Miojo e inquilinos



Capítulo 09 – Miojo e inquilinos

(N/A: Narração de Lily)


Acordei domingo de manhã com um humor excelente (bem, excelente se você levar em consideração o que me aconteceu ontem), acho que por causa da viajem, nada melhor do que se divertir com os amigos pra esquecer qualquer problema. É isso aí, daqui a uma hora eu vou estar deixando este condomínio e TUDO nele por duas semanas. Maravilho não?

Depois de estar limpinha e de roupa trocada, fui verificar se as minhas duas dorminhocas favoritas já estavam acordadas.

- Bom dia garotas! – falei animada ao abrir a porta do quarto. Elas, por algum milagre, já estavam de pé.
- Bom dia Lily. – responderam juntas.
- Já estão prontas? – perguntei.
- Quase. – respondeu Alex. Por que será que ela sempre responde isso?
- Então terminem logo, pra a gente poder tomar café e botar o pé na estrada. – falei mais animada ainda.
- Que bom que está de bom humor, imaginei que seria o contrário. – comentou Alice.
- Na verdade eu também esperava, mas depois de lembrar que vamos pra longe de tudo isso por duas felizes semanitas... Isso levanta o astral de qualquer um. – falei sorrindo.
- Pronto. – disse Alex se virando para nós (ela estava se olhando no espelho) – Podemos descer.

Fomos tomar café da manhã. Eu estava a cada minuto mais animada e quando saímos de casa carregando as malas eu só não fui dando pulinhos porque a minha mala estava pesando uma tonelada. Eu levo de tudo quando vou viajar, sou bem prevenida.

Chegamos à casa de Liz em poucos segundos e quando tocamos à campainha ela deu um grito nos mandando entrar. Poucos minutos depois ela chegou à sala com nada menos que três malas.

- Papai vai descer daqui a pouco, ele deixa a gente lá e depois segue viajem. – anunciou depois de soltar as malas junto a porta.
- Humm... Liz, pra que tudo isso? – perguntou Alice.
- Minhas roupas. – ela apontou para uma grande mala verde – Coisas pra nos distrair. – apontou para uma mala preta um pouco menor que a primeira – E nossa comida. – apontou para uma mala amarela, a maior – Ou vocês acharam que ia ter uma dispensa cheia na casa?
- Caramba, é mesmo! – falei. E eu que sou tão prevenida esqueci logo desse detalhe.
- Prontas meninas? Podemos ir? – o pai de Liz vinha descendo as escadas trazendo sua própria mala.
- Estamos pai. Vamos garotas? – perguntou Liz.

Nos levantamos do sofá e fomos para a garagem colocar as malas no carro e menos de cinco minutos depois estávamos saindo do condomínio. Liz colocou uma fita no rádio (N/A: Merlin, fitas!!) de uma música estrangeira, provavelmente do Brasil. Eu já falei que não gosto de não entender o que as músicas dizem? Não? Pois agora disse. A música tinha um ritmo muito legal, mas ainda assim me irritava um pouco não saber o que estavam cantando. Percebendo a minha cara de ligeira irritação pelo retrovisor e me conhecendo bem do jeito que ela conhece, Liz começou a cantar junto, só que passando para o inglês.

- Se foi pra terminar por que que começou? Tinha de ser pra sempre... Ê saudade que bate no meu coração, sei que é tarde, mas não desligue não. Ê saudade que bate no meu coração, preciso dizer que eu te amo pra você lembrar... (N/A: Tudo bem, eu até aceito usar fitas, mas música de fita já é de mais né? Então vamos fingir que Jamil já existia naquela época) – ela cantava muito, mas muito empolgada mesmo. Comecei a gostar mais da música agora que já sabia o que significava – Olha nos meus olhos, vem me dar um beijo, ver como eu te desejo, eu te quero demais, vem deitar no meu colo...

E ela foi traduzindo para nós cada uma das músicas, eu gostei de música brasileira, é tão animada.

Em aproximadamente uma hora e meia chegamos à praia. Era linda e mal entramos na cidade e eu já vi um monte de gatinhos, que coisa agradável... Uns cinco minutos depois chegamos a casa que o pai da Liz alugou pra nós, era muito linda também. Nos despedimos dele, agradecemos pela carona e pela casa e entramos.

Pequena descrição da casa: nem grande nem pequena, branca com alguns detalhes em pedra, tinha um P no portão (deve ser do nome dos donos), tinha dois andares, uma varanda bem grande no de cima, um pequeno jardim e muitas janelas, muitas mesmo.

