A Reunião
A lua cheia estagnada no meio do céu indicava o quão tarde já era. O breu do firmamento era intenso, porém era combatido pela bruxuleante luz das lamparinas da pequena viela. Nenhum movimento era sensível naquelas paragens, nem um gato sequer. A pequena via apresentava apenas casas modestas, algumas com segundo pavimento, mas mesmo estas não agraciavam o olhar. Exatamente no centro da rua havia um pequeno bar, de aspecto sujo e pouco convidativo. Sobre a porta balançava precariamente uma placa de madeira, em que era visível, em letras assimétricas, a frase “ O Caldeirão Furado”. O silêncio foi brevemente quebrado por um estalo, seguido de passos rápidos, e então uma figura alta caminhou rapidamente pela rua. Dirigiu-se sem rodeios para o bar no centro da rua, e entrou sem cerimônias. O interior do bar era tão deplorável quanto sua fachada. Em contra partida, estava muito mais movimentado que o lado de fora. Havia ali inúmeras pessoas, todas sentadas em uma longa mesa, bebendo whiskys de fogo, e rindo alto. Quando o homem que acabara de chegar aproximou-se da mesa, todos olharam-no, todos menos um. O homem que estava em pé, de costas para a mesa, aparentemente olhando para a lareira acesa, continuou sua atividade, mas falou com uma voz bastante sibilante e fria.
- Bem Rodolfo, agora que resolveu juntar-se a seus amigos, acho que podemos começar a reunião.
Rodolfo sentou-se na última cadeira disponível da mesa, e olhando para o balcão, onde um bruxo encarquilhado limpava copos com um pano, assoviou e chamou-o. O dono do bar, caminhou até o jovem, e ouviu seu pedido, atendendo-o em seguida com um aceno de varinha.
Rodolfo bebeu de sua garrafa, e ficou a observar o grupo que a tanto não via. O líder, que permanecia em frente a lareira, era lívido como um cadáver, tinha cabelos escuros , faces encovadas e olhos verdes, que fitavam perdidamente as chamas da lareira. A sua direita, um homem de longos cabelos loiro-prateados observava-o com certo ar de admiração. Lucius Malfoy era o mais falso dos homens ali sentados. A sua frente, estavam sentados dois homens, mas que mais pareciam gorilas, de tão fortes que eram. Crabbe e Goyle poderiam muito bem passar-se por seguranças trouxas, pois tinham força necessária, e como Rodolfo vivia a pensar, tinham a inteligência equivalente também. Ainda a mesa, restavam dois homens. Um deles era um velho colega de seu de Hogwarts, Augustus Rookwood. Continuava com o mesmo rosto de outrora, flácido e corado, repleto de bexigas. O último integrante da mesa, porém, ele não conhecia. Tinha a vaga impressão de que já o vira, mas não recordava de onde. Malfoy virou-se para Rodolfo, e falando calmamente, questionou-o sobre os “boatos” que percorriam a cidade.
- É verdade que vais casar com a jovem Bellatrix Black? Rodolfo sorriu e confirmou com um gesto. Pois então, talvez venhamos a ser parentes afinal, já que pretendo me casar com Narcisa. O jovem sorriu novamente, e respondeu, falando para todos.
- Realmente, e eu até gostaria de saber o porquê de ter nos chamado aqui Tom, pois você me tirou da melhor parte de meu jantar de noivado. Ele falou rindo, mas a resposta que Tom lhe deu deixou claro que ele não estava brincando.
- O que é um casamento para quem está a um passo da imortalidade? Bem, quatro na verdade... Todos o olharam perplexos, mas ele sorriu, ainda olhando para a lareira.
- Alias, eu não me lembrava de como era dolorosa essa marca queimando no braço. Rodolfo disse isso, e, involuntariamente todos seguraram o antebraço esquerdo.
