Umas férias diferentes...



Capítulo cinco:
Umas férias diferentes..



Já estava tudo pronto para as férias no Havaí. Malas feitas, autorizações nas mãos, ânimo nas alturas... Nada daria errado. Nada acabaria com a perspectiva da melhor férias que nós poderíamos ter, certo?

Errado.

Tudo teria continuado maravilhosamente bem senão fossem dois adolescentes bobos e apaixonados que começaram dar trabalho a um certo Sírius Black.

Tá... Eu assumo caro-amigo-caderno-de-anotações-diárias-e-confidenciais-para-seres-masculinos-expressarem-seus-sentimentos-sem-receios, eu era um desses troxas apaixonados que quase amarelaram com os planos.

O outro?

Bem, o outro era Moony.

- Tá, eu não aguento mais vocês dois! - Padfoot nos repreendeu, no último dia de aula. - Nós estamos indo para uma das melhores viagens de nossas vidas, e vocês estão aí com essa cara de velório!

Eu e Moony nos entreolhamos. Fizemos cara de inocente, mas é claro que sabíamos do que ele falava.

- Padfoot, eu não sei...

- Não se faça de idiota, Prongs, pois eu sei que você não é. Quero saber o que está acontecendo. Agora.

Deixei-me cair no sofá, exausto. Não adiantava discutir com Pad.

- Está ficando impossível... - murmurei. Ele, com certeza, não entendeu nada.

- Concordo - Moony também caiu ao meu lado.

- Mas do que Diabos vocês estão falando?

A resposta, nós dois não precisamos dar, pois Mary e Evans acabavam de passar por nós, acenando timidamente e (no caso de Evans), um pouco contrariada.

Mais um se juntou a nós no sofá.

- Eu não acredito. Vocês estão mesmo irreconhecíveis, sabiam?

- Sabemos. - respodemos ao mesmo tempo.

- Tudo isso por causa de garotas...! Meus melhores amigos...! Isso é um pesadelo! - Padfoot continuou a choramingar.

- Diz isso porque nunca se apaixonou - Moony murmurou, abrindo uma barrinha de chocolates e mordendo sem vontade.

- Tem razão - concordei, tirando a barra das mãos dele e dando uma leve dentada. - Quero ver quando você se apaixonar, vai ficar igual a gente e eu vou zoar tanto você...

- Não vai, não - ele me respondeu, tirando a barra de minhas mãos também e a enfiando na boca. - Porque eu não vou me apaixonar tão cedo! - Continuou de boca cheia. Em seguida se levantou e ergueu as mãos para o alto, exclamando em alto e bom som. - EU SOU LIVRE, E QUERO CONTINUAR SENDO LIVRE!

Os três nos entreolhamos e caímos na risada.

- Agora é sério, pessoal - Sírius continuou. - Se vocês forem ficar com essa cara a viajem toda, acho melhor nem irmos.

Arregalei os olhos, e tenho certeza que me gesto foi imitado por Moony.

- O quê? Você quer abrir mão do Havaí...?

- Eu não quero abrir mão de nada, Prongs, mas também não quero ficar minhas férias inteiras segurando lencinhos e consolando o chororó de ninguém.

Naquele momento, o quadro da mulher gorda girou e apareceu por entre ela um Petter sem folêgo.

- Olá, turma.

- Olá. - respondemos.

- Nossa, que caras horríveis, nem parece que estamos indo para a praia! - ele murmurou, enquanto também se sentava conosco.

- Mas parece que realmente não estamos indo, Wormtail. - Sírius reclamou, sentando em outra poltrona já que eu, moony e Petter acabamos ocupando todo o espaço do sofá.

- O quê? - Ele deu um pulo.

- Calma, Rabicho, não esquenta - murmurei. - É claro que nós vamos para a praia, é tudo frescura do Padfoot.

Pad pareceu que ia argumentar, mas Wormtail não deixou.

- Ufa! - ele exclamou. - Que bom! Eu já tinha combinado tudo com a Meire...

- A Meire, aquela gatinha que você ta pegando? Que bom, Wormtail, ela vai encontrar com você lá?

Tá... vou falar sério agora. Assumo, não foi essa a nossa reação.

- O QUÊ?!!! - exclamamos ao mesmo tempo. - AQUELA GORDA ESQUISITA E DENTUÇA QUE VOCÊ ANDOU DANDO UNS PEGA?

Eu falei isso em voa alta?

Ah, acho que não.

- Aquela garota adorável que você anda saindo, Wormtail? - perguntei no lugar.

Ele sorriu, satisfeito.