A casa também era bonita por dentro e descobrimos que havia uma pequena piscina no quintal. No andar de cima haviam três quartos e a varanda. Eu e Alice ficamos no primeiro quarto, Liz e Alex foram para o segundo e começamos a desfazer as malas.

Mais ou menos meia hora depois estávamos na sala e Liz na cozinha enchendo a dispensa, pouco depois se juntou a nós com um pacote de biscoitos na mão.

- Alguém quer? – perguntou quando se sentou no sofá. Só Alex aceitou.
- Vamos andar pela praia? Não tem sentido estar aqui e fazer as mesmas coisas de lá. – falei. Todas concordaram e fomos andar pela praia.

Eram cerca de dez horas da manhã, mas a praia não estava muito cheia, melhor assim, andar na praia dá um paz... Depois de algum tempo caminhando pela areia, fomos conhecer a cidade. Era pequena e cheia de gente pra tudo que é lado, parecia ser bem animada, tinha boates, restaurantes, lanchonetes, clubes, lojas e mais lojas, cinema e mais um montão de outras coisas. Depois de conhecer quase tudo, voltamos para casa, já era hora do almoço.

- Gente, acho que esquecemos de um detalhe... – falou Alice quando já estávamos na sala da casa outra vez. – Quem vai cozinhar?
- Ai Merlin! Nos esquecemos disso! – disse Alex.
- Vamos morrer de fome! – falei fazendo drama.
- Calma bruxas, eu tenho a solução! – falou Liz saindo da cozinha com as duas mãos escondidas nas costas.
- Vamos a um restaurante? – arrisquei.
- Não.
- Vamos pedir comida? – tentou Alice.
- Não.
- Vamos tentar cozinhar? – perguntou Alex insegura.
- Não.
- Então o que é? – perguntamos juntas.
- Isso! – falou nos mostrando o que tinha nas mãos. Eram quatro pacotes vermelhos que eu reconheci imediatamente.
- Miojo! – falei animada - Liz, você é uma gênia! – corri pra abraçar ela.
- Miojo? – perguntaram Alex e Alice juntas. Elas ainda não tinham sido apresentadas a esse recurso do mundo trouxa, basicamente, tudo que elas sabem fomos nós que falamos.
- Macarrão instantâneo. – explicou Liz – Não tem como errar isso, é só colocar água quente e esperar.
- Os trouxas inventam cada coisa... – comentou Alice pegando um dos pacotes para olhar melhor – É genial.
- É, agora me dá que eu vou fazer nosso almoço. – falou Liz tirando o pacote das mãos de Alice e indo para a cozinha.

Poucos minutos depois estávamos degustando nosso maravilhoso almoço, Alex e Alice adoraram. Depois de comer fomos para o quintal relaxar mais um pouquinho, essas semanas vão ser completamente sem stress.

Passamos uma ótima tarde na piscina, relaxando, escutando uma musiquinha, brincando, falando bobagens, o tipo de coisa que quatro adolescentes sozinhas em uma casa de praia fazem. Quando chegou a noite pedimos uma pizza e começamos uma pequena festinha de abertura da nossa estadia na casa.

- Não seria ótimo se nós morássemos aqui sozinhas? – perguntei comendo a terceira fatia de pizza.
- Seria um sonho... – respondeu Alex.
- Hey! Escutem isso. – disse Liz aumentando o som.

Estava passando uma música que eu não me lembro o nome agora, a Liz simplesmente A-M-A essa música. Ela ama tanto que toda vez que escuta ela quer cantar e dançar junto, a gente nunca deixa pra livrar ela do mico de fazer isso em público, mas hoje nós estamos sozinhas aqui. Por que impedir?

- No inhibitions. Make no conditions, get a little outta line – Ela começou cantando baixo - I ain't gonna act politically correct, I only wanna have a good time – Pra você ver como a empolgação vai crescendo aos poucos, ela já se levantou cantando essa parte - The best thing about being a woman, is the prerogative to have a little fun and.. . – Esqueci de comentar que a Alex gosta de acompanhar as loucuras da Liz - Oh, oh, oh, go totally crazy. Forget I'm a lady, men's shirts. Short skirts – E agora elas estão cantando/gritando a música no meio da sala - Oh, oh, oh, really go wild. Yeah, doin' it in style – Como se não bastasse isso, elas acabaram de fazer a “mesinha” (na verdade, nunca vi em centro tão grande) da sala de palco e estão dançando em cima dela - Oh, oh, oh, get in the action. Feel the attraction, Color my hair. Do what I dare. Oh, oh, oh, I wanna be free. Yeah, to feel the way I feel. Man! I feel like a woman! – Bem, a essa altura, eu e Alice passamos de espectadoras incrédulas para loucas cantoras em cima da música.