- Preferia que eu lhe enviasse uma coruja? Ou talvez quisesse que eu lhe enviasse uma carta de trouxas... sabe, se esta marca que representa poder lhe incomoda, talvez queira que eu transmute-a para um mini-pufe, ou algo que valha... e ao invés de queimar sua pele com a glória, ela possa cantar uma música alegre e exalar um perfume. Agrada-lhe alguma de minhas idéias? Tom virou finalmente o rosto para seus colegas, e ao deparar-se com o espanto de todos, soltou uma gargalhada fria, de enregelar a espinha.
Todos acompanharam-no, mas não poderia ter ficado mais claro o temor que ele exercia sobre eles. Rodolfo resolveu parar de brincar, pois, aparentemente, Tom Riddle não estava ali para bobagens. O silêncio continuou por alguns momentos, e Tom virou-se novamente para a lareira. Neste momento, o bruxo que Rodolfo não conhecia aprumou-se na cadeira, e com um gesto retirou o cabelo que caía nos olhos. Cabelos negros, e olhos azuis, muito escuros. Ele tinha uma expressão um tanto pasma, mas mesmo assim falava com voz firme.
- E então Rodolfo, é verdade que vai casar com minha prima? Então a luz se fez na mente de Rodolfo. Aquele só poderia ser Regulo Black, primo de Bellatrix. Ele confirmou, porém antes que pudesse responder, o jovem fez outra pergunta.
- E seu irmão Rabastan, como está? Não o vejo desde os tempos de Hogwarts. Regulo fora colega de Rabastan e Bellatrix em Hogwarts, e pelo que Rodolfo podia lembrar, ele nunca fora muito brilhante. Era uma surpresa que o jovem Black fosse aceito por Riddle para seu grupo. Ele só aceitava os melhores.
- Bom, já que não temos mais bobagens para falar, quero lhes dizer o porque de termos nos reunido hoje. Tom Riddle falara novamente e sua voz continuava fria. Como todos sabem estive muito tempo viajando, procurando por alguns objetos que acredito terem um valor inestimável. Pois bem, localizei um deles, e ele está sob a guarda de meu atual patrão. Chamei-lhes aqui para que possamos fazer uma visita cordial ao Sr. Borgin, e lhe fazer uma oferta...
Todos se entreolharam, e sorriram. Ação, afinal. A anos esperavam por isso. Tom Riddle sempre fora o líder do grupo. Um jovem brilhante, órfão, pobre e mestiço. A princípio ninguém da Sonserina gostava dele, mas com o passar do tempo, notaram como estavam enganados. Ele, Tom Marvolo Riddle, descobriria depois, era herdeiro do próprio Slytherin. Sendo ofídioglota, pôde abrir a câmara secreta, mas teve de fecha-la novamente para evitar ser ligado ao incidente. Nenhum professor jamais soubera de sua façanha, mas seus colegas, que agora sentavam a seu redor, haviam vivido aqueles momentos, e tinham profunda admiração, e porque não dizer medo, dele. Após o colégio, ele sumira por um longo tempo, mas a pouco retornara para Londres, e atualmente trabalhava na Loja Borgin & Burke. Não contatara nenhum de seus ex-colegas até essa noite, e por isso eles desconheciam seu retorno. No colégio mesmo, ele tivera a idéia de liga-los por uma marca, para que sempre pudessem se encontrar quando fosse preciso. A tão temida Marca Negra. Todos foram marcados com a enorme caveira, cuja língua era uma cobra, uma visível apologia a ofidioglossia.
Todos estavam ansiosos agora, desejosos por um pouco de ação. Tom fitava a mesa, perdido em pensamentos. Passado algum tempo, ele ergueu a cabeça, e saiu em direção à porta dos fundos, sendo seguido prontamente por todos. Parou em frente a uma parede de tijolos, e esperou todos pararem a seu redor.
- Antes de entrarmos no Beco Diagonal, quero lhes informar de uma coisa: Tom Marvolo Riddle morreu. A partir de agora me chamarão de Lord Voldemort.
Rabastan viu seu irmão desaparatar, e parou confuso, olhando para o lugar onde um segundo antes ele estivera. Quando virou-se viu que todos os presentes no jantar estavam à porta, e Bellatrix corria a seu encontro.
