Pássaro de Travessia
PARTE II
- Vocês não me entendem - disse o patinho. - Acho melhor eu sair para a vastidão do mundo.
- Você acha que isto aqui é o mundo todo? - perguntou a mãe pata. - Ora, o mundo se estende por aí afora, para além do outro lado do jardim e até o campo do pároco, se bem que lá é ainda mais longe de onde já estive.
- Diga lá, companheiro - falaram os gansos selvagens ao patinho - é tão feio que acabamos gostando de você. Venha conosco e se torne um pássaro de travessia.
Hans Christian Andersen
O Patinho Feio (1843)
Capítulo 6
Eu vi velhos navios navegando como cisnes adormecidos.
Herman James Elroy Flecker
Os Velhos Navios
Tudo estava em ordem, desde o baú de viagem perfeitamente arrumado até o chapéu cinza que Thankful atara com um laço preciso abaixo do queixo de Hermione. A superfície negra e polida do baú de viagem reluzia sob o sol da manhã. Ela tinha um bolso interno e removível na saia preta repleto de cédulas de dinheiro, além de moedas de ouro e prata na moeda comum dos alto-mares: libras esterlinas.
Carregadores, estivadores, ajudantes portuários e passageiros apinhavam-se nas docas, pois pelo menos nove navios partiriam do porto de Boston naquele dia. Eventuais curiosos paravam para observar o clã Granger e as expressões em cada rosto denunciavam seus pensamentos. Avaliavam a dignidade grisalha dos pais, a beleza dourada de irmãos e irmãs e, então, descartavam Hermione como sendo uma parenta pobre qualquer.
Ela manteve a cabeça erguida e esforçou-se para ignorar os olhares. Logo teria partido dali, teria ido para um lugar que podia apenas imaginar, um lugar que ela e tia Elizabeth tinham desvendado em suas noites acolhedoras de leitura diante da lareira em Saltem. Seu único lamento era o de que Ron não tivesse aparecido para se despedir.
Finalmente, Hermione viu o navio o esplêndido Cisne de Prata. A grande embarcação ainda estava recebendo a nova carga, que era levada para seu interior com notável rapidez. A visão do navio e o fato de saber que o vento estava soprando na direção certa para a partida enchiam-na de entusiasmo.
Quase explodia em expectativa. Não havia chance de aquilo acontecer, porém. Thankful fora meticulosa quando lhe amarrara o espartilho. As barbatanas comprimiam-lhe o peito impiedosamente. Hermione perguntou-se como, a bordo do navio, iria se vestir sozinha a cada dia, mas não ousou anunciar seus temores em voz alta. Não queria dizer nem fazer nada que levasse sua família a hesitar em deixá-la ir.
Talvez pudesse simplesmente dormir com seu espartilho. O som longo de um apito cortou o ar.
- Tenho que subir a bordo – disse Hermione.
- Sim. - Pigarreando, seu pai virou-se para o carregador que havia levado o grande baú com suas coisas. - Você tem tudo o que precisa, uma porção de livros. Não se esqueça de ler o de Emerson e me enviar sua opinião a respeito.
- É claro, papai. No manifesto do navio, estou descrita como membro ocioso da tripulação, para a minha vergonha. Assim, imagino que terei tempo de sobra para ler.
- Ser um membro ocioso significa simplesmente que você não entrará nos turnos das tarefas a bordo - explicou Peter, pegando-lhe a mão e apertando-a na sua. - E deve se sentir grata por isso. O trabalho neste navio mercante já parece árduo demais até para um marujo comum.
- Não há nada de comum em nossa Mione - declarou Thomas.
- Comporte-se em Harvard - disse Hermione ao irmão.
- O quê? E arruinar a minha reputação?
- Oh, Mione. - Susan abraçou-a. - E pensar que, quando você voltar, eu já estarei casada!
- Eu lhe trarei um presente de casamento especial. Algo tremendamente exótico, creio eu. Um papagaio numa gaiola? Uma muda de mangueira?
Lavander segurava seu bebê, enquanto as duas outras crianças pequenas agarravam-se às suas saias.
