Cont do capítulo único ; )
Não estranhem, só que a fic ficou muito comprida e eu achei que seria ruim coloca num capítulo só... mas de qualquer forma, não tem separação de capítulos, é uma história sem divisões.
Snape acordou, mas não abriu os olhos. Imediatamente a lembrança do castigo do Lorde das Trevas lhe explicou o porque de seu corpo estar tão dolorido. Mas, pensou ele, conforme suas lembranças, a dor deveria estar maior, muito maior!
Virou-se de lado, sentindo o aconchego tão já conhecido de sua cama sob si. Seus ossos pareciam moídos e protestaram com o movimento, mas estavam bem mais aliviados do que antes, sem dúvida.
Um aroma de flores do campo invadiu-lhe as narinas ao mudar de posição. Ele inspirou, lentamente, deixando o perfume lhe reconfortar. Aspirou e, finalmente, abriu os olhos.
A visão lhe surpreendeu: uma vasta cabeleira de grandes cachos castanhos se estendia a centímetros de seus olhos. Ele piscou, aquele perfume confundindo ainda mais os seus sentidos.
Apoiou-se nos cotovelos, registrando a situação atual com as lembranças vivas em sua mente.
Aquela era Hermione Granger, sua aluna mais aplicada em poções (embora nunca assumisse iss), que provavelmente era a responsável pelo alívio de sua dor e, obviamente, poupara-lhe a vida.
Ele a observou, tomando um pouco de distância pois a garota estava perto demais… Perigosamente perto, ele se arriscaria a dizer.
Estava de costas e parecia dormir. Seus cabelos volumosos caindo em cachos pelo travesseiro, deixando a pele dos ombros, pescoço e boa parte das costas a mostra. Não era momento, mas ele reparou que aquela não parecia a mesma blusa que ela usava quando a viu há… Quanto tempo atrás? Algumas horas? É claro que se fosse ele teria notado, pois era tão… inapropriada! Parecia feita de uma renda preta e era curta o suficiente para deixar boa parte das costas à mostra. Severus não entendia muito de roupas de mulheres, mas podia jurar que aquilo seria um top ou algo do gênero.
Ao descer os olhos pelo comprimento da peça (ainda muito bem intencionado) Severus deteu-os na pele bronzeada entre a barra do objeto e co cós da saia. Desviou-os rapidamente apenas para notar que as pernas de Hermione estavam meio que jogadas para fora da cama, e que a garota parecia desconfortável.
Um sentimento que ele geralmente nunca sentia o invadiu, como se seu coração se enchesse de compaixão pela garota deitada em sua cama…
Sua cama… Ele tentou não pensar em pronomes possessivos naquele momento.
Ela cuidara dele, disso, Snape não tinha dúvidas. Sua presença em sua cama, a julgar pelo desconforto explícito era porque ficara ao seu lado, cuidando dele. Velando por seu sono, e acabara adormecendo. Ela, de alguma forma, o levara até seu quarto, e salvara a sua vida.
Snape se mexeu na cama, inquieto. Quantos sentimentos o confundiam! Qual era o nome desse agora? Remorso?
Infelizmente, o movimento não passou despercebido a uma certa Grifinória ao seu lado. Ela se virou, trazendo as pernas para cima e se encolhendo um pouco.
Severus apenas se permitiu respirar quando notou que ela ainda dormia. Percebeu as olheiras embaixo dos olhos da garota com aquele sentimento se intensificando. Irritado com aquele remorso e aquela compaixão insistentes que o fazia sentir-se um Lufa-Lufa idiota, desviou os olhos para agora, com a nova visão que seus olhos atingiram trocar de sentimentos por um não menos favorável.
Esse sim seria um sentimento Sonserino, mas inapropriado. Completamente inapropriado para um professor em relação a uma aluna!
Merlim! Deveria ser proibido o uso de vestes tão… tão pequenas e tão convidativas em contraste com a pele bronzeada daquele colo e o volume evidente de um belo busto que teimava em escapar pelo decote em forma de um “V”...
Repreendendo-se, Snape decidiu desviar completamente sua atenção e se concentrar em coisas menos embaraçosas como algumas dores que ainda tomavam conta do seu corpo. Resolveu não acorda-la, ela já fizera demais sem obrigações alguma, merecia descansar.
Com uma última olhada ele reparou que o tecido da saia subira com o movimento da garota ao trazer as pernas para cima da cama. Céus! Aquilo só podia ser uma conspiração! Será que o Lorde das trevas usara alguma maldição nova em sua tortura?
Levantou-se com um movimento brusco, fazendo todos os seus ossos protestarem. Precisava de uma poção para dor.
- Professor? A onde vai?
Ele estacou, de costas para a cama e tentou controlar sua voz.
- Continue descansando, srta. Granger. Preciso de uma poção para dor.
Ele nem escutou os passos e sentiu uma mão envolver-lhe o braço de forma firme, mas delicada.
- Desculpe, professor, mas o senhor tomou uma dose não faz nem uma hora e não sou eu quem precisa descansar.
Ele deixou-se guiar como uma criança doente até de volta a cama.
- Como já tomei uma dose, senhorita? – Ele perguntou, enquanto se cobria envergonhado por estar sem camisa. – Me lembro bem de que não tenho essa poção em meu escritório…
- Eu preparei uma – respondeu ela, se sentando em uma cadeira ao lado da cama e olhando-o preocupada.
