Resignação, espera e gritos
Os garotos ficaram em silêncio por longos minutos até Gina expressar o que todos já sabiam:
- Estamos ferrados!
- É, estamos! - completou Rony.
- E tudo por culpa sua! - disse Mione, apontando para Ron.
- Minha culpa? Minha culpa? - o ruivo estava indignado - A culpa é desse imbecil do Malfoy!
- Acho que não adianta ficar jogando a culpa pra cima de alguém. Não importa de quem é a culpa. A coisa mais importante é acharmos o caminho de volta pra Hogwarts. - disse Harry, racionalmente.
- O Harry tem razão. - disse Gina.
Nesse momento, ouviram um gemido baixo e constataram que vinha de Draco, que estava acordando. Ele, ainda meio atordoado, levantou-se bruscamente e exclamou:
- O que aconte... Ah, Weasley, você me paga, sua escória! Onde está minha varinha?
Harry apontou para a varinha caída a vários metros de distância dos garotos e Draco já ía pegá-la, quando foi impedido por Gina, que segurou seu braço. Ele pareceu momentaneamente surpreso e desvencilhou-se dela rapidamente, com certa brutalidade.
- O que pensa que está fazendo, Weasley?
A moça olhou-o de modo pouco simpático e respondeu:
- Só não quero que vocês briguem de novo porque, definitivamente, não é uma boa hora pra isso.
- Posso saber por que?
- Porque estamos perdidos e não sabemos como voltar pro castelo. Falando nisso, você sabe?
Ele empinou o nariz de forma arrogante e respondeu secamente:
- Não, não sei.
- Ah, que ótimo! Você não serve pra nada mesmo, Malfoy!
- Ora, olha só quem fala, Weasley! Não venha me torrar a paciência que eu não estou com humor...
A garota calou-se. Não era hora pra ficar discutindo.
- O que vamos fazer? - perguntou Hermione.
- Já está tarde. Logo vai ficar escuro e aí que não poderemos mais achar o caminho mesmo... - concluiu Ron.
- Não acha que eu vou passar a noite aqui, acha Weasley? - perguntou Draco, com uma expressão de indignação.
- Você tem uma idéia melhor, Malfoy?
O garoto engoliu em seco e tencionou se embrenhar na mata.
- Não interessa se vocês querem ficar aqui, eu vou embora! - ele disse.
- Não seja idiota, Malfoy! - começou Harry - Não está vendo que o melhor é ficarmos juntos e tentarmos achar o caminha manhã, que vai estar claro?
- Ah, sim, Potter... - ele disse com um "quê" de sarcasmo na voz. E, mudando de tom, continuou - E quem sabe se duraremos até amanhã? Não sabe que aqui tem lobisomens e mais um monte de criaturas que adorariam nos encontrar no meio dessa clareira?
- Está com medo, Malfoy? - zombou Rony.
- Cale a boca, Weasley! Eu sou um Malfoy, não tenho medo de nada!
- Então, qual é o problema de esperar até amanhã?
O garoto encarou Rony e, com seu jeito frio e arrogante, respondeu:
- Simplesmente não estou acostumado a desconforto. Sempre dormi em camas confortáveis e espaçosas, com pijamas de seda e toda pompa que eu poderia querer. Não sou como você, que deve estar acostumado a dormir no chão.
- Ora, seu! - Ron estava vermelho de raiva e ía avançar em Draco, quando Harry interferiu:
- Chega, vocês dois! Escuta, Malfoy, só estamos querendo te ajudar, mas se quiser ficar vagando pelo mato sozinho, com o risco de encontrar as criaturas que você mencionou, o problema é seu!
Draco olhou para Harry e pareceu ponderar, vendo que o moreno estava certo. Mas ele nunca admitiria isso abertamente, é claro.
- Está bem, Potter. Eu fico.
Harry deu de ombros e começou a recolher alguns galhos secos que estavam pelo chão. Rony o imitou. Os outros três sentaram-se, cada um em um canto da clareira.
Draco estava com cara de poucos amigos. A última coisa que queria era passar uma noite numa floresta infestada de perigos, ainda mais com aquele tipo de companhia. Dois Weasley, uma sangue-ruim e aquele insuportável Cicatriz. O que ele tinha feito para merecer aquilo? Tirando o fato de que estava completamente humilhado em ter perdido aquele duelo pro Weasley. Era o cúmulo um Malfoy derrotado por um Weasley desajeitado. Mas ele ainda ía dar o troco. Ah, se ía...
Gina estava sentada com a cabeça apoiada nos joelhos dobrados e as costas apoiadas em uma árvore. Ela estava morrendo de medo de passar a noite ali. O Malfoy tinha razão, podia acontecer qualquer coisa se eles baixassem a guarda. "Não é a toa que se chama Floresta Proibida", pensou a ruivinha. Ela tentou pensar em coisas mais leves. Ficou lembrando dos bons momentos que passara em Hogwarts e em como sua imagem tinha mudado perante à escola. Agora ela não era mais uma garotinha tímida e sem graça. Havia mudado, crescido. Estava mais bonita. "Pelo menos é o que dizem". Mas, principalmente, estava mais madura. Pensou em sua vida amorosa. "Se é que posso chamar isso de vida amorosa". Nenhum de seus relacionamentos fora muito longe. "Talvez por isso Malfoy me ache uma galinha. Como se eu ligasse pra o que ele pensa de mim". A menina olhou pra ele e viu que o loiro estava notavelmente entediado. Olhava pro chão e brincava de "riscá-lo" com um graveto.
