capitulo 9



Apesar do quanto Hermione estava tensa por cau¬sa do casamento que ficava mais próximo a cada dia, ela descobriu-se esperando ansiosa por Rony nos finais de tarde. Não havia esquecido aquela noite no escritório, tampouco conseguira dormir direito naquela noite. Por um momento, achou que Rony a levaria para cama, mas, mais uma vez, aquele homem a surpreendeu. Mantivera sua palavra e respeitara as regras que ela havia imposto. Rony era, sem dúvida, uma caixinha de surpresas. Mas o que mais estava deixando-a inquieta era o fato de que apenas a visão do seu corpo atlético no jeans e camiseta fazia acontecer algo dentro dela que se tornava mais insistente dia após dia.
Era algo que ela classificara como simples magnetismo. A química sexual que Rony insistia que havia entre eles.
Se não fosse por sua amarga experiência com Vitor, e pela de Nick com Dino, para não falar dos sentimentos de Rony, seu coração também poderia correr algum risco. Um pequeno risco, mas poderia.
Mas, felizmente, não havia perigo. Vitor a deixara resis¬tente à idéia de se apaixonar novamente. Rony lhe dissera que não queria nem precisava de seu amor e a avisara que nunca lhe daria qualquer amor. Apaixonar-se por ele, agora ou no futuro, seria desastroso e estúpido. Muito estúpido.
A única coisa que a deixava nervosa era a idéia de ser a noiva de Rony. A esposa dele. Precisava de mais tempo para se acostumar com isso.
Ela afastou o pensamento para bem longe.
O horário do dia que mais gostava era quando todos se reuniam para beber alguma coisa antes do jantar. Ela, Rony, David, Nick e geralmente Neville também, e os vizinhos Remo e Ninfadora que apareciam em várias dessas ocasiões. Aqueles momentos davam a Rony algum tempo com o filho.
David, já de banho tomado, depois de jantar e de pijama, também adorava este momento do dia, quando esperava ansioso a chegada do pai. Hermione adorava ver Rony brin¬cando com o filho. Rony podia não ter nenhum amor para dar a ela, mas amava o filho apesar de nunca deixar isso evidente. Ele o amava, mesmo que não fosse um amor ab¬soluto e completo como o que sentira pela esposa.
O que a mãe dele lhe dissera era, infelizmente, verdade. O coração de Rony morrera com sua esposa.
Hermione estava consciente de que Neville, o principal auxiliar de Rony, era outra vítima infeliz do amor. Cinco anos antes ele fora abandonado na véspera do casamento e era um soli¬tário desde então, retraído dentro de si mesmo e não permi¬tindo que ninguém se aproximasse. Até agora... Neville passara a procurar Nick, depois que ela abrira uma via de acesso para ele. Duas pessoas encontrando conforto uma na outra.
Mas Mione não esperava, nem por um instante, que algo resultasse desse encontro. Nick ainda estava tão retirada e deprimida que era apenas uma sombra da jovem alegre e vibrante que tinha sido. E Neville, claramente, tinha receio de se envolver outra vez, especialmente com aquela bela garota da cidade que havia sido uma modelo bem-sucedida e que talvez quisesse voltar a sê-lo a qualquer momento.
Ainda assim, era bom ver Nick fazendo um novo amigo, ter alguém com quem pudesse conversar.
- É tão bom ver o Rony sorrindo. – Comentou Dora certa noite. Ela e Remo haviam ido jantar na fazenda.
- Algo realmente raro de se ver, mas sem dúvida nenhuma é algo bom. – Hermione disse olhando a cena um tanto quanto rara na fazenda. Rony e Remo estavam sentados no chão brincando com David.
- Hoje em dia isso é realmente raro. Rony mudou muito, quase não sobrou nada daquele rapaz que vinha na fazenda há uns anos. Você precisava conhecê-lo nessa época. Rony era um jovem incrivelmente sorridente, apesar de tímido e muitas vezes inseguro. Ele tinha um ótimo senso de humor, embora não aceitasse muito bem algumas brincadeiras. – Dora deu um pequeno suspiro antes de continuar – Eu mal pude acreditar quando o vi assim. Remo também ficou surpreso. A morte da Luna o deixou incrivelmente abalado, sem dúvida, mas isso vai passar. Tenho certeza.
- Por que tanta certeza?
- Por mais profundas que sejam as feridas, um dia elas cicatrizam. – deu um meio sorriso – Pode demorar um pouco, podem ficar algumas marcas, mas a vida segue em frente. Eu tenho certeza que um dia, muito em breve, ele vai se dar conta disso.
- Algumas coisas não cicatrizam, Dora. – disse se lembrando de Vitor.
