Descobertas Desastrosas
Olá, pessoal!
Bem, esse cap. não demorou tanto assim... Vou tentar postar o outro mais rápido ainda, ok?
Lembram-se que eu falei que o último cap. era muito importante? Esse é muito mais. Tem dicas essenciais para os próximos caps. e já estamos na reta final, numa época de revelações. Fiquem atentos!
Bjão pra vocês!!!
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Imediatamente, Harry e Gina pararam de se beijar. Era como se um vento frio, um sopro de mau agouro, os tivesse surpreendido. Olharam para os dois lados do corredor e não viram ninguém. Mas podiam ter certeza que, instantes atrás, havia alguém os observando.
- Gina, acho melhor sairmos daqui, sugeriu Harry, olhando para todos os lados.
- Tem razão, senti um arrepio estranho... – tremeu.
- Além disso, algum monitor pode nos pegar aqui e não gostaria de saber o que aconteceria se fosse Draco Malfoy, advertiu, fazendo uma careta.
- Vamos, então.
E os dois seguiram pelo corredor, em direção ao salão comunal da Grifinória. Permaneceram lá até o tempo de todos saberem que ele era o novo capitão do time de quadribol e que os testes para os novos jogadores se iniciariam em breve. Um burburinho invadiu todo o lugar e vários garotos começaram a gesticular, uns mostrando qual era o melhor jeito de desviar de um balaço, outros imitando como Rony foi deplorável em seus primeiros jogos como goleiro. A sorte era que o jovem Weasley não estava lá naquele momento. Nem Hermione.
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A função de monitores estava sendo de grande serventia para Rony Weasley e Hermione Granger. Afinal, ninguém desconfiaria se os dois sumissem na mesma hora. E eles, é claro, inventavam de vistoriar os mais improváveis lugares do castelo, só para aproveitarem a oportunidade de estarem sozinhos. No antigo lugar onde ficava Fofo, então, era perfeito.
- Mione, aqui ninguém vai nos achar! – e puxou a garota pelo braço, sapecando um beijo na boca.
- É, tem razão! – disse, aos rizinhos.
Eles ficaram algum tempo entre abraços e beijos, até que Rony interrompesse com a expressão levemente preocupada:
- Mione, acho que é hora de contarmos pra todo mundo.
- Mas por que, Ron? Acho que está bem mais emocionante assim! – retrucou, animada.
- É que... Bem, o Harry veio com umas histórias de me ajudar... Acho que ele está tramando algumas coisa. Ele deve estar prestes a te chamar para uma conversa, para te revelar alguma coisa muito importante. E tenho certeza de que, se ele vier falar “Mione, o Ron gosta muito de você, dê uma chance a ele!”, você não vai conseguir disfarçar e vai soltar uma grande gargalhada.
Ela ficou imaginando a cena e concluiu que o namorado estava certo.
- Mas não seria melhor no baile?
- Talvez... Mas o baile não está assim tão próximo, quer dizer... Dumbledore falou em breve... Mas considerando que ele deva ter uns mil anos, qualquer centenário é um tempo muito breve pra ele!
Hermione soltou uma gargalhada, enquanto Ron a admirava sorrindo.
- Sabe que você fica linda quando ri?
- Ah, Ron... Assim eu fico com vergonha! – enrubesceu. Aliás, você tem estado muito engraçadinho nesses últimos tempos...
- É tudo culpa sua!
Aquela conversa não iria terminar tão cedo. Pelo menos até que fosse interrompida por uma cena nada usual. Alguém entra no mesmo lugar em que estavam e se aproxima lentamente dos dois. Hermione pega a mão de Rony e aperta com toda a força que podia, negando para si mesma que era quem supunha. A falta de luz prejudicava a identificação, mas bastaram alguns passos para que aqueles olhos cinzentos e os cabelos extremamente claros se fizesem visíveis. Draco Malfoy.
Hermione suspirou fundo e começou a despejar, enfiando a varinha no pescoço do sonserino, como fizera no terceiro ano:
- Você vai se arrepender se falar alguma coisa, Malfoy!
Mas daquela vez, Draco não se borrou de medo. Olhou pra varinha de Hermione friamente, fez a sua cara de arrogância peculiar, e a afastou do seu pescoço. Ela ficou extremamente surpresa com a reação inédita do loiro, que até então só tinha fama de corajoso, mas não passava de um grande e desprezível covarde.
