Abaffiato!
-Capítulo Um-
Abaffiato!
Hermione desceu as escadas e deu de encontro a Ron jogado no sofá com uma vaga expressão no rosto. Ela imediatamente o tirou de suas divagações atirando nele o seu saco de dormir.
-Acorde Ronald! – o garoto pareceu não gostar da brincadeira, pois não sorriu.
-Ele está bem?
-Harry? Acho que sim, quero dizer, na medida do possível. – ela respirou fundo e se sentou ao lado de Ron – Que coisa, não? Quero dizer, a festa, seu irmão deve estar arrasado. Espero que ninguém tenha se ferido – ela baixou o olhar.
-É – Ron se aproximou de Hermione, recostando seu braço atrás do pescoço dela – Espero também que o velho vampiro desempenhe bem o seu papel.
Hermione levantou o rosto e Ron pôde ver que os olhos da garota lacrimejavam.
-Mione! Não fique assim, vai dar tudo certo – Ron enlaçou seus braços em volta da amiga – Foi um susto pra todos nós, amanhã estaremos com a cabeça melhor e planejaremos algo.
Hermione o mirou com seus olhos vermelhos e ergueu sua mão até o rosto sardento de Ron, fazendo um breve carinho.
-Fiquei com medo – ela soluçou – quando as luzes se apagaram. Medo de te perder.
Rony a olhava encantado. Mal sabia ela o quanto ele também temeu quando os comensais chegaram, e quão grande foi o seu alívio ao tê-la encontrado em meio a multidão em pânico. Ele pressionou levemente o seu corpo contra o dela, uma mão acariciando as volumosas madeixas castanhas, a outra enxugando seu rosto.
-Você nunca vai me perder, Mione. – Ele a olhou com ternura, e o olhar foi retribuído. Seus rostos se aproximavam quando um ruído invadiu a cena.
- Hrrm Hrrrm – Harry descia as escadas devagar, pigarreando propositalmente.
Os dois se afastaram imediatamente. Ron levantou-se bruscamente fingindo se espreguiçar, e falou:
-E então, Harry?
-Acho melhor irmos dormir. Amanhã será um dia muito longo – Sua cicatriz ainda ardia brandamente e ele estava exausto.
-Trouxe sacos de dormir, mas com o calor que está – Hermione tirou a varinha de seu bolso – melhor recorrer a uma opção mais fresca – e conjurou uma pequena pilha de lençóis brancos.- Também acho melhor dormirmos todos aqui na sala mesmo. Assim, se alguém...
-Snape – Interrompeu Harry.
-É. - ela prosseguiu - Se por acaso ele resolver nos visitar no meio da noite, acordaremos com os feitiços de Moody.
-OK – Harry encerrou a conversa se jogando em baixo dos lençóis. – Boa Noite, então.
Hermione retirou as almofadas do sofá, colocando uma pra cada um embaixo dos lençóis, mas Ron devolveu a sua.
-Ron, essa é a sua, pegue.
-Não, Hermione, não preciso. Fique com ela, por favor. – e depois de muitos ‘não, Ron’ e ‘por favor, Hermione, eu insisto’, ela finalmente colocou a almofada sobre a outra que já tinha, e o olhou com um olhar meio bobo.
-Melhor testarmos esse cara aqui, Harry – Ela virou o rosto para a sombra inerte de Harry no chão - Está gentil demais, talvez um comensal educado tenha tomado a poção polissuco – eles riram , mas não Harrry.
-Harry, ei, Harry! – Rony verificou por baixo dos cabelos rebeldes do amigo, e viu seus olhos já fechados, imperturbáveis. – Cara! Ele devia estar mesmo exausto! – virou-se para Hermione – daqui a pouco começa a roncar...
-Pare de bobagens, Ronald. Você também devia estar exausto, ou andou fugindo do serviço d’A Toca?
-O quê? Agora que você me lembrou acho melhor dormir também – disse já bocejando e se ajeitando em cima dos lençóis – E você, não vem? Não me diga que ainda vai se enfiar naqueles livros, especialmente aquele inútil que Dumbledore te deixou?