- O que aconteceu? Ele quis responder que não sabia, mas assim que viu a mulher a sua frente, uma imagem de poucos minutos atrás voltou a sua mente, e ele via Bellatrix sorrindo, e respondendo Eu aceito . Sentia agora apenas raiva dela. Ela ainda olhava-o perplexa, esperando uma resposta. Rabastan apenas desviou seu olhar, e foi em direção a mãe.
- O que aconteceu meu filho? Onde está seu irmão? O desespero de Lady Eugênia era visível, ela tremia muito.
- Eu não sei, ele simplesmente correu para cá e desaparatou. Os outros ainda tentaram bombardea-lo com perguntas sobre o acontecido, mas ele apenas foi livrando-se deles um a um, e voltou a sala de estar, para poder pensar. O que teria sido aquela expressão de dor na face de seu irmão? Será que tinha se descontrolado e lançado-lhe um feitiço involuntário? Provavelmente não, afinal de contas estudara magia das trevas 4 anos, não cometeria um deslize tão infantil. Mas então, o que teria sido aquela dor que seu irmão sentira, e que o impedira de usufruir completamente de seu triunfo? O triunfo... Quando pensou nisso, lembrou-se novamente do quê ocorrera esta noite. Fora traído por sua família, e agora perdera sua amada. Se bem que neste momento, não sentia tanto amor por Bellatrix. Aquele sorriso antes da resposta ainda enchia seus pensamentos. Sentia raiva dela. No seu ponto de vista, aquele sorriso demonstrava sarcasmo, como se ela soubesse que ele acabara de perder o que mais desejara na vida. Mas como ela poderia saber? Bem, isso agora não importava mais, afinal de contas ela iria casar-se com aquele que ela mesmo dissera um dia tratar-se de um trasgo. Não, realmente não fazia mais diferença agora....
Rabastan pôs-se de pé, e quando virou para sair da casa novamente, viu seu caminho barrado por Bellatrix. Ela ainda mantinha a expressão perplexa, mas agora, a penumbra, isso não era tão visível. Ambos fitaram-se por um momento, e então Rabastan decidiu que era melhor não discutir, pois se começasse, talvez não conseguisse mais se controlar. Caminhou em direção à porta, mas Bellatrix segurou seu braço, fazendo-o parar.
- Stan, o que está havendo? Qual seu problema? Você nunca me ignorou daquela maneira... O jovem continuou sem encara-la, olhando para a rua, e tentando livrar-se da mão que ainda o segurava.
- Nada aconteceu, eu estou muito bem. E se a ignorei, é porque não fica bem para uma dama de casamento marcado conversar com outros jovens.
- Mesmo quando esse jovem é meu melhor amigo? Bellatrix puxou o jovem, fazendo-o ficar de frente para ela. Mesmo assim, ele desviou o olhar, e permaneceu encarando a rua.
- Bem, talvez o que você saiba não seja a verdade, não é mesmo? Rabastan forçou o braço novamente, e Bellatrix finalmente o soltou. Porém ele ficou parado, fitando a rua, esperando uma resposta.
- Não estou lhe entendendo Rabastan Lestrange. Você vem até minha casa, conta que seu irmão quer casar-se comigo sem a mínima alteração, como se isso não significasse nada, e agora, depois que eu aceito, pensando que VOCÊ não se importaria, você tem a coragem de dizer que eu não entendo a verdade? Bellatrix arquejou ao término da frase. Pareceu-lhe uma tortura dizer aquelas palavras.
