O mistério da câmara
Os dois já estavam em silêncio há um bom tempo, quando Harry finalmente falou:
- Gina, eu não queria que isso acabasse nunca. Nunca mesmo.
- Nem eu, nem eu!!! – completou, abraçando-o bem forte.
- Eu gosto muito de você, mais do que imaginava. Queria te pedir desculpas por tudo que já fiz...
- Tudo bem, Harry. O que importa é que agora estamos aqui, juntos. Eu também gosto muito de você... – ela o beijava carinhosamente.
- Eu queria te falar uma coisa... Mas não sei como! – faltava-lhe coragem.
- Pode falar, Harry! – ela estava ansiosa por aquele pedido.
Harry a admirava em sua cama como se ela fosse uma jóia rara. Então resolveu falar:
- Você é muito linda, Gina – era incrível como ele conseguia olhar tão fundo nos olhos dela.
- Ah, Harry... – falou, envergonhada. Era isso?
- Não, não era só isso... Gina, quer na-mo-rar co-mi-go? – desembuchou.
Ela nem ao menos respondeu. O beijo que os dois trocaram foi o se precisava ouvir. E, para eles, os beijos e os carinhos eram suficientes. Foi daquele jeito que os dois adormeceram, abraçados, desejando que aquele momento não acabasse jamais.
***
O coração de Hermione batia forte. Logo ela viu Piggy vindo em sua direção. Parecia que, mesmo com a capa de invisibilidade, o medo de ser descoberta ainda existia. Mas, é claro, o elfo doméstico não percebeu a presença da bruxa. Tirou uma chave dourada debaixo de suas vestes e abriu a grande porta com dificuldade. Hermione se encheu de entusiasmo “Finalmente descobrirei o que há lá dentro”.
Ela não demorou a seguir os mesmos passos da criatura. Rapidamente, transpôs a porta com muito cuidado ou talvez não tivesse uma oportunidade como aquela novamente. Mas, antes que se esquecesse, pegou a chave e a guardou dentro de suas vestes.
Piggy inspecionava o cômodo cuidadosamente. Hermione, por sua vez, não tirava os olhos daquele objeto, a fonte da luz esverdeada, que estava tirando a sua tranqüilidade há dois dias. Ela nunca havia visto aquilo ao vivo, mas sabia muito bem o que era; Harry havia contado em detalhes a aparência do objeto: uma penseira.
Hermione sabia que deveria ser rápida. Logo Piggy terminaria sua vistoria e notaria que a chave não estava mais na fechadura. Com o coração aos pulos, Hermione parou em frente à penseira. Ela tinha dúvidas se deveria ser tão bisbilhoteira, mas também, se não visse o que havia lá dentro, não teria paz. Ela não podia ter medo, afinal era uma grifinória.
Com toda a coragem que conseguiu juntar, Hermione colocou sua cabeça dentro daquela substância, era uma sensação estranha que jamais havia provado, como se estivesse num redemoinho. Em instantes, pôde ver os pensamentos de alguém.
Era uma cena estranha: havia uma mulher sentada num canto de um quarto branco, cuidadosamente decorado, chorando muito. Ela implorava:
- Por favor, não façam isso, por favor!
Mas ela pedia baixinho, como se não quisesse ser ouvida. Hermione assistia a tudo estarrecida, ela sabia quem era aquela mulher, já havia visto em fotos: Lílian Potter. Assustada, ela se virou para ver quem eram as pessoas a quem a mãe de Harry implorava tanto. Ela viu uma cena assustadora: Tiago e Lupin, um com a mão sobre a cabeça do outro, lendo em voz alta um grande livro sobre cada uma de suas mãos, como se estivessem em transe.
Ela não conseguia entender o que eles falavam, era muito rápido e embolado. À medida que repetiam o que liam, aceleravam o ritmo. Com as mãos trêmulas, Hermione aproximou-se dos dois. Ela olhava para trás, Lílian estava aos prantos. Finalmente, chegando mais perto, conseguiu ler o título do livro em sua capa cravejada de esmeraldas: O livro das magias e rituais proibidos de Merlin. Hermione chegou a ter um arrepio e, quando ia conseguindo ler as primeiras palavras do ritual, os dois desabaram no chão, desmaiados, e o livro se fechou.
- Não! – ela gritou, mas ninguém podia ouvir.
Ela só conseguiu ver Lílian sair correndo do quarto, ao ouvir o choro desesperado de um bebê. Foi quando se lembrou de que também tinha que voltar ou descobririam o que estava fazendo.