- Mione, que aventura. Nunca pensei que, entre todos nós, você seria aquela que navegaria para terras distantes.
Finalmente, Hermione viu-se de frente para a mãe, e um turbilhão de lembranças e emoções dominou-a. A mãe a amava, daquilo não tinha dúvida; ainda assim, era assombrada pela persistente sensação de que era um grande desapontamento para aquela mulher digna e bonita. De que nada do que pudesse fazer iria agradá-la plenamente.
Exceto talvez desaparecer.
- Eu escreverei, mãe - prometeu com seu senso de dever.
- E eu também. Quero que me conte sobre tudo que acontecer com você. Tudo. - Para a estupefação de Hermione, Sophia violou a dignidade do momento sucumbindo, ainda que brevemente, aos soluços.
O pai despertou de algum pensamento de repente, como se alguém tivesse estalado os dedos diante de seu rosto. Numa questão de segundos, os três homens entregavam lenços a Sophia. Com a mesma rapidez, ela já estava enxugando os olhos e ajeitava desnecessariamente as fitas do chapéu de Hermione.
- Eu gostaria que você tivesse concordado em levar Thankful junto - disse-lhe, sem fazer nenhuma menção ao breve acesso de lágrimas. - Lembre-se de usar sempre um chapéu e de não se expor demais ao sol e ao vento. Sabe como podem ser prejudiciais à saúde e à aparência de uma pessoa.
- Sim, mãe. Adeus. Adeus a todos. - Apesar de ansiosa para partir, Hermione tinha um nó na garganta enquanto abraçava a todos e aceitava beijos afetuosos do pequeno sobrinho e sobrinha. Então, virou-se na direção do navio.
Os estivadores subiam e desciam por pranchas de madeira com caixas e barris nos ombros. Dino e alguns dos homens da tripulação estavam presentes, gritando ordens. Deduziu que o homem de rosto magro e tristonho, usando o apito, era Ralph Izard, o primeiro imediato, e reconheceu Timothy Datty, o garoto que tanto tentara impedir que ela humilhasse a si mesma.
Ele logo aprenderia quanto aquilo era inútil.
Hermione virou-se para olhar para a família uma última vez, usando o dedo indicador para baixar os óculos e poder enxergar acima das malditas lentes. Envolto pelo brilho do sol matinal, o clã Granger permanecia no cais como se estivesse posando para um retrato. Lavander segurava o bebê nos braços, enquanto as duas crianças mais velhas acenavam docemente. Susan e Sophia estavam de braços dados, enquanto os homens formavam um pano de fundo alto para as damas e crianças graciosamente vestidas. Se houvesse um pintor vivo capaz de retratar tão magnífica beleza, ele ainda não o fizera. E deveria, sem dúvida. Aquela era a família mais perfeita que já existira.
Especialmente agora, pensou Hermione, com um quê de amargura.
Ergueu a mão para um último aceno de despedida. E, então, virou-se, mantendo o queixo erguido e o olhar para o céu, enquanto embarcava no Cisne de Prata.
Sabia que não deveria esperar nenhum tipo civilizado de boas-vindas ali. Aquele era um navio de carga, seu único propósito era fazer dinheiro. No convés principal, havia grande movimentação de marujos, carregadores, oficiais da alfândega e agentes. Que fantástico era tudo aquilo para ela, a carga que era conduzida ao interior do navio numa interminável parada, a agilidade dos marujos içando as velas, preparando-o para a viagem.
A simples idéia de todas aquelas mercadorias sendo enviadas para terras distantes cativava-a. Quando algo era levado a bordo, tal experiência mudava-o de alguma maneira, fundamental? Aquelas peças de tecido se transformariam, de algum modo, em algo vibrante, algo que seu criador nunca imaginara? Os blocos gigantes de gelo de Vermont, envoltos numa camada espessa e isolante de palha e aniagem, seriam usados para resfriar gêneros alimentícios que nenhum habitante de Vermont jamais sonharia em provar?