- Sim. Eu estive conversando com ela. Ia passar as férias em outro lugar com as amigas, mas ela insistiu tanto até que as convenceu.

- A-amigas? - engasguei. Eu jurava que já a tinha visto ao lado de Evans algumas vezes.

- Eh.

- E quem são essas amigas? - perguntei esperançoso.

Petter deu de ombros.

- Eu não sei, não reparo muito nas amigas dela, estou sempre... meio ocupado.

Ele soltou um risinho envergonhado e malicioso, que fez pad se levantar e lhe dar um safanão na cabeça, bagunçando mais ainda seu cabelo embaraçado.

- Aí, esse sim é um verdadeiro maroto! Se preocupa com coisas melhores do que desenhar coraçõezinhos nos cantos dos cadernos.

- Quem desenha corações nos cadernos? - ele perguntou, sorrindo bobamente e nos encarando.

- Ainda não chegamos nesse ponto, Petter - murmurei, mau humorado. Eu não desenhava corações, mas pomos de ouro com as iniciais da Evans, e isso era diferente, oras bolas.

- Escuta, Wormtail - Moony o chamou. - Você não sabe se essa sua... hãm... garota, não tem nenhuma amiga que tem amizade com a Lílian?

- E a Mary - completei, o fazendo corar.

- É. E a Mary.

Wormtail contraiu o rosto, em uma expressão que se tornava claro que ele fazia forças para pensar. Era assustador. Serio mesmo.

- Petter, anda logo com isso, antes que essa imagem seja gravada em nossas mentes e não conseguiremos dormir a noite! - Pad falou tudo o que eu pensava.

- Eu acho... - Rabicho começou. - Não sei direito... Tem uma amiga dela, que eu até acho que vai com ela até lá... Eu já a vi conversando com Evans... Podem não ser amigas, mas parece que se dão bem.

Eu encarei Monny que obviamente pensava o mesmo que eu. em seguida, nós dois nos viramos para Padfoot, que suspirou.

- Tudo bem, tudo bem, eu já entendi onde querem chegar. Se é o que vocês querem, convencem-o. Eu não me importo.

- Sério? Quero dizer, nós todos...

- São um bando de idiotas que vão desperdiçar as chances de conhecer as mais diversas garotas no havaí, enquanto o amigo de vocês aqui vai aproveitar até onde não der mais. Sinceramente, são vocês quem estarão perdendo.

- Do que vocês estão...?

- Expliquem para ele o planomirabolante de vocês - Sírius resmungou, mas tinha um sorriso no rosto. - Antes aguentar a chata da Evans e bobinha da Mary do que ver vocês sentados embaixo de um guarda sol desenhando coraçõezinhos num bloquinho de papel.

Com a excessão de Petter, todos nós rimos, e eu aproveitei para tacar uma almofada pequena bem na cabeça de Pad.

- Ei! - ele revidou. - Lamento não poder participar do que seria uma ótima guerra infantil de almofadas, mas eu acredito que ainda tenha alguns pertences para guardar antes de descer para jantar.

Ele tacou uma outra almofada em mim antes de dar as costas e começar a subir a escada do dormitório.

Sequer tive tempo de falar qualquer coisa e ele já estava de volta.

- Ah, Petter! - lembrou. - As amigas da Meire se parecem com ela?

- Ah... não sei... Porque a pergunta?

- Se parecer, por favor, peça que fiquem longe de mim, sim? Tchau!

A cara de Petter ficou ainda mais contraída com o esforço de compreender. Eu não aguentei. Gargalhei, e fui logo acompanhado por Remus.

- O que... Ele quis dizer?

- Nada, Petter... - engasguei, enquanto soluçava de tanto rir. - Senta a-aí que n-nós queremos trocar uma id-éia...

Petter foi obediente. Ele não pareceu ir muito de acordo com a nossa idéia, "porque Meire não vai muito com a cara de Sírius", mas aceitou procurar a tal amiga da garota que conhecia Evans e Mary.

- Nós vamos com você, Petter - afirmei.

- Está maluco? - Moony retrucou para mim. - Eu não vou! A garota vai saber que eu... Ela vai contar pra Mary! Não! Vão vocês! Sou muito tímido para isso.

- Mas Moony... - Tentei novamente. Sem sucesso. Bem, era mesmo até melhor, se o garoto já estava corado até os últimos fios de cabelo só de falar isso, imagine como ele ficaria ao lado da tal garota, pedindo o que nós iriamos pedir?

- Vamos chamar o Padfoot? - Petter murmurou.

- Não, deixe ele lá. Eu acho... Ele anda meio estranho, vocês não têm notado?

