Cho Chang



Ainda não acreditava no que estava ouvindo.

Sua tentativa de ter uma noite de sono agradável, longe dos problemas ao seu redor dissipou-se em menos de duas palavras. Era realmente inacreditável.

Sua expressão ficou a mesma que a de Harry. Ela entreabriu os lábios, mas não emitiu som algum. Arregalou os olhos, procurando palavras.

Ele também não se movia. Ótimo, pensou nervoso, mais um comensal pé no saco no nosso caminho tentando matá-la.

A ironia era de matar, mas era a mais pura verdade.

_Eu não acredito. – foi tudo o que conseguiu murmurar. – Como aquela besta conseguiu fugir?

_Eu não faço idéia. – ele comentou, passando a mão pelos cabelos. – Agora mais uma atrás de nós.

_Atrás de mim. - ela o corrigiu. – E ela não me preocupa. O que me preocupa é o fato dela estar junto dos outros. Isso é o que me dá medo.

Se uma frase mostrava a vida, a frase de Gina ultimamente seria “A alegria dura pouco”. Ela inspirou profundamente e depois bufou. Esfregou o rosto entre as mãos, murmurando coisas que Harry não entendia.

_Ah, eu não acredito. –passou a mão pelos cabelos. – Como pode ser uma coisa dessas? Isso não pode estar acontecendo comigo, simplesmente por que eu não fiz nada pra merecer uma coisa dessas. O problema é você, e simplesmente, ah, meu Deus, estamos mortos. E...

Ele a calou, segurando seu rosto e assim, beijando-a com paixão.

Gina ficou aturdida de início, mas Harry esperou pacientemente, até que ela retribuísse. Passeou com uma mão por uma madeixa rubra, fazendo pequenos rolinhos e desmanchando-os em seguida.

Gina retribuiu o beijo com a mesma intensidade e paixão que Harry dava-lhe. Enlaçou-o pelo pescoço, fazendo carinho em sua nuca, enquanto suas línguas fundiam-se em uma só, numa mistura de desejo e amor.

Quando Harry parou, ele a olhou nos olhos e sorriu docemente.

_Agora, procure se acalmar.

Ai, ai, ai. Depois daquele toque, daquele beijo, ela achava que todos aqueles problemas não passavam de sonho. Era incrível como Harry tinha um poder sobre si tão grande. Apenas um olhar, um gesto, a fazia ficar calma. Protegida.

_Uhum – ela sorriu meio que debilmente. Era um poder tão grande que a fazia sentir-se vulnerável e, droga, ela odiava ficar daquela forma, por que além de ser rara - droga novamente -, era o Harry!

Ele sorriu, mas era como se Gina o conhecesse. Imediatamente, saiu daquele estado de transe, olhando-o com seriedade.

_Como, diabos, você quer passar calma para uma pessoa sem nem ao menos você está calmo internamente? – ele abriu a boca, mas não respondeu. – Dentro de você está corroído de medo. Medo que algum comensal venha e nos machuque.

Ele suspirou.

_Em termos, você está certa. Parcialmente. – comentou, olhando-a cruzar os braços. – Mas não estou preocupado que vá me machucar com algum daqueles comensais; eles não causam nada além de arranhões em mim, e isso não me machuca. Mas – ele a segurou pelos ombros, olhando-a nos olhos, como quem quisesse desvendar todos os segredos daquela ruiva. Sorriu, de forma preocupante. – Eu ficarei realmente machucado se eles te machucarem, ou pior. – ela o sentiu tremer levemente. – Se eles me fizessem perder você para sempre.

Ela queria responder que não, nunca a perderia para os comensais, mas não estava mais certa disso. Era algo dentro dela que dizia que estava tudo muito bem planejado, e ela sendo, ou não, a melhor, a pegaria de qualquer forma. Ainda havia mais coisas a serem descobertas, e tentar, ao menos, atrasar aquele plano todo.

_Sabe – ele continuou. – Eu não agüento mais perder as pessoas que eu amo para Voldemort. Primeiro meus pais, depois Sirius, Dumbledore, além de muitas outras que foram meus parceiros em combate. Eu não vou me dar ao luxo de perder a mais importante delas.

Ela suspirou pesadamente ao vê-lo com aquele olhar, cheio de dor. Gina sabia o quão dolorido era para Harry falar daquelas perdas, especialmente a do padrinho; único parente vivo com quem ele tivera contato.

Seu coração apertou ainda mais quando o viu abaixar a cabeça, desolado. Gina sabia que aquilo tudo estava o deixando tão biruta como ela, mas nunca imaginara que ele estremecia só de pensar que os comensais entrariam ali a qualquer minuto e a matariam.

Ela tentou sorrir, reconfortante, passando uma mão pelos cabelos negros, depois pelo rosto. Ele a olhou, seus olhos marejados.

_Não vai ser um simples comensal que vai me matar. Vai ser necessário muitos deles para tentar me derrubar. Além do mais – ela sorriu docemente. –, estamos juntos, Harry. Somos você e eu nessa batalha, garotão. Um defendendo o outro e... – ela aproximou seu rosto do dele. – Se por acaso, algum de nós nos separarmos um do outro, ficarmos em um outro plano, estaremos sempre em mente, em alma, em espírito. Por que o que sentimos é muito mais forte do que a morte, até. – concluiu, enquanto ele a enlaçava pela cintura, para logo depois a envolver em um abraço apertado.

_Mesmo assim. –sussurrou, abraçando-a ainda mais. Como se não quisesse perdê-la – Não vai ser a mesma coisa e eu não vou ter medo de matar a sangue frio e sem piedade se algo acontecer a você.

Ela se afastou, suspirando.

_Harry, vamos esquecer isso por um minuto, sim? – ele ia responder, quando ela continuou. – Não acredito que a Chang vai querer vir atrás de mim para matar-me, não agora, muito menos hoje, pelo menos. Se ela for um pouco inteligente, vai querer ficar a par do que estão tramando contra mim. Então procure relaxar e esqueça isso, até que amanheça e possamos ir até o Ministério e conversar sobre isso com Duarte e os outros.

_Nós, Gina. Ela viria atrás de nós. – ela balançou a cabeça, negativamente.

_Não Harry. Atrás de mim. – ressaltou. – Não acho que Voldemort esteja envolvido nisso. Somos dois perseguidos, mas por feras diferentes.

Ele já havia pensado nisso, mas não havia imaginado que Gina já havia tirado suas conclusões também. Pensava que ela estava tranqüila, até mesmo desatenta ao que acontecia, depois do que ocorrera a Rony.

_Gi, o que está querendo dizer?

_Não acho que Voldemort esteja envolvido nessa caça pela minha carcaça. Ele quer se vingar dos traidores, sim, mas não vai sujar as mãos dele com pouca coisa. Ele quer você, não a mim. Eu sou trabalho dos comensais e conquistar seu mundo livre de trouxas e de sangues-ruins, além de te matar é trabalho dele, Voldemort.

Ela caminhou até a cozinha, com Harry a seus pés.

_Não acha então que...

_Voldemort esteja envolvido nisso? – ela o interrompeu. Harry assentiu. – Sim, não acho que ele esteja envolvido, e tenho dúvidas até de que ele saiba de algo. Se soubesse, teria com todo o prazer dado ordens para que ele viesse em busca da minha cabeça. Voldemort é muito apressado, e é isso que o atrapalha. Ele está cansado de esperar. – ela comentou. – Os planos dele podem ser perfeitos, mas ainda é estabanado para algumas coisas; matar traidores, por exemplo. – sorriu. – E isso, na hora pode nem trazer problemas, mas pode gerar algum futuramente, caso os Aurores comecem a investigar. E se descobrirem algo a mais, pode gerar problemas em algum de seus planos, fazendo-o voltar ao ponto zero.

_Você pensa a mesma coisa que eu. – Harry comentou, vendo-a pegar um refrigerante na geladeira e abrir, dando um longo gole.

_Sobre?

_Voldemort ser estabanado. E esses acontecimentos são muito...

_Metódicos. – Gina completou por ele, que assentiu.

_Nem tanto. Mas creio que as coisas vão começar a se complicar de agora em diante.

_Mas a gente deve admitir. –ela murmurou.

_O quê?

_Se Voldemort não sabe, eles estão fazendo um ótimo trabalho, já que eles estariam bolando um plano próprio, e o plano do Lorde deles.



***



Uma linha fina de luz, porém com um barulho arrepiante, cortou aquele céu imensamente negro, fazendo clarear o beco daquela rua, transformando a face dos Comensais - que estavam sob a capa - mais horripilante, graças à forma que metade iluminava, mas seus olhos ficavam escondidos pela escuridão, como metade de sua face. Mas aqueles sorrisos sádicos eram muito bem capaz de serem vistos em todos eles.

Era uma roda, não muito grande, mas com um número suficiente para matar uma pessoa em poucos segundos, com maldições em cima de maldições.

Em seu centro, uma mulher estava encolhida, com os olhos fechados e a face magra demais, deixando com uma fisionomia ossuda e medonha. Ela gritava a plenos pulmões, com as lágrimas escorrendo.