- Preparou? – Snape ergueu uma sobrancelha. – É uma poção de 40 minutos de cozinhamento que exige ser mexida por boa parte de seu tempo. Além das demais dificuldade de seu preparo…
- Eu sei, professor – falou Hermione corando. – Eu já preparei essa poção outras vezes, e o senhor até agora não morreu envenenado, por isso acho que não precisa se preocupar.
Snape continuou com sua velha expressão de sarcasmo. Não tinha dúvida alguma de que a poção fora feita de forma excepcional, mas ele ainda era Severus Snape e era costume agir dessa forma.
Um pontada na sua costela esquerda o fez esquecer o assunto atual e ele não pôde evitar um grunhido de dor escapar de seus lábios.
- Professor? – ela se levantou e se aproximou.
- Eu estou bem, Granger. Não se preocupe.
- Acho melhor o senhor se deitar.
Mesmo impaciente e a contragosto, Snape obedeceu e se deitou.
Ela se inclinou um pouco sobre ele, ajeitando o travesseiro e garantindo que ficasse bem coberto. Snape não se lembrava de ninguém fazendo isso, e não podia negar que apesar do desconforto de ser tratado como uma criança inútil e impotente, gostava de sentir-se, ao menos um pouco, importante, e de saber que, de alguma forma, alguém se preocupava com ele.
Entretanto, a forma em que ela se inclinava sobre ele acabava por lhe dar uma visão que aguçava seus instintos, principalmente pelo fato de que a gravidade não ajudava nenhum pouco, afastando o tecido de renda do colo da garota, e ele se viu obrigado a repreendê-la antes que ela notasse o seu embaraço.
- Eu estou bem, senhorita! – disse de forma rude, afastando o pulso da garota. – Não precisa se comportar como uma babá…
Hermione pulou para trás, como se as palavras dele a tivessem empurrado. Ele reparou que seus olhos tinham um brilho magoado e fechou os olhos, mordendo a língua. Essa sensação de arrependimento era mesmo nova para ele. Poderia ser um pouco mais simpático com a garota, não? Afinal, ela lhe salvara a vida.
Tentando manter a voz suave e sem o mínimo de sarcasmo, ele falou:
- Dez pontos a menos para a Grifinória pelo uso de trajes inadequados na presença de um professor.
E abriu os olhos a tempo de ver uma Hermione corada cruzar os braços de forma protetora a sua frente, olhando para o chão. Não pôde impedir de sorrir.
- Desculpe – ela murmurou ainda encarando o chão. – Mas eu achei melhor limpar seus ferimentos antes de fecha-los e tive que usar minha blusa.
Ela apontou para um tecido sujo e amassado ao lado de uma bacia d’água em uma mesinha.
Merda! Ela não tinha uma resposta mais simples? Não bastaria dizer que estava com calor e resolvera se livrar do tecido? Embora ele soubesse que isto seria meio impossível devido a temperatura extremamente fresca.
Ele ergueu o braço e pegou a varinha no criado-mudo ao seu lado. Apontou para o guarda-roupas e um moletom preto de tecido suave voou até suas mãos. O estendeu para Hermione.
Estranhando a atitude, mas sem dizer uma palavra, ela se aproximou e pegou o moletom, murmurando um “obrigada”.
Dessa vez, tomaram o cuidado para que seus dedos não se tocassem.
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- Bom, tem uma falha nisso – murmurou Hermione, o mais confortável que conseguia ficar em sua cadeira ao lado da cama do professor, sentindo um perfume agradável que vinha do tecido de seu moletom.
- E qual é, senhorita? – perguntou Snape, de olhos fechados.
- O senhor não pode tirar pontos de minha casa, pois ainda não começamos o ano letivo.
Snape abriu os olhos e a encarou, encontrando-a com um sorrisinho.
- Tem razão – murmurou, voltando a fechar os olhos. – o que é uma pena, pois eu gostaria de lhe oferecer cinqüenta pontos por ter salvado a vida de um professor.
Ele sorriu, escutando a garota se mexer ao seu lado, surpresa.
- O senhor não… Não está falando sério! 50 pontos? Para Grifinória?
Aquilo, de certa forma, o incomodou um pouco, e ele sentiu necessidade de se defender, coisa que geralmente não se importava em fazer.
- Por mais estranho que pareça, senhorita, eu dou mais valor a minha vida do que a uma diferença hostil entre casas.
Devido ao silêncio que se seguiu, Snape abriu os olhos e a encarou. Hermione mirava a parede à frente de seus olhos, sem uma expressão decifrável. Se ela pelo menos o encarasse, ele poderia usar a legilimência.
- Professor, posso fazer uma pergunta? – ela perguntou de supetão.
- Isso não seria uma surpresa, seria, Granger? – perguntou, enquanto levava uma das mãos disfarçadamente para uma das costelas, omitindo uma careta de dor.
Ela ficou pálida, antes de perceber que o velho sarcasmo do professor não estava presente em suas palavras. Por incrível que pareça, aquilo era mais uma piada do que uma ironia. Sorriu… A dor às vezes parecia fazer milagres com as pessoas.
- Eu encontrei o senhor muito machucado. Perigosamente machucado, eu me arriscaria a dizer. O que aconteceu?
Snape não respondeu, apertando com mais força a costela formigante, sentindo a dor se intensificar e se arrastar a outros lugares do corpo.
- Quero dizer, professor… Não quero me intrometer, mas eu fiquei realmente preocupada e como fui eu que o achei, penso…
- Que merece uma explicação? Extremamente compreensível, senhorita, apesar de petulante…
Snape tentava ao máximo não demonstrar sua dor, mas esta estava ficando cada vez mais intensa. Ele já estava começando a se encolher, tremer, e a suar frio, enquanto Hermione continuava, sem notar o que se passava com ele.