- Se fosse você, não se atreveria! - advertiu, passando a mão no queixo, analisando os dois de cima em baixo.
- O que você quer de nós, Malfoy? – questionou a garota, furiosa.
Ele deu uma gargalhada fria e a fitou. Rony permanecia imóvel.
- Você não me serve pra nada agora, garota. Vão embora, os dois, que não tenho tempo para cuidar de vocês.
Rony arrastou Hermione, que ainda encarava o rival extremamente irritada, e um tanto quanto incrédula também.
- Você entendeu alguma coisa? – indagou.
- Não, mas também não quero ficar para entender, vamos voltar logo. Rápido!
Aquela seria mais uma das noites mal dormidas de Hermione, que ficaria por horas e horas tentando concluir o que se passara com o sonserino. Que ele estava mudado, isto era fato. Mas, por quê? Talvez a resposta para suas perguntas não fosse respondidas tão cedo.
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Quando Rony chegou no quarto, Harry era o único que ainda estava acordado. Encontrava-se coberto pelo lençol, com sua varinha iluminando por baixo. O ruivo foi se aproximando lentamente e, de supetão, puxou o cobertor. Harry guardou um pergaminho muito rapidamente dentro do livro que fazia de apoio.
- O que você está fazendo aí embaixo? – questionou, abobado.
- Eu que pergunto! O que você está fazendo lá fora até esta hora? – retrucou.
Aquela pergunta certamente desconcertou Rony.
- Er... Bem... Você sabe... Estava vistoriando os corredores, esses novos alunos andam dando muito trabalho, respondeu mais vermelho que um pimentão maduro.
- Muito bem! Então já que chegou tão tarde, deveria ter tido o mínimo de bom senso e visto que eu não queria ser incomodado! – brigou.
- Tá, me desculpe... É que, você sabe... Todo dia acontece uma coisa diferente com você, eu pensei que...
- Pensou errado, então! Boa noite! – e virou-se para o outro lado da cama.
- Nossa! O que foi, hein? Não fiz nada de mais... Me desculpe, tá! – devolveu Ron, desapontado.
Harry nem se deu ao trabalho de mexer. Era nisso que dava tentar ajudar um amigo. Ele queria fazer uma surpresa da carta que escrevia para Hermione e o pateta quase estraga tudo. Mas, graças a Merlin, o ruivo nem desconfiou o que ele estava fazendo.
O garoto com a mais famosa cicatriz do mundo bruxo acabou dormindo sem praticar oclumência, o que não podia ser nada bom. Tão logo dormiu, começou a sonhar.
Harry andava por um lugar muito bonito. Um campo tão verde quanto sempre sonhara em viver. O céu estava maravilhosamente multicolorido, uma brisa mexia delicadamente nos seus cabelos. Ao longe, ele podia avistar uma pequena casa; simples, mas aparentemente aconchegante. Ao se aproximar, várias borboletas o rodeavam, lhe arrancando risadas.
A porta daquela casa estava entreaberta, um certo cão havia acabado de entrar ali. Harry empurrou a maçaneta e havia uma pequena mesa, cuidadosamente arrumada, assim como o resto da sala. Havia um homem sentado em uma das cadeiras, profundamente entretido com um livro. De longe, podia-se ver que era um álbum de fotos. O bruxo aproximou-se lentamente, seu estômago se contraiu.
- Sirius?
E o padrinho se virou, com um largo sorriso e fechou o livro rapidamente. Levantou-se e deu um longo abraço no afilhado.
- Você não sabe como eu senti saudades, Harry.
- Eu, eu... Pensei que tinha morrido, Sirius! – disse, com os olhos cheios de lágrimas de alegria.
- Não pense nisso, Harry. Venha, tenho uma surpresa pra você.
E pegou o garoto pelo braço, levando-o por uma escada de madeira escura. Ao chegar no segundo andar, Harry pôde ver algumas portas. Mas uma réstia de luz saia por baixo de uma delas, cuja Siriu apontou:
- Vá, Harry! Está lá, vá lá ver a surpresa! – sorriu.
Harry retribuiu o sorriso e girou a maçaneta. Ao abrir a porta totalmente, uma luz branca muito intensa feriu seus olhos. Antes que pudesse abri-los para tentar acostuma-los à forte luz, alguém beijou-lhe a testa.
- Como esperei por esse momento, meu filho. Como esperei.
