Os amantes do lago



Capítulo 5 - Os amantes do lago

Gina voltou-se assustada e deu de cara com Draco, que sentou-se ao seu lado.
- Malfoy, o que faz aqui?
- Ora, não posso estar aqui, se eu quiser?
- Pode, mas...
- Então pronto. Me deu vontade de vir até aqui.
A ruiva não retrucou e perguntou:
- Então, desde quando você gosta de poesia?
- Desde sempre, ué. Não sabe o quão culto eu sou?
- Ah, Malfoy... O mesmo Malfoy de sempre.
O loiro sorriu um sorriso arrogante e pôs-se a olhar as águas límpidas do lago que, com o céu escuro, pareciam brilhar de um jeito etéreo.
As lágrimas de Gina caíam na água e a faziam movimentar-se levemente, além de produzirem um som característico.
Draco passou a fitar a ruiva e um incontrolável sentimento de contrariedade ao vê-la daquele jeito tomou conta de si.
- Ouça, Gina... - a ruiva olhou-o e ambos sentiram-se estranhos pelo fato de Draco não tê-la chamado simplesmente de "Weasley", como sempre fazia - Eu só queria que você soubesse que... Bem, eu não acho que tenha acontecido nada de grave com seu irmão, mas... Aconteça o que acontecer, bem... Se precisar de alguma coisa... Digo, pode... Bom, se eu puder te ajudar com alguma coisa...
A ruiva sorriu.
- Eu sei. Obrigada... Draco.
O loiro corou e, constrangido, voltou seu olhar novamente para o lago.
Os dois ficaram longos minutos em silêncio, ainda absorvendo os sentimentos que se apoderavam deles. Em um momento, quando olhavam distraidamente para o lago, algo os chamou a atenção.
As águas estavam ficando muito brilhantes e um movimento tomava conta delas, cada vez mais rápido.
Imediatamente, os bruxos levantaram-se e Draco pôs-se à frente de Gina, empunhando sua varinha.
- Corra, Weasley!
- De jeito nenhum!
A ruiva também já estava de varinha em punho, atrás de Draco e pronta para qualquer coisa.
O movimento das águas aumentava cada vez mais e, em dado momento, algo muito brilhante emergiu do lago, fazendo com que os dois bruxos ficassem momentaneamente cegos. Quando seus olhos se acostumaram com aquela luz forte e brilhante, eles puderam reconhecer o que era aquele ser.
Era um ser quimérico, meio etéreo e irradiava uma luz dourada muito forte. O ser tinha formas femininas, parecia-se muito com uma ninfa ou uma fada, até mesmo com uma veela. Tinha cabelos dourados que esvoaçavam sem precisar de vento, olhos muito azuis (pareciam-se com os de Draco) e um corpo absolutamente perfeito, com curvas simétricas. O ser sorria de modo sedutor.
Draco parecia hipnotizado pela beleza daquela criatura. Não se deu conta de que ela havia soprado suavemente um beijo na direção de Gina e que esta jazia desacordada no chão.
- Venha... - disse a criatura e sua voz macia e aveludada fizera com que Draco fosse seguindo na direção do lago.
- Venha... - repetiu ela e Draco seguia a voz, maravilhado, com um olhar abobado e sem expressão definida.
Quando estava prestes a entrar no lago (e provavelmente se afogar, já que aquele feitiço o deixara fora de si), ouviu uma outra voz, muito grave, atrás de si, que dizia:
- Não, Selene*! Não mais! Deixe o rapaz em paz!
Draco, nesse momento, pareceu acordar. Voltou-se para a direção da voz e viu um outro ser etéreo, fantasmagórico surgir por entre as árvores. Este tinha feições masculinas, traços bem firmes e marcantes e olhos verdes.
O loiro viu-se olhando de um pra outro sem saber o que fazer. Procurou sua varinha nas vestes, mas não a encontrou.
O ser masculino se aproximou de Selene e, quando fez menção de entrar no lago, algo o impeliu a voltar para trás. Os dois pareciam tristes e tinham olhares melancólicos que lançavam um ao outro.
