Parte II - Harry

Parte II – Harry


In the day
In the night
Say it right
Say it all
You either got it
Or you don't
You either stand or you fall
When your will is broken
When it slips from your hand
When there's no time for joking
There's a hole in the plan

Nelly Furtado – Say it Right




Harry estava de volta à Londres. Após quase três anos de ausência, ele sentia que era o momento de voltar e retomar sua vida. Uma pergunta, porém, não lhe saía da cabeça: que vida?

Não a que ele deixara para trás na Rua dos Alfeneiros. Além de saber que os Dursley nunca o aceitariam de volta, ele tinha a clareza de que aquela nunca fora a sua vida de verdade.

Sua verdadeira vida sempre fora no mundo bruxo. Um mundo que durante toda a sua adolescência estivera representado por Hogwarts, suas paredes de pedras, suas salas de aula e salões, seus professores e demais habitantes, seus amigos. No entanto, Harry já não via Hogwarts em seu horizonte.

Ele saíra da escola para enfrentar Voldemort. Ele dedicou todo o início de sua vida adulta para combater os partidários das Trevas. Pagou um alto preço, mas venceu.

Após sua vitória, ele passou três anos longe da Inglaterra. Vagou por vários lugares da Europa, fazendo pequenos trabalhos para ganhar dinheiro suficiente apenas para comprar comida e a passagem de trem par a cidade seguinte. Agia como um andarilho, nunca ficando mais de uma semana no mesmo lugar.

Harry não sabia por que fazia aquilo, apenas obedecia a uma vontade interior, uma espécie de instinto. Na verdade, aquela fuga constante não passava de uma tentativa inconsciente de se encontrar. Ele precisava de um rumo, um novo objetivo na vida. Agora, após três anos de busca incessante, ele finalmente se decidira.

Fazia pouco tempo que estava em Londres, e tentava permanecer incógnito. Havia se hospedado em um hotel barato e ainda não procurara nenhum de seus velhos amigos. Tinha uma pessoa que ele queria ver antes de todas as outras. A reação dela guiaria sua nova vida, ele faria o que ela lhe pedisse.
Fez algumas investigações e descobriu que ela agora trabalhava no ministério. Com auxílio de sua velha capa de invisibilidade ele a seguiu durante uma semana. Dessa forma, ele descobriu a rotina dela e teve uma idéia.

Harry chegou à pracinha dez minutos antes da hora. Precisava prepara o espírito. Sentia-se curioso, apreensivo e nervoso, mas, acima de todos esses sentimentos, ele tinha medo. Ele não sabia o que seria pior, se sofrer a rejeição dela ou, se ao encontrá-la face a face novamente, ele percebesse que já não sentia por ela o mesmo amor de antigamente. Não havia, contudo, outra alternativa: ele precisava arriscar.

Sentou-se no banco que havia cuidadosamente escolhido no dia anterior e esperou.


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