- O que está olhando, Weasley? - ele perguntou de repente, quando ergueu os olhos e a pegou olhando-o.
- N-nada... - ela respondeu desviando o olhar e corando levemente, como se tivesse sido pega em um ato vergonhoso.
Ele deu de ombros e voltou a brincar com o graveto.
Hermione estava, assim como Gina, morrendo de medo de ficar ali na floresta, à mercê de qualquer monstro que aparecesse. Mas, estranhamente, se sentia segura ali, ao lado de seus amigos e, principalmente de Harry. Afinal, já tinha passado maus bocados nesses anos de colégio, mas sempre fora salva por Harry. Definitivamente, eles faziam uma boa equipe, Hermione e Harry... E Rony, claro.
Os meninos, que tinham recolhido uma boa quantidade de galhos e os juntado bem no centro da clareira, acenderam uma fogueira com magia. Logo depois se sentaram, próximos ao fogo.
Estava esfriando com a chegada do pôr-do-sol e os outros três bruxos se juntaram à eles, ficando mais perto da fogueira.
Hermione sentou-se ao lado de Harry. Este, vendo a garota arrepiada, perguntou:
- Está com frio, Mione?
Ela sorriu sem graça e mentiu:
- Não.
- Tem certeza?
- Tenho, claro.
- Hum... Então por que está tão arrepiada?
- Eu? Ah... É... Porque... Ora... Porque... Porque sim! - a bruxa deu um sorriso amarelo.
- Grande explicação, hein. - Harry disse, rindo e passou um braço pelas costas da amiga, puxando-a para perto de si, a fim de aquecê-la.
A garota sorriu e descançou a cabeça no ombro dele.
Malfoy fechou a cara, achando a cena patética. Gina abriu um sorriso sonhador e começou a arquitetar planos para servir de cupido entre aqueles dois. Era óbvio que se gostavam, mas eram muito lerdos. Precisavam de uma forcinha... Já Ron, sem saber direito o motivo, incomodou-se com aquela demostração de carinho de ambos. Sim, demostração de carinho, mesmo que camuflado em preocupação.
Alheios aos pensamentos dos presentes, Harry e Mione estavam absortos em seus próprios. A garota estava com o coração acelerado e a respiração alterada, ao sentir Harry tão perto dela. "Ah, Harry... Como é que se chama isso que eu estou sentindo? Me sinto tão segura quando estou assim com você!", pensou a bruxa. E têve medo de que ele pudesse ler seus pensamentos, de tão altos que ecoavam em sua mente.
Harry começou a afagar os cabelos de Hermione, enquanto sentia seu perfume amadeirado. Sua respiração também se alterara e seu coração batia rápido e fortemente. "Como posso me sentir tão bem ao lado da Mione? De alguma maneira, eu sinto que preciso dela junto de mim, para que eu possa protegê-la de tudo e de todos!", pensou ele.
Para quebrar aquele clima silencioso, Gina perguntou, sem se dirigir à alguém específicamente:
- Como vamos achar o castelo amanhã?
A pergunta ficou no ar. Ninguém tinha a menor idéia de por onde começar.
- Bem... - começou a dizer Harry - Acho que temos que tentar descobrir por que caminho viemos. Podíamos tentar encontrar aquela trilha que nos trouxe aqui.
- Não seja burro, Potter. - Draco o interrompeu - Nós andamos um bom pedaço de mata sem trilha. Mesmo que achássemos essa tal trilha, não teríamos como encontrar o caminho de volta pra Hogwarts. E o pior, não conseguiríamos voltar pra cá e ficaríamos cada vez mais embrenhados na floresta. Pelo menos aqui temos um bom espaço.
- E o que você sugere, Malfoy?
O loiro pensou um pouco e disse:
- O melhor é não sairmos do lugar. A essa hora já deram por nossa falta, com certeza. Logo Dumbledore mandará alguém aqui para nos procurar.
- Acho que ele tem razão. - disse Hermione.
- Tá dando trela pro Malfoy, Hermione? - perguntou Rony, indignado com a garota.
- Sim. - respondeu ela, humildemente - Infelizmente, ele tem razão quanto ao caminho, será muito difícil achar o castelo e até mesmo a trilha que nos trouxe até aqui. E não podemos ficar andando por aí sem rumo, corremos o risco até de nos perdermos um do outro. Ele também tem razão sobre já terem notado nossa ausência. Além do mais, creio que aqui seja um lugar mais ou menos seguro. É muito difícil algumas criaturas escolherem uma clareira como local de repouso, já que a maioria prefere a mata fechada.
- Tá vendo, cambada de ignorantes? Até a Granger concorda comigo. - disse Malfoy, ajeitando o cabelo loiro platinado, que teimava em lhe cair na testa.
- É, pelo visto vamos ficar aqui parados, então... - concluiu Harry, desanimado.
- Parados não, Potter. - Malfoy disse, mais uma vez - Temo que, se demorarem a nos encontrar (o que é bastante provável, devido a estarmos bem no meio da floresta), teremos que ir em busca de comida e água. E, claro, nos protegermos de um eventual ataque que podemos sofrer.
- Certo, Malfoy... Mas saiba que...
- AHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! - Harry fora interrompido por um grito cortante. Olhou a sua volta e percebeu que Rony não estava ali.
Eu sei que esse capítulo também tá curtinho e ainda não tem muita coisa acontecendo, mas é só o começo...
Beijinhos, até o próximo! E comentem, please.........
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