Capitulo 3



Capítulo III

O Baile Anual dos vaqueiros de Jacobsville era um grande evento social, e acontecia no primeiro sábado após o Dia de Ação de Graças. Todo caubói da região fazia questão de comparecer, mesmo que não tivesse costume de comparecer, mesmo que não tivesse costume de ir a outros acontecimentos sociais. Os irmãos Ballenger chegaram com suas esposas, prósperos e orgulhosos em suas roupas de gala. Os Tremayne entraram no salão a seguir, assim como os Potter.

Lá estavam também muitos outros, de modo que Jacobsville parecia se concentrar ali. Os convidados era tantos que os organizadores da festa tinham sido obrigados a alugar o centro Comunitário.

Um conjunto tocava música country, mesas enormes ostentavam um bufê que daria para matar a fome de toda a cidade, e havia bebida suficiente para afogar um rebanho.

Harry estava com um copo de uísque na mão, e, como não costumava beber, seus irmãos o fitavam curioso. Mas ele nada percebia, e sentia-se tão mal que nem a ressaca do dia seguinte ameaçava ser pior.

Ao seu lado Marilee olhava ao redor de modo ansioso.

- Procurando alguém? - perguntou Harry distraído.

-Sim. Hermi me garantiu que não viria, mas não foi isso que sua cunhada Gina acabou de me contar.

- E o que Gina disse?

- Que Harley vai trazê-la – replicou Marilee com voz preocupada.

- Harley?

O rapaz não parecia estar envolvido com nenhuma moça da cidade, pensou Harry. Mas não passava de um capataz, concluiu com certo menosprezo. O pai de Hermione podia estar passando por dificuldades financeiras no momento, porém os Granger eram fundadores da cidade de Jacobsville e tinham muito prestígio.

Sem dúvida Fred e sua irmã Lygia deviam querer o melhor para Hermione. É claro que o fato de ela vir acompanhada ao baile por Harley não significava que estavam namorando, mas...

Marilee interrompeu-lhe os pensamentos.

- Harley é simpático. É o principal capataz de Cy, e todos comentam que em breve terá suas próprias terras.

Marilee deixou de contar que já a convidara para sair diversas vezes, e que recusara, por considerá-lo inferior.

Entretanto acabara se arrependendo um pouco, por que Harley era muito seguro e atraente. Por certo Harry era um ótimo partido, pensou, mas sentia-se tão culpada ao seu lado, por causa de Hermione, que não conseguia se divertir.

Caso Hermione aparecesse e a visse ao lado de Harry, seria um desastre, concluiu apavorada.

- Qual o problema - quis saber Harry ao ver sua expressão preocupada.

- Hermi jamais irá me perdoará caso me veja com você aqui - replicou a jovem com franqueza - Não parei para pensar como seria se...

- Não sou propriedade de ninguém – exclamou Harry com raiva – E é bom que Hermione saiba disso. Portanto, caso nos veja juntos, tanto faz!

Marilee suspirou.

-Isso me preocupa.

Mal acabou de falar, Hermione entrou pela porta principal com seu acompanhante, alto e simpático, de terno escuro, camisa branca e gravata azul.

A recém-chegada retirou seu casaco de veludo negro, e surgiu com um lindo e sensual vestido novo que lhe moldava cada curva do corpo perfeito. As alças finas deixavam os ombros à mostra, e todos os homens no baile pareciam hipnotizados. Os longos e pesados cabelos castanhos estavam soltos, e quase alcançavam a cintura, como um manto brilhante que se movia a cada gesto.

Usava uma leve maquiagem e apoiava-se no braço de Harley com satisfação, enquanto ia cumprimentando as pessoas.

Harry havia se esquecido de quanto Hermione podia ser bonita quando se empenhava nisso. Nos últimos tempos só a via coberta de lama ou farinha de trigo, lembrou. Mas nessa noite atraia todos os olhares. Recordou a sensação de tê-la entre os braços, sua inocente sensualidade, de repente, sentiu-se incomodado por vê-la sorrindo, ao lado de outro homem.

