Férias Trouxas



Já era tarde quando um menino de cabelos rebeldes e olhos verdes estava em seu quarto com seus livros espalhados pelo chão e seu malão revirado perto da escrivaninha. As feições do garoto eram de cansaço, mas ao mesmo tempo felicidade, pois logo ele estaria longe daquela casa, daqui a três dias ele estaria embarcando para Hogwarts.

Os tios dele o haviam deixado pegar os materiais nos últimos dias, pois Harry havia dito que se ele fosse para a escola sem suas tarefas-de-férias feitas, algum professor poderia querer tomar satisfação com os tios, e que poderiam até mesmo aparecer na Rua dos Alfeneiros nº. 4. Mesmo que fosse uma mentira só para ele poder pegar s matérias, e que os tios poderiam não acreditar, compensava o risco. Mas após ver as caras que os tios e o primo fizeram ao imaginar bruxos entrando em sua casa, com as roupas que os trouxas imaginavam que bruxos usavam, os tios não discutiram, e deixaram ele pegar os materiais.

As férias de Harry haviam sido como sempre muito monótonas, o tratamento que os Durslay tinham com ele não mudara nenhum pouco, ele era ignorado ou chamado apenas para fazer trabalhos pesados, como carregar coisas, mudar moveis de lugar ou levar o lixo para fora. Ele raramente saia do quarto também, o desastre do Torneio Tribruxo o havia deixado muito perturbado, ele sabia que a culpa não era dele, mas mesmo assim queria ter feito algo por Cedrico. Muitas vezes ele se pegava pensando, se ele tivesse sido mais rápido, se tivesse pegado naquela taça sozinho, o menino poderia estar vivo. Mas muitas pessoas haviam feito questão de lhe mandar corujas (Hermione, Rony, Hagrid, Sr. Weasley, os Gêmeos, o padrinho, Lupin, Mcgonagal, Dumbledore e até mesmo o verdadeiro Moody) lhe dizendo que nada daquilo era sua falta e que nada ele poderia ter feito para salvar Cedrico. Todos pareciam muito preocupados com o que o garoto poderia estar fazendo nas férias.

Mas Harry sabia que estaria mais feliz ao encontrar os amigos, ele sabia que naquela casa trouxa ele era maltratado, seu sentimento de culpa parecia maior, pois com o tratamento dos tios nada parecia melhorar, mas Harry sabia que com o tempo a lembrança de Cedrico deixaria de ser dolorosa, e ele lembraria do amigo de uma maneira mais saudável, e não como se ele fosse o culpado. Voldemort havia voltado, e ele não sabia como a comunidade bruxa estava. A comunidade trouxa estava normal, e nenhum ataque aparentemente havia sido feito, e os amigos nas cartas que haviam mandado nada falaram, e isso estava o deixando com um sentimento de que os amigos estavam escondendo algo dele, mas não queria acusar os amigos, por isso não havia perguntado nada sobre o assunto.

Harry estava terminando suas ultimas questões, a matéria que ele havia deixado por ultimo era poções, a matéria do tão odiado professor Snape. Harry não entendia como um professor poderia ser tão chato e arrogante, e como Dumbledore cofiava nele. Foi então que Edwiges começou a bicar as barras de ferro da gaiola, fazendo Harry perceber que já era muito tarde, e que era melhor ele ir dormir.

-Está bem, está bem. Eu já vou dormir. – a coruja soltou um pio baixinho e voltou a dormir. Harry saia que era melhor seguir o conselho da coruja, pois o dia seguinte seria seu ultimo dia com os Durslay e o melhor era não irritá-los dormindo até mais tarde.

No da seguinte Harry acordou bem cedo, seu nervosismo era grade demais para ele continuar na cama, a noite ele sempre ficava pensando como seria seu quito ano em Hogwarts, e agora que ele estava finalmente nos últimos dias de férias, ele não conseguia acreditar que sua tortura com os Durslay estava finalmente no fim.

Após fazer sua higiene, ele desceu para fazer o café- da – manhã dos tios, ele não fazia isso freqüentemente côo fazia antes de entrar na escola, mas no ultimo dia de suas férias ele sempre fazia, como um sinal de que logo ele estaria indo embora, como os tios não reparavam no que ele dizia, ele percebera que chamar a atenção com comida dava mais resultados. Não que ele esperasse um agradecimento ou nada, mas isso o fazia partir sem peso na consciência.

Quando o café já está quase pronto Harry ouve os passos arrastados do tio no andar de cima, ele deve ter acordado pensou Harry, era melhor andar mais rápido com o café. Alguns minutos depois que a mesa estava posta e o café da manhã servido Tio Valter entra na cozinha, ele estava olhando desconfiado para o garoto, como se quisesse que ele confessasse que tinha posto veneno no café ou algo assim, mas assim que sua tia entra na cozinha ele resolve ir para a mesa e começar a ler o jornal.

-Ah, então você já está de partida para aquela escola de aberrações moleque. - Disse o tio em um tom de desprezo após algum tempo. Eles sempre estavam tentando tirar Harry do sério, mas o garoto já havia sido advertido por Dumbledore que com trouxas que não entendiam o mundo bruxo o melhor era a calma e a paciência.