Ouviu passos por perto. Uma pilha de caixas avançou em sua direção. Pôde ver apenas as calças curtas e pés descalços do homem que as carregava nos braços. Quando a pilha oscilou precariamente, Hermione aproximou-se depressa e pousou a mão na caixa do alto, amparando-a.
- Cuidado - disse.
- Obrigado. - Uma cabeça espiou por detrás das caixas, mostrando um sorriso amistoso, de falhas nos dentes, e um rosto de origem africana - Eu não iria querer derrubar nosso jantar antes mesmo de termos zarpado. - acrescentou o homem, com um sotaque vagamente melódico.
Hermione olhou por cima das lentes dos óculos.
- As galinhas, você quer dizer - falou, um tanto acanhada.
- Sim. Algumas são poedeiras, outras irão para a panela.
Mantendo a mão nas caixas, Hermione caminhou pelo convés junto com o pequeno homem africano.
- Você deve ser o cozinheiro, então.
- Sim. Sou Samuel Liotta, da Jamaica, mas todos me chamam de Doutor. Você deve ser a nossa nova passageira.
- Estarei trabalhando como a intérprete do capitão Potter. Meu nome é Hermione Jane Granger.
- Bem-vinda a bordo, senhorita - disse o cozinheiro alegremente.
Ela o ajudou a colocar as caixas no chão. Olhando para o cercado dos animais, viu uma cabra e um porco.
- Matilda e o porco, é como os chamo. Uma para dar leite, o outro, carne. - Ele passou as mãos empoeiradas pelo avental de lona. - Venha comigo. Já é tempo de conhecer os outros membros da tripulação.
O cozinheiro havia, por alguma razão, decidido dar-lhe uma simpática acolhida. Com melhores maneiras do que ela esperara de um marujo, apresentou-a a seus companheiros de tripulação.
Ralph ocupava o posto de primeiro imediato, o que o colocava no comando de praticamente tudo depois do capitão. Quando passou por ela, não teve tempo para conversar, mas abriu um sorriso cordial o bastante. Hermione notou uma certa resignação triste em seus olhos.
William, o segundo imediato, falava com um sotaque londrino e usava um facão numa bainha presa à cintura. Chips, o carpinteiro, era bastante alto e magro; Luigi, o italiano que fazia as velas, tinha constituição pequena, olhos alegres e um imenso bigode preto. Gerald, o contramestre com braços tatuados e argola de ouro na orelha, cumprimentou-a rapidamente e, em seguida, apressou-se a ajudar Tiniothy a desembaraçar um trecho do cordame.
Hermione carregou sua valise de tapeçaria para o alojamento que lhe foi designado. Ali, passaria a sua última noite em Boston e, pela manhã, partiriam com a maré.
De acordo com o Doutor, o Cisne de Prata, era uma embarcação incomum. Projetado de maneira a precisar de menos velas e, portanto, de menor tripulação, fora construído para um capitão do mar que insistira em viajar com sua esposa e quatro filhos. Aquilo explicava o espaço e o conforto da cabine do capitão e o tamanho reduzido das duas outras cabines que a ladeavam, que outrora haviam abrigado as crianças. Lily Potter e sua criada pessoal iriam ocupar uma daquelas cabines, e Hermione, a outra.
Ela encontrou uma cama simples, curta demais para sua estatura, uma única escotilha para deixar entrar a claridade do dia e um aparador, com bacia de rosto, jarro para água e um vaso logo abaixo. A cabine tinha o ar austero de uma cela de monge, e deu-se conta de que gostava de tal sensação.
Lily e Fayette saudaram-na efusivamente quando chegaram. Hermione as acompanhou até a outra cabine, que era maior que a sua, com duas camas e cadeiras abaixo da escotilha.
- Você está entusiasmada? - perguntou-lhe Lily, ajudando a criada a lidar com uma fechadura teimosa num baú.
- Eu mal consegui dormir na noite passada - confessou Hermione.
- É um tanto assustador, não é?
- É bastante assustador - declarou Fayette, lançando um olhar inquieto na direção da porta. - Na única vez em que fui a algum lugar com o Sr. Potter no comando foi a uma pescaria. Acabamos no meio da baia Mockjack numa canoa, ele não fazia idéia de como voltar!