- Sei que o senhor pode não querer compartilhar o ocorrido, professor, e eu entenderei perfeitamente…
- Eu lhe contarei tudo, srta. Granger… Depois de tomar uma outra dose da poção… Será que já é tempo…?
Hermione se assustou com o tom do professor e ao se virar para olhá-lo notou que realmente ele parecia péssimo. Pegou o vidrinho com o líquido viscoso de uma cor alaranjada e sentou-se bem próxima a ele, olhando no relógio.
- Ainda faltam doze minuto! – exclamou em um tom desesperado. – O regulamento é claro! Se tomar essa poção sem o intervalo mínimo de duas horas as conseqüências podem ser graves. Até envenenamento…
Snape gemeu, se encolhendo ainda mais e apertando o lençol entre os dedos.
- Professor! – Hermione chamou desesperada. – O que… O que eu faço?
- Doze minutos… Temos… Esperar…
- Mas…
- Esperar, Hermione…
Ela parou, dando-se ao luxo de reparar que ele a chamara pelo primeiro nome. Colocou as mãos em sua testa e percebeu que ele suava frio.
- Está com frio? – perguntou, reparando em como ele agarrava o cobertor.
- Estou.
Ela apontou a varinha para o guarda-roupas.
- Accio cobertores!
Pelo menos três cobertores voaram até ela. Usando seu controle, ela os parou no ar e colocou um por um em cima do professor.
- O que… está fazendo?
- O cobrindo.
- Srta. Granger, não está geando!
- O que houve com o “Hermione”, senhor? – perguntou ela, percebendo a decepção na própria voz.
Snape não respondeu.
- Bom, mas eu realmente acho um exagero…
Tirou um dos cobertores e o jogou de lado.
Snape gemeu uma segunda vez.
- Quanto… tempo?
- Oito minutos – respondeu, olhando no relógio.
- Ahhhhh…
Ela se levantou, mas antes que pudesse se afastar ele segurou em sua mão, virando-se para olhá-la.
- A onde vai?
- Eu só ia…
Ele apertou mais a sua mão.
- Não me deixe…
- Eu não vou deixá-lo! – exclamou Hermione indignada, voltando-se a sentar ao seu lado, sem soltar sua mão. Como explicar para um homem que não estava acostumado com pessoas lhe ajudando, solitário, que não ia deixa-lo? – Tudo bem. O senhor tem um lenço aqui?
- No bolso…
Ela nem pensou em corar e já havia jogado a mão para dentro do bolso do professor e tirado o lenço.
Ele apertava sua mão enquanto ela passava o lenço sobre sua face, preocupada. Não era mais a mesma surpresa ver o seu professor de poções tão humano e em grande sofrimento, como no momento em que ela chegara a Hogwarts há algumas horas atrás. Agora ela o via como um homem, sozinho, com um passado difícil e amargura de uma vida sofrida. Não mais sentia raiva por todas as vezes que ele a maltratara, a humilhara. Sentia apenas compaixão e… Um sentimento estranho. Como se fosse carinho, admiração… Até um pouco de piedade. Snape, nesse momento de desespero em que a dor derretera por completo sua máscara de frieza e orgulho, demonstrava ser um humano que necessitava de atenção. Carente. Afinal… A quem ele tinha? Quem teria vindo cuidar dele se ela não tivesse aparecido?
- Vamos lá, professor… Falta apenas um minuto. Consegue se sentar? É melhor, senão pode acabar engasgando…
Snape fez um movimento, tentando se sentar, mas não conseguia devido à tremedeira, ou talvez porque insistia em não soltar a mão da garota.
- Professor… Eu posso te ajudar, mas preciso que solte a minha mão – Ele a apertou mais forte. – Vamos lá, professor, eu não vou deixa-lo, mas preciso que solte a minha mão para que eu o ajude…
Resmungando alguma coisa, Snape a soltou.
Hermione segurou em um braço de Snape e passou a outra mão por baixo de suas costas, tentando erguê-lo. Afastou os cobertores para que ficasse mais fácil, mas ele era muito pesado, e foi mais com o esforço dele que ele se sentou do que com a ajuda dela.
Tombou para o lado, na direção dela, e Hermione o acolheu em seu colo, de forma que ele permanecesse sentado com as costas apoiadas em seu peito.
Tentando acalmá-lo, Hermione passou seu braço esquerdo sobre o do professor e o segurou para que parasse de tremer. Com a mão direita ela guiou o frasco com a poção até os lábios do professor, meio que às cegas.
- Aqui, professor… Da outra vez o senhor estava inconsciente e derramamos um pouco, por isso o efeito não durou as duas horas… Cuidado para não derramar.
Obedientemente, Snape tomou o conteúdo do vidrinho sem derramar uma gota. Aos poucos, os tremores foram diminuindo e a dor parecia abandoná-lo. Ele foi deslizando lentamente até apoiar a cabeça na barriga da garota, e ali ficou, encolhido, enquanto sua respiração voltava ao normal. Sentiu uma mão pequena e delicada tocar a sua e a segurou.
- Tudo bem? – Hermione perguntou suavemente.
Ele não respondeu, apenas apertou os dedos da garota, enlaçando-os.
Encostada na cama com uma mão segura na de Snape, Hermione fez um movimento com a varinha, trazendo um cobertor para cima dele, mas foi jogado longe.