_Eu fugi e estou de volta, desobedecendo meu mestre, ao invés de ir até ele e dizer que estou lá para servi-lo e estou aqui por causa do seu plano idiota e agora querem me matar? VOCÊS NÃO PODEM FAZER ISSO!

Os seis comensais ali presentes riram. Um comensal deixou o capuz cair, revelando uma aparência bela, com os cabelos mel caindo em suas costas e o sorriso sádico brincando nos lábios vermelhos e carnudos, enquanto os olhos azuis brilhavam. O que mostrava ser uma nova seguidora; revelando o fato de que as maiorias dos presentes ali, mesmo sendo bem novos, estavam acabados para sua idade.

Ela caminhou graciosamente até a mulher, e num gesto rápido, chutou-lhe a face, fazendo a oriental bater a face contra o chão frio e molhado. Ela já tremia, por estar apenas com uma camiseta e uma calça jeans. A Comensal sorriu ainda mais, desdenhosa.

_Vamos, Chang. – a mulher elevou o tom de voz, de modo que todos os comensais ali presentes escutassem. – Pare de gritar, ou quer chamar a atenção de quem? Trouxas? – sorriu maldosa. – Sabe, se aparecesse algum aqui, as coisas ficariam muito piores para você. – Cho abriu a boca para falar, mas ela apenas abanou a mão, fazendo a oriental se calar. – Mas isso não importa, como não importa o que você pensa. Você já está participando desse plano como todos nós, ou acha que se correr a Voldemort agora ele vai lhe receber de braços abertos, sabendo que você ocultou algo dele?

Cho começou a xingá-la de todos os nomes que lhe vinham em mente. A morena apenas riu.

_Você é comovente. – ela sorriu, desdenhosa. – Quis se fazer tão superior a mim quando comecei, quando na verdade, mesmo sendo a iniciante, a superior aqui fosse eu. – riu sarcástica. – Você era só o objeto de prazer dos comensais e de Milorde.

Chang estava disposta a não ouvi-la. Gritava como uma pessoa com algum tipo de deficiência mental. Bárbara apenas suspirou, erguendo a varinha.

_Vamos, querida. Não quer mais conversar? Está sendo muito bom observar você gritar feito débil, suando frio e tremendo. Mas já que não quer. –ela deu os ombros, e quando ia murmurar o feitiço, sentiu uma mão em seu braço, fazendo-a girar os olhos.

_Você disse que eu podia me divertir. – o homem encapuzado sorriu pelo canto do lábio, maliciosamente.

_Acho que você já se divertiu o bastante, Bárbara. Agora, conforme-se. Não vale a pena usar um feitiço para matar um verme como esse. Guarde suas forças para nosso plano. Você é importante.

Ela abaixou a varinha, a contra gosto. Chang ainda gritava obscenidades. O Comensal ao lado de Bárbara apenas girou os olhos, apontando a varinha e murmurando um feitiço, de modo que fizesse a garganta da oriental perder as cordas vocais, de modo que foi impedida de falar. O Comensal suspirou, com um sorriso cínico.

_Assim é bem melhor. Agora – ele caminhou até a oriental, olhando-a com repugnância. –, seria muito bom eu te matar nesse exato minuto, infelizmente, tenho coisas mais importantes a fazer. Então desapareça.

Bárbara pareceu incrédula.

_Mas... Você... Céus! Ela vai correr ao mestre e estragar nosso plano de levar a Weasley e usá-la como isca para o Potter.

_Não, não vai. – o Comensal sorriu de forma sádica. – Ordenei que o francês tomasse conta disso. Milorde não quer te ver nem pintada de ouro. – completou, sorrindo falsamente à oriental.

Cho parecia descontrolada. Com certeza teria gritado muito se pudesse falar.

_Enxote-a, Bárbara. – disse simplesmente, dando as costas. – E vamos embora, pois temos muito a fazer ainda.

As risadas dos seis comensais ali presentes fizeram Cho chorar ainda mais. Furiosa, ergueu-se com dificuldade, pronta para socar aquela morena desgraçada. Bárbara riu, empurrando-a de forma de voltasse a cair no chão. Depois, ergueu-a pela camisa, de forma que seus rostos ficassem perigosamente próximos.

_Você ouviu, querida. Suma. E é bom não aparecer tanto na frente dos Comensais da Morte quanto dos Aurores idiotas. Você sabe; qualquer um dos dois lados, você estará morta. Ah, sim – ela lembrou-se, fingindo ser doce – Suma da vista de Milorde, também.

Dizendo isso, jogou-a de encontro ao chão, gargalhando. Bárbara juntou-se ao comensal, com o qual trocara um beijo longo e nojento aos olhos de Cho. Depois, a encaram e deram ordens para todos aparatarem, deixando a oriental ali, sozinha.



***



O relógio na cabeceira da cama ficava com aquele Tic. Tac. infernal, fazendo-a jogar o travesseiro contra a face, resmungando incontrolavelmente. Ela sabia que a culpa não era do relógio, mas precisava desesperadamente de algo para culpar sua raiva; algo que a pudesse fazer se esquecer, por um segundo, de Rony.

Mas ela estava vendo cada vez mais que isso era literalmente impossível!

Ficou de barriga para cima, encarando o teto. Tinha a absoluta certeza que sua camisola estava levantada até a altura de sua cintura e que seus cabelos já lanzudos, de tanto se remexerem na cama, estavam revoltos. Imaginava se quando levantasse Harry ou Gina achariam seu rosto no meio de tanto cabelo bagunçado.

Quem se importava! Ela estava sem sono, não conseguia dormir, a chuva incomodava seus ouvidos quando batia fortemente de encontro a janela e estava nervosa. Talvez entrasse em TPM, mas ela não estava nem um pouco preocupada consigo. Queria logo que todo aquele seu pesadelo acabasse.

Após inúmeras tentativas de tentar tirar pelo menos um cochilo, desistiu. Levantou-se, colocando um robe azul marinho por cima, sem preocupar-se em amarrá-lo. Decidiu, então, tomar um pouco de café com leite, que faria naquele exato minuto.

Desceu as escadas silenciosamente, com o cuidado para não acordar os dois, mas ao chegar à sala viu que era a única que dormia ali ainda.

Gina estava sentada no sofá, vestida somente com uma camiseta laranja oficial do Chudley Cannons, que ia até um pouco acima do joelho. Os cabelos ruivos, esparramados pelos ombros e usava meias, enquanto Harry trazia duas canecas com café.

Olhou para o pé da escada, deparando-se com a morena. Entregou uma caneca para Gina, enquanto segurava o seu.

_Acordamos você? – perguntou, enquanto ela negava com a cabeça.

_Não, pensei que estivessem dormindo. Mas eu já estava acordada há horas. – na verdade, ela suspeitava que tivesse conseguido pegar no sono.

Harry sorriu, enquanto Gina dava um longo gole em seu café. Depois, segurou-o com as duas mãos enquanto inclinava sua caneca para frente. Lançou um olhar a cunhada, perguntando simplesmente:

_Rony, não é?

Hermione suspirou, parecendo desolada. Caminhou até os dois, sentando-se na poltrona ao lado.

_Ele não sai da minha cabeça. – Harry deu um gole de café, sentando-se no sofá, ao lado de Gina. Vestia somente um bermudão negro, e os cabelos desgrenhados estavam molhados, fazendo algumas mechas grudarem na face. – Fico me perguntando se a qualquer momento, nessa minha ausência no hospital, vão me ligar e dizer “Srta. Granger, desculpe-me por esta noticia, mas seu noivo não sobreviveu”.

Gina maneou a cabeça levemente, massageando a têmpora em seguida. Algo em Hermione dizia claramente que existia algo mais do que o estado de Rony, que a preocupava.

Ora. Depois que Harry, Gina e Rony se formaram, todos como Aurores, e ela como curandeira, ela não tinha idéia sequer dos acontecimentos. Acompanhava quem era preso ou não pelo jornal. Só. Rony não lhe dava detalhes, e ela não pedia também.

Harry suspirou, passando a mão pelos cabelos.

_Mi, você não pode dar uma de “Vitor Frankenstein” – ele citou o nome de uma personagem de um livro trouxa, o qual tinha certeza que Hermione sabia; o cientista que morria de vontade de dar vida a uma figura inanimada. Passava dias sem sono para conseguir o que queria; Gina arqueou a sobrancelha, não entendendo, mas ficou em silêncio. – Ficando horas e horas sem dormir, querendo que Rony abra os olhos e saia pulando todo feliz, como se nada tivesse acontecido. O mundo bruxo é um mundo mágico, mas não um conto de fadas, onde tudo pode acabar bem. Se você quer recuperá-lo, tem que estar de olhos abertos, descansada e tranqüila, por mais que pareça difícil. - ela inspirou profundamente, deixando que o ar escapasse pelos seus lábios.