Era Lílian. Harry mal sabia como não sufocou a mãe, tão forte o abraço que lhe deu, tantos foram os beijos.
- Eu te amo, mãe. Eu te amo!
- Eu também, meu filho.
- Onde está meu pai?
- Ele não pôde estar aqui, meu filho. Mas logo vai estar chegando.
O garoto saiu arrastando a mãe pela mão e a levou escada abaixo.
- Sirius, Sirius! É minha mãe, minha mãe! – festejava.
Sirius e Lílian se olhavam felizes, gratos por terem feito tão boa surpresa a Harry. Mas o garoto logo percebeu que, para sua felicidade estar completa, estava faltando uma pessoa.
- Onde está a Gina, mãe? – questionou.
A ruiva olhou para Sirius com olhar de grande pesar, que retribuiu com uma expressão de consentimento.
Lílian apanhou o livro que Sirius apreciava tão concentrado antes, folheou-o e o entregou a Harry numa certa página. O garoto pegou o álbum, desconfiado, e viu o que havia ali. Uma linda foto de Gina, com uns dizeres em baixo: “Ginny, para sempre em nossos corações...”.
- Nãããããããão! – gritou.
Saiu desesperado pelo campo, aos prantos, gritando como louco.
- Nããããão! Por que fizeram isso comigo? POR QUÊ? – urrava.
De repente, Harry estava numa atmosfera turva, ele não conseguia distinguir mais nada à sua frente. Faltava-lhe o ar. Ele sentia sua vida indo embora, à medida que algo muito gelado o envolvia.
- Harry! Acorda! Acorda, Harry! Gente, ele não acorda, ele não acorda! – gritava Rony, desesperado.
O ruivo colocou a cabeça sobre o peito do amigo, tentando ouvir algo, como batimentos cardíacos ou respiração. A essa altura, todos do quarto já estavam acordados, mortificados com a situação.
Ron, com ajuda de mais dois, levantou o corpo inerte de Harry. Ele o sacudia, desesperado, esperando que ele se reanimasse. A agonia já começava a tomar conta de todos, que tinham os olhos cheios de lágrimas. Alguém veio e jogou toda a jarra de água no rosto pálido do garoto, que finalmente esboçou alguma reação. Rony abaixou a cabeça dele para o chão, quando notou que dali viria algo nada agradável: provavelmente Harry vomitara o que comera desde o primeiro dia em Hogwarts.
Quando se recuperou, começou a chorar aos soluços. Rony nunca o tinha visto daquela maneira. Harry quase não chorava, essa era a verdade. Sempre guardou tudo para si. “Deve ter sido algo muito grave para ele ficar assim”, pensou. Aquela seria, mais uma vez, uma noite longa para Harry e seus companheiros de quarto.
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- Harry, você precisa comer! – insistia Gina.
Ele permanecia cabisbaixo, com os olhos marejados. Sua namorada estava penalizada com a situação, até agora não sabia direito o que havia acontecido durante a madrugada. Quando ninguém esperava, Harry levantou-se da mesa e saiu correndo, deixando o café da manhã intocado. Gina o seguiu.
- Harry, me espere! Por favor!
Ele parou de correr e abaixou a cabeça. Gina o alcançou e quando pôde ver seu rosto, ficou chocada com o seu choro.
- Harry, o que foi? Me conta o que aconteceu, por favor! – insistia.
- Eu nunca vou ser feliz completamente, Gi... Nunca! – lamentava.
- Pára com isso, Harry. Claro que vai! Eu estou aqui e eu... Eu te amo. Eu te amo muito!
A primeira reação do garoto foi de susto, afinal ainda não tinha ouvido aquilo da boca de Gina, embora tivesse certeza dos seus sentimentos. A segunda foi abraçá-la forte e pedir chorando, ao seu ouvido:
- Então jura que nunca, nunca vai me deixar!
- Nunca, Harry. Nunca vou te deixar.
E o beijou docemente, limpando as lágrimas do seu rosto. Ao longe, Draco observava a cena com ar de satisfação, e dizendo para si mesmo:
- Perfeito!
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- Harry, ainda acho que você deveria falar com Dumbledore... Se não com ele, pelos menos conte o que aconteceu a alguém, sei lá, ao Lupin. Pode ser perigoso guardar isso e...