Lily encontrou o olhar de Hermione.
- Creio que Harry tinha nove anos de idade na época.
- Ele e aquele Dino. Os dois sempre se metendo em problemas. - Fayette sacudiu a cabeça e começou a encher de roupas uma gaveta comprida debaixo da cama.
Lily abriu um sorriso saudoso.
- Ele sempre foi um menino decidido.
- Você o mimou demais, e não há dúvida - resmungou Fayette.
- Suponho que sim. O pai dava tão pouca atenção a ele. Eu fui a segunda esposa de James - explicou Lily a Hermione. - Com a primeira, ele tivera Simas, e era quase como se Harry lhe passasse despercebido. James me usava como um ornamento em seu braço, mas não tinha a menor idéia do que fazer com um menino como Harry. - Mordeu o lábio inferior. - Não devo falar mal dos mortos.
Fayette soltou um riso.
- Querida, você não disse nada que todos nós lá não soubéssemos. - Lançou um olhar a Hermione. - Tenha cuidado com o homem que valoriza você pelo seu rosto bonito.
- Não é uma preocupação que eu precise ter - respondeu ela, sardônica, empurrando os óculos até o alto do nariz. - E, com certeza, o amor cresce com a familiaridade.
- Você é tão jovem, minha querida - comentou Lily. - Tão jovem quanto eu era enquanto estava criando Harry. Ele cresceu livre e solto, e receio ter-lhe atendido cada vontade, tentando compensar a falta de atenção do pai. Harry era impulsivo e carismático e sabia como conseguir o que queria de todo mundo, exceto do pai.
- Sempre houve um vazio na vida daquele menino - disse Fayette. - Mas não cabe a você preenchê-lo. Deixe seu filho encontrar o próprio caminho.
Hermione sentiu certo desconforto. As pessoas de sua família nunca falavam de assuntos tão íntimos, em especial não com os criados.
- Acho que vou subir até o convés - falou a ambas. - Não quero perder nada. - Deixando a cabine, voltou ao convés principal, encontrando um canto junto a uma escada onde pareceu estar fora do caminho.
Harry estava na cabine de comando com um agente portuário. Podia ouvi-los conversando no alto, mas não distinguir as palavras. Contentou-se em observar o trabalho prosseguindo, trocando uma palavra ou duas com os membros da tripulação que passavam por perto. Não podia crer que as horas haviam passado tão depressa enquanto conhecera os homens que seriam sua única companhia durante meses a fio.
Estranhamente, não se sentia tão pouco à vontade com os marujos quanto acontecia em eventos sociais em terra firme. Pela primeira vez, começava a acreditar que realmente poderia alcançar alguma coisa naquela viagem. O que seria não podia ter certeza, mas ousava esperar que, quando Harry Potter descobrisse como ela desempenhara bem seus deveres a bordo do Cisne de Prata, ficasse bastante orgulhoso.
No minuto seguinte, como se sua esperança fervorosa o tivesse evocado, Ronald Weasley subiu a bordo do navio com o pai.
Hermione avançou para frente a fim de cumprimentá-lo, quase tropeçando na barra da saia em sua pressa.
- Sr. Weasley! - disse a Arthur. E, depois, ao filho - Sr. Weasley!
- Vejam só, os dois têm o mesmo nome - observou Harry, irônico, descendo da cabine de comando. Ainda usava as roupas de terra firme, um casaco curto de seda num dos tons vibrantes que parecia adorar. Ainda mantinha também a expressão de insolência, seu olhar prometendo momentos difíceis para a intérprete que não queria.
Hermione desviou o olhar dele, colocando um sorriso de boas-vindas no rosto para os recém-chegados. Juntos, pai e filho formavam uma dupla das mais charmosas. Os cabelos brancos de Arthur contrastavam com as mechas ruivas e onduladas de Ron, e ambos usavam casaco longo de lã escura.
Como o herói de seu romance favorito, Ron caminhava tranqüilamente pelo convés e olhava ao redor enquanto inspecionava os preparativos finais. Infelizmente, o movimento de uma verga estragou o efeito. O longo pedaço de madeira balançou em seu caminho até o mastro, atingindo Ron na altura do abdome ou talvez um pouco mais em baixo.