A pronúncia de seu nome completo fez com Rabastan encarasse sua amiga imediatamente. E aquela resposta, sem dúvida alguma, significava muito... mas este não era o momento para divagações, e sem planejar nada, o jovem avançou até Bellatrix. Diferentemente de seus sonhos, ela olhou-o com uma expressão assustada antes que ele envolvesse-a com os braços e a beijasse. Simplesmente não havia como explicar aquele beijo. Foi como se tudo o que ele mais desejara na vida chegasse de uma vez só. Bellatrix não mostrou reação, e mais do que isso, retribuiu o beijo. Os segundos arrastaram-se, pareciam que estavam ligados pelos lábios havia meses, anos quem sabe... Não precisaria de mais nada na vida, nem de problemas, nem de risadas, nem de comentários sarcásticos, poderia parar sua vida naquele momento, e dali não sair nunca mais.
Mas como todos sabem, raramente na vida, as coisas são como desejamos. Estavam ainda entrelaçados torridamente em seu beijo quando ouviram um ruído próximo, e logo em seguida um grito exasperado. Separaram-se a tempo de ver Cygnus parado a porta, segurando uma Narcisa estupefata pelos ombros, ambos olhando-os atônitos.
Bellatrix empurrou Rabastan violentamente, fazendo-o chocar-se com um dos sofás e cair sobre ele. Seu pai pretendeu correr até eles, mas Narcisa balançou precariamente sobre os pés, e seu pai achou melhor ampará-la. Rabastan olhou assustado para Bellatrix, como que esperando uma explicação, mas ela apenas olhou-o, e mexendo os lábios sem emitir som algum, disse-lhe “Vá embora”. Ele não pestanejou, e erguendo-se, aparatou imediatamente.
Ir para a casa não seria uma boa idéia, afinal de contas assim que seus pais soubessem do acontecido, iriam arrancar-lhe o couro com uma colher. Ele foi para o único lugar que tinha certeza estaria vazio a esta hora da noite: O Caldeirão Furado. Desde seus tempos de Hogwarts era muito afeiçoado ao pequeno estabelecimento. Tom, o velho encarquilhado que era dono do bar já havia tornado-se seu amigo, inúmeras eram as vezes que aparecera ali para beber e esfriar a cabeça. Entrou no bar e caminhou até o balcão. A luz fraca projetada pela lareira deixava todo o ambiente com um aspecto mais sombrio que o rotineiro. Sentando-se em um banco, verificou que o dono do bar não estava ali, e após pensar um pouco, resolveu ir ao Beco Diagonal. Apesar do bar ser propriedade de Tom, ele era obrigado a mantê-lo aberto 24 horas por dia pelo Ministério, pois se fechasse-o, estaria barrando a entrada e saída do Beco Diagonal. Rabastan chegou até a parede nos fundos do bar, e batendo no tijolo já conhecido, viu a porta abrir-se a sua frente, e caminhando muito vagarosamente, foi andando, sem sequer ver por onde ia, com os pensamentos fixos em apenas uma pessoa: Bellatrix Lestrange.
N/A: Bem, Here we are again, ou, se preferirem, aqui estamos nós de novo...
Um cap um tanto agitado, se comparado aos outros, que eram mais explicativos...
Com a entrada de Lord Voldemort na história, acredito que agora a coisa comece a ficar realmente interessante... mas não prometo nada, posso cometer uma bobagem a qualquer momento, e arruinar a fic... :D
Bem, acho que a princípio era isso... posso apenas pedir (implorar na verdade) que vcs continuem lendo, pois os próximos caps terão ainda mais ação...
Hehehe
Well, próximo cap quando der ok??
See ya!!!
p.s: erros de português?? Avisa que eu arrumo :D ando meio distraido...
Samara Riddle: Que bom que esteja gostando, é legal ter reconhecimento :D Mas uma dúvida, porque o Rabastan parece um árabe?
Kristina Gaunt: Vlw pela lembrança!!! E quanto a seu coment adoro personagens, uhm... digamos, secundários, por isso essa fic. Espero qu goste deste cap!
Graziella S: Essa aqui, o Rabastan beijou a Bella apontou pra ti e disse "haaaaa" hehehe tava duvidando do guri né?!? Duen Donne? Conheço sim, toma café aqui em casa terças e quintas ¬¬!! E ai, quando vai att as tuas fics?? sério, não aguento mais esperar...
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