Falta de Sorte



Já acostumada a acordar com as galinhas,5h30min,a galera da colônia nem reclamava + de cansaço pela manhã. Naquela,então,adolescentes e crianças estavam em polvorosa. No refeitório,só se falava na caminhada e no Véu da Noiva Anã,a pequena e famosa queda d’água da região.
Cada grupo de 16 pessoas sairia,de 5 em 5min,guiado por 1 coordenador. A caminhada era de 3h30min,mas não pesada. A não ser a 1ª parte,uns 20min de subida íngreme,com um nº desconfortável de pedras soltas. Depois disso,a trilha era tranqüila,com baixo nível de dificuldade.
O café acabou e a galera saiu dali para uma manhã livre,coisa rara na colônia. Cada um foi pra um lado,praticar algum esporte,ensaiar para a Noite de Talentos,que reuniria os artistas da colônia para um espetáculo que marcaria a despedida da galera.
Depois do almoço,1h de descanso para encarar a caminhada decentemente. No horário combinado,estavam todos lá,ao pé do morro,eufóricos e animados. Desse vez,todos caíram no mesmo grupo,inclusive Gina. Esse foi o ultimo grupo a se aventurar pela trilha,por conta da incontrolável vontade de fazer xixi de uma das integrantes. 10min depois da maioria,lá foram eles morro acima.
A mata era lindamente verde e virgem, e tinha um cheiro sensacional,inesquecível, delicioso. Cheiro de terra misturado com cheiro de folha,flor,vento. Cheiro de mato. Ao chegarem a parte plana,se sentiram numa cena de O Senhor dos Anéis. Haviam arvores coloridas e floridas,pássaros cantantes. Aproveitaram a parada pra beber água,esticar as pernas e apreciar a paisagem.
De volta à trilha,a cada passo que davam,mais forte ficava o canto dos pássaros e o cheiro de verde. Ainda não dava pra ouvir o barulho do Véu da Noiva Anã,mas eles estavam perto da cachoeira,informou o coordenador.
Nisso,um trio de borboletas cruzou o ar dançando. Uma delas,em tons de rosa,se aproximou das meninas. a borboleta,apelidada de Tchebs,fez tanta graça que acabou desviando a atenção dos 7 amigos,que se distanciaram do grupo. Seguiram a borboleta até chegarem num lugar onde havia um monte delas,umas 150,mais ou menos. Olharam aquilo,admirados,mas Hermione tratou de trazê-los de volta à realidade...

- Aí,vamos voltar,não to ouvindo mais ninguém,eles já devem ter ido. – e virou,encaminhando-se para o lugar de onde vieram.

Os outros se entreolharam e seguiram-na correndo. Ao chegarem lá,vazio...Vazião. Nem sombra de ninguém. Resolveram,de comum acordo,seguir por um caminho. Andaram,andaram,andaram...até encontrar uma pedra coberta,que lhes serviria de abrigo durante a fria noite que estava por vir. Para o azar de todos,a chuva dava sinais de que viria violenta. Todos se acomodaram naquela pedra,esperando a tempestade,que caiu forte,pesada,barulhenta. As meninas se lamentavam,reclamavam de sede... Vendo isso,Rony,mesmo ensopado,pegou a lanterna e a toalha que estava na sua mochila,amarrou cada ponta em galhos de uma arvore baixa ali perto e fez com a peça uma espécie de bacia suspensa.

- Vou encher nossos cantis. Pelo menos de sede a gente não morre. Já,já,a água da chuva vai escorrer da toalha e a gente vai ter água por bastante tempo.

Todos estavam boquiabertos com a destreza,praticidade e tranqüilidade de Rony diante do problema. Problemão,diga-se de passagem.

- Caraça Ronyzinho,onde você aprendeu a fazer isso? – perguntou Luna,surpresa com o namorado.
- Tem muitas coisas sobre mim que você ainda não sabe meu amor...rsrsrs...
- Olha Luna,o que acontece é o seguinte,o Rony e o meu pai viajam sempre pra acampar,e ele acaba aprendendo alguma coisa com o meu pai. – explicou Gina.
- Aí meninas,desculpa interromper o papo,mas já ta escorrendo água. Será que dava pra vocês me ajudarem? – interrompeu Ron.
- Claro! – as duas responderam em coro.

Vinte minutos depois já havia água em todos os cantis e a galera pôde,enfim,matar a fome e a sede. O tempo passou,a chuva parou e o medo continuava instalado naquele grupo de adolescentes muito valentes por fora,mas que nunca,jamais,acharam que se perderiam numa caminhada de colônia de férias fora das férias. E bem no final,faltava só 30min pra acabar! Depois disso,o silêncio imperou por algum tempo,frio,desconfortável. Até Harry resolver quebrá-lo.

- O que foi que aconteceu entre você e a Kristin,Draco? Por que aconteceu aquilo tudo no luau?

Pansy e Hermione arregalaram os olhos e miraram em Harry,chocadas.

- Que foi meninas? O Draco é nosso amigo,não tem nada demais querer saber.

Novo silêncio. Dessa vez quebrado pelo próprio Draco.

- Não tem nada demais perguntar,Harry. Durante algum tempo,eu não queria falar sobre esse assunto,aproveito pra pedir desculpas por não ter contado pra vocês,a única que sabia era a Hermione. Sabe,pra mim era humilhante demais admitir pra todo mundo,principalmente para os meus amigos,que a minha namorada tava me traindo com o garoto que um dia quis ser meu amigo.
- Como você descobriu essa traição? – quis saber Harry.
- Eu descobri de uma maneira estranha,seguindo ela. Vi ela saindo de casa toda arrumada,feliz. E depois entrando escondida no jardim da casa do Jason. Quando os pais dele foram dormir,ele desceu pelo telhado da varanda e os dois se beijaram. Depois começou um agarramento ali mesmo...Foi tão deprimente ver os dois transando no jardim da casa dele,que eu me enchi de coragem e ia matá-los. Se não fosse a Hermione,talvez eu já tivesse arruinado a minha vida...
- Como assim,a Hermione? Garota,o que você tava fazendo na casa do Jason àquela hora? – Gina perguntou,um pouco surpresa.
- É simples. Eu tava achando o Jason estranho demais,desconfiei que rolava traição e fui ter certeza,tirar a prova real. Acabei descobrindo que a tal garota era a Kristin. E,muito sem querer,vi o Draco a ponto de fazer uma besteira. Resolvi me aproximar e tentar impedir...Graças a Deus eu consegui.
- Nossa,meu Deus,que história... – Rony comentou.
-Pelo menos teve um lado bom. Se não fosse pela idiota da Kristin,eu e a Hermione não teríamos nos tornado amigos...
- Com certeza! – a própria confirmou. Todos riram e se abraçaram.

O dia foi cansativo e,apesar da tensão à flor da pele,acabaram se juntando e caindo no sono. Tortos,desconfortáveis,com frio,cobertos de repelente pra não serem devorados pelos mosquitos...mas com a gostosa sensação de que não estavam sozinhos.

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