-Pois deveria, Ronald, mas isso vou deixar pra amanhã, vou escovar meus dentes, Boa Noite.
-Boa Noite – Murmurou Ron.
Hermione atravessou o corredor estreito que dava acesso ao banheiro, viu como a casa continuava imunda apesar dos esforços da Srª Weasley, e abafou um gritinho ao ver um pequeno rato que se esgueirava por um buraco no assoalho. Ao chegar no banheiro, mirou-se no espelho e largou os ombros, cansada. ‘Que dia’ pensava. Estava tudo tão maravilhoso, ela nem acreditou quando Ron a tirou bruscamente de Krum, e como dançaram na casamento... Havia sentido seus corpos colados um no outro, e foi como um sonho, tudo que ela sempre sonhou que Ron fizesse. Mesmo durante o Baile de Inverno, ela lembrou.
Mesmo naquele fatídico baile, no qual viu Ron sobre os ombros fortes de Krum, e ele estava lá, sentado emburrado, imaturo como sempre. Nunca saberia do quanto ela queria que ele a tirasse dos braços do Búlgaro e a tomasse pra sempre, e ser só dele, sempre...
Ela bufou, queria afastar esses pensamentos. Era tudo de que ela menos precisa agora, ficar vulnerável a Ron, não agora. Ela precisava ser forte, era um momento de grande perigo pra todos. Mas porquê não lhe saía da cabeça? O jeito com que Ron falou com ela, o jeito com que a olhou quando disse que ela nunca o perderia... Ela lavou e guardou sua escova de dentes cuidadosamente – como seus pais sempre ensinaram – e voltou pelo corredor em direção a sala de estar. Amanhã seria um longo dia, e ela precisava de uma boa noite de sono.
Ron viu a sombra de Hermione chegar e se ajeitar nos macios e perfumados lençóis ao seu lado, ouviu sua respiração, vislumbrou a garota que soltou seus volumosos cabelos e finalmente se deitou, com as costas viradas para o ruivo.
‘Será que ela não percebe?’ Ele se perguntava. ‘Eu a quero tanto... E ela praticamente se atirou nos braços daquele brutamonte quando o viu na festa. Será que ela não enxerga? O quanto eu sempre a quis... – E se arrastou sobre os lençóis, ficando mais perto da morena, tentando sentir seu perfume, ou ao menos um pouco do seu calor, tomando cuidado pra que não a acordasse.
Hermione se cobriu e deitou-se mesmo sem muito sono, sentia Rony ao seu lado, queria poder abraçá-lo até adormecer, passar seus dedos pelos cabelos cor de fogo, sussurrar palavras doces no ouvido dele, se recolher num abraço demorado e renovar as esperanças da vitória no fim da guerra. Mas não, não faria isso, mais uma vez, ela dormiria e apenas sonharia com o dia em que sentisse alguma resposta, algum sinal sincero de que seu amor era correspondido. E enquanto ela não via essa resposta, uma lágrima silenciosa molhou o lençol branco, um sinal de que seria apenas mais uma noite solitária.
Ron se aproximou ainda mais. Ouviu uma respiração profunda e lenta ‘Ela já deve ter dormido’ Chegou ainda mais perto agora, sentindo o perfume dos cabelos castanhos e macios, se entorpecendo com o fato de estar tão perto. E conforme ele se aproximou, sentiu a respiração de Hermione ficar mais rápida, e se constrangeu ao pensar se ela estava acordada o tempo todo, se ela sabia o quanto que ele tinha se aproximado, e numa falta do que dizer, murmurou:
-Hermione, ainda está acordada?
Ela tinha esperado, e tinha sentido cada movimento que ele havia feito, sentiu ele aspirar o ar sentindo seu perfume, sentiu o ar quente que saia de sua boca esbarrar inocentemente em seu pescoço, e se arrepiou dessa vez. Não tendo como disfarçar, respondeu quase que como um soluço:
-S..Sim. – E se virou para ele, agora um de frente pro outro, seus rostos muito próximos, e tão vermelhos, que dava pra se ver mesmo na penumbra da sala, iluminada precariamente por um velho abajur empoeirado.