Rapidamente, retirou a cabeça de dentro da penseira, colocou a chave de volta na porta e começou a correr. A porta do recinto estava escancarada, ela sabia que Piggy deveria ter ido chamar Dumbledore e não seria uma capa de invisibilidade que a iria proteger frente àquele grande bruxo. Em questão segundos, ela saiu do corredor, sem nem mesmo ilumina-lo com sua varinha, tamanha era a pressa e o cuidado para que ninguém a visse.
Assim que chegou à saleta das escadas, ouviu passos vindos do corredor que levava ao quarto de Dumbledore. Ela ouvia uma vozinha desesperada e presumiu que era Piggy se desculpando por ter perdido a chave. Escondeu-se, então, atrás de um grande móvel e assim que os dois passaram, correu para o seu quarto.
Hermione estava em choque. Fechou a porta do dormitório e mal podia se mexer. Apesar de toda a astúcia que tinha, não conseguia concluir absolutamente nada sobre o que tinha acabado de ver. “De quem é aquela penseira? O que ela faz aqui? O que Lupin e Tiago estavam fazendo? Por que Lílian chorava tanto? O que era aquele livro que ela nunca havia ouvido falar?”. Ela havia conseguido ler algumas palavras “Homo sui principalis naturam sequitur, Homo sui principalis naturam sequitur...”, aquelas palavras se repetiam em sua cabeça, o que será que elas significavam? Eram muitos questionamentos, e aquela noite seria longa...
***
Mal amanhecia, o sol já entrava forte pelas janelas. Os olhos de Rony foram diretamente atingidos pela luz, que o despertou. Ele deu aquela longa espreguiçada e se sentou sonolento na cama. Deu um largo bocejo e olhou distraidamente na direção da cama de Harry, queria contar um sonho que teve para o amigo e esperava que ele já estivesse bem para escuta-lo. Não acreditando no que acabara de ver, olhou novamente, até estralando o pescoço. “Não pode ser!”, pensou, raivosamente.
Ele foi, incrédulo, em direção ao outro lado do quarto, onde ficava a cama de Harry, e se certificou de que não estava vendo uma miragem. O amigo estava muito bem, melhor do que ele imaginava, e Gina estava dormindo com ele. Até onde ele podia ver, os dois estavam sem roupas. Rony chegou a cerrar os pulsos, o que ele queria era acabar com os dois ali mesmo.
Foi quando o ruivo arrancou os lençóis violentamente, acordando os dois num susto.
- Rony! – Gina gritou, assustada.
A única reação que Harry teve foi entrar na frente da garota para que o irmão não a visse sem sua blusa.
- Sua... Você não tem vergonha, não? – gritava Rony, avançando pra cima da garota.
- Rony, não é nada disso que você está pensando! (n/a: Nossa, essa é de doer!!!)
- Você deve estar me achando com cara de palhaço, não é, maninha? Mas eu não sou idiota! – ele tentava a todo custo agarrar nos cabelos de Gina.
- Pára com isso, Rony! – implorava Harry.
Rony não respondeu, apenas encarou Harry com grande fúria. Começou, então, a procurar a roupa de Gina entre os lençóis.
- Veste essa roupa! Você é mesmo uma...
- Cala essa boca! – gritou Harry, agora ele apontava o dedo no nariz de Rony.
Rony se conteve. Não queria provocar uma briga maior, logo todos da casa estariam lá querendo saber porque os dois estavam brigando. Gina chorava baixinho, tremia tanto que mal conseguia colocar a própria blusa.
- Vocês tiveram sorte de eu pegar vocês antes da minha mãe, disse, friamente.
Os dois ficaram se encarando por alguns segundos, enquanto Gina ia correndo em direção à porta. Mas quanto ia abri-la, sua mãe entrou, dando-lhe um grande susto.
- O que está acontecendo aqui? – perguntava, furiosa.
Rony mal esperou a mãe terminar a pergunta e começou:
- É essa menina mãe! – Harry engoliu em seco, enquanto Gina implorava com o olhar que Rony não contasse para a Molly o que tinha visto.
- O que ela fez, Rony?
- Ela, ela... – Rony, apesar da revolta, tinha pena da irmã – Ah, mãe! Acordei de mal humor, oras! O que você acha de dormir no chão a noite inteira?
- Isso não é motivo pra você ter gritado tanto! E por que Harry está no meio da briga?
- Por que ELA NÃO CONSEGUE – ele a encarava com ódio – se defender sozinha, não é, Gininha?
Gina não conseguia esconder as lágrimas que caiam de seu rosto, e saiu correndo, batendo a porta do quarto.
