II-Oclumência



II-Oclumência

“Something has been taken
From deep inside of me
A secret I've kept locked away
No one can ever see”
(Easier to Run – Linkin Park)



Severus Snape sempre fora diferente. Estranho, diriam muitos. Nos olhos muito negros brilhava uma curiosa e estudada indiferença para com tudo o que não fosse de seu interesse.

Aos onze anos de idade já conhecia e dominava feitiços que muitos alunos de sua idade sequer sonhavam em conhecer. Aos doze já mostrava grande aptidão e habilidade no preparo de poções, tendo encontrado equivalente talento em apenas uma única pessoa. Nada poderia parecer tão especial e interessante e cheio de importância.

Quando alcançara os quinze anos de idade a sua fama de esquisito só aumentara. Ranzinza, sombrio e trancado dentro de si mesmo, havia apenas uma única coisa que era capaz de transformar o seu semblante. Mudá-lo a ponto de torná-lo irreconhecível.

Mas aquilo era um segredo.

Era vergonhoso para ele o modo como sua alma rastejava e implorava por um mínimo olhar daqueles olhos verdes tão profundos e vivos e cheios de algo que ele não era capaz de compreender por completo.

De fato, aquele sentimento era terrível. Tão letal quanto uma maldição da morte.

Irreversível.

Ela era uma das poucas pessoas que tinham o poder de vê-lo por dentro, enxergá-lo de verdade. E aquilo não significava boa coisa, ao menos não para Severus. Porque deixá-la ver todo o terror e amargura e escuridão que havia em seu interior? Porque deixá-la ver que o único pontinho de luz que havia em seu olhar era o simples reflexo dos olhos dela, da luz dela, da perfeição dela?

Por isso ele se esforçava tanto. Com os dedos trêmulos, o coração confrangido em busca de uma solução, abandonava-se nos estudos. As artes das Trevas pareciam refletir todo o negror que carregava em sua alma, e ele queria conhecer, aprender algo que pudesse libertá-lo daquela obsessão, algo que o fizesse esconder aquele sentimento tão grande. Esconder dela a razão de sua revolta, a vergonha de sua incompetência.

Fecharia para o mundo sua mente, sua alma. Contudo, o seu coração sempre estaria aberto para única pessoa... mesmo que isso fosse a sua ruína. Ou, quem sabe, a sua única redenção.

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