Prólogo



ATENÇÃO! Essa fic contém spoilers MONUMENTAIS do sétimo livro, HP and the Deathly Hallows. Não continue se ainda não tiver lido.

Resumo: Vale tudo no amor e na guerra – e isso é um pouco dos dois. Momentos perdidos de Deathly Hallows.

N/A: Essa fic também faz parte do Projeto Fanfic100 do fórum Grimmauld Place, sob o tema passagem (número 65). Afinal, esse é o ano em que o relacionamento de Ron e Hermione dá um passo gigantesco em direção àquilo que todos nós esperamos por tanto tempo. Agradecimentos a Mia Galvez, pela betagem.

Disclaimer: Se Harry Potter pertencesse a mim a nova geração de Hogwarts teria nomes bem menos constrangedores.


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Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos


(Vinícius de Moraes)

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Doze maneiras seguras de encantar bruxas.


- Eu ainda acho que ele não merece.

- Disso eu tenho certeza, mas nós temos que pensar no momento atual, Fred.

- Ainda assim... Você não se diverte com eles?

- Claro que sim. Mas estamos falando do Ron, ele não vai aprender tão rápido. Ainda vamos ter muitas oportunidades de rir.

- Vocês sabem que eu estou aqui, né? – disse Ron, erguendo-se na poltrona para encarar os dois irmãos, que adentravam a sala de estar da Toca conversando entre sussurros.

- OI, Ronald! – George exclamou com um sorriso lívido. Ele olhou para o irmão gêmeo, que deu de ombros e abriu um sorriso igualmente suspeito.

- Hoje é seu dia de sorte. – disse Fred, aproximando-se com o irmão e sentando-se no sofá de frente ao mais novo.

- Por alguma razão eu não consigo imaginar nada vindo de vocês que envolva sorte – falou Ron, franzindo a testa em desconfiança – pelo menos não a minha sorte.

- Ah, irmãozinho, você nos subestima – disse George quase com um gemido.

- Nós podemos te oferecer o fim de todos os seus problemas – falou Fred.

- E para onde vocês vão levar a mamãe? – Ron exclamou, com um sorriso esperançoso.

Sossego e tranqüilidade eram coisas que nenhum Weasley conheceu ao crescer na Toca. Com sete crianças correndo pela casa – Fred e George às vezes valiam por quatro - não era qualquer grito que se sobressaía, e Molly Weasley se tornou uma especialista em paranóia materna. No entanto, Ron não conseguia pensar em nenhum momento de sua infância que rivalizasse com o atual. Entre preparações para o casamento de Fleur e Bill, que se realizaria em menos de um mês, arrumações para receber visitas e a correria de membros da Ordem aparatando no jardim a todo momento, a matriarca Weasley parecia constantemente à beira de um ataque de nervos, cujo alvo preferido era Ron.

- Ainda não é dessa vez – disse George – mas estamos trabalhando nuns Dropes Imperceptores que poderão te ajudar nisso.

- Por ora, trazemos a solução para um problema específico – Fred puxou um pacote médio embrulhado num papel de presente vermelho.

- Vamos ver, ele deve ter um pouco mais de um metro e meio, cabelos fofos e olhos castanhos...

- Persiste há anos e costuma sair por aí achando que sabe de tudo...

- E sabe. E já que você não sabe nada, tudo me leva a crer que é aquela velha história de destino e metades se completando.

- Sim, a metade da laranja, a tampa do caldeirão... essas coisas.

- A menina que te aterroriza a ponto de te fazer esconder todas as fotos da festa de aniversário do Charlie espalhadas pela casa...

- Vocês têm algum objetivo? – Ron interrompeu, suas orelhas começando a queimar involuntariamente.

- Ah, irmãozinho – Fred abriu um sorriso maroto - Ao contrário de você, sim.

- Nós sentimos que chegou a sua hora – disse George, num tom solene.

- De quê? – Ron franziu a testa.

- De você aprender os benefícios de ser um Weasley, Ronald.

George esticou o pacote vermelho até Ron, com um gesto formal e a expressão curiosamente séria. Ron hesitou.

- Vocês não esperam realmente que eu aceite algo assim de vocês, né?

