Uma Noite para Recordar - Pt 2
- Capítulo Quatro –
Uma Noite pra Recordar
Parte II - Verdades
Ron sentia o ar pesar e seus pulmões, inspirava cada vez mais rápido tentando conter o enorme aperto em seu peito. Preferia que Hermione o esmurrasse, gritasse ou até o azarasse. Nada seria pior do que ouvir sua voz abatida, sentir o pesar de seus passos pelo corredor, saber que ele a havia machucado, mais uma vez.
O ranger da porta velha senda aberta rasgou o pesado silêncio que envolvia a casa dos Black no momento em que Ron apagava as luzes, se escondendo na poltrona. Ele se retraiu ao perceber que ela voltava.
Pôde vislumbrar a garota chegar. De cabeça baixa, Hermione não ousou levantar o olhar por um momento sequer. Foi direto à cama colocada no meio da sala, levantou os lençóis, sentou-se e fez uma pausa ao mirar as almofadas que Ron a cedera. Ele ouviu-a respirar fundo e fungar antes de se deitar, logo tudo que se podia ver era a cabeleira castanha pra fora dos lençóis muito brancos e limpos.
Uma tímida lagrima então escapou dos olhos azuis, deslizando pela pele clara, dando de encontro às sardas salpicadas no rosto entristecido. Ron sentiu uma dor lancinante o tomar por inteiro, uma sensação de impotência completa. Levantando as mãos ao rosto, tentando esconder-se de si mesmo, ele levantou-se engolindo seco. Seus passos vacilantes ao sair da penumbra da sala. Sentia-se indigno até mesmo a presença dela.
X X X
Hermione abriu os olhos devagar, sentindo aos poucos a pouca claridade estender suas pupilas. A janela com as pesadas cortinas entreabertas deixava escapar o luar, que deixava a sala dos Black num tom azulado.
Do seu lado direito, Harry parecia já estar em seu sétimo sono. Os óculos postos sem cuidado sobre as cobertas amassadas, a respiração profunda e um ligeiro sinal de saliva escorrendo pelo canto direito de sua boca a fez ter certeza que ele de que ele estava em sono profundo, o que a fez sentir deveras tranqüila. Havia ficado surpresa e decepcionada com Harry ao descobrir que ele ainda mantinha o perigoso elo mental com Lord Voldemort. Por que ele se comportava assim? A morte de Sirius já não havia sido o suficiente para... – Respirou fundo afastando tais questionamentos. Sabia que ás vezes era dura demais, não só com Harry, mas com todos. Principalmente consigo mesma. Rony vivia dizendo isso a ela. Rony... Não queria pensar nele, mas parecia impossível... Tudo remetia àquele ruivo, tudo!
Remexeu-se impaciente nos lençóis virando-se para o lado da cama de Ron. Seus olhos ainda sonolentos se abriram inteiramente ao se deparar com a cama arrumada exatamente como ela deixara horas antes. Onde estaria Ron, por que não havia vindo se deitar? Seu coração disparou quando a mera possibilidade de Ron em perigo passou por sua cabeça, e ela levantou-se quase que instantaneamente .
Os lençóis escorregaram de seus joelhos para o chão empoeirado e ela deu um cauteloso passo adiante, esticando o pescoço para olhar o corredor. No final deste, a porta da cozinha jazia entreaberta, a luz amarelada se espalhava apaticamente pelo assoalho de madeira.
Com a varinha já em punho, Hermione caminhava a curtos e silenciosos passos em direção à porta. Redobrou a atenção ao passar pelo retrato coberto da Srª Black, e quando passou por esta deu um pequeno suspiro de alívio. Seu coração acelerou quando pensou que poderia perfeitamente encontrá-lo ali. Ele, o Comensal, o traidor, o assassino, Severo Snape. Pensou em Ron, seu coração se apertou e ela tomou a coragem para seguir adiante. Com um solavanco ela deu um pontapé na porta que se escancarou, e finalmente adentrou no cômodo, sua varinha erguida, pronta para um combate, mas a cena que presenciaria seria bem diferente de qualquer coisa que teria imaginado.