Soltando um gemido de dor, ele se curvou sobre o corpo, segurando o ombro do pai.
- Deve-se tomar cuidado num convés, filho - disse Arthur com relutante preocupação. - Mantenha um olho no navio e o outro em si mesmo.
Hermione aproximou-se mais, quase tremendo para conter o impulso de estender o braço até Ron, de realmente tocá-lo.
- Oh, Sr. Weasley - disse, consternada. - Já está bem?
Ron endireitou as costas e meneou a cabeça, respirando fundo.
- Sim... sim, estou - respondeu com absoluta falta de convicção.
Ela apanhou Harry estudando-a com o costumeiro ar zombeteiro.
- Talvez você devesse desembarcar e levar os seus prestimosos cuidados até ele.
- Sou necessária aqui. Não vou me esquivar de meus deveres.
- Vou me lembrar disso, srta. Granger.
A promessa lacônica nos olhos dele deixou-a estranhamente desconcertada. Hermione esperou que a aba de seu chapéu de seda ocultasse seu rubor. Fazendo uma mesura formal, declarou:
- Que bom ter esta chance de me despedir. - Mediu cada palavra e tomou o cuidado de se dirigir tanto a pai quanto a filho.
- Nós lhe desejamos ventos favoráveis e uma jornada segura - disse Arthur, seu rosto bondoso e bem-humorado. Deu uma leve cotovelada em Ron. - Não é mesmo, filho?
- Claro, é o que desejamos. - Como um príncipe de um conto de fadas, Ron fez uma galante mesura. - Ventos seguros e uma jornada favorável.
Hermione saboreou cada palavra, embevecida.
- Escreverei uma carta a cada dia, contando todas as minhas aventuras. - Notou o olhar alegre e de cumplicidade de Arthur. Haviam combinado que cada carta conteria um relato pessoal sobre a conduta do capitão e da tripulação. Ela deu um passo desajeitado para trás, rezando para que nenhuma verga errante a atirasse longe.
- Eu sei que vocês e o capitão Potter têm assuntos a tratar e, assim, se me derem licença... - Recuou mais um passo. Dê-me um beijo de despedida, seu coração suplicava a Ron. Dê-me um beijo de despedida.
Mas, obviamente, a louca fantasia não se aplicava a um convés apinhado de marujos. Ergueu a mão enluvada e ofereceu um discreto aceno. E, então, aconteceu. Ron olhou para ela, e abriu um sorriso que prometia tanto mais do que um beijo. Algum dia, suplicou Hermione aos céus, algum dia.
Mal cabendo em si de contentamento, afastou-se depressa, enroscando o pé na barra da saia e quase caindo. Mas não caiu. Recobrou o equilíbrio a tempo e apoiou-se numa coluna de madeira, pensando em Ron e em como talvez aquela viagem a transformasse aos olhos dele.
Pai e filho terminaram sua conversa com Harry e retornaram ao cais. Hermione os observou até que não passe pontos na distância, finalmente confundindo-se com a multidão.
- Agora - disse uma voz atrás dela - uma pergunta permanece.
Sobressaltada, Hermione virou-se, tirando os óculos do lugar com o movimento brusco.
O primeiro imediato gritou ordens e o segundo imediato as repetiu, os passos ágeis dos marujos que as acataram reverberando pelo convés.
- E qual é, capitão Potter? - indagou ela, ajeitando o óculos.
- Quero me assegurar de que você não está se arrependendo. - Harry aproximou-se mais, pegou-lhe a mão, fez uma mesura galante, mas zombeteira, que a deixou ainda mais nervosa. Uma ligeira brisa soprava-lhe os cabelos negros, e o sol da tarde intensificava-lhe o brilho no olhar.
Hermione estreitou os olhos, desconfiada.
- E por que eu estaria me arrependendo?
Harry fitou-a diretamente nos olhos, e Hermione teve a estranha sensação de que podia enxergar através dela.
- A maioria das mulheres se arrepende de algo - disse ele.
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