Imagina a cena. Uma ruiva, uma morena, uma loira e uma meio termo (não sei como se chama gente de cabelos castanhos) cantando/gritando uma música e dançando em cima da mesinha da sala. Você olha uma coisa dessas e diz: Merlin, quatro loucas fugiram do St. Mungos! Mas quem liga? A gente tem mesmo é que aproveitar as férias!

- The girls need a break. Tonight we're gonna take. The chance to get out on the town. We don't need romance. We only wanna dance. We're gonna let our hair hang down – Nós quatro gritávamos em cima da “mesinha” - The best thing about being a woman. Is the prerogative to have a little fun and.. . – Acho que ouvi um estalo… - Oh, oh, oh, go totally crazy. Forg...

Posso pular o que aconteceu pra a gente parar de cantar? Não? Vocês são malvados sabiam? Têm certeza que querem saber? Não algo muito agradável... Ta legal, eu conto... A mesinha quebrou com nós quatro em cima. Sabem o estalo que eu achava ter ouvido? Era a mesinha dando seu último suspiro antes de quebrar em baixo de nós... Foi a cena mais... Deixa eu procurar uma palavra... Existe alguma palavra que signifique ridículo e lastimável ao mesmo tempo? Não sei, então foi a cena mais ridícula/lastimável que eu já presenciei na vida. E olha que eu sou Lílian Evans!

Depois de nos recuperarmos do choque da mesa ter quebrado, olhamos uma para a outra e começamos a rir histericamente da nossa própria desgraça. Passamos tanto tempo rindo que eu já estava com a barriga doendo quando ouvimos a campainha tocando e aos poucos paramos de rir. A campainha tocou outra vez. Alex foi atender ainda risonha.

- REMO!! – ouvimos ela dizer da porta. Eu instantaneamente olhei para Liz que tinha uma cara incontestável de culpa.
- Você não fez isso. – falei pra mim mesma fechando os olhos, na esperança de que quando eu os abrisse estaria acordando de uma pancada na cabeça que levei quando a mesa caiu.
- Na verdade, isso foi um pequeno engano... – ela ia começar a falar, mas eu interrompi já louca da vida.
- COMO ASSIM UM PEQUENO ENGANO??????? - gritei.
- Calma Evans. Minha presença aqui não pretende ser percebida... – ouvi a voz do infeliz do Potter as minhas costas – por você. – acrescentou. Eu fingi que não ouvi – Liz, Alice! Quanto tempo heim? – falou o dito cujo indo abraçar as duas. Assim que ele soltou a Liz eu a puxei pelo braço até a cozinha.

Já longe dos ouvidos de todos, comecei meu interrogatório.

- O que eles estão fazendo aqui? – perguntei transbordando de raiva.
- Eu já disse, foi um pequeno enga...
- Como assim um engano? Vai me dizer que eles vieram pra cá por acaso? – perguntei usando todo meu auto-controle pra não quebrar a Liz todinha ali.
- Vai me deixar explicar? – perguntou Liz já perdendo a paciência.
- É isso que estou te pedindo, não?
- É, mas não está deixando!
- Fala logo! – ela revirou os olhos.
- Como eu ia dizendo, isso foi um pequeno engano. Caso não se lembre, quando meu pai alugou esta casa você e James estavam muito amigos...
- Não me lembre disso! – falei. Liz fechou a cara – Tá, parei.
- E eu achei que você não se importaria se eu os chamasse pra vir também, mas depois aconteceu aquilo tudo e vocês ficaram e mal e eu tentando consolar os dois acabei esquecendo de te falar. – ela terminou de falar e eu achei que era verdade.
- Ok, eu agüento. – falei mais pra mim mesma do que pra ela – Vamos voltar pra lá.

Quando voltamos para a sala, Sirius e Remo estavam sentados no sofá rindo de se acabar com a encenação que Alex estava fazendo da nossa “linda” queda. Potter e Peter estavam descendo as escadas, suspeito que eles estavam se acomodando lá em cima.