Marilee estava péssima. Continuava parada ao lado dele, e parecia odiar a si mesma. Harry tomou mais um gole de uísque e conduziu-a até o par de recém-chegados.

- Não faz sentido se esconder - murmurou-lhe ao ouvido, em tom de provocação.

Marilee suspirou com resignação.

- É verdade.

Caminhavam lado a lado, e Hermione logo os vi. Por um instante a dor brilhou em seus olhos. Se não bastasse o discurso cruel que ouvira de Harry na loja, no momento precisava enfrentá-lo como acompanhante de sua melhor amiga. Marilee mencionou o tempo todo pretendera vir ao baile... Não era de admirar que estivesse tão estranha nos últimos dias, concluiu com amargura.

E de repente, tudo fez sentido. Fora Marilee quem enchera a cabeça de Harry com mentiras para poder conquistá-lo. Assim pensando, Hermione sentiu-se uma completa idiota, mas ergueu o queixo, sem sorrir. Seus olhos pareciam duas labaredas de fogo quando encarou a outra, que a saudou contrafeita.

- Olá Hermi! Pensei que não viesse ao baile.

- E não pretendia vir. Mas Harley me convidou - Hermione fitou o jovem alto ao seu lado e sorriu-lhe com afeição - Não danço há anos.

- Mas vai dançar hoje, meu bem – redargüiu Harley, apertando-lhe a mão e fitando Marilee, que desviou o olhar, engolindo em seco.

- Não sabia que dançava, Harley - a moça comentou envergonhada.

Ele ignorou-a e dirigiu-se a Harry, semicerrando os olhos.

- Que surpresa para vocês, não é?

- Sim - retrucou Harry sem sorrir – Ainda não vi seu patrão no baile.

-Seu filho pequeno está resfriado – fitou Hermione de modo deliberado – Cy é um homem de família, e o casamento lhe fez muito bem.

- Para alguns é assim - retrucou Harry com secura.

Sem se importar, Harley sugeriu a Hermione:

- Vamos dançar, querida. Estou ansioso para treinar uns passos novos que aprendi.

- Com licença - murmurou ela, cheia de cerimônias com aquela que fora sua melhor amiga.

Sentiu o coração apertado e frio ante a traição de Marilee, que fingira “ajudá-la” com Harry.

A outra tentou detê-la.

- Hermi, por favor... Deixe-me explicar.

Mas ela não estava disposta a ouvir desculpas falsas e nem presenciar ágrimas de crocodilo.

- Foi um prazer revê-la Marilee. O mesmo digo a seu respeito senhor Potter.

Com satisfação, notou que Harry enrijecera o corpo, aborrecido.

- Por que o chamou de senhor? – perguntou Harley, quando se afastavam.

- É muito mais velho que nós – respondeu em voz bem alta para que Harry ouvisse – Quase de outra geração.

-Tem razão.

Quando os dois se distanciaram, Harry tomou mais um gole do seu drinque, com evidente irritação, quando os observava.

- Ela nunca mais ira falar comigo - gemeu Marilee.

- Não sou sua propriedade – repetiu Harry com frieza – Nunca fui. E não é sua culpa se Hermione andou espalhando boatos e se gabando por aí.

Marilee estava a ponto de chorar, mas Harry não notou, pois tinha os olhos cravados em Hermione e Harley, que dançavam.

- Não quero nada com a pequena Granger - sussurrou entre os dentes cerrados - Que me importa se gosta de outro?

A música mudou para um ritmo alegre e latino. Matt Caldwell e sua esposa Leslie passaram a dominar a pista de dança, com todos ao redor batendo palmas. Harry pensava botões que ninguém superaria aquela apresentação, quando Harley aproximou-se do conjunto e pediu outra música. Logo os sons da valsa encheram o ar, e foi a vez dele e Hermione dominarem a tenção. Até Matt e Leslie ficaram observando, admirados.

Harry permaneceu olhando, como se nunca houvesse visto Hermione antes. Sem querer, aproximou-se da pista. Jamais vira um casal dançar valsa com tanta graça.