Os dois se entreolharam. Petter com cara de anta (ou seja, com a cara que ele sempre teve) e Remo com aquela expressão de superioridade de quem sabe mais do que aquilo que está óbvio.

- Padfoot precisa de uma garota - ele murmurou. - Um caso que dure mais do que algumas horas, como geralmente é... A gente podia...

Ele se calou. Pouquíssimas vezes eu o vi com aquele cara, mas tinhas dias, como esse, que ele honrava fielmente os marotos. Era a expressão maroto-disfarçado-quer-aprontar-alguma que todos nós já estavamos acostumados a ver em Pad, em mim, e no Petter. Mas que raramente ele fazia.

Cai na gargalhada ao entender o que ele insinuava, o levando comigo pouco tempo depois.

- Do que vocês estão rindo? - Petter perguntou.

- Adorei sua idéia Moony. Vamos desencalhar o Pad nessas férias. Está dentro, Wormtail?

Petter nos encarou por alguns segundos, antes de sorrir e acenar afirmativamente com a cabeça, endiabrado.

- Certo, então! - exclamei feliz. - Mas agora vamos conversar com a tal amiga da Meire. Vamos, Wormtail. Moony? Cuide do nosso futuro amigo comprometido, blz?

- Deixa comigo, Prongs.

Saímos pelo buraco do retrato e paramos na primeira sala de aula vazia que encontramos. Tirei o mapa do bolso e as procurei.

Encontramos Meire perto do lago, juntamente com um potinho intitulado "Sara".

- É essa a amiga dela? - perguntei para Petter.

- Ah... Não sei, acho que é.

- Bom, vamos lá então! - resmunguei, guardando o mapa.

Quando nos aproximamos, pude ver a tal garota de Petter que com aquele cabelho louro sujo e farto não nos deixava enganar, e uma outra cabeleira negra que brilhava com o reflexo do sol. Longa e lisa.

- Hum... Meire? - Wormtail chamou. A garota se virou.

- Pet! - exclamou fazendo uma voz sinceramente bizarra. - Achei que você ia acabar de arrumar suas coisas. Algum problema?

- Não, mei, nenhum... Eu só... é que James queria falar com a Sarah.

Ops, isso não estava no plano.

- James? - Uma voz bonita repetiu, e a longa cabeleira negra balançou para um lado quando a garota chamada Sarah se virou para me olhar.

Prendi a respiração.

Merlim! A garota era... era... era linda! Claro, nada comparado a minha ruivinha, mas... Bem, vou ser sincero, esquecendo por um momento a minha querida futura esposa Evans, a garota era um anjo!

Tive que tomar cuidado para não ficar muito tempo com o queixo caído.

- Oh! O famoso Potter? - ela riu, se virando para me olhar.

- Eh... oi? - arrisquei.

- Oi - ela respondeu, me olhando estranho. - E então?

- Hum?

Ela riu de novo.

- E então, fofo, o que você quer me dizer?

- Oh, claro. Eh... podemos... ?- fiz um sinal que indicava o que eu não disse. "Podemos conversar a sós?".

- Sarah eu não acho... - começou Meire, mas a um olhar de Sarah ela se calou.

- Vamos, Me, o famoso Potter quer conversar comigo, eu estou curiosa! - ela exclamou para amiga dela. Senti uma leve ponta de sarcasmo nas palavras, mas permaneci calado, enquanto recebia um olhar fuminante de Meire e Sarah se levantava.

Wormtail, você me paga!

Caminhamos até nos afastar do casal, a poucos metros e Sarah se enconstou numa árvore, me olhando com as sobrancelhas ligeiramente erguidas.

- E então? O que tem para falar comigo, Potter?

Engoli em seco.

- Hum... Eu não sei se você sabe mas eu, meus amigos e até mesmo Meire, vamos para o Havaí nessas férias - Esperei um gesto de confirmação, que não tardou a vir acompanhado de uma dose de impaciência. - Bem - continuei. - Acontece que... Hum... O meu amigo gosta de uma garota, e sabe, ele gostaria muito que ela fosse também, sabe? Para ele se declarar e essa coisa toda.

- Hum... Admirável a atitude de seu amigo Potter, mas o que eu tenho a ver...?

- De acordo com Wor... Petter, você as conhece, e pensando eu agora, realmente já te vi várias vezes com elas... ops... ela.

Sarah sorriu.

- Já sei... Tem certeza que é um amigo seu? Não está falando de você mesmo?

Tentei me fingir de surpreso, mas acho que não funcionou.

- E o que você quer que eu fale para a Lílian, Potter?