- Lily! - disse Sirius ao me ver - Quem diria heim? Dançando em cima da mesa. - eu tenho certeza que corei muuuuuito - E você Liz, essa eu queria ter visto, soube que foi você quem começou.
- Pois é. - respondeu Liz sorrindo - Querem pizza?
- Eu aceito. - respondeu Peter.
- Eu também. - disse o energúmeno Potter.

Adivinhem onde o acéfalo despenteado resolveu sentar? Exatamente onde você está pensando. O quatro olhos irritante resolveu sentar ao meu lado.

Os olhos dele são lindos... Imagina se fossem quatro!
Eu não mereço isso...

Ele começou a comer a pizza e derramou molho na minha calça branca (!) e foi de propósito, eu sei que foi. Mas tudo bem, você quer guerra Potter, você vai ter guerra.

Depois que porco espinho derramou molho em mim pela terceira vez eu já estava a ponto de explodir de raiva. Pensam que eu demonstrei? Claro que não, fiz a maior cara de e-daí-é-só-molho-sai-quando-lavar e entrei na conversa do pessoal, foi aí que a “guerra” começou de verdade. Toda vez que eu começava a falar ele interrompia. Eu fazia a mesma coisa e assim nenhum dos dois conseguia falar nada. Depois eu me empolgava gesticulando e “acidentalmente” metia a mão na cara dele ou lhe dava uma cotovelada e logo depois ele pisava “sem querer” no meu pé. Ele derrubava mais pizza em mim, eu comecei a derramar refrigerante nele... E por aí foi, mas o interessante nisso tudo é que nenhum queria dar o braço a torcer e dizer que estava incomodado, por isso nenhum dos dois reclamava, só revidava.

E ficamos nessa criancice até meia noite, quando começou a nos dar sono.

- Boa noite pessoal. – falei dando um beijo no rosto de cada pessoa, menos (é claro) no mentecapto sorridente. Peter, Remo e Alice subiram logo as escadas enquanto Liz e eu ficamos para arrumar a bagunça.
- Sirius, diga a Evans que por educação eu a desejo uma boa noite. – falou o inconveniente olhando para Sirius. Ele acabou de me chamar de mal educada? Sirius o olhou sem entender, mas logo revirou os olhos e ia me passar o recado quando eu respondi.
- Liz, diga ao Potter que vão pro inferno ele e a educação de fachada dele. – falei dando um sorrisinho doce e sarcástico para Liz. Ela também não teve chance de abrir a boca.
- Sirius, diga a Evans que eu recuso o convite para dormir com ela. – Sirius ia rir, mas pensou melhor quando lhe lancei um olhar mortífero.
- Liz, diga ao Potter que pare de sonhar tanto, isso não é saudável. – Já sabendo que não ia ser necessário, Liz apenas olhou para Sirius (que devolveu o olhar) com cara de isso-vai-longe-e-ái-de-nós-se-sairmos-daqui, os dois se sentaram no sofá e ficaram nos olhando como quem assistia uma partida de tênis.
- Sirius, diga a Evans que isso seria um pesadelo. – ele passou a me encarar ferozmente, eu fiz o mesmo.
- Liz, diga ao Potter que não me faça rir.
- Sirius, diga a Evans que deixe de ser tão egocêntrica.
- Liz, diga ao Potter que eu não sou igual a ele.
- Sirius – o ególatra a minha frente começou, mas Liz o interrompeu.
- Diga as duas crianças que resolvam sozinhos por que nós vamos dormir. – falou se levantando do sofá e puxando Sirius pelo braço escada a cima me deixando sozinha com o Sr. Eu.

Não nos olhamos mais, apenas começamos a arrumar o que ainda estava bagunçado.

Viu que ele não presta? Chamou ela de mal educada!
Ela deu motivos.
Você vai ficar do lado dele?
Vou, ele não está de todo errado.
E você ainda dá ouvidos a essa criatura...
Alguém tem que mostrar o outro lado do galeão, não?
O problema é que esse galeão só tem um lado e esse lado diz que o Potter é um canalha.
Você não tem idéia do que está falando não é? Você é mesmo tão egocêntrica quanto o Jaminho te acusou de ser.
É? Esqueceu a história do somos uma só? Se eu sou egocêntrica, um terço dela é. Isso significa que somos todas egocêntricas.
Você adora mesmo falar do que não sabe né? Não é assim querida, eu e você somos C-O-M-P-L-E-T-A-M-E-N-T-E diferentes, eu e ela sim somos a mesma pessoa.
Sabe, ela tá certa...
Você concorda com ela? Mas ela está apoiando o Potter!!
Eu sei, mas...
Não tem mas. Se você apóia ela é por que concorda com o Potter também.
Isso não tem nada a ver!! Você tá confundindo ela.
Ah, é claro, por que quando é pra usar essa história de somos uma só a seu favor isso é válido, quando é a meu favor eu que estou errada.
Você é qu...

