– Tudo bem.
– Bem, agora já vou... muita coisa a fazer para a Ordem.
– Ah! Mas antes me deixa pelo menos te servir um café da manhã...?
– Não, Ninfadora. Tenho que ir mesmo. – disse ele – E mais uma coisa... eu não valho tudo isso, Tonks... te cuida mesmo, não quero ver você tão triste assim, muito menos doente...
– Eu também não, Remo. – Disse Tonks, agora séria. – Mas o quê fazer?! Eu só queria ter você pra mim...
Ele baixou a cabeça, se virou de costas para ela e saiu do quarto. Tonks logo atrás.
Agora, Tonks não sabia de onde vinha sua raiva, achou que ainda podia ser efeito da bebida da noite anterior.
– Ah! É assim?! Medroso! – gritou ela para Lupin, ainda na sala. – E mais uma coisa! – acrescentou quando Lupin já estava saindo pela porta da frente. – Eu estou morrendo aos poucos por sua tolice! E se eu morrer, porque depressão mata sabia?! A culpa será inteiramente sua!!
E Lupin desapareceu de vista, dobrando a rua da esquina
Assim que ela acabou de gritar e Lupin desapareceu de vista, Tonks bateu com violência a porta da frente (o que fez muitos vizinhos esticarem o pescoço para ver o que estava acontecendo) e se escorou nela, e chorou desesperadamente, caindo lentamente para o chão.
– Por quê?! Por que tem que ser assim?! Por que... por que... por que...? – Falou Tonks para si mesma, ainda chorando desesperadamente.
Ficou assim por mais dez minutos. Mas depois falou para si mesma novamente “Te orienta, mulher! Você não pode ficar chorando assim! Simplesmente não pode...”. E enxugou os olhos, agora inchados. Estava decidida, séria. Não queria mais chorar, mas também não sentia a mínima vontade de sorrir. O jeito era insistir. Ia lutar pelo seu amor. Não ia deixar de ser feliz por preconceitos. ”Tenho que trabalhar esta tarde no Beco Diagonal, mas nada de bares!” pensou Tonks.
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