-Sim, amanhã o Hagrid vem me buscar para irmos comprar meu material desse ano, e depois passarei o ultimo dia na casa de um amigo bru... - Harry resolveu parar a narração, seus tios não permitiam que ele falasse tal coisa em voz alta, era como se, se o menino não mencionasse nenhuma palavra relacionada com magia, ela não existia.

-Eu não quero nenhum tipo de aberração entrando na minha casa ouviu moleque, se alguém virá te pegar não irá entrar na minha casa, e impregná-la com... Esse tipo de energia ruim. - Tia Petúnia havia começado a freqüentar aulas sobre energias positivas e negativas, e agora tudo pra ela tinha de ser feito a favor de energias positivas, até ir ao banheiro tinha de ser feito de um jeito especial. Ela havia mudado as mobílias da casa para que tudo tirasse a energia negativa do rapaz, a única coisa que ela não mexia era no quarto de Harry, ela dizia que lá tinha tanta energia ruim que não era bom nem entrar.

-Tanto faz, eu espero ele na esquina. – Disse Harry com um tom um tanto quanto cansado, ter que aturar seus tios era muito cansativo, eles conseguiam insultar até pessoas que nunca ouviram falar.
-Não fale assim com agente seu moleque, nós t demos de tudo e você nos desrespeita?- Harry acabava de se arrepender de ter falado algo, agora seus tios iam começar um discurso sobre ele ser a pior criatura que pairava sobre a terra, discurso que ele já havia ouvido tantas vezes antes, que nem se incomodava mais em prestar atenção.

-Minha irmã estava certa quando me sugeriu te mandar para um orfanato, mas eu tive que escutar aquele velho... - Tio Valter sabia que era melhor não falar mais nada de Dumbledore, ou ele poderia se dar muito mal, afinal eles morriam de medo de bruxos desde que Hagrid havia dado um rabo de porco a Duda.

-Bom, é melhor eu ir para o trabalho. E você moleque vê se ajude a sua tia, e não provoque seu primo.- Disse o tio se levantando da mesa do café e pegando a pasta e se dirigindo para a garagem.

-Como se eu que provocasse aquele filhote de leão-marinho – Disse Harry num tom baixinho, quase inaudível.

-O que foi que você disse seu moleque abusado? – Tia Petúnia estava logo atrás dele, mas pelo visto não havia ouvido.

-Eu? Disse que vou pro meu quarto. - Disse ele indo direto para as escadas sem nem olhar pra trás.

Harry estava indo em direção a seu quarto quando passou pelo quarto de Duda, o primo ainda estava dormindo, era isso o que ele fazia quase o tempo, ele comia e dormia o dia inteiro. Ao entrar no quarto Harry se joga na cama, ele ainda tinha praticamente vinte e quatro horas antes de Hagrid vir buscá-lo, e ele não tinha idéia do que fazer, então ele decide escrever ao padrinho.

Escrever ao Sirius era uma das poucas coisas que ele o divertia enquanto ele ficava na casa dos Durslay, ele estava tão animado com sua ida para a Toca, e para começar o ano em Hogwarts, e contou para o padrinho o que tinha feito nos últimos dias. Harry mandava cartas para Sirius toda semana, e o padrinho sempre o respondia. Nesses dois últimos anos Harry havia criado um laço muito forte com Sirius, ele sentia que havia encontrado uma família que o queria, uma pessoa no mundo que tinha algo com ele além da amizade, afinal os pais de Harry haviam confiado a ele o menino.

Após Edwige ter saído pela janela com a carta, Harry decidiu que iria arrumar o malão, que estava totalmente vazio e com coisas espalhadas em volta, ele teria que matar um pouco de tempo, e pelo menos desse jeito ele mexia com coisas da escola e não tinha que falar com os moradores da casa.

Quando Harry acabara de fazer a mala eram três horas da tarde, ele havia parado para almoçar quando sua tia berrou que era melhor ele descer, pois ela não iria até o quarto dele o chamar para almoçar. No almoço, o tio do menino não foi, disse que tinha uma reunião. E Harry teve que ouvir Duda falando sobre o time de futebol que queria entrar na escola.

Agora Harry estava em seu quarto olhando a lista de materiais que havia recebido dias atrás, mas uma coisa estava diferente, agora várias matérias haviam sido incluídas, e Harry tinha uma sensação de que a volta de Voldemort tinha algo a ver com a nova mudança na escola, o diretor deveria querer ensinar os alunos a se defender melhor, pois nós tempos que eles estavam vivendo, uma guerra estava para começar.

Quando a noite chegou, Harry desceu para o jantar, comeu quieto sem fazer barulho, não disse nada o jantar inteiro e como era de se esperar os tios fingiram que ele não estava. Depois de comer ele lavou o prato que comeu e subiu as escadas. Ficou olhando ao velho álbum de fotos que Hagrid havia dado para ele no primeiro ano, quando estava bem cansado colocou o álbum de volta no malão e foi dormir, no dia seguinte ele iria voltar a ficar com pessoas que gostavam dele. Com esse pensamento Harry caiu no sono.

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