- Parem! – Ops. Pensei alto de mais...

Dei uma olhada de esguelha para o Potter, ele me olhava desconfiado e virou o rosto quando percebeu que eu estava olhando.

Terminamos de arrumar tudo no mais perfeito, modorrento e constrangedor silêncio e fomos para os nossos respectivos quartos. Alice estava deitada de bruços e escrevendo algo quando entrei no quarto.

- Boa noite Alice. – falei me jogando na cama e me cobrindo sem nem trocar de roupa. Céus, eu estava exausta.
- Boa noite Lil. – respondeu – Hamm... Lil?
- Eu.
- Será que você se incomoda se eu... Bem, sabe... É que já que os marotos estão aqui, eu pensei... Será que você se incomoda se eu chamar o Frank também?
- Isso era pra ser férias entre amigAS. – falei enfatizando o sentido feminino da palavra.
- Eu sei. Mas os marotos já estão aqui... Então não vai mudar muita coisa não é? – perguntou. Como não obteve resposta, insistiu – Por favor Lil... Eu não o vejo desde Hogwarts. – pediu fazendo cara de cachorrinho pidão.
- Tá legal Alice. Chama ele então, mas apaga logo essa luz. – falei mal humorada e virei pra dormir.
- Valeu Lily. – foi a última coisa que eu ouvi antes de apagar.

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(N/A: Narração de Liz)

Estávamos apenas eu. Sirius, James e Lily na sala, os outros já tinham subido. Mas sinceramente, parece que eu e Sirius não existimos aqui, já estamos sentados no sofá olhando esses dois fingirem não se falar faz um tempão. E depois eu que sou a infantil...

- Sirius – James começou, mas eu o interrompi.
- Diga as duas crianças que resolvam sozinhos por que nós vamos dormir. – falei me levantando e puxando Sirius escada acima, este estava bastante relutante em subir as escadas, queria saber como ia terminar discussão dos dois.

Mas eu fui mais forte e o puxei até o quarto onde eles estavam. Remo e Peter não estavam lá... Onde eles estavam então?