- Calor… - murmurou Snape antes que ela lhe perguntasse.
Hermione sorriu.
- É um dos efeitos da poção, não é? Calor, sono…
- Insensatez… - murmurou ele, a encarando. Bastou um aperto um pouco mais forte em sua mão para que ela soubesse do que ele estava falando.
Com a mão livre, Hermione afastou as mechas de cabelos negros e sedosos dos olhos do professor, não conseguindo evitar acariciar a pele macia e pálida. Surpreendentemente, o bruxo fechou os olhos, inclinando a cabeça na direção de suas mãos, como se sua vida dependesse daquele gesto…
- Obrigado, Hermione.
Ela sorriu. E lá vem o Hermione de novo!
- De nada, Severus. Descanse…
Ela podia jurar que aquilo fora um sorriso antes de sua respiração mudar e aparentemente, cair no sono. Ficou por algum tempo o encarando, ainda acariciando sua pele e cabelos com uma mão e segurando a do bruxo com a outra. Teria quantos anos? 38? 40? Era engraçado que sem aquela cara rabugenta que ele freqüentemente fazia, não parecia velho. Ao contrário. Não havia uma única evidência que apresentasse velhice em sua face. Uma única ruga, uma única mancha… Tinha sobrancelhas espessas e negras, cílios grossos e curtos, o nariz poderia até ser grande, mas não era exagerado, combinava com o seu perfil. Tinha lábios finos, porém bem desenhados. Uma leve marca de uma barba feita recentemente e uma pequenina cicatriz do lado esquerdo do pescoço.
Aliás, cicatriz era o que aquele homem mais tinha. Ali estava visível novamente cada marca que ele vira mais cedo, enquanto fechava seus ferimentos.
Hermione desgrudou os dedos do cabelo de Snape e usou-os para contornar suas sobrancelhas, nariz, lábios, desceu para a cicatriz no pescoço, tórax e passou a tocar cada uma das marcas do que provavelmente fora uma triste história. Ele era magro com muito músculos fortes e visíveis apesar de tudo…
Estremeceu quando seus dedos roçaram seu umbigo e mesmo dormindo, se mexeu com um “Hmm” que demonstrava estar confortável em seu sono.
Ela não resistiu e lentamente, desceu até encontrar os lábios do homem, roçando-os no seu, apenas para levantar-se em seguida e encostar a cabeça na parede, exasperada. Acabara de beijar um professor? O professor Snape?
Por mais estranho que tudo aquilo parecesse, ela não pôde deixar de sorrir ao imaginar a reação de Harry e Rony, se soubessem...
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Severus sentiu um toque suave em seus lábios e se desesperou quando aquele calor se afastou. Sentiu uma mão levantar sua cabeça suavemente, para depois ficar com ela do mesmo nível do seu corpo. Não abriu os olhos, estava muito confortável para tal. Sentiu aquele mesmo toque em seu pescoço, deslizando para o lado e subindo pelo lóbulo de sua orelha, envolvendo-o com um toque úmido que fez um som involuntário escapar de sua garganta.
Dedos subiam pelo tórax, tocando cada centímetro de pele, cada cicatriz... Os beijos desceram novamente pelo pescoço e subiram em seu tosto, contornando os lábios secos… Ele ofegou quando uma mão pequena e delicada insinuou-se para o cós de sua calça e forçadamente, ele abriu os olhos.
- Srta. Granger… - ofegou, rouco, quando a viu quase por completo sobre ele. – O que está fazendo? Pare…
- Quer mesmo que eu pare? – sussurrou ela em seu ouvido, enquanto o botão de sua calça era aberto e ele estremecia.
As palavras foram seguidas por uma leve mordida em sua cartilagem e ele não conseguiu evitar um gemido.
- Isso não é certo, você é minha aluna…
Apesar de falar, Severus não fazia nada para impedir o zíper que era aberto lentamente de continuar descendo. Aquilo, de certa forma, era um alívio, já que sua calça se encontrava incrivelmente apertada.
- Esse não é um motivo bom – ele murmurou de volta, sentando em seu quadril com uma perna de cada lado. Ele abriu bem os olhos, não querendo perder um só detalhe daquela visão maravilhosa.
Ela usava apenas aquele top de renda que a deixava incrivelmente sexy. Os cabelos caíam selvagemente em seu rosto; seus olhos tinham um brilho de luxúria viciantes e seus lábios estavam entreabertos… Começou a se aproximar, descendo lentamente… Ele não resistiu… Esticou o braço para frente e segurou naqueles cabelos macios, entrelaçando seus dedos entre os cachos e guiando aquela cabeça para mais perto de seu rosto…
Fechou os olhos, mas quando abriu-os novamente, decepcionou-se… Apenas uma suave escuridão havia a sua frente...
Piscou, tentando compreender… É claro… Fora um sonho… Um delicioso sonho…
Com a respiração ofegante, virou o rosto, surpreso. Hermione estava dormindo completamente torta e ele ainda estava deitado em seu colo. Seus olhos caíram em suas mãos, ainda entrelaçadas. A soltou, de leve, sorrindo, o coração descompassado. Deu uma olhada em si mesmo e deu graças a Merlim que ela estivesse dormindo, pelo menos assim não corria o risco de constrangê-los, pois certamente notaria o estado evidente da conseqüência de um sonho tão… envolvente.
Sentiu-se mal por ter tal reação com uma aluna sua, mas fora um sonho tão bom e aquele toque em seus lábios parecera tão real…!