_Querem operá-lo; não querem me deixar tomar o caso. Ele tem é mais chances de morrer do que sobreviver. Você quer que eu durma como, Harry? –ela, até então de cabeça baixa, ergueu-a, encarando os olhos verdes do amigo. – Imagina se Gina estivesse em um caso de vida ou morte. Como você ficaria?

Gina teria ficado nervosa, rido ironicamente e falado poucas e boas para Hermione, mas sabia que a amiga não tinha conhecimento do que se passava. Molhou os lábios com a pontinha da língua, e quando resolvera falar, Harry falou primeiro:

_Exatamente como eu estou fazendo até agora, Mione. Gina está em caso de vida ou morte, e eu, por mais medo que tenha de perdê-la, estou aparentemente calmo, tentando raciocinar como posso protegê-la dos comensais, e ao mesmo tempo, descobrir como eles estão jogando, para eu entrar nesse jogo também. Se eu demonstrar medo, Duarte me afastaria, dizendo que eu estou misturando o emocional com o profissional. É isso que, em qualquer profissão, se aprende, Mi. Nunca demonstre seus medos. Mantenha-se calma e procure encontrar uma solução.

Ela queria dizer algo, mas sua cabeça rodava. Olhou para Gina, que mantinha o olhar concentrado em sua caneca. Mas notou um ligeiro sorriso escapar pelo canto de seus lábios.

_Gina está em caso de vida ou morte? – voltou seu olhar a Harry, mas rapidamente voltou a Gina. – O que você fez?

Ela ergueu a cabeça, encontrando seus olhos com os castanhos da cunhada, suspirando.

_Fazia uns seis meses que eu estava no meio dos comensais. Era uma missão; descobrir os planos de Voldemort, repassá-los ao meu chefe, para que eles, no mínimo, o atrasassem. O problema é que fui descoberta quando mexia em algumas papeladas e, como são idiotas vingativos, eles querem a minha cabeça. – comentou, como se aquilo acontecesse todo dia. Hermione arregalou os olhos.

_Meu Deus. – murmurou incrédula.

_É o que sabemos, ou o que aparenta ser. – Harry comentou, dando um último gole em seu café, colocando-o na mesinha de centro. – Depois das marcas no corpo de Snape, como se eles soubessem que Gina o veria. Tudo não passa de suspeitas.

_Suspeitas muito óbvias. Voldemort... – ela viu Hermione estremecer ligeiramente, mas se recompôs. – Disse-me uma noite, quando eu ainda estava sob o disfarce de comensal, que se um dia eu o traísse, eu morreria de uma forma, pior do que os outros traidores, ou pessoas que se colocavam em seu caminho.

Hermione ia perguntar que marcas, mas Harry falou primeiro, com um semblante nada feliz:

_Voldemort disse que te mataria caso você o traísse? E você simplesmente não me disse absolutamente nada sobre isso?

_Não tinha importância. – murmurou, dando os ombros. Harry bufou.

_Como não, Gina? Achávamos que Voldemort não estivesse envolvido, mas depois do que ele disse, eu duvido que não esteja! Por que, diabos, você não me disse isso?

Ela pareceu impaciente com aquela irritação toda de Harry.

_Por que eu já disse, não tem importância. Por que eu acho que não tem importância? Eu já disse. Não acho que Voldemort esteja envolvido nisso. É metódico e lento demais para ser de natureza dele. Ele não perderia seu tempo precioso para armar uma arapuca contra uma pessoa para se vingar. Ele pode ser imprevisível, mas também não é assim!

Ele bufou, levantando-se. Hermione acompanhou com os olhos o moreno ir até a cozinha, resmungando, e voltar até a ruiva, parando de frente a ela.

_E será que não passou pela sua cabeça que, talvez, eles possam querer pegar dois coelhos com uma cajadada só? – indagou de supetão. Gina levantou-se do sofá, encarando-o nos olhos. Ela podia ser menor que ele em relação à altura, mas tinha certeza que isso para ela, era irrelevante.

Os dois estavam, agora, nem mais notando a presença de Hermione ali. Tudo rodava entre eles e seu nervosismo.

_Eles não fariam isso. – Gina disse frustrada. Harry bufou.

_Como você pode ter tanta certeza, Virginia? – o corpo da ruiva imediatamente enrijeceu ao ouvir seu nome, e não o apelido. Mas continuou a fitá-lo nos olhos, seriamente. – Eles sabem que você está na minha casa, e para eles, seria cômodo te matar sem que eu saiba e te usar como isca para atrair-me até Voldemort. – ela colocou uma mecha rubra atrás da orelha.

_Isso não é do feitio deles. Eles já teriam agido, aparatando em bandos até aqui e nos matado, por que sabem que estamos somente eu e você aqui agora, sem proteção alguma do Ministério!

Hermione olhava aquela discussão, tentando captar todo o tipo de informação, mesmo que fosse impossível. Imaginava que, era impossível um dia ela abandonar a medicina e ser uma Auror. Para ela, era impossível pensar em mais de uma estratégia, além de ter que pensar como matadores pensavam.

Harry ia falar algo, mas ficou em silêncio, inspirando profundamente. Depois, abriu-os, cruzando os braços.

_Talvez, ruiva, eles já sabiam que íamos pensar dessa forma e queiram nos confundir, armando uma nova tática. –ela molhou os lábios com a pontinha da língua, numa expressão desgostosa. Mas quando falou, havia um certo tipo de preocupação em sua voz.

_Nova tática?

_Nós já estávamos acostumados com o mesmo jogo de sempre. Planos armados e em pouco tempo, executados. Nova tática, eu digo que, eles queiram adiar cada vez mais o plano mesmo, para nos confundir e se possível, até nos assustar. Quando estivermos sem chão, eles atacam. – ele murmurou sombriamente. – Como já sabíamos o esquema antigo deles, começaram com um novo, onde a gente não sabe nada sobre tal.

Gina massageou a têmpora, abandonando a fisionomia séria.

_Deus do céu. – murmurou. – Se era isso que eles queriam, com certeza, eles estão conseguindo.

Harry a segurou pelos ombros, balançando-a levemente.

_Gina. –ela abaixou a cabeça. – Gina, olha pra mim. – demorou para ela obedecer, mas assim o fez. Ele inspirou profundamente. – Pode estar nos confundindo, mas não nos enganando. Se for realmente isso que eles estão fazendo, nós já sacamos alguma coisa, e isso é um ótimo inicio. Também nós já temos em mente várias possibilidades do que eles estão fazendo, como: estarem trabalhando com ou sem Voldemort. Isso já é um inicio. O jeito é, então, dançar conforme o ritmo deles.

Ela arqueou a sobrancelha.

_Você está querendo dizer para fingir que está tudo bem? – ele assentiu.

_Apenas fingir. –assegurou. – Como eu disse, dançar conforme o ritmo.

_Ah, com toda a certeza! – ironizou. – Aí, eles me matam, e eu sou a isca humana se decompondo para te levar até o Voldemort.

_Primeiro de tudo: Não sabemos se eles te querem como isca, ou se vão te seqüestrar, ou até mesmo se aquelas mensagens no corpo de Snape são remetidas a você. Então, é por isso que eu estou dizendo que vamos apenas ver até onde tudo isso vai, para sabermos o que realmente eles querem. Depois, começamos a jogar do nosso jeito. –resmungou impaciente. Gina suspirou.

_Isso tudo é loucura. É um jogo de cão e gato no qual eu sou o gatinho acuado. –ele sorriu frente à comparação da ruiva.

_Não vai acontecer nada, eu lhe garanto.

Ele fez com que ela se aproximasse dele, colocando a mão em sua cintura ainda sorrindo. Ela parecia abalada.

_Comensais; Rony; Isca; Seqüestro; Morte. Senhor! – ela murmurou. Ele acariciou levemente seu rosto, sussurrando:

_Vamos dar um jeito nisso, também.

Aproximou seu rosto do dela, fechando os olhos. Quando seus lábios iam se encontrar mais uma vez, alguém pigarreou, fazendo com que Gina se afastasse abruptamente de Harry, sentando no sofá, totalmente sem jeito de olhar para Hermione. Harry apenas coçou a nuca.

_Sim? – perguntou, enquanto ela olhava para o moreno atentamente. Gina pegou sua caneca vazia, dando a desculpa que ia até a cozinha. Harry suspirou, quando Hermione começou a falar.

_Se então na verdade tudo praticamente está girando em torno de você e de Gina, por que diabos então é Rony que está em coma?

_É muito simples. – Gina, que havia voltado para a sala, olhou a morena. – Achavam que, seria Harry e eu que iríamos atender ao pedido de socorro de Snape, mas quando viram Cecília e Rony, ficaram decepcionados. Então, decidiram usá-los como mensageiros, levando o corpo do professor até Duarte, nosso chefe. Mas não achavam necessário dois mensageiros. Então pegaram o primeiro que caiu que, creio eu, tenha sido meu irmão.

_Não era para Rony estar envolvido. – Harry comentou. – Mas ele entrou no caminho e, para Comensais, uma pessoa a mais não faz diferença.

Hermione não sabia o que falar. Queria culpar tanto Harry como Gina por Rony estar em coma, mas sabia que não podia, por mais que quisesse. Não era culpa deles que Rony era Auror.