- Não, Hermione! – gritou, assustando todos os alunos da aula de Herbiologia e atraindo a atenção da Prof.ª Sprout, que o encarou contrariada. Não vou falar nada, não foi com Voldemort, se você quer saber. Além disso, se eu contar pro Lupin, provavelmente ele vai vir me censurando, dizendo que eu não pratiquei oclumência antes de dormir.
- E você praticou?
- Não! – disse entre dentes. Mas já falei que não foi com Voldemort!
- Ótimo então, Harry. Quando precisar de uma amiga então, me chame! – retrucou, aborrecida.
O resto do dia seria ainda mais tedioso do que aquela aula. Enfrentar todos aqueles candidatos a jogadores do time da Grifinória em seus testes, e muitos deles mal conseguiam voar em cima da vassoura, não era nada fácil. Felizmente, alguns eram muito bons, o que já dava boas opções para a formação do time, que em breve entraria em campo.
A única coisa que salvaria aquele dia era ver Gina. E foi o que ele fez, permanecendo com ela no Salão Comunal até bem tarde. O casal estava tão meloso que chegava a causar náuseas nos solteiros, que iam lentamente se retirando do local, tão logo só restassem os dois. Rony e Hermione, como sempre, ainda não haviam voltado da “vistoria”. Por mais que Harry só pensasse em beijos, a ruiva deixava óbvia a sua preocupação com ele:
- Harry, para uma guerra iminente, você não acha que está tudo muito calmo? Quero dizer, não há nada de inusitado acontecendo e... Bem... Você não acha isso tudo estranho? – perguntou, enrugando a testa.
- Eu já estive pensando nisso. Às vezes me preocupo com o fato de não termos nada de novo... Mas eu acredito que já tem gente o bastante pensando neste mesmo assunto, então sugiro que façamos outra coisa... – propôs, aproximando-se para um beijo.
- Não! Você não entende? – empurrou-o, impaciente. Eu estou preocupada com você! Sei que esses pesadelos não estão certos, tenho medo de que possa ser outra cilada novamente... E não suportaria te perder... – revelou, os olhos marejados.
- Você não vai me perder, Gi. Eu já te falei isso! Agora vamos parar com essa conversa...
Ela sorriu relutante, e lhe retribuiu mais um beijo.
Aquela noite ainda duraria tanto quanto resistissem ao sono, que não tardaria a chegar.
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Dias depois...
- Todos vocês, não deixem de ficar atentos nem por um segundo com o balaço, nenhum de vocês tem idéia do que é ser atingido por um. Ron, seja cauteloso e não deixe nem mesmo uma mosca passar por você, quanto mais a goles, ouviu bem? Gina, será fácil driblar a defesa com sua rapidez, apenas fique confiante. Os demais... Bem, os demais joguem bem! Chega de repetir o que falei durante os treinamentos! – orientou o recente capitão da Grifinória no primeiro jogo que faria sob tal título e com tão novo time.
Cho encarava Harry com aquele sorriso irritante de “Você não tem chance!”. Ele ficava desconcertado, principalmento sob os olhares de acusação de Gina, mas tentava não se desconcentrar no jogo que estava prestes a acontecer.
Estava tão absorto que mal percebeu que, especialmente para o primeiro embate do ano, estava lá Dino Tomas para narrá-lo.
“E começa o jogo, o primeiro do ano, Grifinória contra Corvinal! E a galera griiiita! E lá está ele, o menino que sobreviveu uma, duas, três, bem perdi as contas! Vamos ver se o novo capitão da Grifinória sobrevive a esse jogo! Ele tem a importante missão de capturar o pomo e vencer esse primeiro desafio!”
E a cada palavra do locutor, mais a torcida berrava.
“Do outro lado, está a bela, por que não dizer, esplêndida Cho Chaaaaang! (EEEEEEEE) E por que não dizer, a ex namorada do apanhador do outro time!” (E todos gritaram: UUUUUUU).”
Mcgonnagal o olhou com uma cara nada animadora.
“Opa, opa, opa! Vamos deixar isso pra lá, porque o jogo está para começar! (EEEEEEEEEE)”.
Neste momento, Cho se aproxima de Harry e diz:
- Que vença o melhor! – e lhe dá um aperto de mão e um olhar claramente malicioso.
Ele não deixa por menos:
- Então nós já sabemos quem vencerá! – avisou.
“Opaaaaaaaaa! Parece que têm umas faíscas saindo por ali! Será que terermos uma briga antes do jogo? Ah, mas tapa de amor não dói!” – gritava Dino, que só parou quando viu que uma certa ruiva lhe lançava um olhar assassino.