- Você está falando do seu antigo namorado? – perguntou olhando diretamente para ela, mas não esperou resposta – Você fala isso agora, mas um dia você vai ver que ele foi só mais uma página virada na sua vida. Com esse tipo de experiência, Hermione, a gente aprende. Com o tipo de experiência do Rony, a gente supera.
- Não é tão fácil assim, Dora.
- Não disse que era fácil, mas a vida continua Mione. Pense nisso!
Hermione olhou Rony sentado com o filho. O homem que em breve seria seu marido.
— Acho que está na hora de começarmos a fazer os planos para o nosso casamento. — disse Rony alguns dias antes do prazo de um mês acabar. Estavam os dois relaxando na sala de estar depois do jantar. Olhando o catálogo de cores de tintas para pintar a nova casa, que já começava a tomar forma. Seria uma magnífica casa em estilo de rancho de tijolo e madeira, com largas varandas nos quatro lados e belas vistas para o vale e as colinas à distância.
— Planos? — Hermione olhou para ele. Estavam sozinhos. Nick já tinha ido para o quarto, dizendo que ia lavar o cabelo antes de dormir. — Não vamos apenas nos casar em um cartório, sem confusão? Eu não quero nenhuma confu¬são. E você?
— Falando por mim mesmo, não. Mas eu já fui casado antes. – “Não precisa me recordar disso”, pensou ela.
— Então vamos apenas fazer o que precisa ser feito e terminar logo com isso. — disse ela.
Não. Era evidente que ele não queria este casamento sem amor, que o faria lembrar a cada instante do primeiro casamento, quando fora feliz. Um grande casamento, a julgar pela foto que vira no apartamento dele em Londres. Como um casamento que não era mais que um arranjo de negócios podia se comparar com um casamento perfeito?
— Pensei que poderíamos nos casar aqui mesmo, em Yangalla. — sugeriu ele — Todos os documentos necessários já estão nas mãos do juiz de paz em Hamilton e ele disse que vai estar livre no domingo que vem. Você tem algo contra se casar numa manhã de domingo?
Realizar o casamento ali? Na propriedade? Ela mordeu o lábio, ponderando. Seria mais agradável, menos impessoal que uma cerimônia no cartório. E seria mais conveniente. E prático. E David iria gostar de ter os dois ali, em vez de vê-los sair escondidos para ir a cidade se casar.
- Não. — disse ela incapaz de esconder a pequena decepção causada pelo pensamento do que o casamento poderia ser em outras circunstâncias. — Não tenho nenhuma objeção a me casar em um domingo pela manhã.
- Podemos fazer o casamento no jardim e pedir a Nick, Neville, Dora e Remo para serem os padrinhos. E David, claro. Podemos convidar todo o pessoal da fazenda, os vizinhos e seus amigos da cidade...
- Não há ninguém na cidade que eu queira trazer até aqui. — declarou ela com o rosto em chamas. Perdera o contato com todos os amigos quando fora para a Inglaterra e um casamento arranjado não parecia ser a ocasião ade¬quada para reatar velhas amizades.
- Vamos convidar apenas o pessoal daqui. — pediu ela. — E Dora e Remo.
- Como você quiser. Faremos um almoço especial em seguida. Um bufet. Quem sabe com um churrasco... Vou contratar uma empresa para cuidar da comida e de tudo o mais. O que você acha?
Ela achava que Rony estava fazendo o possível para que parecesse um casamento de verdade, e que fazia isso por sua causa. Com todo o pessoal de Yangalla e os vizinhos reunidos para o almoço, seria mesmo como um casamento de verdade. Ela se sentiria como uma noiva de verdade.
— Tem certeza de que é isso o que você quer? — perguntou ela, olhando-o e tentando não se mostrar entusiasmada de¬mais — Ter outras pessoas ao redor, vendo nós nos casarmos... e esperando ver um casal feliz e devotado um ao outro?
— Eu realmente espero que sejamos um casal feliz e devotado um ao outro. — os olhos mostravam-se mais reservados que suaves, porém, ele falava como se realmente acreditasse no que dizia. — E todas as mulheres não querem ser noivas com um belo vestido e tudo o mais? Pelo menos uma vez na vida? Eu quero que este casamento dure, Mione. Então, se você tem o desejo de ser uma noiva, esta será sua única chance.
Mas ele não se importava. Evidentemente. Ele já tinha pas¬sado por tudo aquilo. Com a mulher que amara de todo coração. A única mulher que amaria, de acordo com a mãe dele. Não fora só a mãe dele que dissera isso, ele também afirmara. Mas e Dora? Ela dissera que um dia isso iria passar. Não, Dora estava errada! Isso jamais iria passar; Rony ainda amava aquela mulher.
— Eu não me importo. — declarou ela. — Minha irmã sempre foi a que gostou de se vestir, de ser glamourosa. Eu não. Sempre fui a irmã prática, não se esqueça. É por isso que você está se casando comigo.