Rony Wealsey, completamente sem jeito, fico escarlate, e fez menção de recuar, mas sentiu Hermione encostar delicadamente em seu braço.
-E..eu – Olhou pros olhos castanhos e ficou hipnotizado – Não sabia que você estava acordada.
-Não tem problema – Ela fingiu não ter percebido o jeito com que ele se aproximado.
Os dois permaneceram em silêncio por alguns segundos, ambos sem saber o que dizer, então Ron conseguiu pronunciar uma palavra:
-Preocupada?
Hermione parecia imersa em pensamentos longínquos, olhava para Ron mas não prestava atenção ao que ele falou. Era muita coisa ali pra se ver e se admirar, muito mais do que palavras. Os olhos azuis, nos quais ela queria tanto mergulhar, e até se afogar, as sardas que pareciam ter sido salpicadas detalhadamente, de um jeito que só destacava o sorriso inconfundível daquele imaturo, irresponsável e.. lindo Ron Weasley.
-Como? – Ela retrucou como se acabasse de acordar.
-Preocupada? – Ele repetiu pacientemente
-Não, quer dizer, sim. – Deu um suspiro – Mas pelos outros que por mim, com certeza.
-Quem? Você me disse que seus pais estão seguros na Austrália.
-E estão, Ron. Mas é que eu tenho duas famílias, uma trouxa, e uma bruxa. – Ron entendeu e sorriu, chegando ainda mais perto de Hermione, agora estavam praticamente colados, a blusa de algodão branca de Rony esbarrou inocentemente dos seios de Hermione, mas ambos fingiram não notar, sorrindo um pro outro.
-Não há com o que se preocupar, você ouviu a mensagem do patrono , ‘Família a Salvo’.
-É, Ron – sua expressão agora séria – Mas isso é só o começo, não é? Imagino o quão difícil vai ser, provavelmente passaremos longos períodos sem notícias de ninguém.
-É, Hermione, mas teremos um ao outro – ele olhou pro chão acanhado – quero dizer, eu, Harry e você, cuidaremos um do outro, sempre.
-Ainda temos sorte, por ter por perto pessoas que amamos – O olhar dela agora um tanto melancólico, e ela falou com uma voz um tanto embargada, tentando esconder o rosto nas almofadas.
Ron levantou delicadamente seu rosto com uma das mãos, e Hermione fechou os olhos ao sentir o carinho do ruivo em seu rosto. Abrindo os olhos bem devagar, ela se deu conta de que agora estavam abraçados, o calor de seus corpos parecia insuportável, os lábios entreabertos exalavam o hálito quente, o aroma de desejo, as mãos quase trêmulas se encontraram por baixo dos lençóis.
Mãos fortes e suaves ao mesmo tempo, que puxavam Hermione para ele. Ele, que a queria há tanto tempo, e tão ardentemente que mal sabia mensurar a sua paixão... Ela, que ainda quis dizer alguma coisa, mas as palavras, quais quer que teriam sido, se perderam junto à tudo de sua alma nos lábios quentes e macios de Ron, em seu hálito, seu cheiro, no calor de seus corpos. Ela apenas fechou os olhos, sentindo as mãos do Weasley percorrerem cada centímetro de seu corpo com tal intensidade, que ela não sabia como, mas ainda estava respirando.
Ron, abaixou um pouco da camiseta de Hermione, beijando seus ombros vagarosamente, como se ele temesse que um movimento brusco o acordasse, e ele descobrisse que nada passou de um sonho, subindo a boca úmida ao pescoço dela, beijou cada milímetro antes de levar seus lábios ao ouvido de Hermione, e deixar escapar um som quase inaudível, como que um gemido, e ela não se contendo, arfou e deixou escapar:
-Ronnn...
Os beijos se intensificaram, Hermione jogou seu corpo pra cima de Ron, sentindo as mãos inquietas dele que hora paravam em sua cintura, hora percorriam suas costas, hora se aventuravam por caminhos secretos, que ela mesma até o momento desconhecia.