“E finalmente tem início o jogo! Corvinal começa com a posse da goles. Os jogadores facilmente aproximam-se dos aros defendidos pelo “rei” Rony Weasley! AAAAAAAAAA, quase, quase! (A torcida grifinória solta um suspiro de alívio). Cuidado, jovem Weasley, senão logo fará jus ao seu título! (UUUUUUUUUU). Opa, desculpa aí, garera... Mas vamos continuar... A caçula Weasley tem a posse da goles e... Oh! Por Merlin (OOOOOOOOO) Que jogo sujo, Corvinal! Quase derrubaram a primeira dama da vassoura!”
Harry até então não tinha movido uma só palha. Ele não imaginava que a função de capitão fosse lhe sugar tanto, ainda mais com Gina no time. Ele não sabia se jogava ou se olhava por ela. Quando viu que um corvinal quase a derrubou da vassoura, voou rapidamente para onde estava.
- Gi, você está bem? – perguntou, preocupado.
- Estou, Harry. Agora vá! Olha lá! – apontou.
O que Harry viu foi de lhe revirar o estômago. Cho estava prestes a pegar o pomo, próxima às arquibancadas. Sua Firebolt nunca teve tanta serventia. Em segundos ele estava ao lado da outra apanhadora.
“Enfim Harry Potter acordou, minha gente! Pensei que ele iria entregar o jogo de mão beijada ao seu antigo amor!”, gritava Dino. Gina chegou a parar. A vontade que tinha era de jogar a goles e parti-lo ao meio, será que ele não tinha o mínimo de respeito por ela? Ela chegou a ultrapassar ao que comumente acometia a sua família: o rosto completamente vermelho, formando uma perfeita combinação com a cor dos cabelos, ficou roxo. Mas não deu muito tempo para remoer o ódio, pois seu companheiro de time logo a acordou do transe, gritando:
- Cuidado com o balaço, Gi!
A única coisa que deu tempo de fazer foi ficar pendurada pelas mãos na vassoura, ou o balaço, ironicamente, a teria partido ao meio.
“Preste atenção no jogo, Ginny! Ou logo fará companhia às poções da enfermaria!” – avisava Dino. “Mas olhem só pessoal! É o Harry lutando bravamente com Cho para ver quem pega o pomo de ouro primeiro! Há instantes podia julgar o jogo ganho para a Corvinal e... Gooooooool! Gol da Grifinória! Éééééééé, Ginevra Weasley!” – comemorava.
Harry apenas deu uma olhada para trás e acenou com o polegar para Gina. Estava totalmente concentrado em pegar o pomo. Quando viu que a distância já era ideal, esticou o braço o mais que pôde e praticamente encostou na pequena esfera. A teria pego, não fosse a cutucada com o cabo da vassoura que Cho deu nele, fazendo-o voar por alguns metros.
- Não vai ser tão fácil assim, Harry Potter! Dessa vez, eu vou vencer!
Ele apenas fez uma careta de dor. Agora todas a atenção das arquibancadas estavam voltadas para eles. Harry continuou, resignado, a seguir o pomo. Não tão resignado quanto sua oponente, no entanto. Por ironia do destino, lá estava ele debaixo das arquibancadas, novamente, como fora naquele jogo contra a Sonserina, em que teve que enfrentar Draco Malfoy na busca pelo pomo.
Mais uma vez ele se aproximou da esfera de 150 pontos, aquela que terminaria aquele suplício. Esticou o braço mais uma vez, com Cho ao seu lado, e quando estava prestes a finalmente alcançá-la, teve que desviar bruscamente de uma ripa de madeira que sustentava a torcida. Com isso, perdeu o contato com o pomo e sua concorrente, que voavam velozes à frente.
Tirou o máximo de vantagem que pôde de sua vassoura, infinitamente melhor que a de sua adversária, e novamente aproximou-se dela. Mas a cada aproximação, Cho o empurrava com o cabo da sua, afastando-o de seu objetivo.
- Eu avisei que você não vai conseguir, Harry. A menos que...
- A menos que o quê? – perguntou, espantado.
- A menos que... Eu quero um beijo, Potter. Um beijo depois do jogo, e o pomo é todo seu.
- Você deve estar brincand.. Ai! – foi novamente golpeado.