Hermione seguia cada passo e volteio de Harley, como se sempre houvesse dançado com ele, e seus olhos e lábios sorriam sem parar. Os dois pareciam felizes e... jovens, pensou.

Terminou o seu drinque, desejando ter posto mais uísque que água, os olhos verdes cheios de raiva.

- Formam um lindo par – murmurou Marilee ao seu lado. – Você dança?

Harry sabia dançar, mas não pretendia entrar na pista de dança e fazer papel de tolo, pois já dançara com Marilee em Houston, e sabia que ela não tinha o menor ritmo.

- Não muito - respondeu em tom forçado.

Marilee deu de ombros.

- Melhor assim. Seria muito difícil superar aqueles dois.

A música parou de repente, e Hermione ficou estática, os cabelos ainda se movimentando com suavidade, e os lábios muito próximos dos de Harley. Harry sentiu ímpetos de correr até os dois e dar um soco no rapaz!

Piscou diversas vezes, surpreso com aquela reação inesperada. Hermione nada significava em sua vida, repetiu para si mesmo. Por que se importar com o que fazia? Afinal ficara se gabando para a cidade que viria ao baile com ele? Não dera a entender, de modo mentiroso, que os dois estavam comprometidos?

Naquele instante Hermione e Harley deixaram a pista sob os aplausos entusiasmados. Até mesmo Matt e Leslie os cumprimentaram. Sem dúvida Harley tomara lições de dança, mas Hermione se movia de uma maneira bem natural, como se a música brotasse de sua alma.

Foi a vez de Cash Grier, o novo assistente de policia, acompanhado por Christabel Gaines , ocupar o centro das atenções, rodopiando com talento na pista.

Depois Judd Dunn dançou com uma ruiva espetacular, modelo famosa, que estava fazendo um filme em sua fazenda.

- Harley, Cash e Judd são espetaculares – exclamou Marilee – E todos tão bonitos.

Harry deu-lhe as costas e deixou-a falando sozinha enquanto se encaminhava para o bar. A música do momento era lenda, Harley dançava com Hermione, apertando-a nos braços.

Harry recordou-se do que dissera na loja de ferragens, sem saber que Hermione o ouvia. Lembrou-se do olhar magoado da jovem, tratou de encher outro copo com uísque, desta vez puro.

Não precisava se sentir culpado, consolou-se. Era Hermione quem agira mal, espalhando boatos.

- Olá Harry.

Gina sua cunhada, interrompeu o fio de seus pensamentos. Notando que ela escolhera refrigerante, comentou:

- Nada de álcool, Gina?

- Na verdade não gosto, mas não conto para ninguém. Afinal é bom manter a imagem de uma mulher moderna.

Harry sorriu.

- Você é muito inteligente. Uma outra não teria dominado meu irmão mais velho.

Gina suspirou feliz.

- Sou uma pessoa de sorte.

- E meu irmão também.

- Está acompanhando Marilee, Harry?

- Sim. Ela me disse que torceu o pulso e não conseguiria dirigir, então a convidei para vir comigo.

Nossa, pensou Gina. Os homens eram muito obtusos. Como se uma mulher não conseguisse dirigir com uma mão só. Relanceou um olhar para Marilee, que observava Hermione dançando com Harley.

- Pensei que ela fosse uma grande amiga de Hermi. Que decepção.

- Do que está falando Gina?

- Soube que caluniou Hermi, afirmando que ela espalhou boatos a seu respeito por toda cidade - Gina balançou a cabeça com obstinação - É mentira ! Hermi é tão tímida que só conversa com quem conhece muito bem. Jamais a ouvi fazer fofocas, nem das pessoas que não aprecia. Não consigo entender o motivo de Marilee a ter difamado.

- Hermione contou para todo mundo que eu a traria ao baile por que estávamos quase noivos - retrucou Harry com desprezo.

- Foi Marilee que espalhou esse boato – insistiu Gina – Ainda não percebeu, Harry? Ela quer conquistá-lo. Precisava tirar Hermione da jogada antes que se aproximasse demais. Creio que descobriu um modo perfeito para fazer isso.

