Protegendo os Diamantes




Capítulo 1
Protegendo os Diamantes

A noite estava calma no vale Tartánea, apenas interrompido pelo uivo do vento e do canto dos grilos. Uma floresta cobria intensamente o vale, a floresta Yartsurik, onde parecia ser calma e sagrada. A lua no céu brilhava intensamente, enquanto iluminava o chão húmido do vale, enquanto as sombras fugiam da luz. As estrelas piscavam de vez em quando, apenas para enfeitar o céu obscuro, enquanto as nuvens cinzentas cobriam-nas de vez em quando. Na fronteira da floresta, havia um lago, de água límpida e fresca, era a única fonte de água pelas redondezas. Os animais saíam das suas tocas de dia para se refrescarem da água do lago, enquanto os predadores se aproveitavam para caça-los de dia e se refrescarem de noite.
Um passo apressado contornava a lagoa, enquanto os seus passos ecoavam nas folhas das copas das árvores da floresta. Um homem, jovem, alto e de cabelo loiro, observava todos os recantos da área, procurando o perigo, enquanto andava apressadamente, sem olhar para atrás. Parecia ser um homem de coragem e força, mas os seus olhos indicavam, medo e fraqueza. Trazia consigo uma sacola pendurada num cinto grosso na cintura, enquanto o seu manto escuro arrastava-se pelo chão.
De repente uma seta interrompeu a escuridão das folhas e atravessou a área que distanciava do homem à floresta, como um raio, banhado pela luz do luar.
A seta ultrapassou a coxa do homem, enquanto um grito de dor, perturbava a noite silenciosa. Caiu no chão com um baque, amargo, enquanto o seu pulso se partira, tentando evitar a queda.
Ficou ali parado, deitado no chão, de braços e pernas abertas, tentando acalmar a dor. Tirou uma adaga, da manga e sacou-a com coragem, enquanto a sua mão tremia de tanta dor que sentia.
Uma gargalhada fria e assustadora, aproximava-se no meio da escuridão, enquanto era possível ouvir um passo calmo e pesado se aproximando.
O homem loiro, começou a se rastejar, tentado fugir, mas o seu esforço foi interrompido por outra flecha, que entrou nas profundezas da sua outra coxa. Um outro grito de dor. Virou-se e preparou para enfrentar o seu inimigo, que se aproximava. De repente numa velocidade incrível, o homem loiro sentiu algo frio, tocar a sua garganta. Uma espada larga e grossa era iluminada pela lua. Enquanto o homem observava o seu inimigo à sua frente, o outro falou.
- Quem não corre, não percorre o seu destino. Esse é um velho provérbio, que serve para os covardes e medrosos, que fogem da morte.
O homem que falava, utilizava um manto azul-escuro, que tapava a sua cara completamente. Era alto, muito alto, praticamente devia ter uns dois metros e oitenta centímetros.
O homem loiro, falou, numa voz fraca e calma.
- Quem é você?
De repente uma graça diferente ecoava nas águas da lagoa. Um outro homem emergiu de dentro da escuridão da floresta, seguido de um outro homem, ambos mais baixo do que o primeiro homem, enquanto ambos utilizavam uma capuz e um manto azul-escuro. Era possível ver arcos longos, finos e elegantes nas suas mãos, enquanto, também era possível ver um bando de penas atrás das suas costas, que enfeitavam as setas, que estavam dentro de um tubo, grande e ligeiramente largo.
- Não vai me dizer que não me conhece. – Disse um dos homens, que observava o homem ferido e caído, no chão, deitado num chão vermelho de sangue.
Um dos arqueiros puxou o seu capuz para trás, e mostrava, uma cara branca como o cal da parede, cheio de cicatrizes.
O homem deitado no chão falou.
- Hyter…-resmungou furioso. – Traidor.
- Eu vi logo que vocês não raciocinavam. Mandaram você, Grey, para proteger os Diamantes… Que tolice. – Falou Hyter, enquanto aproximava-se mais, deixando o outro arqueiro para trás.
- Você sempre se mostrou que não era digno de confiança, depois de ter falhado a missão que foi dada a ti e à Nelfies. – Vociferou Grey, esforçando-se por não desmaiar, devido à perda demasiado de sangue.
Hyter deu uma outra gargalhada.
- Eu matei-a Grey, não foi nenhum acidente que provocou a morte de Nelfíes. – Confessou Hyter. – Naquele tempo eu já servia a Saphira de Olhos Azuis, Grey. A missão que a Saphira me deu foi simples… Liquidar Nelfíes, e queimar o seu corpo. Fiquei ali, vendo ela se tornando em cinzas devoradas pelo vento. Apesar de ela ser a minha melhor amiga eu não chorei ou fiquei triste. Pela primeira vez eu me senti livre e em paz. – Dizia Hyter. – Sabes, eu não queria servir Saphira, mas fui obrigado a servi-la, depois do mestre Roke e do Sábio Kier, terem-me expulsado do Conselho do Rubi. Fiquei triste Grey, naquele dia eu chorei e levei a uma conclusão, vocês são malucos e só pensam no poder. Mas a Saphira pensa na paz e na segurança.