- Só abra logo – murmurou Fred, impaciente. George empurrou o pacote no colo de Ron, que admitiu derrota e rasgou o papel vermelho, atento a qualquer movimentação anormal vinda do presente. Não houve pulos, gritos ou mordidas, no entanto, e Ron se sentiu seguro para analisar o conteúdo de perto.

- Um livro? – ele exclamou. Os irmãos abriram um sorriso quase que em sincronia.

- Não um livro. O livro que vai mudar sua vida. – disse Fred, apontando para a capa.

Ron mirou as letras azuis garrafais que estampavam a capa marrom do livro. Uma pequena bruxa piscava os olhos, com uma expressão sonhadora, enquanto um coração vermelho flutuava acima de sua cabeça, ao lado dos dizeres “Doze Maneiras Seguras de Encantar Bruxas”.

Ron piscou, incrédulo, e encarou os irmãos. Ambos esboçavam sorrisos superiores e pareciam se divertir com a situação.

- Qual é a piada? – ele disse.

- Você, é claro. Mas não se preocupe, isso está prestes a mudar – falou George.

- Nós vamos te contar um segredo, irmãozinho – Fred continuou, encostando-se largamente no sofá.

- Há algo muito importante que você precisa saber sobre a nossa família. – disse George, num sussurro alarmante.

- Algo que, não fosse sua capacidade fenomenal de não ver o que está a dois palmos do seu nariz, você já saberia. – continuou Fred.

- E aproveitaria – completou George.

- Mas é claro, se a sua visão não estivesse obstruída por esse nariz enorme, você já teria feito aquele outro problema desaparecer.

- E reaparecer no seu quarto toda noite – completou George, com uma piscadela. Fred soltou um riso curto e voltou a encarar Ron com a expressão animada.

Ron piscou, incrédulo. Ele havia acabado de acordar e seu cérebro ainda não sabia exatamente como reagir a bombardeios de informação.

- De que diabos vocês estão falando? – ele demandou. Os irmãos suspiraram com um ar cansado.

- Eu falei que ele é lerdo – disse George para o gêmeo, e então se aproximou de Ron e continuou num tom devagar – Ronald, meu irmão, você nunca se perguntou porque aquela garota simpática Lavender Brown resolveu se jogar no seu pescoço durante meses?

- Ou porque Bill se arranjou como uma quase Veela mesmo depois de ter a cara devorada por um lobisomem?

- Ou porque nós recebemos todo mês quatorze quilos de cartas de fãs enlouquecidas para conhecer – George imitou uma voz de garota – os gêmeos mais lindos da Inglaterra?

- É, até parec- começou Ron, mas Fred o interrompeu:

- Weasleys tem um charme natural com as garotas, Ronald.

Ron piscou novamente. A lembrança distante de uma dúzia de canários mal intencionados voando em sua direção explodiu em seus olhos e ele não conteve uma risada.

- É exatamente esse tipo de atitude que nos fez pensar por muitos anos que você era adotado – falou George.

Ron parou de rir e encarou os irmãos com o cenho franzido. Fred apontou para o livro no colo do irmão.

- Você sempre foi o mais devagar, então a gente resolveu te dar um empurrãozinho.

- E como isso deve me ajudar com a- Ron pigarreou – como isso vai me ajudar?

- Isso vai te ajudar a entender qualquer bruxa nesse mundo. E a conquistá-la.

- É claro que dado seu magnetismo animal Weasley, isso não deveria ser tão difícil.

- Mas nós sentimos que você precisa de um guia no assunto, e dado as atuais circunstâncias, nós não temos muito tempo livre – George falou, dando de ombros.

- Além do mais – adicionou Fred – qualquer bruxa nesse mundo está apaixonada por você há seis anos.

- Contanto que você não faça uma besteira muito grande...

- Como se agarrar no pescoço da primeira loira que te der mole...

- Tudo deve dar certo.

Ao final do discurso em dueto dos irmãos, Ron sentiu que suas orelhas estavam em chamas.

- Como vocês-

- Não subestime nossa inteligência, Ronald. – disse George com firmeza.

- E honre nosso sobrenome, por favor? – sussurrou Fred, por fim, levantando-se junto com o irmão gêmeo.

- Só tente demorar menos do que seis anos dessa vez, ok? – disse George, a caminho da cozinha.

- Estamos em guerra, pelo amor de Merlin, é agora ou nunca – gritou Fred depois que os dois desapareceram pela porta da sala.

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Comentários (2)

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