- Eu queria ver quem ia ganhar. – protestou Sirius sentando na cama.
- Curioso. – falei revirando os olhos e me sentando ao lado dele – James vai nos contar... E falando nele, ele vai ficar feliz com as novidades que eu tenho.
- Quais?
- Eu conto quando James chegar.
- Mas e se ele demorar? Vai Liz, conta. Não tem nada pra fazer enquanto esperamos.
- Ok, ok. Lily não está tão irritada quanto quer mostrar que está.
- Por que acha isso?
- Porque ela aceitou fácil de mais o fato de vocês estarem aqui e de quebra ainda acreditou de primeira na minha história.
- É, eu também achei que ela estava de humor muito bom pra quem está com ódio do Pontas. Que história você contou a ela?
- Eu disse que tinha chamado vocês pra cá quando eles estavam muito amigos e achei que ela não se importaria, mas acabei esquecendo de avisar com aquela confusão toda. – falei fazendo a mesma cara que fiz para Lily.
- Suas atuações estão ficando cada vez melhores. – falou sorrindo (e que sorriso, quase babei) – Mas ela nem desconfiou?
- Claro que não, ou eu não estaria mais aqui né. Ela teria me matado. Imagina só se ela sonha que aquele P no portão significa Potter?
- Nem quero imaginar, ela nos deixaria surdos. – riu. Eu o acompanhei e me deitei na cama, deixando apenas os pés no chão – Ele bem que podia voltar logo. – comentei. Sirius de deitou do mesmo jeito que eu – Eu to morrendo de... sono – falei bocejando.
- Por que não dorme aqui mesmo, eu divido a minha cama com você. – falou naquele tom de galã conquistador e exibindo um sorriso enorme.
- Muito engraçado Sr. Black, mas você esqueceu que o seu sorriso não cola comigo. – como eu queria que isso fosse verdade... – Tenta outra coisa – falei com os olhos cerrados. Ai que sono. Senti uma movimentação ao meu lado direito. Pensei que Sirius havia se levantado, mas logo após senti o colchão afundar um pouco perto do meu ombro esquerdo.
- Isso funciona? – ele sussurrou no meu ouvido esquerdo. Abri os olhos no mesmo instante e vi que o rosto dele estava perigosamente perto do meu. Ele havia se sentado e apoiado o corpo com um dos braços no meu lado esquerdo e o outro no direito, de modo a não me deixar saída. Ele deve ter reparado que eu fiquei estática – Vejo que sim. – e começou a se aproximar, meu cérebro parecia ter enguiçado e eu não conseguia me mexer, quando Remo e Peter entraram no quarto.
- Opa. Rabicho, acho que interrompemos alguma coisa... – falou Remo com a voz divertida. Sirius saiu de cima de mim, eu ainda não tinha recuperado os movimentos.
- Tinha que entrar logo agora Aluado? – falou Sirius com o mesmo tom divertido de Remo. Aos poucos eu fui recuperando os movimentos do corpo e senti meu rosto queimar.
- Não tem problemas, nós podemos esperar um pouco lá fora. – disse Peter.
- Podem ficar. – falei ficando outra vez sentada na cama, meu rosto estava queimando muito, tenho certeza que eu estava vermelhíssima.
- Onde está James? – perguntou Remo para quebrar o silêncio que tinha se instaurado.
- Falando de mim? – perguntou James aparecendo na porta.
- Estávamos. – respondeu Sirius – Desembucha logo como é que foi lá em baixo.
- Foi ótimo. – respondeu.
- Ela continuou brigando com você? – perguntou Remo – Não dava pra ouvir aqui de cima.
- Não.
- Fizeram as pazes? – perguntei esperançosa.
- Não.
- Deixa de enrolar e conta logo o que aconteceu. – disse Sirius.
- Nada, a gente terminou de arrumar a sala e subiu em total silêncio. – respondeu se jogando na cama ao lado da que eu estava – Ela desconfia de algo?
- Nadinha, você está trabalhando com uma profissional, esqueceu? – perguntei.
- Não esqueci não... Como conseguiu manter elas afastadas do nosso quarto? Se elas entrassem aqui ia por tudo a perder. – perguntou de olhos fechados.
- Eu disse que achava que tinha visto um rato entrar aqui, elas nem passaram perto. – respondi me levantando da cama – To morrendo de sono, Sirius, conta a ele o que eu te falei. Boa noite Garotos.
- Boa noite Liz. – responderam.
- Sonhe comigo. – falou Sirius quando eu já estava fechando a porta.
- Você também. – respondi dando uma piscada pra ele fechando a porta atrás de mim.

Fiquei alguns segundos encostada na porta revivendo o que quase aconteceu lá dentro e de repente me deu uma louca vontade de sair correndo, gritando e pulando pela casa toda. EU QUASE BEIJEI SIRIUS BLACK! AHHHHHHH!!!!

Ok, isso soou tão patricinha sebosa de Hogwarts louca por Sirius Black... Ah, problema de quem achar ruim, pelo menos a parte da patricinha sebosa é mentira. Quanto a parte do louca por Sirius Black... Bem, eu não diria louca, só uma quedinha... Mas o que isso interessa agora? O que interessa é que EU QUASE BEIJEI SIRIUS BLACK! AHHHHHHHHHH!!!

Tá legal, já chega. Mas que eu quase beijei, beijei. Morram de invejaaaaaa!!!! Não, agora é sério. Parei.
Um sorriso tamanho família se instalou no meu rosto enquanto eu caminhava até o quarto que estava dividindo com Alex e permaneceu quando eu entrei levantando suspeitas na minha amiga que me olhou desconfiada. Ela estava terminando de desfazer as malas.

- Posso saber o motivo de tanta alegria? – perguntou. Eu aumentei (se isso era possível) meu sorriso.
- Talvez... – falei sem desfazer o sorriso me jogando na minha caminha feliz da vida. Alex correu para sentar ao meu lado.
- E então...
- Amiga! – levantei de repente assustando ela – Tenho um suuuuuuper babado pra te contar!

Claro que eu ia contar pra ela, eu P-R-E-C-I-S-A-V-A contar pra alguém.

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(N/A: Narração de Lily)

Acordei com o sol batendo no meu rosto, meu humor já não estava bom e posso garantir que ser acordada pelo sol não fez ele melhorar. Coloquei o travesseiro no rosto a fim de me esconder do meu terrível inimigo. Eu até fui bem sucedida, mas cinco minutos depois de eu ter conseguido cochilar, Alex entra no quarto dizendo que o café estava pronto e que estava todo mundo me esperando, eu respondi que já ia descer, espero que ela entendido por que eu falei com o travesseiro no rosto.

