A Discussão



Quando acabaram de discutir táticas para a segurança de Harry, e planos de ataque, todos foram para a cozinha, exceto Tonks, que continuava na sala, paralisada, olhando para a parede.
Na cozinha, Sra. Weasley preparava biscoitos, Olho-Tonto, Sr. Weasley, Carlinhos e Shacklebolt se sentaram à mesa, e agora conversavam animados, Remo Lupin, de um canto do aposento, olhava, através da fresta da porta, para Tonks.
Sra. Weasley, pareceu ter percebido seu interesse na garota, pois aconselhou:

- Vai lá falar com ela Remo, quem sabe ela se anima um pouco.

E foi o que Lupin fez. Foi até a sala, se sentou do lado de Tonks e falou, muito calmamente:

- Tonks, esqueça isso, não vale a pena ficar pensando em uma bobagem dessas.
- Esquecer? – disse Tonks, com um ar de indignação, agora se virando para olhar Lupin nos olhos – Não seja infantil.
- Estou apenas sendo realista, você sabe que nunca daríamos certo – falou ele, ainda calmo.
- Na sua cabeça nós nunca daríamos certo – respondeu Tonks, aumentando levemente o tom de voz.
- Você sabe muito bem que não são coisas da minha cabeça. – retrucou Lupin, que agora se demonstrava um pouco impaciente - Sou velho demais para você, e também não tenho muito dinheiro, você merece alguém jovem, e que possa lhe dar tudo o que você queira, além disso, sou perigoso demais, não quero te machucar.
- Você fala como se eu fosse uma criança, que não soubesse me cuidar. Além disso, você mesmo viu a Fleur, que mesmo depois que o Gui foi mordido por Greyback, ela não deixou de querer ficar junto a ele.
- É diferente... – começou Lupin, agora mais nervoso.
- Não, não é diferente. – interrompeu Tonks, se levantando bruscamente do sofá, mas ainda encarando Lupin de cima, muita irritada. – Todo mundo está dizendo que você está sendo ridículo, você não viu o que Molly falou...
- Tonks, esse não é um bom momento para ficar discutindo isso. – começou Lupin, também se levantando, sua voz agora era muito firme, porém, também muito impaciente. – Temos coisas mais importantes para pensar; Dumbledore morreu e Snape fugiu com os outros Comensais da Morte, temos que garantir a segurança de Harry, ou seja, vamos ter muito que fazer.

Os dois, agora, falavam muito alto. Tonks, que o cabelo outrora estava castanho e sem vida, tinha ele agora num tom vermelho muito forte, o que dava a estranha impressão de que sua cabeça estava pegando fogo, e Lupin abandonara a voz calma, falava muito nervoso, esquecendo o verdadeiro motivo pelo qual tinha ido falar com a garota.

- É compreensível que você esteja abalado com a morte de Dumbledore, mas deixar de viver por causa disso? – bradou Tonks, seus olhos faiscavam. – Você não ouviu o que Minerva disse? Que Dumbledore seria um homem mais feliz se soubesse que havia um pouco mais de amor no mundo.

Lupin abriu a boca para responder alguma coisa, porém logo tornou a fechá-la, a verdade é que ele não sabia bem o que dizer. Ele ficou apenas olhando bravo para Tonks, que agora parecia fazer força para não chorar, seu rosto estava púrpura, e era visível a raiva em seus olhos, os dois ficaram em silencio até que ela resolveu falar:

- Por que você não diz logo qual é o verdadeiro motivo para você não querer ficar comigo?
- Do que você está falando?
- Você deve saber, suas desculpas são simplesmente inadmissíveis. Você deve ter outros motivos para não querer ficar comigo, por que não os fala?
- Não há outros motivos, eu estou dizendo a verdade...
- Vamos lá, fale logo!

A interrupção de Tonks pareceu deixar Lupin ainda mais nervoso, se é que isso era possível, ele simplesmente não conseguia entender porque ela continuava a insistir nesse assunto. E sem pensar duas vezes, ele respondeu:

- Eu falei o que achava que devia, se você não aceita meus motivos, nada posso fazer.

E com essa fala, a discussão finalmente cessou. Os dois ficaram se olhando por um tempo, Lupin pensou ter visto uma lágrima descer pelo rosto de Tonks, a garota o encarou e, sem falar nada, se virou e batendo os pés, subiu as escadas que davam para os quartos.
Lupin ficou na sala por mais um tempo, sua cabeça doía um pouco e ele tentava se acalmar, quando finalmente conseguiu, se largou no sofá, pensando no que acabara de acontecer.

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