Harry abriu a boca, mas não conseguiu falar. Não podia ser verdade, pensou.

Gina percebeu a dúvida em sua expressão.

- Não acredita em mim? Mas cedo ou mais tarde descobrirá a verdade, quer queira quer não. Preciso encontrar Draco. Vejo-o mais tarde!

Harry a observou se afastar, sentindo-se confuso. Não queria acreditar no que Gina dissera. Não podia acreditar que fizera papel de tolo. Vira com seus próprios olhos Hermione ser uma vaqueira para chamar sua atenção! Sabia que ela o desejava, por que estava sempre insistindo para que fosse visitar seu pai, e que quase desmaiara quando ele a beijara. Enfim, achava que era dona de Harry Potter, por que ele não conseguira se impor e perdera o controle uma única vez. Mas era o bastante para que Hermione erguesse castelos no ar.

Talvez, pensou Harry, desejasse-a fisicamente, mas sem dúvida Hermione era virgem, e não gostava de seduzir meninas inocentes. E, é claro, não seria bom para os negócios com Fred envolver-se com a filha dele.

Terminou o uísque e sentiu-se bem humorado. Mas tudo isso era ridículo! Precisava parar de agir como um idiota e se sentir magoado por que a filha de Fred Granger chamara de velho.

Tratou de andar com segurança, mas tropeçou com seu irmão Draco, que o segurou pelo ombro.

- Você esta caindo Harry!

- O uísque que estão servindo é muito ruim – defendeu-se.

- Não. É você que não esta acostumado com a bebida. Deixe seu carro aqui – recomendou o irmão – E o levaremos com Marilee para casa. Não pode dirigir nessas condições.

Harry suspirou.

- Tem razão. Fui um tolo.

- Por quê? Por beber demais ou por deixar Marilee apunhalar Hermione pelas costas?

Os olhos de Harry se estreitaram, enquanto fitava o irmão.

- Gina lhe contou tudo?

Draco deu de ombros.

- Somos casados.

- Se me casar, minha esposa não irá sair por aí contando tudo o que sabe.

- Então é bom não se casar.

Harry ergueu os ombros e comentou com teimosia.

- Marilee está linda hoje.

-Para mim não – replicou Draco, fitando a jovem do outro lado do salão, sozinha e parecendo pouco a vontade - Deve se sentir muito mal depois de ter espalhado calúnias sobre Hermione.

- Foi Hermione quem agiu mal, não Marilee - insistiu Harry com agressividade - Não tinha o direito de dizer que estávamos comprometidos só por que a beijei uma vez!

Draco ergueu as sobrancelhas.

- E você a beijou?

- Um beijinho a toa – resmungou Harry – Hermione é uma criança!

- Mas não permanecera assim por muito tempo, junto com Harley – zombou Draco – Ele está longe de ser um playboy, porém as mulheres o adoram. Creio que poderá dar algumas lições de vida a Hermione.

Os olhos verdes de Harry se estreitaram de maneira perigosa. A simples idéia de Harley beijá-la o deixava furioso. Precisava tomar providencias, pensou, o cérebro embotado pelo uísque. Piscou diversas vezes, tentando lutar contra o álcool.

- Não vá tropeçar e quebrar alguma coisa – advertiu Draco, observando-o – E por favor, não tente dançar! Amanhã será o comentário da cidade!

- Posso dançar se quiser – informou Harry.

Draco inclinou-se ao ouvido do irmão.

- Confie em mim. Não tente.

Deu as costas e voltou ao lado de Gina, conduzindo-a para a pista.

Harry foi reunir-se á Marilee, que fez uma careta.

- Tornei-me a Peste Negra – comunicou com um suspiro de desânimo - Joe Howland, da loja de ferragens, está aqui com a esposa e anda dizendo para todo o mundo que sou responsável pelo que você falou sobre Hermi.

Harry a fitou com ar surpreso.

- O que você tem realmente a ver com isso?

Marilee baixou os olhos.