- Eu estou avisando, Harry. Eu sei que não terá coragem de me derrubar daqui, eu também não vou deixar você se aproximar do pomo... Então... Vamos, Harry. É só um beijo.
- Você só pode estar louca, Cho. Eu jamai... Ai!
- Você é um cabeça-dura mesmo, Harry. Ela não vai saber, eu prometo! – argumentava.
- Nunca! Nunca trairia a Gina! – indignou-se.
- Quem não trai é traído, Harry. Agora, vamos. Não resista. Vai ser um segredo só nosso. Prometo.
- Não! Já disse que não! Entendeu ou quer que eu desenhe também?
- Tudo bem, então. A escolha é sua.
Ele mal podia acreditar no que estava ouvindo. Cho Chang fazendo uma proposta daquelas? O que diabos havia acontecido com ela? A única coisa que sabia era que, se sua dignidade estava em jogo, de nada valia vencer o outro time de forma ilícita. Se ela queria ganhar, ela ganharia. Mas a pobre garota estava tão entretida com seu objetivo que não notou que um balaço vinha em sua direção e a atingiria em cheio. A chinesa voou no ar como folha de papel ao vento (N/A: YES!), deixando vago o caminho de Harry até o pomo. Pegá-lo foi questão de instantes.
“E vence a Grifinória, no primeiro jogo do ano! E o menino que sobreviveu se garante mais uma vez! (EEEEEEEE, Grifinória, Grifinória!). E sai Cho Chang de campo, levada às pressas à enfermaria, gravemente atingida pelo balaço”.
Todos se juntavam em cima da garota, que desmaiara com o impacto. Rapidamente, dois rapazes da Corvinal a levaram à Ala Hospitalar. Os jogadores da Grifinória seguiram atrás, preocupados. Até Gina imobilizou-se com o acontecido.
A pequena multidão se juntou à porta da Enfermaria, esperando notícias. Parecia não haver nenhum movimento lá dentro, não se ouvia barulho algum. Minutos depois de agonia, Madame Pomfrey sai lá de dentro, aparentemente exausta.
- Não se preocupem, garotos. Ela vai ficar bem, agora podem ir. Vão, vão!
- Mas, Madame... O que ela teve? – perguntou Harry.
- Não se preocupe, Harry. Ela quebrou uma costela e a perna, mas nada que eu já não tenha dado um jeito. Agora vá!
- Tudo bem.
Gina abraçou Harry, fez uma cara de pesar e falou:
- Você não tem culpa. Não fique assim...
- Eu sei... Ela estava muito determinada em ganhar o jogo... Mas não é isso.
- Então o que é? – questionou, desentendida.
- Não sei bem ao certo. Vem, deixa pra lá. Ela já está bem, o jogo está ganho, é isso que importa.
Harry deu um sorriso e um beijo na testa da ruiva, que o abraçou forte. Ele não conseguiria tirar da cabeça aquilo que sua ex-namorada havia falado, jamais imaginara que ela chegaria a tal ponto. Tudo isso era uma questão de desprezo, então? Se soubesse disso, teria feito ela pensar que ele ainda sentia algo, só assim ela não o encararia como um desafio.
Quando se lembrou que ainda tinha que terminar de escrever a carta à Hermione (Sim, porque quanto antes entregasse, melhor seria para Rony) e ainda teria uma aula de Oclumência no final do dia, decidiu que o melhor depois daquele jogo era descansar um pouco. Gina não ficou nada satisfeita com a notícia:
- Ah, Harry. Temos tão pouco tempo para ficar juntos, vai… Fica aqui comigo... – implorou.
- Não seja injusta, Gi. Até no time de quadribol você está, a única coisa que ainda não fazemos juntos é assistir as mesmas aulas. Eu só preciso de um descanso. Só isso. Nos vemos mais tarde, após a aula com Lupin. Prometo! – disse, dando um beijo doce nos lábios dela.
- Você é mesmo esperto, hein? Me dá uma notícia dessas e vem com um beijinho depois. Deveria se envergonhar, Harry Potter! – indignou-se.
Quanto mais ela falava, mas ele se divertia com a sua raiva. Acabou deixando a garota falando sozinha, seguindo seu caminho para o dormitório. Lá, se pôs a escrever novamente. Harry escolhia cuidadosamente as palavras a escrever à Hermione, não poderia haver nenhuma possibilidade de ela recusar o seu amigo. E achava que estava sendo muito bom nisso; talvez se não tivesse namorando, não tivesse tanta inspiração. Mas palavras de amor eram o que não lhe faltava naquele momento.