- Foi a muito tempo, minha querida. Ele não tem culpa.
Selene pareceu envergonhar-se da atitude que tivera para com Draco e baixou o olhar.
- Desculpe. - disse sua voz suave.
- Tudo bem, meu amor. Mas não faça de novo. Olhe o que ía fazer com o rapaz. E... O que fez com a pobre moça?
Só então Draco pareceu lembrar-se de Gina e, ao olhar pra ela, seu rosto empalideceu. A menina estava caída ao chão, muito pálida e com a respiração difícil.
O loiro foi para junto dela e levantou sua cabeça cuidadosamente.
- Gina... Acorde, Gina!
Voltando-se para Selene, desferiu:
- O que você fez com ela?
O ser etéreo abaixou a cabeça, pôs-se a chorar e mergulhou de volta para dentro do lago.
O outro ser, que viera de dentro da floresta, aproximou-se dos dois bruxos, abaixou-se ao lado deles e disse:
- Por favor, perdoe Selene. Ela vive muito perturbada.
Draco, sem desviar o olhar de Gina, perguntou, com voz rouca:
- O que vocês são?
- Somos fantasmas. Estamos condenados a ficar aqui pela eternidade. Meu nome é Bartô*, vou contar-lhe a minha história. Selene e eu estudávamos em Hogwarts, bem quando ela foi fundada. Selene foi encaminhada à casa Sonserina e eu à Grifinória. Éramos muito diferentes um do outro. Ela tinha poucos amigos e passava os dias a me atormentar, enquanto eu vivia sempre rodeado de amigos. Um dia, fizemos uma aposta. Iríamos ver quem de nós era o mais corajoso passando uma noite toda na Floresta Proibida. Pois bem. Viemos juntos para cá e, depois de quase um dia todo de brigas e discussões, nós acabamos... Bem, acabamos nos beijando. No fundo, sabíamos que nos gostávamos, mas nunca admitiríamos isso um ao outro. Enfim... Foi uma noite mágica a que passamos aqui. Estávamos tomados de um amor a muito reprimido e nos entregamos a ele com uma sede enorme. Depois dessa noite de amor em que somente as estrelas foram testemunhas, acabamos dormindo um sono profundo e tranquilo.
- E o que aconteceu depois? - perguntou o loiro.
- Bem, eu acordei no dia seguinte e Selene não estava ao meu lado. Desesperado, fui à sua procura e, depois de quase um dia inteiro, consegui encontrá-la nesse lago. - Bartô apontou para o lago - Mas, para minha surpresa e desespero, ela estava... estava... morta.
Draco olhava de Gina para Bartô e sentia-se angustiado.
- Quando vi minha amada Selene morta no lago, entrei em desespero e, quando tencionei voltar para a escola, fui atacado por um lobo. E estamos aqui desde então, condenados a esse desepero eterno de não poder aproximar-mos um do outro. Ela vive atormentada e tenta matar qualquer casal que aqui apareça.
- Mas... Nós não somos um casal, ora.
- Hum... Talvez ela tenha pensado que vocês fossem.
Nesse momento, Draco sentiu que seus braços estavam ficando muito gelados e percebeu que o frio vinha do corpo de Gina.
- Ela vai morrer. - disse Bartô, de chofre.
O loiro sentiu um mal estar incontrolável.
- Como assim ela vai morrer? Não diga besteiras, ela só está desmaiada.
- Sinto muito, mas não há o que fazer. Os feitiços de Selene são fatais.
Draco soltou Gina de seus braços e deitou-a no chão gentilmente. Depois levantou-se e avançou contra Bartô.
- Escute bem! Se você não fizer aquela sua namorada temperamental curar Gina, eu juro que vai saber do que eu sou capaz!
O fantasma permaneceu onde estava e não se deixou abalar.
- Olhe, rapaz, controle-se. Já disse que nada posso fazer. E o que fará contra mim? Vai me matar? Ora, faça-me o favor!
O sonserino fez um enorme esforço para se controlar.