Ficou por alguns minutos tentando recitar ingredientes de poção e afastar aquela reação, mas a lembrança daqueles toques suaves em sua pela não saíam de usa cabeça Resolveu se levantar e deixá-la dormir um pouco, quando ela se mexeu.
“Droga!”
Imediatamente ele puxou um cobertor para cima do corpo, apesar do calor que ainda sentia.
- Professor?
Ele a olhou, enquanto ela se endireitava.
- Faz tempo que acordou, senhor? – Ela perguntou.
- Acordei agora, srta. Granger. Lamento ter dormido em… seu colo o tempo todo.
Snape se levantou, tomando o cuidado de permanecer coberto, mas a visão da garota com os cabelos bagunçados, a saia fora de lugar, dentro do seu moletom não ajudava nada.
- O que aconteceu com o “Hermione”? – perguntou a garota novamente.
- O que aconteceu com o “Severus”? – ele devolveu.
Os dois se encararam, ela com um sorrisinho humilde e ele sem expressão. Reparava nos detalhes do seu rosto, diferente do olhar que possuía no seu sonho, aqueles olhos transmitiam confiança e um brilho inocente. Brilho que, de certa forma, causava uma estranha sensação em seu estômago. Reparou também que aquela marca roxa, motivo que a fez procurá-lo mais cedo, ainda estava ali.
Quando ele se deu conta, já tinha erguido o braço e tocado o local marcado com uma delicadeza que não imaginava possuir, ciente de que ela não tirava os olhos dele enquanto o fazia.
- Eu pensei que já tivesse cuidado disso – murmurou sentindo-a tremer ao roçar um dedo muito perto de seus lábios.
- Eu tinha até me esquecido…
A forma que as palavras soaram o avisaram que era melhor afastar a mão se ainda quisesse evitar o constrangimento anterior, mas alguma coisa fez com que ele permanecesse assim.
- Não está mais doendo?
- Está. Parando para pensar, nem sei como me esqueci…
Ele sorriu, procurando a varinha e murmurando um feitiço. Um frasquinho escuro que havia em cima de uma mesinha aos pés da cama voou até as mãos dele. Hermione estendeu os dedos em direção ao frasco, mas ele o tirou de seu alcance.
- Sen… Eh, Hermione, acho melhor que evitemos nos tocar. Não podemos nos dar ao luxo de quebrar um novo vidro de poção.
Ela pareceu surpresa, mas sorriu, abrindo a mão com a palma para cima, a espera. Segurando o mais distante possível da parte que tocaria a pela de Hermione, Snape lhe entregou o frasquinho.
Era incrível como depois do sonho, cada gesto que ela fazia lhe parecia erótico. Ele reparou, mordendo os lábios, em como ela abriu a tampinha do frasquinho, desrosqueando com movimento ágeis entre os dedos delicados. A imagem fez com que ele irresistivelmente se lembrasse dos toques daquelas mãos delicadas sobre seu corpo. Ela abriu os lábios e ele sentiu um calafrio subir por sua espinha quando eles envolveram o gargalo da garrafinha. Imagens que não estavam em seu sonho começaram a surgir em sua cabeça… Para afasta-las, ele buscou algo para fazer. Não podia se levantar, ela poderia notar… Achou a blusa da garota e apontou a varinha. A peça sumiu e reapareceu em alguns segundos, semi nova.
- Obrigada. Que feitiço é esse? – Ela perguntou ao receber a blusa das mãos do professor.
- Um feitiço que eu mesmo inventei, é um feitiço r…
A resposta morreu em sua garganta quando ela se endireitou e puxou o moletom para cima da cabeça. Merlim, aquilo já estava ficando desesperador…
- Srta. Granger… - murmurou, hipnotizado, dobrando os joelhos, desconfortável.
- Hum? – fez ela, enquanto abria os botões da blusa para vestí-la, completamente indiferente ao que causava.
- Hermione…
Ela jogou os cabelos para trás, sem dar ouvidos e continuou a mexer na blusa. Alfinetou o dedo…
“Céus, mais essa… Por favor, que ela não faça o que eu penso que vai fazer, por favor, por favor, por f… por… Oh, não!”.
O curto controle de Severus dói para o espaço quando ela levou o dedo aos lábios e sugou-o.
Levantou-se correndo e se afastou, de costas.
Para seu azar, ela foi atrás.
- Severus! Está tudo bem?
- Sim, quero dizer… não… É melhor você ir embora, Hermione…
- Mas Severus… O que houve? Alguma dor voltou?
Para seu desespero ela tocou suas costas.
- Responde, você está me deixando preocupada!
Mas era ele quem estava ficando preocupado com ela lhe tocando daquela forma. Fechou os olhos e não respondeu. Quando, porém, aquelas mãos deslizaram para sua cintura, ele as segurou onde estavam.
- Pare.
Silêncio.
- Você não está com dor, não é? – ela perguntou, mas obviamente, pelo seu tom, era mais uma afirmação.
- Não – ele respondeu mesmo assim. Já estava conseguindo se controlar, sem notar que eles estavam praticamente abraçados agora e que isso lhe causava outros tipos de sentimentos.
- É ele, não é? Ele quem fez isso com você e é por isso que você está assim. Está triste?
Severus abriu os olhos. Do que ela estava falando? Ele? Severus Snape triste?
- Ele quem?
- Voldemort.
Bem, aquilo matou sua excitação.
- Não-diga-o-nome-dele! – sibilou.