Finalmente, depois de longos minutos, estava pronta a carta. Era só Rony passa-la a limpo e entregar a ela. E o destino dos dois estava selado. Ele olhava para a carta satisfeito, com se ela fosse uma obra-prima, algo que jamais conseguiria igualar. E antes mesmo que pudesse sair para procurar o amigo e lhe contar tudo, este entrou no quarto.
- O que está fazendo aqui, Harry?
- Salvando a sua vida, meu caro. Leia só isso.
E entregou a carta, que Rony leu abismado.
- E você, por acaso, está esperando que eu entregue isso a ela?
- Não. Não estou esperando, você vai entregar e ponto, avisou, irredutível.
- Mas, Harry... Eu...
- Sem mais, Ron. Quando eu voltar da sala do Lupin, quero essa carta passada a limpo. Ouviu bem? E vê se capricha nessa letra, Ron.
- Mas...
- Tchau, Ron. Tchau! – e saiu, batendo a porta.
Rony encontrava-se num beco sem saída. Mas não imaginava que era aquilo que Harry planejara todo o tempo, uma carta. E agora, não havia escapatória, ele teria que revelar tudo ou o amigo não o perdoaria. E ali permaneceu o ruivo, com a carta na mão, sem saber o que fazer.
******************
- Professor? Posso entrar? – perguntava Harry, esticando o pescoço para dentro da sala de Lupin.
- Claro que sim, Harry. Entre e sente-se, por favor, convidou, apontando a poltrona da sala.
- Professor, acho que já estou preparado para uma aula mais “agressiva”, se é que me entende. Acho que desde a nossa primeira aula, já estou bem melhor.
- Você tem toda razão. Não podemos adiar mais isso. E também estou certo que agora você é capaz de se concentrar e esvaziar sua mente tão rápido quanto é necessário, e é isso que faremos agora. Venha, fique de pé.
Harry postou-se de pé, em frente ao professor e o encarou. Lupin mal esperou que ele respirasse e gritou:
- Legilimens!
O garoto foi realmente pego de surpresa. Fez um esforço imenso para que Lupin não penetrasse sua mente. Tanto que chegava a sentir sua pernas fraquejando, as forças saindo pelas pontas dos dedos. Entretanto, depois de alguns instantes, viu algo realmente intrigante.
Harry andava por um quarto, muito aconchegante, delicadamente decorado. Ele podia ver que Lupin estava sentado a uma escrivaninha, lendo um livro muito espesso. Seu pai estava sentado na beirada da cama Quando ia se aproximando para ver em que ele tanto se concentrava, uma linda mulher entrou no cômodo. Era sua mãe. Ela estava linda.
Lílian aproximou-se de Lupin e perguntou:
- O que está fazendo com esse livro de novo? Venham, os dois, o jantar está pronto!
- Já vou, querida. Venha aqui.
Harry estava achando aquilo tudo muito estranho, porque Lupin a chamara de querida? Por que seu pai nem se mexeu? Chegava a sentir o sangue fugir de seu rosto.
Antes que ele pudesse se preparar, presenciou uma cena que o deixaria marcado para o resto da vida: Seu professor se levantara, pegara sua mãe pela cintura e lhe dera um beijo. Lílian o empurrou, olhou pra baixo e depois o encarou:
- Não dá, eu não consigo! – e saiu correndo, batendo a porta.
Uma revolta tão grande lhe atingiu o peito que ele mal conseguia respirar. E a falta de ar logo lhe derrubou ao chão. Acordou apenas minutos depois, com Lupin dando tapinhas em seu rosto, para que acordasse.
- Harry! Acorda!
Ele acordou completamente atordoado. Quando viu o professor em cima dele, o empurrou com todas as forças e gritou:
- Sai de cima de mim, seu canalha!
- Calma, Harry. Você conseguir adentrar a minha mente, e isso é incrível. E... Não é o que você imagina. Eu posso explicar!
- Pára com essa ladainha ridícula que “pode explicar”! Você deve achar que eu sou uma criança idiota? Me larga! ME LARGA!
- O garoto saiu correndo, batendo a porta. Lupin sentou no chão, as lágrimas corriam pelo seu rosto. “Não faça isso, Harry. Você tem que entender!”, pensava. Mas era irreversível. O professor tinha conseguido para sempre o ódio dele, que era tão querido.
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