_Eu não acredito nisso. – murmurou. – E por que usaram Snape, então?

_É por isso que eu acho que aquele aviso era para mim. Eles sabem que Snape era um traidor. Ele havia traído Voldemort. É como se eles quisessem que a gente montasse um quebra cabeça.

_Em outros casos. – Gina e Hermione encaram Harry, que olhava para o relógio. – Acho bom todos nós subirmos e tentarmos, pelo menos, tirarmos um cochilo. Amanhã Mione vai convencer os curandeiros e Gina e eu iremos ter uma reunião com Duarte, sobre essa situação e sobre a fuga de Chang.

Hermione ficou ainda mais incrédula.

_Chang é Comensal da Morte?

_Sim. –murmurou Gina, de forma letal. Hermione não entendeu o porque. – É uma Comensal e fugiu. Agora, se ela for achada pode ter certeza que morre.

_Não importa. – Harry contrapôs, já notando que iria começar uma nova série de perguntas. – Temos que descansar. Amanhã Hermione nos diz como foi no hospital e nós dizemos como foi no ministério.

_Certo. – Hermione murmurou, simplesmente. Só de lembrar que amanhã falaria novamente com os curandeiros fazia seu estômago embrulhar completamente. – Bom, boa noite. – e dizendo, subiu as escadas.

Quando ouviram o clic da porta se fechando, Gina encarou Harry, com um semblante irônico.

_E você por acaso acha mesmo que eu vou conseguir dormir?

Ela não entendia o porque, mas ele parecia muito animado. Ela entendeu isso quando ele sorriu maliciosamente.

_Bom, se você não está com sono...

_O quê? –ela perguntou, enquanto ele se aproximava.

O tom laranja da camiseta, que lhe cobria até um pouco acima da perna, dava um destaque aos cabelos vermelhos. As pernas bem torneadas ficavam à mostra, enquanto os pés com meias brancas estavam dando-lhe um ar maroto.

O fato era que aquele corpo pequeno e bem desenhado o deixava louco, não importava como. Gina em si era perfeita aos seus olhos e ninguém poderia lhe afirmar o contrário.

Ainda com um sorriso malicioso, completou:

_Se você quiser fazer outra coisa, então. – completou, com os olhos brilhando em malicia. Gina bufou impaciente.

_Eu não acredito em você, Harry James Potter!

Ela com aquele rostinho vermelho, também nas maças do rosto, de forma impaciente, a deixava mais linda. Mas a menção do seu nome completo o fez tremer.

_Sim?

_Eu não acredito que, em um momento como esse, você está pensando em sexo!

Ele riu, deixando-a mais impaciente. Fazia tempo que não a irritava.

_Mas você tem que admitir, Gi. Seria um sexo muito gostoso. –aquilo a fez bufar, ficando mais vermelha ainda. Agora, de vergonha e de raiva. E aquilo divertia Harry. Ela caminhou até ele, pegando a almofada do sofá e jogando-a em sua cara, anunciou:

_Boa noite!

Ele riu abertamente, enquanto ela grunhia de nervoso, subindo as escadas. Gina estava enumerando os motivos pelo qual não devia se envolver ainda mais com Harry Potter. Primeiro de tudo; ela ia se apaixonar.

Oh Deus! A quem ela estava querendo enganar? Ela já estava apaixonada por ele!

Certo, então pulemos para o motivo número dois. Machucada. Ela iria sair provavelmente machucada se, se envolvesse com ele mais uma vez e, dessa vez, numa forma mais profunda.

Motivo número três: Ele era um grande, mas um grande idiota.

Deitou-se na cama, jogando as cobertas sobre a face, fechando os olhos. O cheiro dele estava impregnado naquele cobertor, fazendo-a bufar.

Aquela definitivamente não era a melhor noite de sua vida.



***



A fina garoa agora, havia se transformado em um perfeito temporal. Não adiantava esfregar os braços, ou abraçar a si própria, aquilo já havia se tornado praticamente insuportável.

Estava escondida entre os arbustos de um parque trouxa. Seu corpo se movimentando de frente para trás, num movimento repentino. Aquilo tudo não podia estar acontecendo com ela, repetia a si mesma, não podia, não podia.

Mordeu o lábio, evitando um grito de dor, enquanto sentia sua tatuagem arder como se estivesse sendo marcada. Não, talvez pior.

O mestre estava chamando-a, e ela teria que recusar aquilo. Ela tinha a absoluta certeza de que não seria para ir num quarto, com agrados e vender seu corpo. Ela iria ser morta sem dó alguma se fosse para lá.

_Eles me julgam como um objeto descartável. Algo que atrapalharia eles por que eu fui pega uma vez. – murmurou, com a voz tremendo. – Por que acharam que eu dedurei alguma coisa. – seu corpo ia para frente e para trás, enquanto ela abraçava a si mesma. – Mas eu vou mostrar a eles – ela riu debilmente, sentindo prazer correr pelas suas veias. – Eles vão ver – repetiu, agora rindo como se tivesse fugido de um sanatório. – Eu vou provar a eles que sou melhor que todos juntos. – o corpo se movia freneticamente agora, e ela realmente parecia louca. Talvez já estivesse mesmo, mas ela não se importava. – Milorde vai implorar para que eu volte. Sim, ele vai. Ele vai querer.

Cho não sabia ao certo quanto tempo ficou repetindo a mesma coisa, mas aquilo não importava. A chuva e o frio também não faziam mais diferença. Ela iria mostrar a todos que era mais capaz que qualquer um ali. Ela iria matar Virginia Weasley, dedaria os planos quando entregasse a cabeça daquela vaca numa bandeja e seria a serva mais fiel dele, enquanto todos sofreriam as conseqüências de terem escondido aquele segredo inútil de Voldemort.

Levantou-se, escorregando no barro molhado, caindo de cabeça no chão. A boca aberta pela risada maníaca, enquanto os olhos giravam. Ela não sentia dor.

Começou a bater os braços na grama, repetindo a mesma coisa.

_Eu vou conseguir. Eles vão ver. Eu serei a melhor.

Agora precisava de um plano. Sentou-se, respirando pela boca. Os olhos corriam por todo o local que estava, como se estivesse guardando um segredo muito importante.

Já havia um tempo em que os comensais acompanhavam o comportamento de Weasley e Potter, então sabia exatamente o horário que costumavam dormir, ou o horário que iam para o trabalho. Deixou que um sorriso débil escapasse para seus lábios. Precisava somente de uma brecha, e ela teria essa brecha custe o que custasse.

O bairro onde Potter morava era cercado de árvores e arbustos, então, seria muito simples se esconder perto da casa dele, senão do lado. Ficaria escondida até que a ruiva estivesse sozinha em algum cômodo, ou fosse a única que estivesse naquela casa.

Lembrava-se perfeitamente do dia em que Malfoy a humilhara, na frente de todos. Este havia sido um de seus maiores trunfos. Ela havia tirado Harry de si, e Malfoy havia arrancado-lhe a dignidade. Riu de forma maníaca.

Mas lembrava-se perfeitamente daquele dia, que se encararam frente a frente novamente, quando fora capturada. Aquela vaca havia humilhado-a na frente de Harry, rido sadicamente e, ainda por cima, havia lhe acertado um murro.

Mas aquilo iria ter volta, sorriu enquanto os olhos giravam por puro prazer. Voldemort teria o que tanto queria e ela também.

Oh, sim. Molhou os lábios com a pontinha da língua, enquanto esfregava-se no barro e na grama, ainda deitada. Iria matar aquela desgraçada com as próprias mãos, fazê-la sofrer lentamente e morrer pedindo piedade.

Fechou os olhos, sentindo o coração bater acelerado, enquanto ela voltava a rir debilmente. Ficou por muito tempo assim, até olhar o céu, que mostrava que logo o sol surgiria. Ergueu-se, respirando de forma descompassada.

Algo se misturava ao seu sangue, e era a primeira vez que sentia isso tão aguçado. Era prazer pelo que faria. Queria fazer, não só uma vez, mas com todos que visse a sua frente. Pelo prazer de matar.

Caminhou em passos desordenados, fazendo-a cambalear de um lado para o outro, até que pulasse o portão e caísse no chão num barulho horrível. Sentia seu corpo moído, mas nem ao menos se importou.

Olhou pela rua escura, iluminada apenas por um poste, graças aos outros que estavam quebrados. Existiam ali, no fim da rua, duas pessoas grudadas a uma parede, e pelos gemidos, Cho já sabia o que estava acontecendo.

Aquilo fez seu corpo enrijecer, enquanto a boca ficava entreaberta.

Um pensamento percorreu pela sua mente, fazendo-a rir baixinho. Estava louca... Louca de vontade de matar todos que via em sua frente.

Desarmada, ela caminhou até uma parte da rua, sem que o casal percebesse. No meio do caminho, olhou para um prédio do lado, em construção. Talvez existisse algo ali que a ajudasse a matá-los.