Havia um tom amargo em sua voz e ela ficou sem graça por ter falado assim.
— Esta não é a única razão por eu estar me casando com você, Mione. — disse Rony, e Hermione viu algo mais em seus olhos. Surpresa? Desejo?
Mas não era amor. “Não”, pensou ela, “ele se casará comigo para que seu filho tenha uma mãe. E para satisfazer seus desejos sexuais. E talvez, com o tempo, para ter outras crian¬ças. Um casamento prático. O que é ótimo também para mim. Então vamos fazer a cerimônia de forma prática também”.
— Eu prefiro usar um vestido simples. — disse ela per¬cebendo enquanto falava, que esta era a verdade. Iria se sentir ridícula toda enfeitada em um vestido de noiva completo. Ou mesmo em um não muito enfeitado. — Algo simples e atraente, que não pareça deslocado aqui.
- Se é assim que prefere... Você pode procurar um vestido quando estivermos em Melbourne amanhã.
- Nós vamos para Melbourne?
- Sim, vou levar você à cidade para escolher um anel. Ou melhor, dois anéis. Uma aliança de noivado e um anel de casamento. Está na hora de anunciarmos a todos ao redor que vamos nos casar. E você poderá escolher um vestido ao mesmo tempo. E tudo o mais que esteja precisando.
- Mas e quanto a David? Não podemos levá-lo de loja em loja. Ele vai ficar imensamente aborrecido.
- Sim, e provavelmente iria destruir uma loja ou duas. — comentou Rony com um sorriso. — Dora se ofereceu para ajudar Nick a ficar de olho nele. Ela só pode ficar até a hora do almoço mas Nick pode cuidar dele por algumas horas, não pode? Estaremos em casa no meio da tarde. Ou mais cedo, se acharmos logo o que queremos.
- Ela ainda não está muito forte. Fica cansada depressa. E David é tão agitado. Não sei se ela vai poder cuidar dele por um período muito longo...
- Não será um período longo — disse Rony, fazendo uma pausa antes de prosseguir suavemente. — Ela ainda está muito frágil, não está? Dependendo muito de você, não é?
- Você não gosta de ter minha irmã aqui?
- Não, claro que não é nada disso. Eu estava pensando nela. Estou preocupado com sua irmã, vendo como ela está. Ficar assim, tão dependente, pode deixar você muito vulnerável, incapaz de fazer qualquer coisa por contra própria. Não, Mione, não me ressinto de ter sua irmã aqui. E falo sério. Estou feliz por ela estar aqui conosco. Ela é mais que bem vinda para ficar enquanto desejar. Eu só queria... — fosse o que fosse que ia dizer, Rony interrompeu no meio da frase. — Ela vai ficar bem, não se preocupe. De fato, David pode até ajudar a tirá-la desse poço escuro onde ela se encontra.
Hermione só podia torcer para que isso fosse verdade.
Enquanto retornavam para Yangalla depois de fazerem compras, Hermione mexia em seu novo anel de diamante. Rony o colocara em seu dedo na joalheria, olhando rapidamente em seus olhos como que di¬zendo "agora é oficial, você não pode mais recuar".
Era um belo anel. Um único e grande diamante em uma base larga, de bom gosto, sem muita decoração. E a aliança combinava com o anel. Rony lhe mostrara outros anéis mais caros, mas deixou que ela escolhesse.
Depois ele a levara a uma das butiques mais famosas da cidade e lhe apresentara opções de tirar o fôlego, mas Rony não ficou com ela enquanto escolhia o vestido.
— Dizem que dá má sorte se o noivo vê a noiva se vestir antes do casamento, então eu vou tomar um café aqui do lado. Me avise quando decidir. Escolha o que quiser na loja. E se não encontrar o que quiser, iremos a outro lugar.
Ele estava fazendo o possível para que parecesse um ca¬samento normal e não um arranjo de negócios. Ou talvez, ele não se importasse com o que ela vestisse e preferisse ficar fora do caminho. Esses rituais de casamento, escolher anéis, vestidos, deviam estar trazendo lembranças tristes para ele. Se ele a amasse de verdade, como amara Luna, seria diferente.
Mione sentiu uma pontada de inveja e lutou contra isso.
Havia cabides e mais cabides com vestidos caros a esco¬lher, a maioria enfeitados demais, glamourosos demais ou brilhantes demais. Até que ela viu um vestido simples de estilo clássico. Era de uma suave cor de pérola e de um tecido que parecia seda, mas não era. O corte era excepcional.
Hermione percebeu no mesmo instante que era o que estava procurando. Quando o experimentou, o vestido ajeitou-se sobre suas curvas como se tivesse sido feito para ela. A textura sedosa era fria contra a pele. O vestido era da forma simples que gos¬tava. Não precisava de sapatos novos. Tinha um par de sandálias de salto alto da cor do vestido que estava quase novo e seria perfeito.