Suas respirações ofegantes, passavam de inaudíveis para um grau relativamente alto, e Ron pareceu se preocupar com o sono de Harry quando tirou a varinha dos shorts e sussurrou em sua direção:
-Abaffiato!
Harry dormia tranqüilamente enquanto Ron e Hermione se aventuravam por baixo dos macios lençóis, em beijos muitos mais do que esperados, em toques muito mais que apenas sentidos, em sentimentos maiores do que qualquer coisa que eles já haviam conhecido.
Hermione pegou uma das mãos de Ron, que circulavam pelas suas costas seminuas pela blusa entreaberta, e trazendo seus dedos até seus lábios vermelhos e inchados de paixão, beijou-os delicadamente, com todo o amor que sempre sentiu por aquele grifinório. Ele assistiu à cena em deleite, trouxe a garota para si num aconchegante abraço, e disse olhando firme em seus olhos:
-Case comigo. – Hermione quase caiu pra trás ao ouvi-lo.
-Quê? – Ela ria apaixonada – Ron... Estamos no meio de uma guerra... – mas ele a interrompeu com um olhar sonhador digno de Luna.
-Quando tudo acabar, quando Você-sabe-quem for destruído, Hermione, case-se comigo.
Hermione sorriu, seus olhos um pouco desconfiados.
-Você fala sério, Ron?
-Mione, eu acho que nunca falei tão sério em minha vida. – Ele disse com uma firmeza no olhar com a qual Hermione nunca o vira antes, e junto com um largo sorriso, lágrimas de alegria brotaram no rosto dela antes de abraçar Ron bem apertado.
-Aceita? – Ele perguntou agora com um certo receio de ouvir uma resposta negativa.
-É claro que aceito, Ron! – Suas lágrimas de felicidade se misturavam aos cabelos ruivos e castanhos que se entrelaçavam num apertado abraço
Os dois entrelaçaram seus corpos, os olhares distantes, sonhando com um futuro sem guerras, um futuro no qual viveriam seus sonhos, sem dor, maldades, assassinatos. Hermione se aconchegou ao peito de Ron, e ele a segurou firme.
-Ron? Não estou sonhando? Você não vai se arrepender e me obliviar antes que eu acorde, não è?
Ron deu um risinho e a beijou na testa.
-Não, minha linda. É tudo real, e quando você acordar eu estarei bem aqui, abraçado a você.
-Mas e o Harry, Ron?
- Do jeito que Harry dorme, ainda mais estando cansado, duvido que ele vá acordar antes de nós – ele a ajeitou entre as almofadas, e ela sorriu ao receber um doce beijo nos lábios.
-Boa noite, Ron.
-Boa noite, minha linda.
E os dois dormiram, aconchegados um ao outro, suas vidas, seus corações e seus sonhos entrelaçados numa união que prevaleceria, e que venceria quaisquer obstáculos seguintes. A guerra acabou, levando embora toda morte e desespero que o mal ousou colocar em suas vidas, e o destino que eles prometeram a si mesmos, os presenteou com dois lindos filhos grifinórios; Hugo e Rose Weasley.
* * *
Gente, essa foi minha primeira versão da noite do largo Grimmauld, tenho em mente pelo menos mais umas 3 versões, no próx. Cap, to a fim de colocar uma NC, o q vcs acham?? Como ficou essa primeira versão????
BJSSSSSS!!!!!!!
Sem coments
Sem fic
Comentários (8)
Perfeito
2012-11-15Muito linda! Adorei!
2012-07-08Lindíssima!!!Incrívelmente bem escrita e com um romantismo envolvente.Amei.[N]
2012-03-13Owwww... Muito linda!!
2011-11-14Owwww... Muito linda!!
2011-11-14Owwww... Muito linda!!
2011-11-14Owwww... Muito linda!!
2011-11-14muito boa mesmo! Depois que eu ler as outras tres te falo qual é a melhor!
2011-08-10