Demorou mais um tempo, até que achou uma pá e um martelo. Segurou um em cada mão. Seu corpo tremia inteiro e a adrenalina começava a correr pelas suas veias.

Caminhou rapidamente até os dois e os observou de perto. Como havia chegado de forma silenciosa, eles não notaram sua presença. Tanto que, ambos estavam de olhos fechados, enquanto o rapaz – que parecia ter uns dezessete anos – estava fodendo com a garota de cabelos ruivos pintados.

Ruiva. Aquilo a fez lembrar instantaneamente daquela vagabunda da Weasley. Queria matar aquela garota primeiro, mas ela estava na parede, e não sabia ao certo qual era a força do rapaz. Não podia vacilar. Mataria o rapaz primeiro.

_Oh, por favor, mais forte! – a garota gritou, fazendo Cho criar uma careta de nojo. Ambos gemiam como dois cães no cio – mesmo que ela não soubesse se cães gemiam ou não, mas isso não fazia diferença, não agora.

Segurou o martelo com a mão direita e procurou colocar toda a sua força nele. Em seguida, tacou-o com força na nuca do rapaz, que imediatamente caiu inconsciente.

O corpo inerte fez com que a garota se desesperasse, e se assustasse. A cena nojenta daquela garota de saia arreganhada e a calcinha largada em algum lugar daquela rua nunca mais iria sair do pensamento de Cho.

Em um gesto rápido, lançou a pá na direção da garota, como se fosse um bastão de beisebol. A pá acertou com tudo no rosto da garota, que cambaleou graças a força não usada de Cho.

A oriental viu que a ruiva falsa cambaleava em direção ao martelo que estava jogado ao lado de seu parceiro, mas Cho fora mais rápida. Jogou-se no chão, enquanto a garota arranhava sua pele, em cima dela. A ruiva gritava obscenidades, mas isso fora por pouco tempo. Cho girara o corpo, batendo o martelo com força na têmpora da garota, fazendo-a cair inconsciente.

Mas aquilo, para ela, não fora o suficiente. Com a pá na vertical, afundou-a com toda a força que tinha no estômago do rapaz, fazendo com que o primeiro sangue daquela noite esparramasse pela rua. Ela não se importou em limpar, pois sabia que a chuva faria isso por ela. A pá continuou ali, enfiada no rapaz, enquanto ela agora se divertia em martelar as pernas e a cara da mulher, com uma ferocidade incrível. Ela se divertia com aquilo, e só parou quando era quase impossível reconhecer o corpo.

Levantou-se, sentindo-se em parte satisfeita. Sorriu debilmente. Havia corrido um risco enorme de que aparecesse gente por ali no momento em que ela fazia tal ato, mas valera a pena. Riu com gosto. Talvez, se alguém tivesse aparecido, ela se sentiria feliz em matá-lo também.

Depois, voltou a onde estava a construção do prédio e com a pá, abrira uma cova suficientemente funda para os dois corpos. Quando terminara, jogou-os ali sem cuidado algum, e pá também, mas teve o cuidado de guardar o martelo consigo. Depois de enterrados, aparatou.

Agora seria a vez de Virginia Weasley, custe o que custasse.



***



Ele não sabia ao certo o que havia o acordado. Se era Gina dando-lhe um tapa no estômago enquanto dormia, ou se era seu celular berrando em seu ouvido.

Resmungou alguma coisa, enquanto tateava o criado-mudo a procura do celular e de seus óculos. A única coisa que podia ver era que já havia amanhecido.

_Potter. – resmungou, deixando bem claro que não estava nada feliz em ser acordado naquela hora.

_Quero falar com Virginia. – uma voz feminina disse, sem apresentações ou rodeios. Harry bufou, colocando os óculos e sentando-se na cama.

_Eu não sei se você notou, Cecília, mas ainda são sete e meia da manhã e ela está dormindo.

_Não me importo. Acorde-a. – ordenou. Harry girou os olhos.

_Não vou acordá-la. – Cecília deixou escapar um palavrão.

_Você acha que nós vamos fazer o quê? Jogar conversa fora? Falar sobre homens? Ou por acaso programar quando vai ser a próxima vez que vamos atirar fogo contra seu boneco de vodu? Diabos, homem! Acabei de ser acordada por Duarte e também não estou nada feliz com isso. Quero falar com Gina sobre trabalho!

_Fale com ela hoje, na reunião. – resmungou. Além de estar com sono, tinha que ouvir uma mulher em crise de TPM no telefone. Ele realmente não sabia o que havia feito para merecer isso.

_O que exatamente eu quero falar é sobre a reunião, desgraça! Quero entender o que exatamente eles vão falar na reunião. Duarte disse que iria ter e pronto, e que já que Preston estava junto, que era para ele participar.

_Quem, diabos, é Preston? –reclamou. Agora era ele quem não estava entendendo.

_Isso não lhe interessa agora. Já que Gina está dormindo e você, imprestável como é, não vai acordá-la, diga-me você. O que vão falar nessa maldita reunião?

Harry inspirou profundamente. Acalme-se, disse a si mesmo. Respire fundo e não perca o controle com essa maluca.

_Vão falar sobre a fuga de Chang de Azkaban e sobre os acontecimentos recentes.

Cecília ficou um tempo muda no telefone.

_Chang fugiu? A chinesa? Como aquela besta conseguiu? – murmurou incrédula.

_Não sei, e se quer saber, não estou muito interessado em saber. Só me interessa o fato de que se eu não vê-la atrás das grades, quero vê-la morta.

_E não seria você a pessoa a fazer isso, não é mesmo?

Ele ignorou o comentário. Suspirando, Cecília disse antes de desligar.

_Certo, vou arrumar as coisas aqui. Não se esqueça, a reunião é às duas e meia.

Bufando, jogou o celular no criado-mudo, que derrapou e caiu no chão, produzindo um barulho oco. Ele pareceu não se importar, virando-se ao lado da ruiva.

A face estava calma, e uma franja ruiva caia em seu rosto. O cobertor estava abaixo do busto, coberto pela fina camisola de seda azul, e ela parecia um anjo dormindo.

Sorriu, tirando o fio que estava no rosto da mulher. Ela era simplesmente perfeita, e orgulhava-se por ter a melhor mulher do mundo ali, ao seu lado.

Quando deu oito e meia, ele já havia cansado de ficar na cama tentando dormir. Mesmo que seu corpo estivesse acabado, ele não conseguiria dormir um minuto sequer e levantou-se. Beijou o topo da cabeça da ruiva, que acordou com ele se levantando e murmurou:

_Vou fazer o café da manhã.

Ela levantou-se, enquanto ouvia-o descer as escadas, cantarolando. Não pôde deixar de sorrir, esfregando os olhos com as duas mãos. Sabia que ele não estava alegre, mas estava fazendo de tudo para descontraí-la. Ou também, escondendo que realmente estava com medo, aliás, isso era típico de homens.

Sentou-se na cama, puxando o cobertor até a altura das coxas e soltou um longo suspiro, enquanto se espreguiçava como uma gata. Olhou pela janela. O dia, diferente dos acontecimentos recentes, estava muito bonito. Dava para ver que o sol refletia entre a folhagem verde, deixando-a viva. Não era de se esperar que fizesse sol depois da tempestade que caíra de noite.

Fechou os olhos, sentindo os raios solarem entrando no quarto, aquecendo sua face. Esperava que, pelo menos hoje fosse um bom dia, sem surpresas ou algo do tipo.

Com o silêncio que estava àquele quarto, ela podia ouvir o barulho dos galhos da arvore ao lado da casa de Harry se mover, e os pássaros cantarem suas melodias. Sorriu. Adorava aquilo.

Deitou novamente na cama, deitando a cabeça nos dois braços, enquanto colocava uma perna em cima da outra. Talvez Deus a poupasse de tantos problemas e fizesse ser um dia bom.

Ouviu Harry cantando alguma música trouxa, animado e permitiu que uma gargalhada escapasse de sua garganta. Era bom saber que ele estava tão alegre para fazer o café, porque diria a ele fazer o almoço e a janta também.

Aquele moreno havia se mostrado cada vez mais contraditório. Pensava que ele fosse arrogante, egocêntrico e tudo o mais quando se encontraram, mas ele continuava com a mesma alma de adolescente alegre e que fazia de tudo pelas pessoas que amava.

Amava.

Deus do céu, ela não sabia mais em que sentido ela se enquadraria quando Harry se referisse a ela.

De qualquer forma, não importava. Ela sabia que cedo ou tarde, tudo aquilo acabaria, e acabando aquilo, ela iria sofrer no fim.

Se voltasse a França, teria que deixá-lo. Para sempre, porque ela não voltaria mais.

Só aquilo foi capaz de fazer com que seus olhos marejassem levemente.

Suspirou profundamente, antes que seus ouvidos ficassem alertas, ao notar o repentino silêncio. Os pássaros haviam parado de cantar, e os galhos moviam-se abruptadamente.

Seu coração acelerou momentaneamente. A primeira coisa que veio em sua cabeça foi “comensais”. A segunda fora “Harry”.