Hyter levantou a manga e mostrou o antebraço, virando-o ao contrário. Um símbolo marcado pelo fogo emanava a pele do seu antebraço. Tinha uma cor azul, onde estava desenhado um dragão azul, rodeada por chamas azuis.
- Estás a ver esta marca? Fui obrigado a fazê-lo por ter jurado lealdade à Saphira. Levou três dias, até eu conseguir cura-lo. O meu braço estava vermelho, inchado e cheio de sangue, que saia da marca, sangue… Sangue azul.
O coração de Grey, começou a bater apressadamente cheio de medo. Não é possível, Hyter jurou mesmo lealdade à Saphira de Olhos Azuis. Apenas os homens que juravam lealdade eterna, seriam premiados pelo sangue azul que circula nas veias da Saphira. Este prémio já não era oferecido aos seus homens à mais de trezentos anos.
- Não entendo, -começou Grey. – Depois de termos treinado e vivido juntos durante cinco décadas, já na te conheço mais. Já não és o rapaz que deambulava, pelo templo, cheio de perguntas e não parava de seguir os magos. Você mudou, Hyter.
Hyter pegou a flecha e espetou-a no meio do pulso, enquanto um grito frio, perturbava o silêncio da lagoa e da floresta novamente.
Grey, ficou pasmado e assustado, devido ao gesto de suicídio que Hyter fez.
Hyter tirou a flecha, do pulso e a atirou para longe. Lentamente um fio azul começava a percorrer o braço de Hyter. Um pingo azul caiu no meio da poça vermelha de sangue. Hyter ergueu o pulso e mostrou a Grey a ferida. Lentamente a ferida sarava, deixando uma cicatriz no meio do pulso.
- Estás a ver, eu me tornei num deus, Grey. Tornei-me imortal, apesar, do meu coração ser tão velho, a minha juventude volta novamente, na minha alma, enquanto a morte viaja por um caminho sem fim, onde eu jamais o alcançarei. -resmungava Hyter, furioso.
- O que você quer de mim, Hyter? – Perguntou Grey, gemendo ligeiramente.
Um riso maligno ecoou nos ouvidos de Grey.
- O que você está fazendo aqui Grey? Não vai me dizer que veio apenas dar um passeio. – Sugeriu Hyter, brincando.
- Os meus assuntos não são da sua conta, apesar de você ter razão…-falava Hyter. – Eu vim dar um passeio por aqui.
Uma fúria fluiu no rosto de Hyter.
Antes de Hyter fazer algum gesto de agressão, Grey, disfarçadamente, espetou a faca no pescoço de Hyter, num movimento rápido de cento e oitenta graus.
Aquele ataque surpreendeu os outros homens, enquanto Hyter, começava a se rolar, no chão, enquanto o chão era inundado por uma mancha azul.
Grey aproveitou da situação para fugir, mas antes disso ele fez uma outra coisa. Abriu a sacola que trazia no cinto e meteu a mão lá dentro. Passado menos que dois segundos, ele tirou a mão de dentro da sacola e um brilho intenso, encheu o luar.
Havia cinco diamantes na sua mão. Todos tinham uma cor diferente: Azul, vermelho, branco, preto e verde.
O outro guerreiro que trazia consigo uma espada, deu um largo sorriso, quando avistou os diamantes na mão de Grey.
- Afinal, você sempre soube porque a gente veio aqui. – Dizendo isso ele sacou a espada e dando um grito de guerra, ele correu em direcção de Grey, tentando feri-lo.
Vendo o gesto de fúria e agressão do guerreiro que vinha na direcção dele, ele começou a pronunciar palavras inaudíveis, enquanto pouco a pouco os diamantes iam desaparecendo. O último diamante que ficou na mão dele era da cor preta. Antes que Grey pudesse pô-lo a desaparecer, um uivo de espada de aproximando, fê-lo olhar para cima e ver uma enorme espada se dirigindo para o seu pescoço. Erguendo a mão, Grey gritou: Yartzarek
Uma luz amarela saiu da palma da sua mão, enquanto o guerreiro era jogado para longe. Sem perder tempo, Grey agarrou o diamante com muita força na mão, e olhou para a Lua, enquanto abria a mão e dizia: Haastark ey fartegnis
Antes que pudesse ter tempo de ver a pedra desaparecer, uma seta interceptou a sua garganta, matando-o num instante, enquanto a pedra negra era sugada pelo céu escuro da noite, mostrando um sorriso largo e maligno na cara do Hyter, enquanto ele guardava o seu arco nas costas, e ele e os outros se afastavam, deixando a lua e as estrelas cantarem a melodia triste da morte. Era uma melodia de um herói que acabou de salvar os cincos Diamantes Mágico.







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