Malas prontas. A volta à Hogwa
A ida ao beco diagonal tinha sido eufórica, cansativa, porém muito divertida. Faltando apenas duas semanas para a volta as aulas, o beco diagonal estava mais lotado do que nunca. Além das dezenas de lojas que Tiago tinha que visitar com seu pai, eles tinham que ficar horas nas gigantescas filas, cada loja com seus atendentes muito atrapalhados e apressados, correndo de um lado para o outro.
Tiago agora estava mais feliz. Novamente ele voltara ao verdadeiro mudo bruxo. Ele vivia em uma vila bruxa, porém não havia ninguém da sua idade, apenas pessoas mais velhas, impossibilitando o contato necessário.
Por todo o tempo no beco diagonal, ele não encontrou Sirius Black, Pedro Pettigrew, ou muito menos Lupin. Ele sentia falta de seus companheiros e dos momentos engraçados que haviam compartilhado no último ano em Hogwarts, mas agora não era hora de se sentir sozinho, agora era hora de aproveitar os últimos dias antes da volta aos gigantescos livros e da dor nas mãos de tanto escrever deveres de casa.
Agora faltavam apenas algumas horas para a ida ao expresso de Hogwarts, e Tiago não acreditava que os últimos quinze dias tinham passado tão rápido. Ele mal tinha se acordado, e já se via arrumando sua mala para sua viagem. Ele não aguentava mais toda aquela paz e sossego, ele sentia falta de aventuras. Após fechar seu malão, Tiago desce a sala, e o joga num dos sofás da peça, enquanto pensa em como será divertida a viagem de trem.
- Tudo pronto, Tiago? - Pergunta o pai do garoto, alinhando a gravata.
- Folga dos Tornados novamente? - Indaga Tiago, pois seu pai nunca estava presente em qualquer momento da sua vida.
- Pedi ao treinador por mais uma folga hoje. - Responde o Sr. Potter, calmamente, dando um tapinha nos ombros de Tiago. - Porque hoje tenho que levar meu filho ao expresso.
- Nossa! - Tiago praticamente pula do lugar em que estava e abraça seu pai. - Que milagre é esse?
- Tenho uma coisa pra te dar. - Cochicha o Sr. Potter no ouvido de Tiago, fazendo-o ficar sorridente. - E então, vamos?
- Falta um tempo ainda para a saída do trem, querido. - Avisa a Sra. Potter, olhando para o relógio de parede da cozinha. Ela trajava um vestido azul-celeste com renda rosa, e tinha seu cabelo totalmente encaracolado, fazendo ela parecer uma boneca.
- Você está tão epiriquetada, mãe. - Comenta Tiago, com desprezo. - Até parece que vai ir em uma festa.
- Somos bruxos puro-sangue! Temos que aparecer na alta sociedade! - Diz ela, soltando gargalhadas de tempos em tempos.
- Não vejo o porquê de termos que aparecer tanto. - Retruca o Sr. Potter, também a olhando com desprezo. - Você está cada vez pior, querida.
- Homens são muito desligados quanto a isso. - Explica ela, retocando sua maquiagem. - Por isso nós, mulheres, temos que fazer essa parte pela família.
- Mas hoje eu vou levar o nosso Tiago. - Informa o pai do garoto, colocando a mão no ombro dele.
- Ah, não. - Fala a mãe, ficando triste. - Eu tenho que ir! Milhares de jornalistas vão estar lá!
- Você só pensa em mídia. - Diz o Sr. Potter, empurrando Tiago até a porta. - Eu volto para o almoço!
- Eu não sei cozinhar! - Grita a Sra. Potter, enquanto o seu marido batia a porta da frente e saia.
- Deve estar por aqui... - Resmunga o pai do garoto, procurando alguma coisa entre as moitas do jardim de sua casa. - Aqui está! - Fala ele, triunfante, tirando uma lata de salsichas velha e enferrujada.
- Hãããã... - Tiago fica meio assustado com a atitude do pai, e dá um passo para trás. - O que é isso?
- Uma chave de portal, é claro. - Informa ele, como se a resposta fosse óbvia. - Mas ela não nos leva ao expresso.
- Então por que você pegou ela? - Pergunta Tiago, mais assustado ainda. - Você está com febre, pai?