- Eu não quero saber de vocês dois brigando, ouviu Ronald Weasley! E você, Harry, acho melhor não se meter, vai acabar sobrando pra você. Mas fico muito feliz que esteja bem, querido! – era incrível como Molly conseguia mudar seu tom de voz em segundos. Ah, e tratem de se arrumar logo que hoje iremos ao Beco Diagonal!
Molly saiu e os dois não trocaram nenhuma palavra. Mas Harry queria muito se explicar, não queria que o amigo pensasse tão mal dele.
- Rony, vamos conversar, cara. Eu preciso te contar o que aconteceu...
- Eu sei muito bem o que aconteceu, não sou burro – ele falava sem olhar no rosto de Harry, arrumando os lençóis de sua cama.
- Você está muito enganado. NÓS NÃO FIZEMOS NADA!
- Aham, sei...
- Acredita em mim, Rony! Eu saí para comer no meio da noite e quanto voltei, ela estava deitada num cantinho da cama... Eu pensei em te chamar, mas...
- Mas o quê? – Rony finalmente reagiu.
- Ah, Rony... Não sei como te explicar, mas eu gostei de vê-la dormindo na minha cama.
O que o ruivo queria era quebrar a cara de Harry, mas preferiu se conter.
- Sei... Aí você conjurou um feitiço de tirar roupas? – perguntou, cínico.
- Não... – agora Harry esboçou um pequeno sorriso. Não adianta eu te explicar, você não ia entender... Mas, o que eu posso te dizer é que eu gosto muito da sua irmã, muito mesmo. Mesmo que você não goste disso.
- A questão não é gostar ou não. Mas, ponha-se no meu lugar: você acorda e vê sua irmã dormindo com seu melhor amigo... Sem roupa! O que você quer que eu pense? – ele agora estava mais calmo, e conversava civilizadamente.
- Eu não quero que você pense nada. Eu te entendo. Mas pra você não pensar que eu sou um canalha, a gente está namorando.
- Hum... E quando você está pensando em comunicar para a família toda?
- Nós ainda não falamos sobre isso.
- Tudo bem, Harry. Deixa pra lá, mas eu não quero ver uma cena daquelas de novo, tá me ouvindo?
- Não se preocupe, não irá acontecer novamente.
Enfim, a conversa terminou num tom ameno. Os dois começaram a se arrumar e depois desceram para o café da manhã.
***
Gina entrou no quarto aos prantos. Hermione abriu os olhos, sonolenta. Mal percebeu o que estava acontecendo e apenas virou para o outro lado da cama. Mas a ruiva a acordou:
- Mione, Mione! Acorda! – choramingava.
- Gina! – assustou-se – O que aconteceu?
Gina conseguiu contar em poucos instantes o que havia acontecido, e uma Hermione cada vez mais pasma ia se revelando:
- Eu – não – acredito – nisso! – ela estava chocada, o sangue chegou a faltar no seu rosto. Não apenas pelo ocorrido, mas por ciúmes. Mas ela não iria deixar transparecer.
- Ah, Mione, por favor... Não brigue comigo, implorava a ruiva.
- Mas, Gina! E se sua mãe pegasse vocês dois? Acho que o Rony tinha razão... Além disso, eu também não acreditaria que não aconteceu nada, revelou.
- Como assim? Você não acredita em mim?
- Claro que sim! Estou falando que, no lugar do seu irmão, seria difícil acreditar em você, explicou-se.
- Eu sei, eu sei... Mas eu não me arrependo de nada, suspirou.
Depois da conversa, Hermione se levantou, cambaleando, e foi se olhar no espelho:
- Meu Merlin, estou parecendo um panda de tantas olheiras!
- Nossa, você tem razão! Não dormiu bem à noite?
- Não, nem um pouco... Acho que preciso descansar.
- Ah, impossível querida... Hoje vamos ao Beco! – era a senhora Weasley entrando no quarto e comunicando.
O que antes era uma ótima notícia, foi um pesadelo. Gina estava com uma ressaca moral “daquelas” e Hermione só conseguiu pregar o olho pela manhã, quando já teve que despertar. No entanto, reclamar com Molly não seria, certamente, uma boa idéia; conformar-se era o melhor caminho. Logo as duas desceram para tomar o café da manhã.
***
Todos já estavam sentados à mesa, exceto Dumbledore. Gina e Harry não paravam de se olhar e dar sorrisinhos encabulados, enquanto Hermione a beliscava de um lado. Rony, por sua vez, achava aquilo tudo ridículo, seu mau humor era contagiante. Enfim, o anfitrião da casa chegou, cumprimentando:
- Bom dia! Como vão todos?