- Desculpe. Mas foi, não foi? Foi ele quem lhe fez isso. Ele quem te machucou…
Lentamente, Snape se virou, a encarando. Estava surpreso. O que era quilo na voz dela?
- Dumbledore sabe? – ela perguntou mantendo o seu olhar, mas com uma ferocidade que sua idade não aparentava.
- Sabe? Do quê? – ele ergueu uma sobrancelha. Aquela não era a Hermione Granger que ele convivia nas salas de aulas.
- Sabe o que você é obrigado a passar para manter essa farça? Dumbledore precisa fazer algo! Foi ele quem te pôs nessa vida! Eles podiam ter matado você…
- Não me matariam, Hermione – falou ele. – O Lorde das Trevas ainda me considera de alta importância para sua espionagem, não iria querer perder o seu suposto espião.
- Não foi isso o que aconteceu – ela teimou. Snape girou os olhos, divertido. - É sério! – ela exclamou, segurando em seu rosto e forçando-o a olha-la. – Eles podiam ter matado você! Eu vi como chegou, Dumbledore não pode permitir que você sofra dessa forma…
Então ela se importava. Ela realmente se importava com ele! Com seu estado, com sua felicidade… Aquilo fez com que ele desviasse seus olhos imediatamente. Merecia tal dedicação e carinho? Não, com certeza não.
Segurou na mão que ela inda tinha em seu rosto e a afastou.
- Eu não mereço sua afeição, Hermione. O castigo que recebi hoje do Lorde das Trevas e o mínimo que eu merecia por tudo que fiz até hoje, e tudo o que eu terei que fazer. Ficarei eternamente agradecido pelo que me fez, mas isso não faz de mim uma pessoa mais digna. Eu mereço ser castigado, ser…
Hermione se aproximou, passando os braços ao redor dele e deitando sua cabeça em seu ombro, que era o máximo que sua altura permitia alcançar. Snape ficou sem reação por um longo tempo, até entender que aquilo era um abraço. Percebeu que não se lembrava de ter sido abraçado por ninguém em muitos anos, mas o incrível era que a sensação era boa. Hesitante, ele tocou suavemente a cintura da garota, sem saber como agir, mas o perfume que emanava dela lhe reconfortava de tal forma que ele agiu impulsivamente, envolvendo-a com seus braços fortes e afundando o seu rosto entre os fartos e macios cabelos castanhos.
- Você não entende o que faz? O quão importante é para todos nós? Muitas vitórias foram conquistadas pela Ordem graças a você! E muitos de nós devem mais do que a vida para você…
- Eu tenho um passado humilhante…
- Passado. Exatamente. E está tendo um presente mais do que cruel! Já é ruim o bastante para você ficar se culpando.
Snape ficou calado, refletindo.
- Você confia em mim, Hermione?
- É claro! – ela respondeu sem pestanejar.
Ele se afastou, apenas o suficiente para encara-la nos olhos e sem tirar os braços ao redor dela. Não precisou usar a legilimência, não foi necessário. O brilho que tinha em seus olhos, a expressão confiante, tudo era uma prova viva de que o que ela dizia era sincero.
- Eu tenho… Uma missão para o final do ano letivo. Algo que fará muitos duvidarem da minha lealdade. Você me promete que nunca duvidará de mim? Nunca se esquecerá de que tivemos essa conversa e que pedi que acreditasse em minha lealdade, não importa o que aconteça?
- S-Sim. Eu prometo. Mas que missão é essa?
- Eu não posso te contar… É horrível, eu não queria, mas Dumbledore…
Snape fechou os olhos, sentindo-os arderem novamente. Odiava quando se sentia assim. Era sempre tão frustrante!
Fez menção de virar-se novamente, mas Hermione o segurou.
- Não! – exclamou. – Não fuja! Você não pode contar, tudo bem! E se foi Dumbledore quem pediu… Bem, não pode ser algo tão horrível, não é? Quero dizer… Será por uma boa causa, não será?
Snape apertou ainda mais os olhos fechados.
- Eu não posso, Hermione – falou num sussurro. – Simplesmente não posso…
Ele abriu os olhos ao sentir aquela mão delicada em seu rosto, e a viu sorrindo.
- Você é o único que pode. Caso contrário, não teria sido o escolhido.
Ela não entenderia… Dizia aquilo porque não sabia o que ele teria que fazer… Mesmo assim, ele permitiu-se acreditar nas palavras dela e se reconfortar.
- Obrigado, Hermione. – agradeceu sorrindo. Ela apertou as sobrancelhas. – O que foi?
- Nada, é que… Eu nunca vi você sorrindo assim. Fica bem mais jovem e… bonito.
Foi engraçado vê-la corar. Dessa vez, não se segurou… Usou a legilimência…
Viu-se caído em seu escritório e Hermione correndo para ampará-lo… Deitado em sua cama, inconsciente, com ela limpando delicadamente cada arranhão, cada corte em seu peito… Ainda em sua cama, deitado no colo dela, mãos passeavam por suas cicatrizes, por seu rosto, e lábios roçaram os seus…
- Professor?
Snape levou um susto, saindo imediatamente daquela mente que não era sua. Então fora real! Aquele toque em sus lábios fora real! Não fora apenas um sonho…
- Hermione… Porquê? – ele ofegou, segurando-se na borda da cômoda atrás de si.
Ela parecia assustada e muito mais corada do que antes.
- Você não estava… estava?