- Não, eu não estou com febre. - Fala o Sr. Potter, emburrecido. - Essa chave nos levará ao quartel general dos Demônios de Hogwarts! - Completa ele, soltando um grande sorriso.
- De... - começa Tiago, soltando um sorriso maroto. - Demônios de Hogwarts, hã?
- Sim. - Confirma o Sr. Potter, segurando a lata. - Eu e minha trupe, quando alunos de Hogwarts, sempre aprontávamos muito. - Ele olha para cima, em um pequeno momento de nostalgia. - Ah.. Bons tempos.
- E esse 'quartel general' ainda existe? - Pergunta Tiago, inquieto.
- Claro que existe. - Responde seu pai, rapidamente levantando a lata. - E é lá que eu guardo meu item mais precioso!
- O que é? O que é? - Indaga Tiago, não conseguindo ficar parado de tanto suspense.
- A minha capa de invisibilidade! - Fala o Sr. Potter, como se fosse a coisa mais grandiosa de todas. - E eu vou dá-la para você, vamos lá.
Tiago segura na lata, e cinco segundos depois, começa a sentir como se um gancho puxasse seu umbigo para todas as direções, fazendo-o ficar tonto, e ver tudo girar. De repente, ele se viu caido no chão de uma pequena peça cheia de teias de aranha, ratos e baratas. As paredes da pequena peça eram pintadas de um vermelho-vivo, mas já estavam descascando, e uma mesa de madeira podre, coberta de traças.
- ISSO é o quartel general? - Pergunta Tiago, com desprezo.
- Sim, esse é O quartel general. - Responde o Sr. Potter, com brilho nos olhos. - Aqui está! - Diz ele, puxando uma caixa de latão muito enferrujada e com o crânio de um rato morto em cima de sua tampa.
- Vocês gostavam de coisas de lata, hem? - Pergunta Tiago, ainda não acreditando que seu pai gostava tando de um lugar tão podre e fétido.
- Pare de falar bobagens. - o Sr. Potter rapidamente tira a tampa da lata, e dentro dela, entre baratas mortas, estava uma capa horrível e muito chamativa. - Aqui está!
- Você realmente acha que eu vou usar isto? - Pergunta Tiago, como se aquele presente fosse uma ofensa.
- Não, não realmente. - O pai do garoto puxa a capa, tirando o resto dos animais que estavam escondidos entre as dobras de linho. - Veja. - Ele coloca a capa sob o corpo, ficando totalmente invisível.
- UAU - Exclama Tiago, impressionado. - Você vai me dar esta capa?!
- Não sei, acho que você não queria usa ela. - Fala o Sr. Potter, em tom irônico.
- Você sabe, eu estava só brincando. - Tiago faz cara de cachorrinho pidão, fazendo seu pai soltar uma gargalhada.
- Tá certo... - O Pai de Tiago pega a capa e a põe novamente na caixa de latão, a fechando e entregando-a a seu filho. - Eu e meus amigos fazíamos muitas traquinagens quando alunos pelos corredores de Hogwarts. Espero que use-a bem, filho.
- Obrigado, pai! - Fala Tiago, abraçando o Sr. Potter, com um sorriso no rosto. - Vou usá-la muito bem. - Ele já começa a imaginar maneiras diferentes de aprontar com os colegas e professores.
- E então, vamos ao Expresso? - Pergunta o pai de Tiago, puxando a varinha do cós das calças e batendo-a em um lugar da parede, fazendo ela desaparecer e mostrando uma grande fileira de objetos velhos, rasgados ou enferrujados, com um grande cartaz atrás, dizendo "Chaves de Portal".
- Vamos. - Responde Tiago, enquanto o Sr. Potter pegava a cabeça de um ursinho de pelúcia um pouco queimado, que estava intitulado como 'expresso'.
Os dois, pai e filho, agora se dirigiam ao expresso. Tiago novamente sentiu seu umbigo sendo puxado mas, já mais acostumado com uma chave de portal, desta vez apareceu ao corredor do expresso Hogwarts, de pé. O melhor e mais divertido ano do garoto de óculos redondos estava prestes a começar, com milhares de segredos, aventuras e um novo sentimento chamado amor, mas ele ainda não sabe disso, e por enquanto, acha que apenas felicidade vai rolar com esse seu novo segredo, enquanto abraça seu pai e começa a caminhar em direção ao trem.
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