A encarei tentando se convincente antes de retrucar.

- É... Se você pudesse dizer a Evans também não faria nenhum mal. Mas é sério, não é só por mim ou por ela, é pelo meu amigo também. E pela Mary.

- Certo, Potter. E o essa sua cabecinha brilhante quer que eu diga para as duas?

Poderia até ter me ofendido, mas a forma com que ela falou não causou essa reação em mim. Ao contrário, eu sorri, pois percebi que ela realmente estava disposta a ajudar.

- É só convencê-las a ir para o Havaí também. Não diga que nós vamos, porque a Evans pode não querer ir de forma alguma, mas sei lá... sei que você é inteligente, você vai saber o que dizer.

Sarah deu um sorriso malicioso. Aquele sorriso lembrava o nós marotos costumávamos dar. Se fizéssemos um grupo feminino ela seria a primeira a entrar, com certeza.

- E eu ganharia algo com isso?

Pensei por um momento.

- Bem... - hesitei. - Não sei. Depende do que você quer... Quero dizer, senão for nada contra lei ou essas coisas...

Sarah gargalhou e me deu um tapa no ombro. Estava pegando carinho por aquela garota.

- Teria ficado muito mais feliz se você dissesse que eu também posso ir ao Havaí.

Arregalei os olhos.

- Mas é claro que você pode ir! - exclamei. - Com certeza você está mais do que convidada! Só o fato de nos ajudar já diz que você é uma pessoa legal, seria muito bom tê-la conosco.

Sarah me encarou por um momento, mas não estava mais sorrindo. Tinha uma expressão curiosa... Sacana...

- Gosta dela de verdade, não é? - me perguntou. Os olhos cinzentos refletindo um brilho que intimidava.

- Gostar? De quem? - Me fiz de bobo.

- Da Lílian. Você gosta dela, não é?

Não respondi, mas não fui capaz de retribuir o seu olhar.

- Tudo bem, seu segredo está a salvo comigo. O seu e o de seu amigo, não se preocupe.

Ergui os olhos, esperançoso.

- Você vai nos ajudar, então?

Um suspiro.

- O que eu não faço por dois garotos fofinhos apaixonados? Pode deixar que eu vou dar um jeito de convencê-las a ir para lá. Depois você me passa o endereço certinho de onde vocês estarão que podemos simular um "encontro por acaso". Tudo bem?

- Ok! - respondi, radiante. - Sabe, eu não te conheço muito bem, mas você é demais!

Ela gargalhou de novo.

- Não precisa puxar saco! Eu já disse que faço o favor! Depois nós conversamos, agora é melhor eu começar com minha "persuasão". Até mais, James-apaixonado-Potter.

- Até - respondi.

Ela deu as costas e começou a andar de volta para o castelo.

- Ei, Sarah! - chamei. Ela se voltou. - Obrigado! - Ela sorriu e ergueu o polegar, voltando para o caminho novamente.

- Gostei dessa garota - murmurei para mim mesmo. - Será que Pad gosta de morenas? - me perguntei sorrindo, assim que uma idéia maluca passou na minha cabeça.

♥_______________________♥
Era a festa de encerramento do nosso quinto ano. Todos comiam, bebiam e tagarelavam. Até Moony estava super entertido numa conversa com Mary.

Disfarçando um sorriso, desviei os olhos para a mesa da Corvinal, procurando por Sarah. Estava me remoendo de curiosidade e isso estava me tirando até a fome!

Meus olhos não tardaram a encontrá-la e surpresa! Ela também olhava para mim. Vi quando murmurou alguma coisa para as amigas e se retirou da mesa. A segui com os olhos até o momento em que ela chegou na porta, onde se virou, olhou-me novamente e saiu.

Não foi preciso mais nada para que eu também me levantasse e a seguisse.

Encontrei-a lá no canto do corredor, virando-o e sumindo de vista. Apertei o passo, mas quando também o virei não vi ninguém. Olhei para os lados. Onde estaria?

Indeciso, continuei andando por este novo corredor. Isso tudo era cautela?

Ao passar por uma porta semi-aberta que eu não havia reparado antes, uma mão elegante me puxou para dentro.

- Que demora! - Sarah reclamou, porém sorrindo.

- Oras... Não vi para onde tinha corrido! - tentei me defender. - Na próxima vez deixe pistas!

O sorriso dela se alargou.

- Claro, Pequeno Polegar! Mas e os passarinhos não as comerão?

Pestanejei.

- Hãm?

Ela riu.

- Esqueça! É uma história trouxa para crianças onde um menino espalhava migalhas para marcar o caminho e... Bah! Esqueça de novo!