- Beeeeem! – responderam em coro, uns rindo, outros mal levantando o rosto.
- Antes que comecemos a nossa ceia, gostaria de revelar-lhes algo. Bem, noite passada um episódio estranho aconteceu – Hermione tremeu – e eu fiquei muito surpreso de saber que temos um espião entre nós.
Todos se entreolharam, desentendidos.
- Fiquei muito impressionado com a habilidade de nosso espião, que acabou descobrindo um objeto que estou guardando aqui na casa, que não deveria ser da ciência de ninguém. Devo dizer que o objeto não oferece perigo nenhum, não se preocupem... Entretanto, SÓ DIZ RESPEITO à pessoa que me pediu o favor. Estou muito desapontado, pois o dono “desta coisa” ficará extremamente chateado quando souber do acontecido. Não se preocupem, logo descobrirei quem o fez! – ele fez uma grande pausa, olhando para a face de cada uma das pessoas ali. Sem mais, tenham um bom café da manhã!
Todos estavam com as respirações presas. Dumbledore, apesar de ter sua feição sempre serena, não deixava de esconder a decepção em sua voz. Hermione mal conseguiu comer, pensando no que lhe aconteceria quando o bruxo descobrisse tudo. Estava extremamente arrependida, mas não havia nada que pudesse fazer para solucionar o caso.
Todos logo terminaram a refeição e foram para o Beco fazer as compras. Passaram em Gringotes, depois foram direto para Floreios e Borrões. Harry e Gina estavam todo o tempo juntos e Arthur logo percebeu que estavam próximos demais. Mas preferiu não falar nada por enquanto, deixaria para contar sua suspeita a Molly, e depois falar com os garotos. E quando menos o casal esperava, Draco Malfoy, Crabbe e Goyle apareceram com aquela sua cara de nojo peculiar:
- Ora, ora, ora... Veja só quem está aqui! – desdenhou Malfoy. Os pombinhos santo Potter e a pobretona Weasley!
Harry chegou a ficar roxo de raiva de Draco, mas Gina interviu:
- Vamos, Harry. Não vale a pena brigar com esse daí! – e o puxou para outro lado da livraria.
- Nossa, tadinho... Agora ele precisa de uma garota para se defender... – ele gargalhava com os outros como se tivesse contado uma grande piada. Você caiu no meu conceito, Potter!
Harry estava bufando de ódio, mas antes que pudesse jogar-lhe uma maldição imperdoável, virou-se vagarosamente e desferiu as seguintes palavras:
- Eu caí no seu conceito, Malfoy? – perguntou, cinicamente. Imagine então como está o conceito de sua família para todos os bruxos do mundo... – Malfoy conseguiu ficar mais pálido do que era comumente – Onde é que o seu pai está mesmo? Ah, deixe-me ver... Azkaban! – ele olhava Gina, que também dava um sorriso de leve, encarando Draco com desdém - Vamos, Gina. Não há mais nada para se falar aqui.
- Você vai se arrepender disso, Potter! Vai se arrepender de ter nascido! Você, essa daí e o resto da corja que te acompanha! Aliás, cadê a sangue-ruim? Ainda não dei os meus cumprimentos a ela hoje... – os dois brutamontes que o escoltavam riam como hienas, mesmo que não entendessem o que ele estava falando.
Os dois se entreolharam. Não sabiam de Hermione desde que entraram na livraria e, por mais inexplicável que parecesse, Rony também estava sumido. Mas Harry não iria dizer para Malfoy que não sabia dos dois.
- Não te interessa onde eles estão. E chega, Malfoy. O que eu conversei com você por hoje foi o suficiente para um ano inteiro! – e saiu, deixando o loiro falando sozinho.
Apesar de estarem satisfeitos do que haviam acabado de fazer, estavam preocupados. “Onde Rony e Hermione se meteram?”.
Quase me esqueci!!! Queria dedicar esse capítulos a todas essas pessoas: Miaka, Ginny, Vitor, shadow sin, Camilla, Opa! (???), Sandoval, Vivian Raffaeli, Loony e Bia que estão sempre comentando ou pelo menos comentaram uma vez (espero nao ter esquecido de ninguém!!!). Muito obrigada pela atenção, espero postar mais um capítulo até o final dessa semana.... Ainda estou um pouco enrolada com o meu trabalho, mas logo logo tudo ficará bem! Abraço pra todos
AH, PLEASE, NAO ESQUEÇAM DE VOTAR!!! SÓ VAI GASTAR O DEDO! BRIGADÃO!
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