E se Harry tivesse sido rendido ali embaixo pelos comensais? Molhou os lábios com a pontinha da língua, tentando ouvir algum som lá embaixo. Graças a Deus. Ele estava ali ainda, cantarolando.

De repente, os barulhos entre as árvores começaram a mostrar que não eram muitas pessoas. Mas aquela fora a última coisa que ela conseguiu pensar, ainda de olhos fechados, antes que acontecesse um banque na janela, quebrando-a em pedaços em cima da ruiva, junto com algo pesado, que caiu no chão em um baque surdo.

Abriu os olhos, pulando da cama com os olhos arregalados e a garganta segurando um grito de dor ao sentir a pele de sua bochecha queimar como fogo.

Encostou-se contra a parede, enquanto via lentamente, a imagem grotesca de Cho Chang levantar-se. Aquele sorriso maníaco em seu rosto, expressando o prazer de vê-la ali. Gina ficou sem ação ao vê-la, parada rindo como louca.

Mexa-se! Mexa-se!, Gritou a si mesma mentalmente e quando movimentou uma das pernas, Cho correu até a porta, fechando-a num estrondo.

_Olá, Weasley. –murmurou, numa voz concentrada de ódio. – Hora do acerto de contas.

Gina apenas ficou em silêncio, estudando todo o quarto com cuidado. Cho segurava um martelo e ela sentiu-se horrorizada ao ver o sangue seco preso ao mesmo. Ela estava na frente da porta fechada, impedindo a passagem.

_Vai ficar quieta mesmo, Weasley? Vou me divertir em ouvir alguma baboseira sua antes de te matar?



_Nunca demonstre medo. Nunca faça o comensal achar que ele tem o controle da situação. Nunca o deixe pensar. Acabe com o ego dele, e em um ato de nervosismo, fraquejará. Entendeu-me, Virginia?

Ela sorriu ao professor da academia francesa, assentindo.

_Sem problemas.




Ela ergueu o queixo, deixando que um sorriso sarcástico escapasse para lábios cereja. Que Deus permita, frieza em minhas veias, pensou.

Deixou que uma risada debochada escapasse de sua garganta, encarando a oriental com os olhos brilhando.

_Quem vai me matar, Chang? Você? – riu novamente, mais debochada que antes. – Poupe-me desse tipo de comentários sórdidos.

A oriental riu soltou um tipo de gemido, para depois encará-la de uma forma débil.

_Você acha que vai escapar? E quem vai te salvar, Weasley? O Potter não vai te ouvir, ao menos que você grite. E você vai se humilhar a ponto de pedir uma ajudinha? Vai mostrar-se fraca? – ela avançou um passo, erguendo o martelo. – Eu quero ver isso.

_Pena que você não vai estar viva para presenciar isso, não é mesmo? – murmurou venenosa. – Por que, dessa casa você não sai mais viva.

Deus do céu, eu disse isso? , pensou. Teria ela sangue frio o suficiente para matá-la?

_Nunca pensei que viveria o suficiente para ver Malfoy tirando sua dignidade, Weasley, principalmente – um sorriso sádico espalhou-se pelo semblante ossudo – Sua virgindade.

Se antes ela tinha alguma duvida de matá-la, com toda a certeza essa havia se dissipado.

Deixou que a raiva começasse a tomar conta de suas veias, bloqueando mentalmente todo o tipo de lembrança que vinha a sua mente. Bloqueou os gritos, os insultos; as dores. Bloqueou absolutamente tudo, enquanto sua expressão mudava, dando lugar a uma fria e sem piedade.

Ficou em silêncio, enquanto dava um passo para trás, ficando de costas ao criado-mudo. Disfarçadamente, segurou o abajur e continuou encarando a oriental sem dizer uma única palavra.

_Sem o que dizer, “Gininha”? – ela riu debochada. Gina apenas deu um sorriso de canto, mas a frieza expressada por aquele sorriso fez com que Cho tremesse involuntariamente.

_Com certeza. Continuo incrivelmente incrédula o tipo de pessoa tão sem moral como você, Chang. Diga-me uma coisa, você está sozinha, não está? – ela não esperou resposta. – É claro que esta! Então – ela riu debochadamente. – Oh, não me diga! Você foi expulsa?

A oriental observou-a de forma furiosa.

_EU NÃO FUI EXPULSA! EU VOU PROVAR AO LORDE QUE EU SOU A MELHOR SERVA DELE! A MELHOR!

_Claro, você sempre foi a melhor, não é mesmo? – Cho ia responder quando ela continuou, num sorriso de canto venenoso. – A melhor prostituta particular que Voldemort já teve em toda sua carreira.

Cho a observou. Seu peito começou a subir e descer descompassado; o ar saindo pela boca fina e entreaberta. Estava furiosa e ia matar aquela vaca impertinente da Weasley custe o que custasse.

_Eu vou matá-la! – gritou.

Depois, tudo aconteceu muito rápido.

Cho ergueu o martelo, e quando ia jogá-lo com toda a sua força na direção certeira da cabeça da ruiva, ela agarrou o abajur do criado mudo, e como se estivesse lançando uma bola num jogo de beisebol, jogou com toda sua raiva descontada, da forma que a cerâmica se quebrasse em cima da oriental, que caiu no chão, desacordada. Gina correu até a porta, pulando o corpo desacordado de Cho, e tentou abrir a porta.

_Com todos os diabos, como ela trancou essa merda? – indagou a si mesma, furiosa. Bufou e cerrou os olhos, de modo que a fechadura explodisse.

Correu o corredor, de modo que ficasse pendurada no corrimão, ao lado da escada.

_Harry! – chamou-o, tentando parecer calma. Agora entendia por que ele estava cantando tão alto. O desgraçado havia ligado o som. Grunhiu. – POTTER! – berrou furiosa.

Assustou-se, quando duas mãos tentaram segurar seus braços, até então abaixados. Ela virou-se rapidamente, soltando-se com graciosidade da oriental, chutando-lhe o estômago. Cho bateu as costas contra a parede, derrubando o martelo. Gina fez questão de chutá-lo para longe, fazendo-o cair no andar de baixo.

Cho recuperou logo o fôlego, correu em direção dela, e jogou-se em cima da ruiva, gritando tudo o que lhe vinha à mente. Gina virou-se, de modo que a pegasse pelo braço, girando o corpo da oriental sobre o seu, fazendo-a quebrar a madeira do corrimão e cair para o andar de baixo.

Cho caiu de costas, e ficou um tempo parada, sem se mover. Gina não perdeu tempo. Desceu as escadas em pulos e ao chegar ao térreo, deparou-se com Harry, segurando a oriental de modo que, se ela mexesse um músculo, ele não retardaria a quebrar seu pescoço.

O peito de Cho subia e descia de forma descontrolada. Gina foi até a mesinha de centro rapidamente e pegou sua arma, apontando-a na direção da mulher.

Ela não se atrevia a olhar para Harry, devido ao seu olhar. As íris estavam praticamente negras e sua expressão estava tão fria como nunca pudera imaginar.

Harry ergueu-se, levantando a mulher sem cuidado algum. Seus corpos estavam colados e cada vez mais ele apertava o pescoço da comensal.

_O que te faz pensar que pode invadir a minha casa? –murmurou. Sua voz tão fria que todos ali sentiram um calafrio. – O que te faz pensar que você é boa o suficiente para tentar matar Virginia?

_Solta ela, Potter. – Gina murmurou, com a arma ainda apontada. – Essa vai ser na testa.

_Não. – cortou-a, seco. Tanto ele como ela não estavam para brincadeiras.

O fato era que Harry achava que Cho iria ficar daquela forma. Gina sabia que ele nunca havia lutado com a oriental depois que ela havia se tornado uma comensal, o que o fazia deixar leigo no assunto.

E aconteceu justo o que imaginava. Cho girou os olhos, enquanto sua pupila dilatava-se e de forma impossível esbranquiçada. Gina sabia muito bem o que ela ia fazer. Invocar demônios. Já a vira fazer isso uma vez, e vários Aurores morreram por causa disso.

_Harry – gesticulou com os lábios. Harry olhou para ruiva. Obviamente não estava entendendo nada, por estar de costas à mulher. E o olhar da ruiva sinalizava que ou a obedecia, ou morria. Cho entreabriu os lábios, gesticulando algo sem nexo. Gina apertou o revolver na mão, deixando os nós dos dedos brancos. Harry prestava toda a atenção nos movimentos dela. – Ao meu sinal, você a solta e sai de perto. – moveu os lábios, ao que ele concordou, brevemente.

A cabeça de Cho abaixou-se, enquanto Harry começava a sentir tudo naquele lugar escurecer. Sentia todos os piores sentimentos ao mesmo tempo. Olhou para Gina, com fúria estampada. As lembranças ecoavam vivas em seus pensamentos. Ele queria matá-la e não conseguia entender por quê.

Concentre-se! , gritou uma voz, ao fundo de sua mente.

Cho ia começar a murmurar alguma coisa, e quando algo surgiu atrás de Gina, como uma névoa negra, Harry percebeu do que se tratava tudo aquilo.