Ele a encarou, ainda segurando a cômoda atrás de si, que servia como apoio. Foi o suficiente para que ela tirasse a única mão que ainda lhe tocava e a colocasse na boca.
- Me desculpe, eu…
- Porque? – ele repetiu a pergunta.
Ela desceu os olhos, apertando as mãos, mas não respondeu.
- Hermione… Você sabe o que eu acabei de fazer, não sabe?
Tímida, ela fez que sim com a cabeça.
- E sabe… Você viu que imagens eu tive acesso, não viu?
Novamente, ela acenou.
- Porque? – perguntou pela terceira vez. Se endireitou e soltou a borda da cômoda.
- Eu n-não sei, eu… foi impulso… - Ela deu um passo para trás, encarando os pés.
- Impulso? – perguntou Snape, com um passo à frente. – Você foi enfeitiçada ou algo assim para sentir impulso em beijar “o professor de poções”? O velho e cruel morcegão das masmorras?
Ele deu outro passo para frente, e ela, outro para trás.
- Me desculpe, professor, eu não pensei…
- Voltamos ao professor, então? – perguntou Severus, na voz mais suave que conseguia fazer, talvez até com um tom de descontração. Não queria intimida-la, não agora sabendo que aquele toque suave fora verdadeiro. Só queria entender… Ele até compreendia a admiração e compaixão, mas porque uma jovem inteligente e bonita sentiria algo mais por ele?
Aquilo não bastou para que ela deixasse de encarar o chão.
- Eu não tenho o que dizer – falou, parando de torcer as mãos e dando mais um passo para trás.
- Não tem o que dizer? – repetiu Snape, - Hermione, eu não vou brigar com você, eu só quero entender o que te levou a fazer… - Ele inspirou e soltou o ar. – O que te levou a praticar esse ato que tenho certeza, nunca imaginou fazer…
- Está enganado – falou ela, erguendo os olhos e o encarando. Um segundo se passou em silêncio até que ela voltasse a encarar o chão e a dar outro passo para trás. – Eu só tive vontade de faze-lo. Lamento que isso o tenha incomodado tanto…
Snape se aproximou depressa dessa vez. Teve vontade… Foi isso mesmo que ela disse?
O movimento provavelmente a assustou, pois ela deu mais um passo para trás. Entretanto, já havia andado tanto nessa direção que acabou trombando na imensa cama. Ela soltou um gritinho, assustada e por pouco não caiu. Mas os braços fortes de Severus chegaram antes, e ele a segurou.
Um par de olhos castanhos e um par de olhos negros se encararam, bastante próximos.
- Hermione… - murmurou Snape, tentando não se concentrar nos lábios suaves e bem atrativos perto de si. - Esse não foi o primeiro acontecimento de muitos estranhos que aconteceram aqui.
- Do que…
- Você é uma bruxa esperta, Hermione. A mais inteligente de todas da sua idade. Deve saber o porquê aquele frasco de poção se quebrou, no momento em que nos tocamos.
Nervosa, mas ainda mantendo o olhar de Severus, Hermione negou.
- Não sabe? É claro que eu sempre vi isso como uma crença romântica e infantil, mas… foi estranho. É uma lenda, lufana, como é de se esperar, que diz que quando sintomas de um novo sentimento entre duas pessoas começam a se… A se aparecerem, de alguma forma, a primeira coisa a acontecer depois que ambos percebem o ocorrido é aquele “choque”, na primeira oportunidade de se tocarem acidentalmente.
- Então… Isso quer dizer que…
- Eu me lembro de você ter estremecido quando lhe fiz isso… - Ele tocou o canto dos lábios de Hermione como da outra vez, agora sem nenhuma marca rocha.
Ela estremeceu novamente, e ele sorriu.
- E isso foi antes de termos compartilhado aquela cena da perda de uma das minhas preciosas poções.
Hermione corou.
- Não é justo… - murmurou.
Snape apenas ergueu as sobrancelhas.
- Esse é o meu ponto fraco – ela explicou, corando ainda mais.
- Aqui é seu ponto fraco? – perguntou, tocando novamente o canto dos lábios de Hermione e vendo-a estremecer, satisfeito. – Interessante...
Ele sempre gostou de estar no comando de tudo, e apesar de não achar aquela situação adequada, não podia deixar de se divertir com a idéia de ter uma carta na manga. Só não contava com o que ela falou logo em seguida:
- É para discutirmos sobre pontos fracos, então? Eu também descobri o seu…
Seus lábios tremerem com a revelação, e os dela se abriram num meio sorriso. Seria possível? Mesmo? Ele tinha tantos pontos que considerava fracos, de qual ela estaria falando?
- Com medo Severus?
O seu primeiro nome pronunciado por ela era altamente tentador. Antes, porém, que ele dissesse qualquer coisa, ele sentiu um toque familiar e olhou para baixo: dedos delicados passeavam no seu tórax, descendo, até chegarem em seu umbigo, contornando-o.
Severus sentiu enrijecer-se, assistindo àqueles dedos tornarem-se mais ousados e deslizarem pelos pêlos negros. Ele segurou aquela mão e ergueu seus olhos.
- Você perdeu a noção do perigo, srta. Granger?
Ela lhe deu um olhar inocente.
- Achei que estávamos discutindo sobre pontos fracos, professor…
- Não. Errada. Eu estava falando sobre os seus pontos fracos.
- Sei… Sempre no comando, não é? Mas não se preocupe, Severus, eu não vou usar isso contra você…
Não vou usar isso contra você, a menos que você queira, a mente suja dele completou.