Ouvi a porta bater, ela deve ter entendido, afinal, são anos de prática. Fiz meu ritual diário ante-café da manhã que eu não vou repetir o que é pela enésima vez e fui pra a cozinha pensando no que Alex estava querendo dizer com “o café já tá pronto”. Quer dizer, quem fez?

Minha pergunta foi respondida assim que entrei na cozinha, avistei perto do fogão o estrupício arrepiado fazendo panquecas que estavam com uma aparência deliciosa.

Legal! Vamos comer!!
De jeito nenhum! Foi o Potter que fez.
Por isso mesmo. Deve tá gostoso...
Ela não pode comer isso, vai dar crédito a ele.
Mas eu tô com fome!
Que bobagem, come logo.
Não coma.
Eu acho que não vai fazer mal se eu comer uma ou duas... Ele tem que servir pra alguma coisa né?
Depois não diga que eu não avisei.

- Bom dia gente. – falei o mais animado que consegui. Todos responderam.

Me sentei a mesa e me servi de duas panquecas. Já estava decidindo o que comer com as panquecas quando o ser mais inconveniente que já pisou neste planeta se sentou ao meu lado. Merlin, por que sempre ao meu lado? Ele não podia sentar ao lado do Remo ou da Alice, sei lá, qualquer pessoa, por que justo eu? Enfim, ele se sentou ao meu lado e olhou do meu rosto para o prato e do prato de volta para o rosto.

- Quer dizer que pra cozinhar eu sirvo? – perguntou desafiador.
- Você tinha que servir pra alguma coisa né. – respondi de “ótimo” humor. Porque eu já queria matá-lo só pra ele ter olhado pra mim. Que cara de pau!
- Olha Sirius, acho que perdemos o emprego! – disse Liz fazendo cara de decepção que fez todos rirem.
- Veja o lado bom, agora temos o dia livre. – falou Sirius enfiando um grande pedaço de panqueca na boca – Aandu io, o ki os amus aer orri? – completou com a boca cheia de comida. Eca!
- O que ele disse? – perguntou Alex com cara de nojo.
- Traduz pra a gente Rabicho. – pediu Remo.
- Falando nisso, o que nós vamos fazer hoje? – respondeu Peter. Remo e Potter trocaram olhares significativos e Liz pareceu se lembrar de algo.
- Hoje é lua cheia, a gente podia fazer um luau! – falei toda empolgada me lembrando de alguns luais que fizemos ilegalmente na torre de astronomia as vezes. Os marotos se entreolharam. Aí tem coisa...
- Adorei a idéia! – falou Liz. Os marotos olharam para ela com os olhos arregalados, mas desviaram quando ela deu uma piscadela para eles. Com certeza aí tem coisa – Mas, hoje de manhã é só praia...

Terminamos de tomar café, fizemos nossa higienização bucal e fomos direto para a praia. Eu descobri mais uma vantagem de ter homens por perto, eles também servem pra carregar nossas coisas.

Passamos um dia maravilhoso e tranqüilo na praia, eu até já me acostumei com presença dos marotos aqui, isso não significa que eu esteja falando normalmente com Potter. De tarde o pessoal foi para a piscina, mas eu estava com um sono desgraçado e resolvi ir me deitar um pouco. O resultado disso foi que eu acordei duas horas depois, alguns segundos antes de cair na água. Acreditam que eles conseguiram a façanha de me carregar com colchão e tudo do quarto (devo enfatizar que é no primeiro andar) até a piscina sem me acordar? Depois de uns cinco minutos gritando a plenos pulmões com todos, passamos mais algum tempo na piscina e quando estava começando a escurecer entramos para tomar banho. Os marotos pareciam preocupados com alguma coisa, não paravam de olhar para o relógio. Será que vai chegar mais alguém?

A cada minuto que passava os marotos pareciam mais nervosos, eu já estava desconfiada de alguma coisa mais cedo, agora eu tinha certeza que eles estavam armando alguma e eu ia descobrir o que era.

Jantamos beeem cedo hoje, estava um silêncio difícil de ser quebrado, muito silêncio me incomoda tanto que eu estava até tentando fazer as pessoas rirem, mas não tive muito sucesso, eu não sou boa comediante. Tínhamos acabado de jantar quando Liz falou tão de repente, rápido e alto que assustou todos nós.