Com os anéis e vestido escolhidos em tempo recorde, eles tiveram tempo de comprar algumas coisas para David.
Depois, quando Rony entrava com o carro pelo portão de Yangalla, Mione voltou-se para ele.
- Espero que David não tenha esgotado a pobre da Nick...
- Eles estão bem... os dois. Estamos voltando muito mais cedo do que esperávamos. Eu não achava que você fosse encontrar o que queria assim tão depressa. - Tinham saído de Melbourne ao meio-dia, parando apenas para tomar um café na estrada. — Você tem certeza de que está feliz com seu novo vestido?
Por um breve segundo seus olhos se encontraram, e ela podia jurar que tinha visto um pouco de incerteza sob aqueles olhos azuis.
Ele estaria pensando que Mione já se arrependera por não ter comprado um vestido de noiva tradicional?
— Muito feliz. Adorei o que escolhi.
Rony havia pago o vestido sem pedir para vê-lo. O preço parecera uma pequena fortuna para ela, mas ele ficara sur¬preso por não ser mais caro.
— Ainda bem.
Os dois esperavam que David viesse correndo no mo¬mento em que entrassem em casa, mas não havia sinal ou som dele ou de Nick.
— Sua irmã deve ter levado David para brincar lá fora. Talvez tenham ido ver os patos. — calculou Rony. — Antes de ir resgatá-lo dela, — ele olhou para as sacolas de com¬pras que ela carregava — vá guardar seu vestido. E vista algo mais confortável. Eu vou fazer o mesmo.
Ela assentiu e se afastou, chutando os sapatos para longe assim que entrou no quarto. Então pegou o novo vestido e o colocou cuidadosamente em um cabide. Em seguida tirou a saia e a blusa que vestira para ir à cidade e colocou shorts e uma camiseta. O dia estava muito quente, parecia mais verão do que primavera.
Hermione saiu da casa antes de Rony, atravessou a varanda e desceu a escada, seguindo pelo gramado. Ela parou sur¬presa ao encontrar Nick sentada à sombra de um arbusto próximo da frente da casa, encostada ao tronco e com a cabeça caída sobre o peito. Ela estava dormindo.
Uma toalha estendida no chão com brinquedos em cima mostrava onde David devia estar. Devia, mas não estava. Antes que Mione pudesse acordar a irmã, Nick despertou.
- O que você...? Mione! Oh, droga, eu devo ter dormido por um segundo... Onde está o David?
- Você não sabe onde ele está? Ele não está com a Dora?
- Não, Dora foi para casa. David estava aqui agora mesmo, olhando um dos livros dele... oh meu Deus! A represa!
Mione girou olhando ao redor, um frio profundo atingindo seu coração. David era fascinado por água, e aquele era um dia realmente quente. E ele adorava olhar os patos.
Não o viu por perto ou junto da represa, mas parte do lago não podia ser visto dali. A represa não tinha cerca; o que era assustador. No dia anterior ela sugerira a Rony que pusesse uma cerca ao redor do lago, pelo menos do lado da casa, e ele concordara...
Hermione começou a correr enquanto Nick, sonolenta, lutava para se levantar.
— Chame o Rony, ele está na casa. — gritou — E olhe lá atrás. — Ela tremeu ao pensar na reação de Rony ao descuido de sua irmã, mas ele tinha de saber que David sumira para ajudar a procurá-lo.
— Está bem — respondeu Nick e correu para a casa. Hermione desceu a colina correndo furiosamente. Quando chegou a represa, estava ofegante. Parou um instante para recuperar o fôlego enquanto usava a mão para proteger os olhos do brilho do sol e procurar por David.
Ali estava ele! Abaixado, perto da água, observando os patos que nadavam junto da margem.
O coração dela subiu até a garganta e o momento de alívio deu lugar a novo pânico. A margem ali era muito inclinada e o lago não dava pé. Era um lugar muito perigoso para uma criança pequena. Ela quis gritar, mas não ousou. Poderia assustar o menino e fazê-lo cair na água.
Começou a correr. Só passaria a andar quando estivesse perto, e começaria a falar suavemente com ele. Não de forma acusadora. Algo como "Oi, você está aí vendo os patinhos?"
Mas já era tarde demais para isso. Ela viu um pato nadar na direção de David, chegando tão perto que quase dava para tocá-lo. Com um grito de alegria, David pulou de pé, erguendo os bracinhos. O pato bateu as asas e fugiu as¬sustado. David riu e avançou para pegá-lo. Hermione só pôde assistir, apavorada, quando o menino caiu de cabeça na água.

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    NOSSSAAAAAAAAAAAAA SENHORAAAAAAAAAA O que rolou ??? O.O DAVID TÁ BEM?

    2011-11-29
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