Desconhecendo o Desconhecido





Ela, uma jovem acanhada, de estatura baixa, longas madeixas loiras e enormes olhos azuis, como sempre, estava afundada em uma leitura, ao lado de uma gigantesca pilhas de livros. Nunca fora de muitas amizades, preferia viver em seu próprio mundo cultivando sonhos que procurava retratar em suas poesias e acentuar com suas leituras. Buscava sempre inteligência em demasia, suas notas eram impecáveis, muitos duvidavam da veracidade de sua seleção. Ela possuía todos as características para se encaixar perfeitamente na corvinal, mas acabara caindo então na grifinória. Muitos a consideravam como uma garota estranha, sempre com a face escondida por trás da capa grossa de livros. Mas ela não ligava, era daquilo que ela gostava, e nada nem ninguém à faria mudar. Assim, poderíamos definir Dorcas Meadowes, uma inteligência anormal e dona de uma personalidade fortíssima.

No momento, toda a sua capacidade mental estava voltada para aquele livro. Melhor especificando, aquele tema, aquele “ser” a quem Dorcas duvidava que algo com aquela magnitude poderia realmente existir. Sua sobrancelha se arqueava levemente, indicando sua face duvidosa, conforme seus olhos percorriam cada linha daquele roteiro.

“O Enigma da Esfinge
Podemos definir uma Esfinge como um ser baseado nas mais antigas mitologias egípicas. Possui a aparência divida entre humano e animalesca: Cabeça de um homem, com traços de um faraó, com o corpo de um felino, mais apropriado, um leão. Se comunida com suas vítimas através de enigmas, onde quem acerta, consegue sair sobrevivente, porém, os que erram são devorados pela Esfinge. Hoje encontra-se vivo apenas um sobrevivente da Esfinge, o artesão W.R.T. Ele cita que a Esfinge não se limita apenas à enigmas, mas sim jogos com suas presas, os quais a inteligência é utilizada em todos os recurs...”

— Por Merlin, chega de baboseiras por hoje!

Com um baque forte, Dorcas fechara o livro, enquanto arrumava delicadamente seus cabelos. Era raro a jovem se irritar com uma leitura, e quando isso ocorria, significava algo realmente crítico. Ela se levantou em um salto, caminhando de lá para cá pelo salão comunal, agora, desértico. Tentava pensar em algo para remover aquela quantidade absurda de livros do local, antes que os alunos chegassem do café da manhã. Nada lhe via a mente, que só estava focada na tal Esfinge.

— Baboseiras, Dorcas, somente baboseiras. Vamos, pense em algo garota!

Falava consigo mesma. Era típica tal situação, já que não era dona de um grande círculo social, se abria, contava seus maiores segredos, pedia opiniões, para si própria, dentro de seus pensamentos. Já que a força psíquica não funcionava, iríamos partir para a força bruta. Encaixando seus pequenos braços por baixo do último livro da pilha, Dorcas tentou levantá-los a uma altura considerável do chão. Mas, conforme levantava, os livros declinavam para cima de seu rosto, tapando sua visão e dificultando sua respiração. Suas pernas estavam bambas e já não conseguia controlá-las, devido a enorme dificuldade de balancear peso e visão. Ia caindo, até perceber que cinco dos nove livros da pilha haviam sumidos. “Droga, devem ter caídos.” Imaginava, até perceber uma silhueta a sua frente, alta, esguia, e ali se encontravam os livros, dentre suas mãos.

— Não deveria tentar fazer tudo de uma só vez. — Dizia uma voz masculina, com um certo tom de ironia.

— Obrigada, mas o que menos preciso no momento é de conselhos. Será que daria para dar uma ajudinha aqui? — Respondeu Dorcas, em sua típica maneira ríspida.

— Claro, adorei a maneira com que foi delicada comigo.

Os lábios de Dorcas tremiam, enfurecida. Sempre botava um ponto final em uma discussão, mas não tinha uma réplica para aquela citação. Apenas dera os ombros, enquanto caminhava em direção à saída do salão comunal da grifinória. Pelo menos isso aliviava suas tenções, não corria risco de ser um sonserino, casa por qual possuía uma enorme desavença. Um silêncio súbito havia invadido o local, o qual era quebrado apenas pelos passos da dupla caminhando pelo corredor, agora em direção à biblioteca. Dorcas controlava sua respiração, de uma maneira que conseguia aliviar suas tensões. O garoto atrás de si também se calara. Espere... o garoto. Não sabia quem estava atrás de si, com a confusão do momento que o conhecera, acabara não percebendo sua face.

Após alguns minutos, alguns longos minutos, ambos já se encontravam dentro da biblioteca. Dorcas depositara os livros sobre a mesa, enquanto o garoto ainda caminhava até onde se encontrava. Agora estava pronta, encostada com as mãos sobre a mesa, apenas aguardando para identificar o tal garoto. Ele caminhava, devagar, na verdade, mancava com um de seus pés. Estava cada vez mais próximo, à alguns passos, até que Dorcas sentira uma mão em seu ombro, e fora obrigada se virar para trás. Era Lílian Evans.

— Dorcas, não estamos em época de prova. Para que toda essa quantidade de livros? — Dissera Lílian, arqueando sutilmente suas sobrancelhas arruivadas.

— Sabe, conhecimento nunca é de mais. — Dorcas tentava se virar para trás, porém, não iria dar as costas para, talvez, sua única e verdadeira amiga que possuía em Hogwarts.

— Aqui esta, senhorita. Tchau. — A voz agora estava bem próxima aos seus ouvidos. Até que ele tinha uma voz um tanto quanto bonita, máscula, grave, chamava a atenção de Dorcas.

— Tchau, Lupin. — Respondera Lílian.

— Tch... — Dorcas se virara, finalmente, para se despedir do garoto, porém, ele já se encontrava de costas para elas, e caminhava na direção da porta de saída da biblioteca. Pelo menos percebera seu físico: alto, cabelos bem alinhados, um pouco magro em demasia. Ela se jogou em uma das cadeiras, enquanto percebia o olhar de Lílian atento, ora olhando para Dorcas, ora olhando para Lupin, que já havia sumido porta à fora.

— Acho que atrapalhei algo.

— Atrapalhou... NÃO! Claro que não. Eu sequer o conheço. — Ela revirou os olhos nas órbitas, tentando se esquivar de Lílian.

— Pois ele olhou de um jeito... Ah, pois bem, acho que também vou indo, vida de monitora não é nada fácil. Tchau, Dorcas, nos vemos mais tarde.

— Até Lilly.

Lílian seguira para o lado leste da biblioteca, e Dorcas permaneceu ali, recostada na cadeira. Mal conhecia o garoto, e já cultivava uma enorme raiva pelo mesmo. Soltara um longo suspiro, olhando pelo canto de seus olhos para o primeiro livro que sua vista conseguia alcançar: O Enigma da Esfinge.


Comentário: É, como perceberam, deixei um clima bem misterioso no ar no primeiro capítulo. As coisas vão se esclarecendo conforme a fanfic vai caminhando. Espero que tenham gostado. Logo logo, o segundo capitulo!

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