Concordei. Era bom mesmo, não estava entendendo nada!

- Novidades? - perguntei.

- Não, nenhuma, te chamei só para dar um passeio noturno!

Ergui uma sobrancelha, enquanto decidia entrar na brincadeira.

- Sarah, você é linda. Mas ultimamente eu ando preferindo ruivas.

Ela me deu uma soco no ombro.

- Ai! - resmunguei. - Essa doeu!

- Panaca! - Murmurou, rindo. - Porque não guarda essas piadinhas e cantadas para distrair Lily? Com certeza terá muitos momentos sem fazer nada no Havaí.

Congelei, acho que ainda com um sorriso tolo no rosto.

- Você disse... - limpei a garganta ao perceber que gaguejaria. - Você quis dizer no... Havaí? Então...

- Sim, James, Lily aceitou "me fazer compania ao Havaí".

Por um instante permaneci assim. De boca aberta, olhos arregalados, sem piscar. Hoje sei que devo ter parecido um idiota. Simplesmente não pude evitar.

Porém, em seguida foi Sarah quem pareceu uma idiota, quase arranhando meu pescoço com medo de cair quando eu a peguei no colo e a girei no ar.

- Ahhhhhh... James! Me põe no chão agora!! JAMES! - Por mais que sua voz tentasse ser convincente eu notava o riso em sua voz. - James Potter, se não me pôr no chão agora eu vou atrás da Lilían e contarei toda a verdade!

Aí ela apelou, tive que me controlar.

- Hum... Está certo senhorita majestade. - brinquei a pondo no chão. - Mas isso é maldade! É o mesmo que dar um doce à uma criança mas não deixá-la tirar a embalagem. Preciso comemorar!

Sarah sorriu, frente ao meu tom de fingida indignação.

- Está certo. Mas por favor, comemore no chão. Não sou muito do alto.

Sorri, radianta para ela.

- Eu não acredito ainda... Como a convenceu?

- Ah.. Não foi tão difícil... É sério! - acrescentou, quando ergui as sobrancelhas. - Pedi para que as garotas me acompanhassem porque não queria ir sozinha. Lily estivera reclamando há alguns dias de que não tinha planos para essas férias. Não lhe agradava a idéia de acompanhar os pais para o interior. Ela aceitou de boa.

Falou isso em um tom tão humilde que eu sorri.

- Sério, Sarah... Não sei como te agradecerei.

Notei... (ou teria sido impressão minha?), os olhos de Sarah escurecerem.

- Vamos ficar num rancho que minha família tem lá - ela comentou. - Vocês serão bem vindos depois que nos "encontrarmos por acaso".

- É mesmo - comentei. - Como faremos para nos encontrar? Quero dizer, tem que parecer que é por acaso...

- Sim, eu pensei nisso. Tome!

Ela me entregou um objeto esquisito. Era pequeno, com um quadradinho na parte superior e com vários botõezinhos.

- O que...?

- Um celular. Aparelho usado pelos Mugles para se comunicarem. Eu também tenho o meu - Ela ergueu um outro objeto parecido. Esse era cor de rosa, e eu agradeci interiormente de ela ter tido o bom senso para me dar um preto. - Quando quiser falar comigo, é só apertar o botão "2", que é uma discagem rápida para o meu. Quando o seu tocar, é porque eu quero falar com você, certo? Você vai ter que carregar ele para todos os lados, e claro, tomar cuidado com a praia. Celulares não são à prova d'água. Entendeu?

- Hum... - Devo ter feito uma cara muito idiota naquela hora, porque a expressão de Sarah era a de alguém que contraía o rosto para se esforçar em não rir da cara de alguém. - Só uma coisa... Como eu vou fazer para falar com... isso?

- Você nunca viu um telefone? - perguntou, ocultando o riso.

- Sim, um felenone eu sei o que é... É igual? Mais cadê aquele rabinho pendurado?

Sarah caiu na gargalhada.

- Eu vou te ensinar, James.

E duas horas depois eu já era um especialista em leçurales.

E vamos ao Havaí!

♥_______________________♥
- A CAMA DE CIMA É MINHA!

- NÃO! É MINHA!

- EU VI PRIMEIRO!

- MAS A CASA É MINHA! EU QUERO A CAMA DE CIMA!

- EI!

- EI! SAI, PADFOOT!

- SAI, PRONGS!

- Padfoot, James, vocês vão obrigar a sra. Potter a nos levar de volta pra casa se não calarem a boca!