- Hermione…
- Hum?
- Você é minha aluna,
- Não hoje. Não agora.
- Mas é minha aluna.
- Não por muito tempo também.
- Mas…
- Severus, se você quer me mandar embora, não use desculpas, seja claro.
Ele ergueu os olhos e algo pesado caiu no seu estômago. Hermione tinha um olhar triste, magoado.
- Eu não quero que você vá embora, Hermione. Eu só não me sinto bem sabendo que você é minha aluna e que estamos nessa situação…
Ela abaixou a cabeça.
- Hermione?
- Sim, professor?
- Hermione não seja assim! Olhe para mim!
Ela ergueu os olhos, parecia furiosa. Snape poderia até ter caído para trás com o olhar, mas não se intimidou, afinal, ele era o professor de poções, ele deveria intimidar.
- Achei que nós tínhamos mudado a forma de nos tratar. Porque está tão nervosa?
- Eu não estou nervosa.
- Hum, estou vendo como você está tranqüila. – É, pelo visto ele estava prestes a descobrir o que Potter e Weasley já haviam descoberto há muito tempo.
Mas ao ouvi-lo, Hermione voltou a encará-lo, e sorriu.
- Desculpa.
- 10 pontos a menos para Grifinória. É brincadeira!
Ela já estava com uma expressão de quem iria discutir, era melhor apressar-se a explicar.
Hermione sorriu novamente.
- É que eu não quero que me mande embora.
- Não vou mandar.
- Não quero ir.
- Eu não quero que vá.
- Posso ficar?
- Você terá que ir assim que o sol nascer.
- Não digo apenas essa noite.
- Então…?
- Eu digo sempre. Posso ficar com você?
Severus a encarou. Falava sério? Era queria ficar com ele? Para sempre com ele?
Se ele ainda tivesse um pingo de juízo, diria que não. Que ela era uma criança e ele um homem velho. Ela tinha que ir para casa e se entender com um rapaz de sua idade, que o que ele merecia era um futuro amargo, assim como fora toda a sua vida até aquele momento, até a hora em que ela invadiu suas masmorras e mudara o plano de suas vidas…
Contudo, o egoísmo de Severus falou mais alto, e a única coisa que ele fez foi puxá-la para sim, olhá-la bem fundo nos olhos e responder…
- Pode ficar até quando você quiser. Só não permitirei que me abandone…
- Acredite, não vou abandonar.
Ela sorriu, e ele se aproximou, vendo-a fechar os olhos para depois fechar os seus e unir seus lábios. O sabor, a textura, o sentimento desconhecido em seu estômago foi o mesmo do sonho, e trouxe a tona cada imagem, cada detalhe daqueles breves instantes, o fazendo se sentir um adolescente bobo, mas muito, muito feliz.
Ela envolveu seu pescoço com suas mãos, e ele a segurou mais firme, com uma de suas mãos em suas costas e a outra em seu quadril.
Severus apertou o abraço, trazendo-a para ainda mais perto de si, o beijo que a princípio começara suave, tornando-se desesperado, necessário.
Um gemido escapou da garganta de Hermione, e Severus nunca pensou que poderia haver som mais reconfortante. Caloroso o suficiente para reacendê-lo. Porém, a iniciativa de entreabrir os lábios para um envolvimento mais íntimo não foi sua, mas dela.
Severus ficou tão surpreso que afastou seus lábios para olha-la. Hermione abriu os olhos, sem dúvida estava frustrada pelo fim do contato.
- O que foi? – ela perguntou.
- Nada, é que… Parece que você… me quer.
- E qual o problema em te querer?
- Me querer? Nenhum, tirando que isso é um fato que não ocorre em décadas...
A garota sentiu que as palavras foram pronunciadas de forma sofrida, assim como o brilho que apareceu nos olhos profundamente negros. Delicadamente ela afastou uma única mecha de cabelo que caía na face do mestre de poções, e se aproximou, sem uma única palavra. Ao invés de tomar-lhe os lábios como Severus pensou que faria, Hermione se desviou para o pescoço, deixando ali uma trilha de beijos quentes e molhados até chegar em seu maxilar, mordiscando-o.
Um gemido abafado de surpresa e excitação escapou dos lábios de Severus dessa vez.
- E eu te quero… Não importa quantas pessoas já quiseram, o que você já fez, quem já possuiu e quais são as nossas posições dentro da escola, na ordem, ou no círculo íntimo de Você-sabe-quem. Eu te quero. Agora.
E o que mais lhe importava naquele momento era obedecer, sem dúvida.
Mal acreditando que alguém tão jovem, tão atraente e tão delicada ao mesmo tempo pudesse se interessar por ele, Snape tocou a pele aveludada do rosto da garota e passou os dedos por seus cabelos fofos, erguendo sua cabeça na sua direção. Ela era linda! Como pudera nunca ter notado isso? Como pudera tê-la maltratado e subjugado assim? Ele era um tolo! Um tolo por nunca ter olhado para aqueles que mereciam ser olhados, e um tolo por estar se deixando levar por um sentimento que há muito tempo não sentia por ninguém. Como algum dia, fugindo desse sentimento como se fosse uma praga, ele pudera se esquecer da sensação tão boa e tão reconfortante que era se sentir assim?
Haveria tempo para essas divagações, essas questões atualmente sem respostas, agora, o que ele mais queria era voltar a sentir-se feliz…
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Comentários (1)
Uiiiiii Sev! Mione safadinhaaaa!
2013-12-31