- Bem... andei dizendo a ela que você a apreciaria mais se soubesse montar, laçar e fazer os seus biscoitos preferidos. E que deixasse de se vestir com muita elegância.

Harry enrijeceu e sentiu um nó na boca do estômago.

- Disse essas coisas para Hermione?

Marilee cruzou os braços sobre o peito e fitou a amiga que dançava com Harley, esquecida do mundo ao redor.

- Sim. E há mais. Ela não espalhou pela cidade que você a levaria ao baile.

- Marilee, pelo amor de Deus! Por que mentiu?

- Hermi é uma criança, Harry. Mimada, protegida, ingênua, que sempre teve tudo o que quis – mexeu-se com gesto desconfortável – Gosto de você, sou mais velha, amadurecida e pensei que, se fizesse um esforço, você poderia se interessar por mim.

Então Harry compreendeu o olhar magoado de Hermione na loja de ferragens.
Gina tinha razão. Marilee era uma mentirosa e fofoqueira, e apunhalara a melhor amiga pelas costas. Mas o pior de tudo é que ele caíra na esparrela e a ajudara nesse plano, sem querer. Sentia-se muito mal.

- Não precisa me dizer que sou um miserável – prosseguiu Marilee, sem o fitar – Devia estar louca para imaginar que Hermi não acabaria descobrindo minhas mentiras – encarou Harry com relutância – Ela nunca falou a respeito, e só desejava que você a trouxesse a esta festa. Entretanto não comentou com ninguém, a não ser comigo. Pensou que eu a estava ajudando – riu com amargura – Era minha melhor amiga, e eu a traí. Jamais falará comigo de novo, e eu bem mereço. Mas pode acreditar, estou muito arrependida.

Harry digeria todas as informações com dificuldade. Só sabia que desse dia em diante, não seria mas bem recebido na casa dos Granger, caso Fred descobrisse o que dissera sobre sua filha. A amizade entre os dois homens estaria arruinada.

Sem falar no ódio que Hermione nutria a seu respeito, lembrou, a julgar pelos olhares frios que lançava de vez em quanto, do outro lado do salão.

Marilee tentou se defender, e disse com voz débil:

- Você me contou que não queria que Hermi o perseguisse.

- Bem, agora não corro mais esse perigo, certo?

- É verdade.

- Como pôde agir assim com sua amiga, Marilee?

- Não sei. Devo ter sido insanidade temporária – ela se afastou da parede - Poderia me levar para casa? Quero sair daqui.

- Não posso dirigir. Draco vai nos levar.

- Por que não pode?

- Creio que a maneira polida de responder é que bebi demais – replicou Harry, fitando-a com olhar embaçado.

Marilee sorriu. Sabia muito bem por que ele se embriagara, e murmurou, sem graça:

- Lamento.

- Bem, nós dois lamentamos, mas isso não resolve nada.

Harry voltou a olhar para Hermione, sentindo o remorso crescer em seu peito. Tudo fazia sentido. Enganada, fora compelida a se sujar na lama, cair de cavalos, se machucar laçando novilhos, em um bravo esforço para se transformar na pessoa de Harry Potter apreciaria.

Esses pensamentos o deixavam louco.

- Hermione poderia ter se machucado seriamente – murmurou com raiva - Não montava desde criança e nunca lidou com gado – encarou Marilee com desprezo - Não pensou nisso?

- Na verdade não raciocinei direito - respondeu ela - Sempre trabalhei em fazendas, e nem me passou pela cabeça que Hermi poderia se ferir. Porém agora percebo que era uma possibilidade, e fico apavorada só de pensar. Graças a deus nada aconteceu!

- É o que você pensa – replicou Harry, lembrando-se da cena na loja de ferramentas.

De repente Marilee começou a chorar e correu para o toalete.

Ao mesmo tempo Harley deixou Hermione junto ao bufê, e se afastou. Isso fez tomar uma resolução. Encaminhou-se até ela, tomou-a pela mão e arrastou consigo.

- O que está fazendo Harry Potter? Me largue!