- Meninas! Vamos pro quarto, eu tenho que contar uma coisa a vocês e também preciso de uma ajudinha. – ninguém se moveu. Todos a olhavam espantados – Que é que foi? Vamos logo. – puxou um braço meu e outro de Alice. Nós finalmente nos levantamos deixando os marotos sozinhos na cozinha, ela saiu nos empurrando, sem necessidade, até o quarto.

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(N/A: Narração de Remo)

Eu estava bastante preocupado com a hora, daqui a pouco ia escurecer e ainda não arrumamos um meio de tirar as meninas do caminho. Eu ainda não sei como eles conseguiram me convencer a vir aqui esta semana sem planejar nada, isso foi um grande deslize meu, uma enorme irresponsabilidade. Já pensou se não conseguimos manter Lily, Alex, Alice e Liz fora do caminho e eu acabo mordendo uma delas? Jamais me perdoaria.

Jantamos em silêncio, estava escurecendo e a minha preocupação crescia a cada segundo que passava e eu não conseguia engolir a comida a minha frente, já podia sentir a presença da fera querendo se libertar dentro de mim. Eu não conseguia parar com aquela sensação de culpa, eu não devia ter vindo, devia ter esperado até semana que vem, assim não teria tantos problemas. E mesmo que a gente consiga esconder minha transformação, como esconder o cansaço de amanhã? E os ferimentos, arranhões e tudo mais? Droga, eu tinha que ter pensado nisso antes... E se elas descobrirem e ficarem com medo de mim... Esse era de todos o meu maior medo. Liz já sabia, foi impossível esconder dela, até mesmo por que eu tinha certeza que se não contasse ela nos seguiria e isso poderia ser bem pior, ela não demonstrou medo nem um segundo. Foi uma grande ajuda para mim.

- Meninas! Vamos pro quarto, eu tenho que contar uma coisa a vocês e também preciso de uma ajudinha. – Liz falou tão alto que me assustou, mas pelo jeito eu não fui o único. Ninguém se moveu. Todos a olhavam espantados – Que é que foi? Vamos logo. – ela puxou um braço de Lily e outro de Alice. As duas finalmente levantaram nos deixando sozinhos na cozinha, ela saiu mais ficou pra trás com o pretexto de estar empurrando as outras três e nos jogou discretamente uma chave.

Pontas pegou a chave antes que ela tocasse a mesa e a olhou sem entender. De início eu também não entendi por que ela nos jogou a chave, mas logo depois compreendi o que ela queria.

- Ela é um gênio. – falei pegando a chave da mão do Pontas. Ele não parecia ter entendido ainda.
- Aluado, por que exatamente ela é um gênio? – perguntou Almofadinhas.
- Não é óbvio? Ela já levou as meninas para o quarto – falei mais animado agora que tinha achado uma solução – e agora nos deu a chave do quarto.
- Só precisamos trancar elas lá e estarão seguras. – completou Rabicho. Ele está realmente me surpreendendo, geralmente era o que mais demorava para entender as coisas. Os outros dois fizeram cara de compreensão.

Subimos as escadas silenciosamente, um dos quartos estava com a porta, suspeito que propositalmente, entreaberta e podíamos ouvir vozes saindo de lá.

- Então Remo e Peter entraram no quarto. – ouvi a voz de Liz saindo pela porta. Ela estava falando de ontem. Nos aproximamos mais da porta, Sirius parecia muito interessado na conversa.
- E você? – ouvi a voz de Alice. Eu pus a mão na maçaneta para puxar a porta, Pontas preparou a chave e Almofadinhas, um tanto relutante, se postou ao meu lado para ajudar a segurar a porta caso elas tentassem abrir enquanto fechávamos.
- Eu arrumei um jeito se sair de lá rapidinho. – respondeu Liz.
- Engraçadinha, você sabe que não estamos falando disso. – falou Lily. Foi nessa hora que eu puxei a porta com tudo. Ouvimos exclamações vindas de dentro do quarto.

Conseguimos fechar a porta sem maiores problemas, já estávamos no andar de baixo, nos preparando para sair e ainda ouvíamos os gritos ameaçadores vindos do andar de cima. Amanhã será um dia cheio... Mas tenho outras preocupações agora. Já estávamos atrasados, vamos ter que correr pra a gruta longe da cidade onde eu sempre me transformo quando estamos aqui.

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