Eu e Pad nos encaramos, ainda na situação em que estávamos. Ou seja, segurando os braços um do outro para impedir que a qualquer momento um fosse mais esperto e pulasse na cama que disputávamos. Ah, a propósito, já estávamos na casa que minha família sempre teve no Havaí, e tentávamos arrumar nossas coisas para podermos ir até a praia. Essa foi a condição que minha mãe nos deu assim que chegamos.

- Tudo bem, Moony. Nos acalmaremos. Assim, é claro, que o sr. Black assuma a derrota e vá para o outro lado do quarto.

- Nada disso, Prongs. Já disse que cheguei aqui primeiro! Essa cama é no alto, ao lado da janela que tem a melhor vista da casa. Então, eu escolhi essa cama. Ela ficará sendo minha.

- Padfoot, eu sempre dormi aí em cima, essa cama é minha!

- Era. Agora será minha!

- Padfoot!

- Prongs!

- É minha!

- Minha!

- MINHA!

- MIIIIINHA!

- MI...

- Padfoot e Prongs! Parem com isso! - Moony repreendeu. Parecia nervoso.

- Mas...

- Venham até aqui! Tem um jeito mais fácil de resolver isso.

- Tem? - perguntei, as sobrancelhas franzidas.

- Tem. - ele repetiu.

Fomos até ele. Sírius parecia tão desconfiado quanto eu. Mas Moony sempre arrumava um jeito de organizar as coisas. Sempre confiávamos em seu jeito para resolver as situações,

Então ele pegou sua mala, deu alguns passos para frente e a jogou em cima daquela cama. Não estávamos entendendo até ele pular pra cima dela e murmurar.

- Ótimo. Eu durmo aqui. Resolvido o problema.

Nossa expressão foi de choque, mas não teve jeito. Não neguemos, ele foi esperto.

Enquanto Sírius começava a gritar e os dois discutiam, senti algo vibrar dentro do meu bolso, e saí de mancinho até o banheiro.

Fiz exatamente como me ensinaram, apertei o tal do botãozinho verde e coloquei o troço no ouvido. A voz de Sarah se fez ouvir.

- James?

- Oi - sussurrei, ainda inseguro de que ela poderia mesmo me ouvir através daquilo.

- E aí? Está tudo bem por aí?

- Claro. E vocês? Onde estão?

- Já estamos aqui no rancho. Estava pensando que seria bom nos encontrarmos amanhã no almoço em algum restaurante, o que você acha?

- Ótimo! Tem um bem pertinho daquele campo, todo colorido. Não sei se você já veio aqui e sabe do que...

- Sim, eu sei, um cuja mulher chama-se Jane?

- Isso, a ...

- Tia Jane. Sim, conheço o restaurante dela, e é bem pertinho do rancho onde eu e as garotas estamos! Perfeito!

- Jura? Também não é muito longe daqui! Ainda estamos perto!

Por um instante, só ouvíamos nossos risos de alegria.

- Então está combinado! Não se esqueça de que para todos os efeitos, nós não nos conhecemos, certo?

- Certo.

- Agora preciso desligar antes que as meninas notem minha falta. A gente se vê amanhã.

- Tudo bem, eu tenho mesmo que treinar minha cara de "Ohhhh!! Vocês aqui?", para amanhã.

Sarah riu.

- Treine bem, porque se ela descobrir.... Mas que encrenca que eu fui me meter! Faça o favor de não me decepcionar, heim?

- Está arrependida? - perguntei, uma leve ponta de irônia.

- Claro que não! Até agora me diverti a beça!

Nós dois rimos.

- Vai ser ainda mais divertido depois que juntarmos as duas turmas. Então está ok, Sarah, nós nos encontramos amanhã, certo?

- Certo.

Nenhum dos dois disse "Tchau", mas não foi preciso, realmente. Nossos pensamentos estavam sincronizados. Sarah era uma verdadeira marota.

- REMUS LUPIN, TIRE ESSE FEITIÇO IMPERTUBÁVEL EM VOLTA DESSA CAMA!

Suspirei, antes de guardar o feçular e ir ajudar Sírius a conquistar a cama. Para mim, claro.

Bom, Remus dormiu naquela cama mesmo, não conseguimos afastá-lo de lá, mas tudo bem, eu durmo bem em qualquer lugar mesmo. Padfoot também não ligou muito, apesar de ter demorado a se conformar, quando isso aconteceu, porém, ele não disse mais nenhuma palavra.