_Agora! – gritou Gina, quando viu a névoa tentar encobri-la.

Harry soltou a oriental, jogando-se no chão. Um zumbido ecoava em sua mente, fazendo-o sentir calafrios. Deus do céu, aquilo era pior do que Voldemort tentando entrar em sua mente.

Da mesma forma que começou, aquelas sensações acabaram-se rapidamente. A única coisa que ouvira no meio daquela gritaria toda em sua mente, fora o som do disparo, de forma distante.

Ficou um tempo ali, deitado com a mão na nuca. Silêncio.

Demorou até que ele sentasse no chão, dando de cara com o corpo inerte de Cho. O sangue escorria no centro da testa da oriental, sujando o carpete da casa e a face inteira da mulher.

Inspirou profundamente, olhando para Gina. Ela continuava na mesma posição, com a arma erguida e o olhar distante. Seu peito subia e descia e os lábios estavam entreabertos.

Harry levantou-se, indo rapidamente até a ruiva.

_Gina. – murmurou, colocando-se em frente a ela. Com cuidado, abaixou a arma. – Gi. – ela saiu de seu devaneio, encarando-o. Seus olhos encheram-se de lágrimas.

_Eu pensei que não ia dar certo. – ela murmurou, secando as lágrimas antes que estas começassem a cair. – Precisa de magia para acabar com isso. Mas eu pensei que se eu interferisse antes dela acabar, talvez eu conseguisse... E eu fiquei com medo...

_Shhh. – sussurrou, segurando-a pelos ombros. – Gi, você conseguiu. Agora se acalma. Foi um tiro certeiro, na testa.

Ela levou as duas mãos ao rosto, esfregando-os.

_Eu não sabia se ia conseguir, minha cabeça girava, minha mente gritava e eu tinha que manter o controle; tinha que manter a mira. E o demônio ao seu lado gritando coisas pra você fazer comigo, enquanto o que estava do meu lado tentava me induzir a atirar em você e depois me matar. – ela mais engolia as palavras do que dizia, mas ele entendeu-as perfeitamente.

Ele ficou pouco incrédulo, mas ficou em silêncio. Ele havia apenas sentido, enquanto Gina havia sentido, ouvido e tudo o mais. E teve que manter a concentração para não fazer burrada.

_Eu sinto orgulho de você, Gi. – murmurou, trazendo-a de encontro a um abraço apertado. Ela soluçou baixinho.

_Eu não acredito. Harry, por que essa jumenta não fugia e seguia sua vida miserável?

_Por que Voldemort mandou? – ele perguntou, não entendendo.

_Ela havia sido expulsa. – murmurou sombriamente. –Ela veio aqui por conta própria.

_Pra que então ela veio aqui?

_Ela queria provar a Voldemort que era melhor que todos. – ele se afastou, observando a face da ruiva. Um corte profundo em sua bochecha, fazendo o sangue escorrer vivamente até seu pescoço.

_Puta que o pariu. – grunhiu ao só reparar aquilo naquele momento. – O que ela fez para...

_Quebrou o vidro do seu quarto. –resmungou, afastando-se. – Não foi nada.

_Como, diabos, não foi nada, Virginia? Merda! Eu queria voltar no passado e quebrar o pescoço dessa vadia! – cerrou os punhos. – Primeiro ela te machuca! Depois destrói a minha casa! Depois invoca demônio!

Ela sorriu, atraindo a atenção dele. Ela podia estar com aquele corte, mas estava incrivelmente sexy com a alça de sua camisola caída e o sorriso doce espalhado pelo semblante até poucos minutos, contorcido de fúria. Ele parou de reclamar na hora.

_Agora você vai ter que arcar com as despesas de ser um Auror e ter outro Auror em casa. – ela deu os ombros. – Chamar um vidraceiro, alguém que arrume seu corrimão, um exorcista pra procurar alguma alma demoníaca aqui e-.

Ele a calou, colocando o indicador nos lábios dela. Sorriu.

_Mas existe uma coisa que eu posso cuidar pessoalmente. – sorriu docemente a ela. – Vem, vamos limpar esse corte.

Ele segurou sua mão, guiando-a até o banheiro. Jogou as roupas que estavam em cima da cadeira e inclinou a cabeça, indicando-a. Gina sentou-se, colocando as mãos em cima das pernas descobertas.

Observou Harry procurando o curativo sério, com uma carranca, mas ao mesmo tempo, bem tranqüilo.

Após achar, agachou-se em frente a ela, abrindo um vidrinho contendo um liquido rosa. Pegou um algodão e o embebedou no liquido. Suspirou, olhando nos olhos da ruiva.

_Vai arder um pouco, tudo bem? -ela assentiu, em silêncio. Harry segurou o rosto dela com uma mão, delicadamente. Com a outra, começou a limpar cuidadosamente o sangue, e a sujeira. Gina segurou um gemido de dor.

_Eu disse que ia doer. – murmurou. – Mas com essa poção, em pouco tempo vai cicatrizar.

_Quanto tempo mais ou menos? – ele parou, a observando.

_Uns... Quinze minutos.

Ficaram um bom tempo se observando. Harry era terrivelmente sexy. Colocou a franja que caia em seu rosto atrás da orelha. Suspirou.

Pense em qualquer coisa que não seja ele, implorou mentalmente. Impossível.

De repente, sua dor não pareceu mais incomodá-la. Dane-se a dor, pensou. A imagem daquele moreno sem camisa agachado a sua frente, com o cabelo bagunçado e descalço era o suficiente para que ela perdesse sua sanidade.

Levantou-se, ao mesmo tempo em que ele. Seus corpos ficaram colados e não precisava de conversa, já que se entendiam pelo olhar. Ele passeou uma mão, desde o rosto da ruiva até seu pescoço. Aproximou-se lentamente, beijando seu pescoço diversas vezes. Ela tentou conter-se, afastar-se, mas isso era tecnicamente impossível. Ele estava com o controle da situação e não tinha nada para fazer que revertesse a situação.

Ela deu um passo para trás, e ele a seguiu, ainda beijando-a. Gina sentiu suas costas se arrepiarem ao se encontrarem com a parede fria, e estremeceu. Mas ela não sabia se era por causa de desejo ou frio. Harry desceu uma mão até a cintura da ruiva, colando seus corpos. Ela ergueu a cabeça, fechando os olhos. Enlaçou-o pelo pescoço, acariciando sua nuca, seu pescoço, brincando com seus cabelos. Harry pareceu gostar daquilo, e isso a deixou ousada. Desceu sua mão, acariciando seu tórax. Ao sentir os músculos dele enrijecerem, ela sorriu, deliciada.

Em seguida, ele a beijou com paixão. Gina derretera-se diante daquele beijo. Era como se ele estivesse mostrando o quanto a queria; a desejava.

Quando se afastou, ambos tremiam. Ela não queria que ele se afastasse. Não queria que terminasse.

_Gina - ele arfou, tentando buscar ar. – Se a gente continuar isso... Não vai... Não vai...

_Ter volta, eu sei. – ela murmurou rouca. Em seguida aproximou seu corpo do dele, calando-o com um beijo. Então ele sentiu que ela também o desejava da mesma forma que ele a queria.

Ele a ergueu, enquanto ela enlaçava as pernas em torno dele, enquanto ele a levantava. Ambos ofegavam.

Harry não entendia por que estava tão afoito. Geralmente era calmo, tomava o controle da situação e pensava em tudo para que sua parceira ficasse deslumbrada. E esse não estava sendo o caso de Gina. Ele a queria desesperadamente. Precisava tê-la e cada minuto, cada caricia, o deixava mais afoito.

Ela parou de beijá-lo, olhando-o nos olhos. Colou sua testa com a dele, respirando pela boca. Suas mãos tremiam ao tocar o rosto dele.

_Aqui não. – ela murmurou. Sua respiração, assim como a dele, estava descompassada. – Não num banheiro. – ela sorriu, enquanto ele soltava um riso rouco. Ela gostou de ouvir aquele som.

_Gi, você tem certeza que...

_Eu quero isso Harry. – ela sussurrou, interrompendo-o. – Eu necessito, eu preciso, eu...

_Era o que eu precisava ouvir. – murmurou sedento de desejo. A segurou no colo, e a carregou até o quarto. Gina ofegava, beijava seu pescoço, acariciava seu peito. Aquilo só deixava Harry mais louco.

Nunca o quarto de Harry parecia tão longe como parecia naquele momento. Eles pararam na metade do corredor, enquanto ela ficava novamente de costas a parede. Ele inclinou-se, beijando a curva de seu pescoço, enquanto ela apoiava a cabeça para o lado. Harry passeou uma das mãos por uma das coxas bem torneadas da mulher, enquanto ela o deliciava com os dedos delicados, tocando em sua pele. Ele estava terrivelmente quente, mas ela não queria somente aquilo. Queria muito mais que um momento.

Quando Harry começara a descer os beijos, indo em direção aos seios, ela tentou afastá-lo abruptadamente, parecendo assustada.