Ela sentiu choque e alívio ao mesmo tempo. Ali, na mesa onde tantas refeições e reuniões da Ordem já haviam sido realizadas, bem na cabeceira oposta, os cabelos vermelhos de Ron jaziam sobre seus braços cruzados, e ao barulho que se procedeu com a entrada de Hermione na cozinha, ele apenas levantou parte do rosto e enterrou-a de volta em seus braços. Hermione nada entendeu.
-Ron! Que susto você me deu! Pensei que estava em perigo! O que pensa que está fazendo?
A cena era um pouco surreal, diversas panelas de várias cores pendiam do teto acima do borrão vermelho na mesa, borrão que permaneceu estático. Ron não moveu um músculo sequer, sua voz saiu abafada e fanhosa como se ele estivesse muito resfriado.
-Estou bem, Hermione, obrigado.- Ao pronunciar o nome da amiga sua voz vacilou.
Hermione franziu o cenho estranhando a atitude de Ron, e deu alguns passos em sua direção.
-Você tem certeza? – Sua voz soou dócil e consternada.
-Sim, eu tenho.
Ela não se convenceu, arrastou uma cadeira para perto dele, e sentou-se na esperança de que ele ao menos levantasse o rosto para encará-la, mas ele não o fez. Sua voz ainda abafada quando ele replicou:
-Hermione , por favor, apenas me deixe sozinho.
‘Deixá-lo...’ Ela o que ela tentava fazer já há certo tempo, esquecê-lo, aceitar que o que seu coração sentia não se passava de puro engano. Mas como deixá-lo? Uma vez que ele estava ali, bem na sua frente, sua voz abatida, se recusando a olhá-la? Ela já o conhecia há sete anos, sabia decifrar não apenas suas palavras obtusas, mas seus gestos, seus olhares... E que ele não estava bem... Isso era uma certeza. Arrastou sua cadeira para ainda mais perto, e sentiu seu coração acelerar-se com a proximidade que dele tomava.
-Tem certeza que não quer conversar?
-Sim.
-Nem comigo?
-Tenho.
-Vamos, Ron... Olhe pra mim.- Ela insistia.
-Pra quê?
-Pra eu ter certeza de que você está bem.
-Mas eu já disse a você que estou bem!
-Mas eu não acredito.- Hermione estava determinada.
-Por que não? – Ron começava a se alterar, era como se guardasse no peito um leão que se controlava para não rugir. – O que eu faço pra você acreditar em mim? – Sua voz já se elevava.
-Talvez... – Ela girou as órbitas, irônica. -... me deixar ver o seu rosto?
Mais uma vez ela havia conseguido, Ron já se sentia fora de si novamente, perdia o controle, sentia o sangue esquentar seu rosto, e sem pensar muito, levantou o rosto de uma vez.
-ASSIM ESTÁ BOM PRA VOCÊ, HERMIONE? AGORA CONFIA EM MIM? – Suas mãos trêmulas se apoiavam na mesa, seus cabelos úmidos de suor deixaram-se cair para trás, permitindo a visão de seu rosto.
Hermione ficou chocada. Aterrorizada, levou a mão direita aos lábios numa exclamação contida.
-Oh, Ron... Me desculpe. – Tentava achar boas palavras em seu vasto vocabulário que a ajudassem a se redimir, mas parecia tudo em vão.
O rosto de Ron estava inchado e vermelho, assim como seus olhos. Sua íris azul-céu contrastava com o vermelho de quem passara horas chorando. Uma lágrima ainda teimava em deixar o seu queixo enquanto fitou Hermione, e os dois se encararam por um instante silencioso que pareceu séculos, até que Ron desabasse na cadeira novamente.
-ERA ISSO QUE VOCÊ QUERIA VER, HERMIONE?AGORA CONFIA EM MIM? – Ele não sabia de onde tirava forças para gritar tão alto. Tudo parecia tão terrível e confuso... A preocupação com a família, com Hermione... Agora que tudo estava realmente acontecendo, ele se sentia completamente impotente, incapaz de proteger até a si mesmo. Harry era o ‘Menino-que-Sobreviveu’, Hermione, a mente mais brilhante que já conhecera, e ele, apenas um Weasley, um bruxo pobre e desprovido de qualquer talento incrível. Tudo que conseguia fazer à garota que amava era machucá-la, por que ele sempre estragava tudo? Por quê? Ao terminar de berrar com ela sentiu como se seu coração quisesse explodir, e não conseguindo impedir que mais lágrimas viessem à tona, baixou a cabeça novamente.