Acordamos bem cedo no dia seguinte. Quero dizer, eu acordei cedo meu querido amigo de anotações diárias e confidenciais para seres masculinos expressarem seus sentimentos sem receios. Os outros dois estavam esparramados na cama, roncando tanto que até os móveis já estavam para sair correndo. Tá, exagero. Mas que eles dormiam profundamente, isso dormiam. (Mas só Pad roncava). Eu não podia mais dormir, quando acordei ainda amanhecia, e permaneci acordado. Petter chegaria lá pelas oito da manhã, depois nós iríamos conhecer a praia mais perto do nosso PES (ponto de encontro secreto). (Essa é uma PVJP). (obs: Ultimamente eu tenho gostado de escrever parênteses, não?), (Mas continuando), (Onde eu estava mesmo?)... (Ah, sim). Depois de conhecer a praia e aproveitar um pouco a manhã (infelizmente sem muito sol) eu arrastaria o trio para almoçar no nosso PES. Eles não vão ficar sabendo de nada, nem mesmo Moony, porque quero que eles realmente fiquem surpresos, para não desconfiarem de nada. Imagine Moony, como ele é, as garotas descobririam na hora que ele já sabia, ou seja, que todos nós já sabíamos que as encontraríamos lá. Então, era melhor permanecer em sigilo.

Bem, Moony acordou logo, ele e sua mania de acordar sempre cedo. Estranhou, é claro, quando me viu acordado. Poxa! Será que eu não posso nem acordar cedo que todos sempre acham que estou aprontando alguma? Fala sério!

Não, estou ofendido agora...

¬¬

- Está aprontando alguma, não, Prongs?

- Euuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu?????? - respondi, imitando o movimento de uma lança sobre meu peito. - Assim você me ofende, Moony! Quando eu fui de aprontar alguma coisa?

Moony franziu as sobrancelhas.

- Sim, você está aprontando alguma coisa.

Antes que eu pudesse responder...

- Mas eu não quero saber o que é! Eu, heim? Tô fora.

Moony, Moony, tsc, tsc... Ele diz isso agora, quero ver o que ele vai me dizer ao dar de cara com a Mary lá na praia.

Mas ele não me disse mais nada. Fez suas higienes matinais e se afundou no colchão com um livro nas mãos, depois de ter me perguntado a que horas Wormtail chegaria.

Sorri, deitado de barriga para cima e com as mãos atrás da cabeça... Isso vai ser demais!

♥__________________________________________♥

- Estou com fome - resmungou Padfoot, as onze horas da manhã, enquanto tomava seu sol na areia da praia com seu bermudão de estrelinhas brancas.

- Sim, eu também - concordou Wormtail, massageando o estômago.

Olhei para Moony, que apenas acenou com a cabeça, timidamente.

- Eu também - assumi, escondendo um sorriso. - Acho bom a gente ir comer alguma coisa...

- Porque não vamos pra casa comer aqueles sanduíches que trouxemos? - Sugeriu Moony. Oh, não! Não estraga tudo, Moony!

- Não! - gritei, quando todos pareceram concordar. Os três me olharam, surpresos, tive que me apressar a corrigir. - Quero comida de verdade! - disfarçei. - Sempre quando venho para cá almoço num restaurante que tem por aqui. Acreditem a comida de lá é muito boa.

- Restaurante, Progs? - Padfoot divagou enquando Moony me olhava esquisito. - Eu não tenho dinheiro trouxa... Você sabe... Na verdade nem tenho muito dinheiro depois que saí da casa dos meus pais...

- Outro motivo para irmos comer lá - afirmei. - Meus pais têm conta lá. Não precisamos pagar nada! Vamos!

Comida boa e de graça quando quatro estômagos estão roncando de fome... quer coisa melhor para convencê-los a aceitar a minha proposta?

\o/

Acho que vou começar a contar pontos de novo... Então vamos lá! Esse foi meu!

Não vou entrar em detalhes de como foi nosso almoço... Muita carne assada, muitas rodadas de pratos, muitos números novos na conta dos meus pais e muito tempo se passou lá dentro, até que eu (já impaciente) notei alguma coisa se alterar.

Era mais ou menos meio dia e alguns quebrados, quando um grito particularmente estridente eccou perto da nossa mesa, fazendo Wormtail derrubar os talheres e engasgar.

- PET??????

Petter se virou depressa, ainda tossindo e com os ollhos super vermelhos.

- Me-meire?

Os olhos esbugalhados de Wormtail, depois de confirmar a presença da namorada, me procuraram, como para me questionar se aquilo era plano meu. Respondi com uma expressão igualmente desentendida (pelo menos eu achei que era.)

- Remus? - perguntou uma voz que eu já conhecia (não tão bem quanto ele.) (ixi, olha lá eu de novo com essa mania de parênteses).

Dessa vez foi ele quem engasgou.