Imediatamente, ele levantou-se, olhando-a nos olhos. Ele podia estar desesperadamente ansioso por aquilo, até mesmo, parecendo um adolescente idiota, mas acima de tudo, só faria o que Gina queria que fizesse. Nada mais.

_Gina – ofegou. – Você quer parar?

_Não. – ela murmurou, com a voz a fio. - Mas... Não estamos sozinhos... Além de que...

Ele segurou o rosto delicado dela entre as mãos. Estava se sentindo arrogantemente aliviado com aquilo.

_Não, meu bem. Não existe mais ninguém além de nós aqui. – ele sussurrou, apertando-a contra si.

_Mas Harry. Existe um cadáver ali embaixo. – ela estava começando a recobrar sua sanidade, enquanto ele soltou um muxoxo, passeando as mãos desde os ombros dela até a cintura.

_Tiramos ele depois, Gi. –murmurou rouco, em seu ouvido antes de mordiscá-lo. Gina estremeceu, tentando ficar sã.

_Não vai ser bom sairmos de um momento perfeito e nos depararmos com a imagem de... – ela parou quando ele levantou uma mão, pousando-a em seu seio. – Oh, esqueça.

A casa estava uma incrível bagunça e eles estavam mais preocupados em...

Fora a última coisa em que sua mente conseguiu processar, antes de delirar com as caricias dele, até o momento em que ele a levantou novamente, carregando-a até o quarto.

Quando chegaram, Gina estava no chão, começando a tentar tomar aquela situação. Tentaria mostrar a ele que ele não era o único que sabia jogar aquilo.

Mas a única coisa que fez foi puxá-lo mais perto de si, dizendo que ele quase pisara num caco de vidro.

Ele bufou, parecendo exasperado. Até mesmo morta àquela oriental desgraçada atrapalhava.

Mas isso não o impediu de continuar. Tirou a varinha do cós do bermudão jeans e murmurou alguma coisa, enquanto beijava Gina com beijos curtos e rápidos. Magicamente, tudo estava novamente limpo e impecável. Pronto para os dois.

Aquela ansiedade voltou a controlar as veias e o coração de Harry. Ele caminhou com Gina à sua frente, até que ela caísse sentada na cama. Quanto mais acontecia, mais ele começava a ficar desesperado, necessitando mais de Gina.

Ela foi para o meio da cama, esticando as pernas, enquanto ele estava a seu alcance, ficando em cima dela, com as pernas entreabertas. Ele a puxou e a beijou com paixão, enquanto seu corpo esfregava-se ao dela com sofreguidão.

Quando Harry tentou tirar a camisola de seda de Gina, suas mãos tremiam. Ele estava sedento e ao ouvi-la ofegar, sentia-se satisfeito por ela estar na mesma situação.

Enquanto Harry tentava tirar a camisola de Gina, ela tentava desesperadamente abrir o zíper do bermudão do moreno.

Quando ele se livrou da camisola dela, apoiou seu corpo com o dela, fazendo-a que deitasse confortavelmente no lençol branco, da enorme king size. Os seios perfeitos dela, friccionados contra o peito dele deixou-o ainda mais sedento.

Mas ela estava nervosa e ele tinha certeza disso, principalmente quando notara a tremendo ao tentar abaixar o bermudão dele.

Ele levou as mãos até as dela, segurando-as carinhosamente. Encarou-a, e notou paixão em ambos.

_Relaxe. – murmurou. Foi então que resolveu tomar o controle total da situação, e Gina notou que desde o inicio, nunca tivera chance contra o charme dele.

Harry era praticamente um mestre. Ele podia ser estúpido, arrogante e cínico na maior parte do tempo, mas ali estava mostrando-se delicado e gentil, e em qualquer lugar onde ele a tocava, ela delirava. Era incrível que, mesmo sendo a primeira vez entre eles, Harry sabia cada lugar onde Gina gostava, e sentia-se relaxada.

Ele começou a beijá-la, vagarosamente. Beijou um lado de sua bochecha, para em seguida beijar demoradamente sua boca. O beijo foi quente e úmido e ela sentiu-se como se estivesse derretendo.

_Eu fiquei muito tempo pensando nisso. – ele murmurou, e aquela voz rouca dele a enlouquecia. Ela quis falar, mas sua voz não saia. Ele mordiscou a orelha dela, antes de voltar a falar – Eu imaginava cada parte desse momento.

Ela riu, maliciosa, enquanto ele começava a descer o beijo, parando em seu pescoço, descendo logo ao seu ombro.

_Você fantasiava comigo?

_Diabos, mulher. Você é simplesmente perfeita. – murmurou, encarando-a com um sorriso de canto.

Ela riu levemente, enquanto ele começava a descer o beijo novamente, parando em seus seios. Quando ela gemeu pela primeira vez, extasiada, ele não parou mais. Ele brincou com ela até que voltasse a descer os beijos, parando em seu umbigo. Com a mão, ele desceu e deslizou o dedo pela calcinha de renda azul bebê.

Devagar, muito devagar, ele tirou a calcinha de renda dela, saboreando cada centímetro daquela pele macia.

Mesmo lutando contra a timidez, ela não se cobriu. Enquanto ele a acariciava, ela observava o rosto dele. Suas mandíbulas estavam apertadas e havia gotas de suor em sua testa. Ele parecia que estava preste a perder o controle.

Não era só ele. Ela já havia perdido sua sanidade desde que aceitara aquilo.

Quando começou a se sentir desinibida, ela o puxou e o beijou com desejo. Agora, as mãos dela desciam e apalpavam seu corpo. Seus músculos enrijeciam-se a medida que ela tocava com a ponta dos dedos. Quando ela o tinha na palma da mão, ele quase explodiu. A puxou de encontro a si e suas línguas esfregaram-se uma na outra mais uma vez, enquanto ambos se tocavam.

Gina não agüentava mais aquilo. Estava ficando doida. Queria aproveitar cada segundo com Harry, mas queria que aquilo fosse rápido para que aquela agonia acabasse.

Quando ele colocou a cabeça em seu ombro, aspirando seu cheiro, ela murmurou ofegante.

_Harry...

_Eu sei – sussurrou com a voz mais rouca que o normal. Ambos estavam consumidos pela excitação, que percorria em seus corpos. – Mas eu preciso proteger você.

Ela o viu tateando alguma coisa no criado-mudo, acariciando cada centímetro do seu corpo. Com cuidado, ele afastou as pernas dela, com os joelhos. Em seguida, começou a fazer amor com ela usando a boca, a língua e os dedos.

Os primeiros tremores de êxtase a pegaram de surpresa. Tudo deveria ter terminado ali, mas não foi o que aconteceu. O prazer aumentava, era tão intenso que ela mal podia agüentar. O que a deixou assustada. Tentou libertar-se de Harry, mas este a segurou gentilmente e murmurou:

_Está tudo bem, confie em mim. – em seguida, ele encaixou-se entre as pernas de Gina e a penetrou. Ela gemeu e arqueou o corpo contra o dele, que mantinha os olhos fechados tamanho era o prazer. Ela se sentia tão bem que parecia estar nas nuvens. Isso, obviamente não a fez que parasse com o ritmo, que começava a aparecer entre os dois.

Eles eram perfeitos juntos. Gina entrou em clímax antes de Harry, mas isso não demorara muito tempo. Ela apenas o estimulara.

Ele gemeu, satisfeito. Apoiando a cabeça no ombro da ruiva, murmurou:

_Eu amo você.

Ela estava alegre e cansada demais para dizer alguma coisa, e permitiu que um sorriso cansado se espalhasse pelo seu semblante. Harry achava que estava esmagando-a, mas quando tentou sair de cima de Gina, ela o segurara, impedindo-o.

_Fique aqui. – murmurou. Ele acariciou o rosto dela, sorrindo. Estava exausto.

_Tudo bem.

A camisola estava de um lado da cama, e o bermudão de Harry estava do outro lado. Ela ficou ali, acariciando as costas de Harry quando sussurrou em seu ouvido:

_Eu também amo você.



Continua...



N/A : OI GENTEEEEEEEEEEEEEE *-* *foge ao ver gente até com cadeira pra tacar em mim* uhhhh >.<'''' Po, maldade xD primeira vez que faço uma NC... e incrivelmnte está pior do que eu pensei xD *morre* Na verdade, ela não ia acontecer agora, mas a minha beter e a Karine me obrigaram u.u'''' então tá neh, lá vou fazer algo que não era para ser feito...mas fmz XD Espero que gostem, eu particularmente me empolguei com esse capitulo...uh sim, adrenalina a lot XD~ O que acharam da Chang-eu-preciso-de-um-sanatorio? Espero que tenham curtido também...na verdade nem ia fazer ela sair da prisão, mas e daí?XD Bom, não importa...eu gostei e não gostei desse capitulo. Bom, mas uma vez to AGRADECIDA A LOT COM OS COMENTÁRIOS! AMU VCS A LOT *O* BRIGADUUUU

e preciso dormir por que tenhu que acordar cedo amanha ainda x.x

Beijussss

Tammy





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