Mas ele a ignorou. Conduziu-a até o pátio florido, fechou a porta de vidro e empurrou-a para detrás de umas plantas.

- Quero falar com você - começou, tentando clarear as idéias confusas por causa do álcool.

Hermione tentou se afastar.

- Eu não quero conversar com você! Volte ao salão e fique ao lado de sua acompanhante! Afinal, trouxe Marilee ao baile!

- Preciso explicar...

Hermione continuou a lutar e acabou caindo sobre o peito forte e musculoso. Era inútil fingir para si mesma, pensou. Sentia-se bem assim, protegida e acarinhada por Harry, mas conseguiu sussurrar:

- Harley vai procurar por mim.

- Pouco me importo!

Harry inclinou a cabeça e beijou-a nos lábios com fúria. Sentia-se inebriado pelo perfume suave de Hermione, e o desejo físico tomou conta de seu corpo.

Com gesto violento, puxou-a para si, enquanto ela ainda lutava para se afastar.

Não podia permitir tal coisa, pensou Hermione. Harry estava querendo demonstrar que a dominava. Era só vaidade, por que nem mesmo gostava dela. Afinal, trouxera sua grande amiga para a maior festa da cidade!

- Deixe-me ir! - soluçou, empurrando-o – Odeio você, Harry Potter!

Ele mal conseguia respirar, muito menos pensar com clareza, mas não desejava desistir.

- Não me odeia, Hermione. Ao contrario. Sempre treme quando me aproximo de você. Até um cego pode ver isso – voltou a pressionar o corpo contra o dela. – E sua paixão me excita.

-Disse que me desprezava.

- Não era verdade. Está me deixando louco e não consigo resistir - replicou com cinismo - Está sentindo? Fico quente quando a abraço que nem posso pensar!

Com gesto rápido, Hermione pisou-lhe no pé. Aturdido pela súbita dor, Harry a soltou.

- Isso ajuda?

Assim dizendo, ela se afastou com raiva, tremendo, enquanto o deixava praguejando.

- Isso que ganha por falar bobagem para uma moça! - sibilou com ressentimento. – Não me quer! Marilee a mulher de sua vida! Por isso está sempre com ela. Lembra-se de mim? Sou a fofoqueira que o persegue. Só que nunca mais irei procurá-lo. Pode apostar. Não quero vê-lo nem pintado!

Harry ficou parado, oscilando, e sorriu com sarcasmo.

- Quer, sim. Mesmo a pouco, iria se entregar aqui no jardim. E teria feito tudo o que eu quisesse.

Harry tinha razão, concluiu Hermione em pensamento. E era isso o que mais a afligia. Com mãos tremulas, arrumou os cabelos despenteados.

- Sei o que pensa ao meu respeito.

- Esse Harley que a trouxe ao baile é quase um menino!

- Temos mais ou menos a mesma idade, Senhor Potter.

A expressão de Harry tornou-se sombria e deu um passo em sua direção, enquanto Hermione prosseguia, com lágrimas nos olhos:

- Foi isso que disse desde o inicio, não foi? Sou apenas uma criança, filha mimada de seu amigo!

Sim, dissera isso, admitiu Harry para si mesmo. Fora um louco.

Olhando para ela naquele instante, viu sua expressão amadurecida pelo sofrimento, e não pode acreditar que a julgara mal.

Ela era uma mulher digna.

- Pode ficar tranqüilo. – continuou Hermione – Não contarei ao meu pai que tentou me seduzir no jardim enquanto sua namorada estava no salão de festa. Mas se voltar a me tocar, vou aleijá-lo! Juro por deus!

Deu maia volta e desapareceu, batendo com força a porta de vidro.

Harry permaneceu sozinho na noite fria e escura, com dor no pé, e imaginando por que não ficara de boca fechada. Conseguira piorar tudo, concluiu com desanimo.




Obs:Capitulo 3 postado!!!!Espero que tenham curtido!!!!Segunda tem mais atualização!!!!Bjux!!!E obrigada a todos pela compreensão!!!

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