Imediatamente, ele mal confirmou que era mesmo Mary quem o chamou e já se vioru para mim, dessa vez com uma olhar mortal de quem agora sabia exatamente o que é que eu estava aprontando.

Não pude deixar de rir, mas logo disfarçei. É que fala sério, ele estava até corado! Só me toquei mesmo na hora de o motivo de ele ficar se encolhendo no assento até quase sumir de vista e de Mary o olhar de uma forma... sei lá... Quando parei para reparar no significativo detalhe de que só vestíamos nossas bermudas. Nada mais.

Olhei para as garotas, me fazendo de surpreso. Só estavam as duas. Cadê...?

Apareceram. Com uma bandeija de comida, Lily e Sarah. Não nos notaram.

- A fila está imensa, é bom você irem antes que... Meire? Porque está com essa cara? Mei... AI MEU DEUS!

O bar inteiro ficou em silêncio depois do imenso berro de Evans e do barulho estridente de sua bandeija de alumínio caindo no chão quando ela a soltou para levar as mãos a boca.

Fiz meu queixo cair para parecer mais real enquanto ela me olhava.

- O quê... o que vocês... pelo amor de Merlim, Mary, diz que Potter não está na minha frente agora!

- Sinto muito, Lily - Mary murmurou, sorrindo. Ela parecia a única feliz. - Mas é o Potter que está na sua frente agora.

Evans tirou as mãos dos olhos, onde tinha colocado para conversar com Mary e me olhou novamente. Sua expressão passou do susto para a raiva.

- Você nos seguiu! - ela gritou, suas bochechas tomando uma tonalidade vinho, de tão furiosa. O restaurante ainda estava em silêncio. - Você nos seguiu! Como pôde...? Será que nem nessas férias você pode me deixar em paz?

Ei, quem é ela para falar assim comigo?

- Ei, se acalma, Evans! - exclamei, me fazendo de aborrecido. Jurei ter visto Sarah piscar. - Se você não reparou estávamos aqui primeiro. Se alguém seguiu alguém aqui não fomos nós.

Novamente a expressão de Evans mudou. Agora era de choque.

- Como....? Como se atreve, James Potter?

Dei de ombros, ela era tão bonitinha nervosa.

- Só estou contando os fatos, Lily. Estámos aqui, comendo nosso almoço quando sua amiga ali - apontei Mary. - Nos interrompeu com um berro. Não temos culpa de nada. Estávamos aqui antes de chegarem.

Pestanejei, inocente.

Evans se voltou para Mary.

- Vamos embora, por favor, para qualquer outro lugar...

Sarah entrou em ação.

- Ah, não, Lily!

Todos nos viramos para olhá-la, até mesmo o resto do bar que voltara sua atenção para nós.

Olhei Padfoot dos cantos dos olhos que ate agora se encontrava indiferente. Sua boca estava ligeiramente aberta. Não era a toa para alguém solteiro e não apaixonado que olhasse Sarah de short curto com apenas a parte de cima do biquini.

- O quê? - Evans exclamou, a voz ligeiramente rouca.

- Eu já comprei minha comida - ela apontou para a bandeija inteira que tinha nas mãos. - E ouvi dizer que esse é um dos melhores restaurantes daqui do Havaí. Não temos que ir embora por causa deles - apontou a nossa mesa com a cabeça. Tive que me segurar para não rir. - Os deixemos aí. Vamos, Lily! É apenas o Potter!

"Apenas o potter" não, querida. É o Potter, O cara.

Meire pegou uma cadeira ao lado de Wormtail, quero dizer, quase em cima dele.

- É vamos ficar aqui.

Lily olhou para Mary, buscando um apoio, mas a loira apenas fez uma cara de quem também concorda com as outras duas.

Lily fechou os olhos, numa expressão de sofrimento.

- Ali tem uma mesa - murmurou Sarah, apontando para uma ao lado da nossa. - A única vazia - acrescentou vendo o olhar dela. Era verdade. As outras estavam todas ocupadas. Diria que era muita conhecidência se eu não tivesse lançado aquele feitiço de proteção que mantém todos longe, já como uma garantia de que elas fossem obrigadas a sentar ali.

contrariada, Evans nos virou as costas e foi até a mesa. Mary deu um sorrisinho para nós (O moony na verdade) antes de acompanhá-la e eu jurava de novo de que Sarah piscou para mim.

- Você me paga, Prongs - Moony murmurou no meu ouvido. Eu ri baixinho, antes de repetir a comida.

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Particularmente, esse é o capítulo mais engraçado da fic. Pelo menos eu acho. Comentem aí.

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