Hermione estava estática, completamente paralisada com o choque. Nunca vira Ron neste estado antes, e se desesperou por dentro, não sabia o que fazer, não sabia o que dizer. Ele estava ali na sua frente, suas costas se retraíam som seus soluços, seus cabelos refletiam o brilho amarelado das lâmpadas de gás nas paredes...
Ela aproximou ainda mais a sua cadeira e estendeu a mão direita em direção a Ron, levantando o rosto úmido, tirando-lhe carinhosamente as mechas suadas da fronte. A outra mão encontrou suas costas arqueadas, e trouxe-as para um comovente abraço. Ela sentiu o contato de seu corpo com a pele quente de Ron, aconchegou o rosto dele em seu pescoço, deixando-se entorpecer pelo envolvente aroma de seus cabelos, passando os dedos pelas mechas suadas como se consolasse uma criança que acabou de levar um tombo.
Ele era quente, muito quente. Sentir a pele de Ron na sua produzia uma sensação sem igual. A respiração pesada esbarrava em seu pescoço fazendo os cabelos de sua nuca se arrepiarem eletricamente, e quando um soluço rouco de Ron encontrou seus ouvidos, ela sentiu algo além de um arrepio, arfou, seus mamilos se enrijeceram por baixo da blusa, e então ela afastou Ron de si como que para conter seus instintos mais profundos. Ele havia parado de chorar, e ela encaixou o rosto vermelho em suas mãos trazendo-o para perto.
-Ron, não está sendo nada fácil pra nenhum de nós – Seu coração se apertou ao lembrar de seus pais, mas ela respirou fundo.
Ron se recompunha, fungou, respirou fundo sentindo as mãos macias em seu rosto, sentiu-se aliviar com aquele toque, sentiu-se também um tanto nervoso, inquieto, era como se os dois nunca houvessem se tocado antes. Estava tão próximo que podia sentir o calor das palavras que ela falava tão docilmente. Logo desviou o olhar desconcertado e ajeitou a postura, desvencilhando-se de seu toque por pura timidez.
-Tudo bem... Tudo bem, Hermione. Já estou melhor – Ele mirava a mesa, as panelas que oscilavam acima de si, olhava impaciente para tudo na cozinha, menos Hermione. Era como se ele não fosse agüentar encarar aqueles olhos castanhos tão de perto, aliás como já havia constatado, quanto mais perto deles, mais o controle se esvaia em sua mente.
-Vai ficar tudo bem, Ron, estamos juntos nessa. – Ela veio no intuito de abraçá-lo novamente, e ele desajeitado, recuou levantando-se.
Sentiu um nó na garganta. Como ela ousara tocá-lo tantas vezes? Mexer com ele assim? Nunca estivera tão confuso. O que sentia por Hermione era tão verdadeiro, tão intenso, tão difícil de entender ou aceitar... Seu coração se apertava e acelerava, seus olhos se apressavam nas órbitas procurando algum alvo que não fosse a linda figura de Hermione à sua frente.
Ela pareceu perceber seu desconforto, e tomando-se de toda coragem que dispunha, o focou com atenção e agarrou o pulso de Ron, impedindo-o de se retirar.
-Ron, porque você foge de mim?
Ele congelou por dentro, ela o havia encurralado, fugir agora não era mais uma opção.
-E-E-Eu? F-F-Fu-fugir? – Gaguejou.
Hermione manteu-se firme. Seus dedos se apertavam em torno do pulso de Ron e sua voz era clara.
-Por que, Ron? É algum problema comigo? – Sua voz agora assumia um tom carregado de sentimentos ocultos – O que eu te fiz pra merecer isso?
Ron engoliu seco, sabia bem ao que Hermione se referia, e se odiava por isso. Virou-se tentando mais uma vez fugir, mas Hermione não o soltou, puxou seu pulso com firmeza, trazendo-o para perto, seus rostos a centímetros um do outro, a tensão se instalou no pouco espaço que restava entre os dois.
-Me diga Ron, por quê? – Por um momento ela achou que seu coração explodiria ali mesmo, ou que ela mesma desmoronaria no chão, repentinamente.
-Eu... – Hermione o apertava com mais força.
-Me diga, Ron!