- Está bem. Mas tem de ter alguma coisa que possamos fazer! Gina não pode morrer, não pode!
- Acalme-se. Tem algo, mas não sei se dará certo. Vê aquelas folhas ali? - o fantasma apontou para a outra margem do lago.
- Sim.
- Certo, vá lá e pegue-as, eu não posso atravessar o lago.
Draco jogou-se nas águas e nadou até a outra margem do lago. Pegou facilmente as folhas e as levou de volta para Bartô.
- Ótimo, agora apanhe um punhado da água do lago, enquanto eu pego algumas flores.
Assim foi feito.
- Derrame a água sobre o peito dela.
Draco derramou a água sobre a menina com cuidado.
- Muito bem, agora afaste-se.
Quando o loiro se afastou, Bartô começou a espalhar as folhas e flores que eles haviam pego em volta de Gina. Depois que ela estava toda rodeada de plantas, Bartô pôs-se aos pés da garota e fechou os olhos. Após longos minutos de olhos fechados e parecendo muito concentrado, o fantasma abriu novamente os olhos e dirigiu-se à Draco.
- Eu preciso que você me ajude.
- O que eu tenho que fazer?
- Aproxime-se da moça e segure seus braços. Não a deixe se mexer.
- O que você vai fazer?
- Não se preocupe, não vou machucá-la.
Draco, ainda um pouco desconfiado, foi até Gina e segurou seus braços.
Quando Bartô achou conveniente, aproximou-se da menina, apanhou todas as folhas e flores que estavam a sua volta e as jogou sobre seu peito.
Nesse momento, Gina têve um espasmo e seu corpo todo contraiu-se, assustando Draco, que apertou os braços da grifinória mais fortemente.
Bartô disse:
- Pense agora num feitiço curativo, o mais forte que você conhecer.
- Mas estou sem minha varinha e...
- Não importa, só pense!
Draco então pensou no feitiço curativo mais forte que conhecia e, aos poucos, Gina foi recuperando a cor e o calor de seu corpo. Além disso, seus olhos começaram a se abrir devagar.
- Gi... Weasley, você está bem? - perguntou Draco, mal contendo seu alívio.
- Ahn... Acho que sim. Minha cabeça dói muito!
- Isso é bom sinal. - disse Bartô.
- Quem...? O que...?
- É uma longa história.
- Venha, Weasley, vamos sair daqui.
Draco tentou ajudar a menina a levantar-se mas, vendo que ela ainda estava fraca, resolveu pegá-la no colo. A ruiva fez cara de contrariedade, mas não conseguiu protestar.
- Bem, Bartô. - disse Draco - Agradeço pelo que fez.
- Não se preocupe. Além disso, eu não fiz nada. Quem fez foi você, afinal de contas.
- Eu?
- Sim. Eu apenas te dei uma tela vazia e algumas tintas. Quem fez uma bela pintura foi você, rapaz. Cuide bem dela.
Após dizer isso, o fantasma desapareceu dentro da floresta.
Draco começou a andar, com Gina em seus braços, em direção ao lugar onde se encontravam Harry e Hermione.
- O que acontece no lago, Malfoy? - perguntou a ruiva com uma voz fraca.
- Fantasmas que deveriam procurar um terapeuta.
- O que?
- Nada, esqueça. Depois eu te explico tudo.
- Ah, Malfoy, mas que coisa.
- Não reclame, Weasley. Além do mais... Epa!
- O que foi?
O sonserino apontou para algum lugar e Gina direcionou seu olhar para onde ele havia apontado. Lá, onde deviam estar Hermione e Harry, só havia resquícios do que fora antes uma fogueira e alguns espinhos de peixe no chão.

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*personagens originais, não encontrados na obra de J.K. Rowling

Maní Malfoy, obrigada pelo comentário, fico muito feliz em saber que o pessoal que leu a fic, gostou!
Não liguem se tiver algum erro de português aí, mas é que eu não revisei, ok?
E, pra não perder o costume, comentem, please!.. rs
Beijos, pessoas!

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