Ele nunca se sentira assim antes. Sua mente entrou em colapso, nunca pensou que as coisas um dia chegariam a esse ponto, então, a angústia que até agora embrulhava seu estômago, subiu por seu corpo como uma erupção de sentimentos , atravessando sua garganta num ímpeto rouco, e ele levou as mãos aos cotovelos de Hermione, segurando-a com força.
-VOCÊ QUER MESMO SABER? Quer saber por que eu fujo? Porque eu não consigo nem te encarar direito, ou porque não suporto seu toque? Ou você quer saber por que eu grito e sou grosso com você a ponto de me odiar por isso?
Hermione mal respirava. As mãos de Ron seguravam seus braços com força o bastante para machucá-los, mas isso não a incomodou nenhum pouco, suportaria mais do que isso para ouvir a resposta pela qual esperava há tanto tempo.
-Você quer saber por que, mesmo eu te amando de um jeito que eu mesmo não consigo entender, eu me deixo levar pela conversinha de uma garota idiota como a Lavender? É isso?
-O que você disse, Ron? – Ela não acreditava nas palavras ditas com pesar.
-O que eu disse? Que te amo, Hermione, que eu te amo! E desde que realmente percebi isso não consigo parar de te machucar, mais e mais!
Um meio sorriso ainda descrente se formou nos lábios de Hermione, e conforme ela via Ron soltar suas palavras indelevelmente, cortou a pouca distância que ainda os separava.
As mãos de Ron , que até o momento a seguravam com firmeza, deslizaram pelos braços macios de Hermione quando ele sentiu o choque repentino dos corpos.
Num movimento súbito ela colou os corpos, e colocando as mãos sobre os lábios de Ron, calou-os num gesto único. Não havia agora outras barreiras entre eles além das mãos dela.
Os olhos de Ron se estatelaram com o gesto, agora era demais. O corpo dela colado no seu... Dava pra sentir seu calor, o acelerar de seu coração em seu peito, seu cheiro, que parecia entorpecê-lo e chamá-lo a conhecer lugares que ele sabia existir, mas pelos quais ele nunca havia tido coragem de se aventurar.
Os olhares se cruzaram se deixar espaço para dúvidas, o amor dos dois era tão grande, o que sentiam não poderia mais ser reprimido, não mais. Ela retirou a mão dos lábios úmidos de Ron delicadamente, a respiração pesada dos dois se esbarrava no ar, as pálpebras relaxavam. As mãos de Ron pareciam conter Hermione de um desmaio ou coisa parecida, era inevitável, olhavam as bocas já úmidas de desejo que se atraiam quase que magneticamente.
De repente, silêncio. Tudo que houve foi silêncio, era como se tudo houvesse parado, tudo de que Hermione lembrava era ter visto as pestanas ruivas de Ron se fecharem lentamente, e ela fechou as suas, seu coração batia tão forte que ela pensou ouvi-lo, e de repente, os lábios de Ron nos seus acabaram com uma espera que parecia ser eterna.
Doces, molhados, salgados, perfeitos... Suas mãos correram ao rosto sardento, por hora acariciando as mechas, por hora apertando Ron com toda verve, para ter certeza de que ele ainda estava ali, e de aquilo não seria apenas mais um sonho.
Ron sentia tudo dentro de si pulsar com uma intensidade fora do comum. Segurou a cintura de Hermione. Por Merlin! Como era bom tê-la em seus braços... Envolvê-la, tê-la para si. Seus lábios se moviam delicadamente sobre os seus, ele por hora tremia com medo de deixá-la escapar, trouxe o corpo dela para o seu com carinho, era como se os dois estivessem interligados elo desejo único de ser um só.
Tanto tempo passaram reprimindo tudo que sentiam... Mas não esta noite. Uma vez que seus sentimentos tinham sido libertos, nada mais os controlaria, e a noite dos dois estaria apenas começando...
CONTINUA...
N/A: aeeeeeeeee gente postei a parte II, e aviso que a III já está em produção, e eh um pouco mais ‘hot’(rsrsrsr) mas como sempre, soh posto com + coments! Fiquei muito feliz com os coments recebidos^^! E espero que continue assim ou a fic acaba por aqui msm! (autora em tom ameaçador) hehehehe.
Quero Coments!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Preciso saber se gostaram ou não!!! Se tiver uma porcaria num tem problema, pode esculachar!
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